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domingo, 31 de janeiro de 2021

QUEM SOU

 

DIÁRIO DE UM CÃO

Hoje foi um dia mau. Sinto-o no cheiro. Sim porque de cheiros percebo eu. Quando o dono mostra os dentes naquilo a que os humanos chamam de sorriso fico sempre apreensivo. Não sei se aquele esgar é um sorriso ou se ele vai morder alguém que esteja próximo. Nós, os cães só mostramos os dentes para ameaçar e, em casos extremos, podemos mesmo morder.

Hoje foi um dia mau, sinto-o no cheiro, por isso hoje não há sorrisos e se o dono mostrar os dentes é seguramente para morder.
Na hora de jantar, como sempre, as crianças são as últimas a sentar-se à mesa. Elas não sentem o cheiro e não sabem que hoje foi um dia mau. É pena que os humanos sejam tão limitados no que respeita ao faro! Receio que aquelas risadas acabem mal. O dono hoje está sem paciência. Mesmo assim sento-me no chão ao lado do dono à espera que caia um osso ou alguma carne mas hoje nada… Como todos os cães, compreendo e não guardo ressentimentos, hoje está a ser um dia mau e por isso o dono precisa mais da minha companhia.
Depois da refeição vou para o sofá da sala atrás do dono. Abano a cauda embora hoje ninguém repare em mim. Apoio a cabeça na perna dele e fico ali muito quietinho. Precisava de ir à rua fazer as minhas necessidades e cheirar aqui e acolá mas hoje nem me atrevo, hoje está a ser um dia mau. Se calhar ninguém me vai levar à rua e eu apertadinho… lá terei que fazer no chão? Parece que já estou a ouvir os gritos da dona, cão porco, foste mau.

sábado, 30 de janeiro de 2021

A VIDA CORRE AO SEU RITMO

Quando se é novo parece que a vida anda tão devagar que até desespera. Nunca mais se chega onde se quer chegar…

Mais tarde, pelo contrario, o tempo voa, tudo acontece tão depressa que não resta outra hipótese senão correr atrás dela.
Os dias passam, os meses sucedem-se, os anos voam e sem se dar conta, a vida termina. Indiferente à  forma como as coisas acontecem, a vida brinda-nos com duas alternativas, ficar parado a vê-la  passar ou correr atrás dela.
A rapidez com que o tempo passa devia permitir que se refletisse sobre a necessidade da luta para conseguir certas coisas que acabam esquecidas dentro ou fora de uma gaveta,… contudo nunca se aprende. Daqui se depreende se valeu a pena o sacrifício para as alcançar.
Permanece a dúvida, valeu a pena? Encontrada resposta, outra dúvida se põe não menos pertinente, qual a finalidade desta vida?
Não esperem uma resposta, francamente nem eu sei.
Jamais saberei se valeu a pena. Em tempos de pandemia e recolhimento obrigatório, sobra tempo para refletir e concluir se valeu a pena tanto sacrifício, tanta luta, tanta privação…! Será que se voltaria a cair nos mesmos erros?
A vida corre e corre tão depressa que é impossível apanha-la, é inútil correr atrás dela e viver a própria vida.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

AS VERDADES SÃO PARA SE DIZER

Há verdades que não se dizem, isto é, nem todas as verdades são para se dizer. Se há coisas que devem ser ditas, outras são para guardar. Há tantas coisas que calámos por não se achar oportuno e mais tarde reconhecemos que a oportunidade já passou?!

