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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

RUA DAS FLORES


A idade é caprichosa no que respeita à memória. Há memórias que emergem não se sabe de que zona do cérebro enquanto outras se afundam na tentativa, por vezes conseguida, de esquecer. Lembro-me, não sei que idade tinha, de visitar uma espécie de bazar sito na célebre rua das flores. Com olhos de criança observava longamente os brinquedos que decoravam os expositores. De vez em quando era agraciado com um brinquedo pela proprietária (espanhola).
Durante longas horas permanecia nesse estabelecimento porque,  convencida que a presença da mãe lhe dava sorte quando tencionava sair, a Dona Célia (ainda me lembro do nome) pedia que ficasse mais um bocado. Finalmente partíamos e, uma vez na rua, o meu olhar vagueava pelos edifícios que ladeavam a rua das flores. O nome deve-se às flores que floriam nos terrenos que esta artéria atravessou e, que por sinal, pertenciam ao então bispo de Porto, grande devoto de Santa Catarina. Foi esse o nome escolhido para baptizar a nova rua, «Santa Catarina das Flores» que ia então desde o Largo de São Domingos até à velhinha Estação de São Bento.
Como é óbvio não sou desse tempo, sempre a conheci como a Rua das Flores. Nesse tempo, os meus olhos de criança extasiavam-se perante os afamados palácios que a ladeavam que testemunhavam uma época o em que a burguesia aristocrática disputava um terreno para se instalar na nova artéria da cidade.

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