Quantas palavras ficaram por dizer das quais nos arrependemos eternamente?!
Coisas boas e coisas más seguramente vão surgir durante a vida mas, sejam quais forem, devem ser ditas, a maneira de as dizer é que faz toda a diferença. Uma má notícia, um desgosto, uma crítica, tudo pode ser dito de forma a não ferir profundamente a quem se diz.
Enfim, todas as coisas podem e devem ser ditas até porque calar sistematicamente prejudica a saúde e embota completamente o pensamento. Porém, deve ter-se muito cuidado na forma como se diz, seja por meio de palavras, gestos, olhares, sorrisos mas, qualquer que seja qual o modo de as comunicar deve evitar-se magoar a quem se diz. É essa capacidade que distingue as almas superiores do comum dos mortais.
Há dias assim.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

AMAR MÃO É FÁCIL

A toda a hora somos bombardeados com artigos de conceituados psicólogos e mesmo de cidadãos incógnito através das redes sociais com explicações e conselhos sobre a melhor forma de amar. Parece que de repente toda a gente descobriu a fórmula mágica para fazer o amor durar eternamente.
Só quem já amou, e o mal atinge toda a gente, sabe que amar não é fácil e é tanto mais difícil conseguir ser amado na mesma medida em que se ama. De facto, cada um tem a sua forma muito própria de amar e demonstrar as suas emoções e sentimentos. Maria Bethânia interpreta magistralmente um poema sobre o assunto na canção Um jeito meio estúpido de te amar. Vale a pena ouvir.
O jeito de amar, depende de muitos fatores como dos fantasmas e outras vivências que se foram acumulando ao longo da vida. Também a forma de exprimir essa forma de amar varia de indivíduo para indivíduo. Os mais tímidos, nunca encontram a palavra certa para dizer tudo o que sentem enquanto outros encontram com facilidade uma palavra que diz tudo o que sentem.
Enfim, amar não é fácil, não existem “receitas” também, se fosse fácil, não havia tanto desgosto de amor…

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

AMOR E PAIXÃO

Vários cientistas já alertaram para a confusão do uso indiscriminado dos termos “amor” e “paixão” usados muitas vezes para designar o mesmo sentimento quando se trata de emoções completamente diferentes. Enquanto que a paixão tem uma curta duração embora arrebatadora o amor é geralmente mais calmo e prolonga-se por toda a vida embora assuma diferentes formas conforme a idade.

Todavia, quem nunca se apaixonou devia apaixonar-se, pelo menos uma vez na vida. A paixão é um direito, não defrauda as finanças nem sobrecarrega os hospitais já tão sobrecarregados devido aos doentes com covid-19. Além disso, existem inúmeros estudos que comprovam que a paixão é importante para a saúde ao nível  da imunidade tão necessária atualmente.  Em paralelo contribui para o aumento da esperança de vida de uma relação amorosa.
Independentemente da controvérsia que estes estudos possam originar, o amor e a paixão são um direito inalienável de cada cidadão que não convém contrarias. Grandes romances históricos, tipo Romeu e Julieta, nunca teriam acontecido se não fossam drasticamente contrariados.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

OS DESEJOS CONFORNE AS FASES DA VIDA

Ainda existe nos nossos dias o velho costume fazer um desejo por altura de qualquer aniversário, passagem de ano ou outro evento festivo socialmente instituído. Em qualquer destes acontecimentos é suposto formular um ou mais desejos.

Num evento festivo deseja-se habitualmente amor, dinheiro e saúde não necessariamente por esta ordem. Aliás, a ordem com que se formulam os desejos depende muito da prioridade estabelecida no momento ou durante a vida. Com efeito, as prioridades vão se alterando conforme as diferentes fases da vida. Durante a juventude, a prioridade é seguramente o dinheiro, raramente se pensa na saúde tida como um dado adquirido. Mais tarde, dá-se prioridade ao amor que é afinal o motor que move quase todos os passos e só mais tarde, na velhice privilegia-se a saúde.
No entanto, quando se é acometido por qualquer doença grave, todas as coisas prioritárias passam a um segundo plano. Deixam de ser importantes. A prioridade passa a ser alcançar a saúde, essa eterna fugidia que só se vê quando se olha para o espelho mas os espelhos nem sempre refletem a imagem real mas aquilo que se quer ver…
Mesmo assim, seja qual for a fase, make a wish.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

SOFRIMENTO

 A tudo e a todos que mexem comigo.

NÃO FALTAM MOTIVOS

 

Há dias em que simplesmente apetece. Ou é de mim, ou é do tempo ou porque sim,… agora ando mais chorão. Isso acontece com uma ajudinha das televisões quando assisto a certos filmes. Qualquer pretexto serve para desencadear essa vontade reprimida que chega de não sei onde e que às vezes nem eu sei. Uma música, um cheiro, um texto, uma saudade ou de um momento, tudo serve para chorar.

Depois de algumas abanões da vida é natural que se vejam as “coisas” de maneira diferente. Não sei, talvez. O que é evidente é que ando mais chorão. Faz-me chorar quando confrontado com o sofrimento alheio, a saudade de um passado que não volta, pelos outros, por mim e principalmente por que me apetece.
Na verdade, chora-se por ser fraco outras, por ser forte, por ser amado ou então odiado, por outros motivos inconfessados e incompreensíveis como, por exemplo, quando se diz que um homem não chora, reprimindo assim o choro de uma criança.
Enfim, existem muitos motivos para chorar e outros tantos para ficar calado… Só é preciso encontrar arranjar um motivo.
Há dias em que choro,… porque me apetece.
Há dias assim…

domingo, 24 de janeiro de 2021

UMA VOZ NO ESCURO

Existem muitas formas de comunicar como, linguagem corporal, linguagem gestual ou linguagem oral sendo esta última a forma preferida para comunicar entre pessoas. Este tipo de linguagem é cada vez mais evidente quando se pretende comunicar os nossos desejos  e vontades no que toca ao envolvimento pessoal e social.

Ninguém duvida da importância diária que tem a voz como forma de comunicação. Graças ao som produzido pelas cordas vocais é possível  falar e, o que é mais importante, exprimir toda uma panóplia de emoções.
Por um momento imagine que não pode comunicar através da sua (linda) voz para comunicar com os demais. Bem sei que há outras formas de comunicar… mas sem a voz torna-se difícil pedir um simples café, falar ao telefone, cantar, abrir uma conta em qualquer banco… nada é possível ou quase nada. Sem a colaboração da voz, é muito difícil e por vezes impossível exprimir aquelas emoções que, ao ficar cá dentro, acabam por sufocar.
Uf…, felizmente era só a fingir para compreender o quão difícil seria ficar no seu canto sem poder transmitir todas as emoções que lhe inundam o peito.
Agora que já imaginou, pode voltar a usar a voz que Deus lhe deu para comunicar esquecendo outros tipos de linguagem deixando para os especialistas o uso correto desse poderoso instrumento que é a voz.

sábado, 23 de janeiro de 2021

ATÉ QUE A VOZ ME DOA...

Desde criança que estamos habituados a pôr e a dispor desse importante aparelho fonador cuja falta só se sente quando, por qualquer motivo, ela falha obrigando ao recurso da linguagem gestual com mais ou menos técnica. Apesar do muito que já foi dito sobre a importância fundamental da voz para sentir como ela é importante, basta imaginar o que seria se por qualquer razão ficasse afónico…!

Como qualquer músculo involuntário do corpo humano é um bem precioso muitas vezes descurado, tão confiantes estamos de poder contar sempre com ela. No momento em que se precisa dela para comunicar com alguém é que sentimos como é importante. Com efeito, é por meio da voz que se consegue expressar o pensamento, dar uma opinião sobre o que se nos cerca, transmitir todas as nossas emoções. Graças a ela é possível cantar, chorar, gritar, rir,… além de falar. Sem voz quase tudo isto seria impossível de executar.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

SONHAR É FÁCIL...

Por qualquer motivo agora dou mais atenção ao que me rodeia. Vejo gente com diferentes limitações físicas, uns pensam que vieram para ficar e nem olham para o lado, outros com uma só perna ou porque a outra foi engessada ou em caso extremo amputada mas continuam a deslocar-se a este espaço. Existem também os que sem um braço adaptam-se à sua condição e finalmente há os que apesar de parecerem completamente “normais” teimam em disfarçar as suas limitações… É claro que uns despertam mais atenção do que outros. A vida é assim, uma espécie de batalha em que há vencedores e vencidos mas afeta toda a gente, mesmo aqueles que pensam não participar nessa batalha. Não importa se a limitação é fisicamente ou mental. Vendo bem, toda a gente é portadora de qualquer “deficiência” que tenta a todo custo camuflar mas que se revela quando se pretende executar qualquer tarefa condicionando de algum modo a própria existência.

Cada limitação, como o nome indica, além de restringir a realização de algumas tarefas, acaba por limitar ou então dificultar o libre acesso a muitos locais….
Cada indivíduo é livre de decidir até que ponto se deixa limitar o próprio sonho…

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

NO TEMPO EM QUE OS ANIMAIS FALAVAM

Não, não é uma fábula nem mais uma narrativa muito conhecida e fastidiosa na medida em que já se ouviu contar numa outra época.

Embora não seja fábula de Esopo, podia começar pela célebre frase “Era uma vez…” porque todas as estórias começam assim. Escolho começar pela frase, “No tempo em que os animais falavam…”, não menos conhecida. Nesse tempo, que foi tão breve, brinquei feito criança, fingi e quase entrei nas estórias inventadas, cada carpete era um continente e entre elas ficava um oceano de sonhos que julgava não ter fim…
Por isso não lhe chamei fábula a esta breve estória nem me atrevo a chamar-lhe narrativa,… é mais saudade. O tempo é veloz e insensível, não se compadece com quem para a pensar que o pode possuir.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

TRISTEZA

 

UM VAZIO CHAMADO TRISTEZA

Hoje o dia amanheceu tristonho mergulhado naquela chuva miudinha que mal se vê mas que penetra até aos ossos, a chamada chuva molha tolos. Realmente, só um tolo se aventurava a sair à rua sem guarda-chuva num dia assim apesar de a chuva parecer inofensiva. É triste que seja verdade mas efetivamente só se alcança o verdadeiro sentido da vida através do sofrimento e da tristeza… É uma aprendizagem gradual que se vai construindo ao longo dos anos embora nunca se aprenda…

Mais tarde ou mais cedo dá-se conta de um vazio estranho que se instala cá dentro não se sabe bem onde ao ponto de confundir-se com a própria vida. Então, quando chega esse dia, não há nada mais a fazer senão aceitar a ausência de alguns, não obstante que o tal vazio se instale e permaneça cá dentro qualquer que seja a crença de cada um…
Há dias em que a chuva cai de mansinho e provoca aquela sensação de vazio a que vulgarmente se chama tristeza.
Há dias assim.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

AFINAL DE QUEM É A CULPA?

Geralmente, a culpa não é de ninguém, isto é, ninguém a quer. Por isso se diz que a culpa morre solteira… Há sempre uma desculpa para qualquer falha decorrente de qualquer ato da nossa inteira responsabilidade. Se chegamos atrasados, a culpa é de quem chegou mais cedo. Se faltamos a qualquer evento, a culpa é de quem não avisou e por aí adiante. Se há pessoas que assumem corajosamente os seus erros, outras há com a estranha mania de sacudir a própria culpa para outra pessoa. São pessoas que nunca assumem totalmente a responsabilidade dos seus atos.

Há pessoas assim com a inesperada capacidade de arranjar argumentos de tal modo convincentes que além de convencerem o próprio, acabam por convencer todos os outros da sua inocência… É o que se chama virar o bico ao prego.
Em boa verdade a culpa cabe a todos quando nos tornámos cúmplices ao fechar os olhos à violência, à corrupção, aos agentes poluidores do planeta, à fuga sob qualquer pretexto ao uso de máscaras tapando apenas a boca e deixando o nariz de fora, os encontrões de gente, com ou sem máscara, que se cruzam em todo o lado, às máscaras abandonadas no chão, …
Efetivamente é mais fácil culpabilizar os outros e o Governo do que assumir a nossa quota parte na culpa.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

UMA VIAGEM DE COMBOIO

Desde muito cedo que manifesto um certo fetiche por comboios. Adorava imaginar que os lápis eram comboios que se deslocavam nos sulcos existentes junto em cada janela para escoar a água da chuva. Imaginava todas aquelas manobras que via executar nas principais estações. Já lá vai algum tempo depois em que fui forçado a deslocar-me a Lisboa. A escolha do meio de transporte recaiu, como era de esperar no comboio, mais concretamente no Alfa Pendular. O que poderia ter sido uma viagem vulgar e confortável do Porto até Lisboa, revelou-se uma má escolha. Optar pela carruagem “conforto”, não significa necessariamente que se viagem com mais conforto. A maior parte da viagem foi sujeita a uma desagradável trepidação acompanhada dum balançar constante da carruagem.

A culpa não se pode atribuir integralmente às carruagens muito confortáveis mas ao mau estado da linha férrea ainda em mudança. Fica a sensação de que alguns “troços” não estão minimamente preparados para comboios de alta velocidade.
Depois desta experiência, decidi regressar no Intercidades, bem mais económico embora também mais lento. Mais uma vez a decisão revelou-se uma má opção. Toda a viagem foi sujeita a um violento sacolejar além do inconveniente de parar em quase todas as estações abrandando nos mesmos troços do alfa-pendular …
Francamente não sei a quem atribuir a culpa de tanto desconforto nem a quem cabe a responsabilidade das obras de atualização das linhas. É pena que esta experiência tenha corrido mal já que as carruagens até eram confortáveis e agradáveis à vista.

domingo, 17 de janeiro de 2021

COMO SOBREVIVER À PANDEMIA

Amanheceu domingo assim como podia ter amanhecido outro dia qualquer ou então, pior ainda, podia ter amanhecido… em pleno confinamento. A internet e as redes sociais estão cheias de dicas destinadas para sobreviver a mais um domingo de sol, um dia destinado ao descanso mas que acaba por ser aproveitado para a diversão, cada um à sua maneira e de acordo com as respetivas “posses”. Apesar muitas dessas dicas, não encontrei sequer uma que se referisse à importância da luz do sol. É verdade que muitos animais não conseguem sobreviver na ausência de luz enquanto que outros, como algumas plantas, conseguem sobreviver mesmo na ausência de luz solar. Porém, para a maioria dos seres vivos, o sol é um fator muito importante.

Apesar do sol brilhar para todos, isso não invalida que se considere que o fim de semana era um dia adequado para passear… sem máscara e sem respeitar a distância social recomendada. Neste confinamento, com quase todo o comércio fechado bem como todas as repartições públicas, locais que poderiam contribuir para espairecer ou realizar tarefas obrigatórias, é normal que os passeios junto ao mar se encontram inundados de gente que aproveita o dia sem trabalho.
Com uma muita revolta e uma pontinha de inveja, lá se vai sobrevivendo a mais um dia de confinamento enquanto outros se vangloriam de não cumprir minimamente as regras impostas para conter a pandemia. Claro que todo o ser humano, defendendo-se como pode da descida de temperatura, considera o sol um bem essencial para que o organismo consiga sintetizar a vitamina D o que não lhe dá direito de adotar comportamentos irresponsáveis que obrigam quem cumpre a ficar fechado em casa.

ONDE COLOCAR O LIXO?

Há cicatrizes que pela sua forma e dimensões tornam-se visíveis mas, com o passar do tempo, já não provocam dor. O tempo encarrega-se de curá-las embora deixem marcas enquanto que outras, mais dolorosas, não se veem nem deixam marcas exteriores embora permaneçam lá por toda a vida… Qualquer agressão, seja ela qual for, acaba por deixar marcas mais ou menos visíveis. Aliás, muitos dos artefactos elaborados por mão humana acabam por cair sobre o nosso planeta, geralmente no mar, perante a indiferença popular. Com efeito, esses objetos tornaram-se banais e já não assustam ninguém,… Felizmente a grande maioria cai no mar não originando nenhuma cratera… Coitados dos peixes!

Também a humanidade pode ficar descansada, o lixo espacial vai continuar a cair em pleno oceano o que nos protege da remota eventualidade de que todo aquele lixo nos caia na cabeça.
Há dias em que este problema se sobrepõe à presente pandemia e torna-se indiferente onde irá cair e quem recolhe todo aquele lixo…
Há dias assim.

sábado, 16 de janeiro de 2021

NÃO ME PERGUNTEM QUEM SOU

 

MUDAR DE OPINIÃO

Sempre ouvi dizer que só os burros não mudam. Com esta frase, quem a inventou não pretendia ofender o simpático animal… É normal que perante um novo contexto a opinião mude sobre qualquer assunto. Desde que não prejudique ninguém, todos têm direito a mudar seja do que for.

Por inúmeras vezes manifestei preferência por livros impressos em papel em detrimento dos livros digitais, nomeadamente os chamados e-books. Dá-me prazer o contacto com as folhas do livro, o cheiro do papel e por fim, poder ler um livro em qualquer parte… exceto na praia ou na piscina. Nesse caso, reservo-me o direito de mudar de opinião face aos inconvenientes que esta leitura apresenta. Fico nervoso quando o vento introduz areia entre as folhas persistindo em virar as páginas do livro além dos inevitáveis salpicos de água… Perante estes inconvenientes tenho que reconhecer a vantagem dos ditos e-books. Mudar de opinião não é forçosamente uma prova de inconstância ou falta de personalidade. No entanto, é bom que se diga que mudar de opinião não significa que se mude de princípios.
Mudar de opinião devidamente justificada revela uma abertura de espírito essencial a que o mundo gire e evolua.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

PARA SER BOM OUVINTE

Não sei se já era ou se ganhei a capacidade por força das circunstâncias, pondero mais o que digo antes de expressar aquilo que penso, para isso bastava papel e lápis!

Nunca fui muito dado a grandes verborreias. Desde sempre me assumi como um homem de poucas palavras, mais destinado a ouvir do que a falar. Convém dizer que a genética deu alguma ajuda para desenvolver esta caraterística. Ninguém nasce com esta qualidade, é a vida que nos ensina a ser um bom ouvinte.
Já em plena antiguidade Epiteto dizia, possuímos dois ouvidos e uma só boca para que possamos ouvir mais do que falámos, caraterística esta que não vai contra a capacidade de escutar.
Ao logo do tempo e das circunstâncias a vida ensinou-me que não basta compreender uma situação, é preciso ser capaz de ver o mundo através dos olhos do outro. Colocar-se do outro lado, a distância permite que se identifique melhor o problema contribuindo para encontrar soluções.
Para ser considerado um bom ouvinte ou já se nasce assim ou a vida, pouco a pouco, nos ensina esta capacidade…

O VOTO É LIVRE

 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

ÀS VEZES DÁ JEITO

 
Há ocasiões que até dá jeito fingir de parvo. A receita não é minha, pertence ao prestigiado poeta e dramaturgo, Miguel Esteves Cardoso. Convenhamos que às vezes dá jeito fazer de parvo. Como disse o poeta, para se ser feliz é preciso ser-se um bocado parvo. Perante este conselho, conclui-se que a felicidade depende em grande parte da capacidade de se fingir de parvo. Talvez não dependa exclusivamente desta capacidade mas, vendo bem, lá no fundo é indubitável que esta capacidade embora não seja tudo mas ajuda.
Não raras vezes faço-me de parvo, coisa que decididamente não sou. Finjo que não entendo, que não se passa nada, que está tudo bem… para evitar conflitos desnecessários que podiam alterar a paz reinante… Ao proceder assim, o único risco que se corre é ser interpretado como hipócrita ou, pior ainda, por cobarde Pensando bem, quem pelo menos uma vez na vida, não se fingiu de parvo? Não interessa em que contexto, se por conveniência, comodismo ou com o intuito de preservar a harmonia e a paz?
Contudo, exagerar em evidenciar esta competência acarreta um certo perigo. Fingir-se de parvo pode convencer os outros que desconhecem, mas o maior perigo é convencer-se a si próprio.
Há situações em que dá jeito mas não convém exagerar…
Há dias assim.

O LIVRO

TENHO UM LIVRO DE CASTIGO

 

Coisa rara é o facto de ter um livro à cabeceira há vários dias meio lido, meio em repouso. Não existe uma razão concreta para lhe atribuir um tal castigo. Nem sequer tenho uma opinião muito sólida sobre a qualidade do livro que sirva de desculpa para não o ler. Aliás, por diversas vezes ponderei fechar definitivamente o livro e desistir da sua leitura. Como desistir não é caraterística minha, só vários motivos muito válidos podiam apoiar tal decisão. Reconheço que não é fácil escrever um livro do principio ao fim sobre um único assunto.

A verdade é que só um grande escritor se pode dar ao luxo de escrever um livro sobre o mesmo tema.
Talvez seja pelo assunto, o enredo do livro gira à volta da guerra civil espanhola, tive dificuldade em concluir a leitura do livro.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

NÃO HÁ NADA COMO UM DIA DE SOL

 

A tremer de frio penso que o poeta quando disse que um dia de chuva é tão belo como um dia de sol, ambos existem,… não deve ter atravessado uma vaga de frio polar como esta que assola toda a Europa.  Até pode ser que tenham existido outras vagas de frio semelhantes mas, na minha opinião, não há nada que se compare a um dia de sol. Não um daqueles dias de calor intenso caraterísticos do pino do verão mas um dia de sol de inverno, morno e luminoso. Não conheço nada mais calmo, silencioso e retemperante do que uma manhã de sol à beira mar. Mesmo em plena cidade, devido à pandemia, consegue “ouvir-se” o silêncio apenas interrompido pelo ruído das ondas que morrem na praia. É a Natureza a mostrar a sua indiferença perante as garras do mal que ameaça a humanidade.

Não há nada, mas mesmo nada mais calmo do que um passeio pedestre junto ao mar… De quando em quando existe uma esplanada onde é possível retemperar as forças gastas no passeio ou simplesmente contemplar o mar. Não há nada que consiga abalar o pequeno mundo em que vivemos…

REGRESSO AO PASSADO

Tudo parecia maior, a porta, a rua, a velha escadaria em madeira carunchosa, os patamares e até o próprio Largo que agora parecem ter encolhido.  Quando se é pequeno tudo parece maior.

As flores, amarelas por sinal, continuam a crescer por entre as pedras que atapetam o chão do velho Largo. A rua por onde se via o rio, ainda existe. Parece que ainda se ouve o ronronar do motor das camionetas de passageiros na sua lenta subida da rua com diferentes destinos situados na sua maior parte do outro lado da margem.

Fechando os olhos, mas é preciso fechar bem os olhos, parece que tudo está igual embora as casas que ladeavam o Largo tenham sido demolidas para dar lugar ao nascimento de outra via. Por um momento muito breve, reporto-me aquele tempo já tão distante em busca de um passado que não volta.

Não posso precisar quanto tempo ali fiquei junto ao funicular, apoiado por aquelas pedras que não falam com linguagem de gente, mas que tinham tanta coisa para contar…

Um pouco mais à frente lá estavam as escadas cujos degraus graníticos que tão bem conheciam os meus joelhos. Avançando alguns degraus sem nunca olhar para trás, fugia da polícia com o fôlego que nessa idade sobejava!

O tempo passou, vejo-me tal como agora sou. Regressando passado por breves instantes, dou por mim a pensar: Quem me viu e quem me vê”.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

PEDRAS NA MÃO

A MINHA RUA...

Aquela rua, a rua onde nasci, lamentavelmente já não existe. É natural esta tendência de considerar como nossa a rua onde nascemos mas que afinal pertence a toda a gente que por lá passa mais à autarquia. Do antigo correr de casas sobrou apenas aquele “largo” que agora parece mais pequeno mas que consegue guardar tantos sonhos e anseios

Hoje sabe-se que a autarquia é responsável pela limpeza, recolha do lixo e torna-la habitável para os moradores e não só. Existe um site onde reclamar algo que corra mal mas nem todos recorrem a ele.

Reportando-me ao que se passa na antiga rua onde atualmente moro, algo parecido acontece. Na “minha rua”, excetuando o estacionamento caótico, circular em contra mão é frequente usar o entroncamento para inverter a marcha, também… fora esses pequenos pormenores, está tudo bem na minha rua…

Se bem que todos saibam que existe um site camarário onde se o cidadão se pode queixar desde já fica o aviso, nem sempre o “problema” fica resolvido.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

O POVO PORTUGUÊS

Anda por aí sozinha, destinada a morrer solteira por mais que se enfeite e alardeie as suas qualidades. Recusar a culpa de qualquer coisa não é uma caraterística exclusiva do povo português, se bem que lhe atribuam essa fama. É evidente que se trata de uma das caraterísticas do povo português que já se habituou a reclamar por tudo e por nada sem contribuir para alterar a situação. Apesar desta caraterística, tem que se admitir que se trata de um povo especial. É um povo melancólico, tolerante que se distingue de outros povos apesar do sangue latino que lhe corre nas veias.

A tolerância que lhe valeu a fama de povo de brandos costumes, define magistralmente este povo. Mas, quanto à culpa, a coisa é diferente, este povo nunca assume a parte que lhe pertence. As coisas acontecem porque têm que acontecer e maior que seja a indignação do momento é encarado como um destino fatídico contra o qual nada há a fazer.

A culpa é sempre de alguém mas nunca deste povo que cedo se esquece. No desporto, quando alguém ganha, o orgulho é tanto que não se cabe em si. Quando se perde, resta-lhe a consolação de uma vitória moral… Se os alunos não transitam de ano a culpa é da da(o) professor(a) que é incompetente, se o médico não acerta no diagnóstico, a culpa é da escola que não forma bons médicos ou então da clinica que não dispunha dos aparelhos necessários, e por aí adiante… Não faltam exemplos.

Uma coisa é certa, somos bons a atribuir a culpa a alguém mas nunca ao povo de brando costumes.

PENSAMENTOS, ADIVINHAS E....

 

domingo, 10 de janeiro de 2021

AS PAUSAS DA VIDA

De vez em quando, a vida obriga a alguns momentos de pausa. Umas vezes para recuperar folego e continuar outras, além do descanso tantas vezes desejado, para escolher o caminho a seguir.  Todas as pausas permitem uma análise profunda sobre o percurso percorrido de forma a decidir continuar ou então mudar radicalmente de rumo.

Seja qual for motivo, de vez em quando as pausas são necessárias tendo em vista a diminuição do número de óbitos causados pela inconsciência de algum povo que ajudou a disseminar o contágio desta pandemia e que deviam ser aproveitadas para alcançar o necessário equilíbrio interior.

Na correria atual nem sempre há oportunidade para se deter a pensar nas melhores decisões. Por esse motivo, cometem-se tantos erros nas escolhas que se fazem e cuja consequência é a desarmonia física e mental do indivíduo…

Sempre que a vida exigir que se faça uma pausa não reclame, aproveite, se necessário, para mudar de caminho.

sábado, 9 de janeiro de 2021

RECORDAÇÕES QUE NÃO SE APAGAM

As recordações não andam de braço dado com o tempo. O tempo vai passando mas as recordações ficam. Há lembranças que, a cada curva da estrada, assaltam-nos como meros viajantes enquanto outras acompanham-nos durante a vida… Cada uma delas, parecendo adormecidas despertam emoções incontidas.

Efetivamente, existem recordações de todos os tipos, podem provocar dor, alegria, tristeza, cólera, medo,… mas todas dependem das vivências que se traz de trás que as justificam mas não as explicam. Toda a recordação, por muito pessoal que seja, acaba por ser por isso é possível afirmar que cada recordação desperta uma emoção que condiciona todos os nossos atos mesmo aquelas que pensávamos adormecidas contudo, basta uma música, um cheiro, um som, e lá vamos nós transportados a outros tempos, outros lugares.

Qualquer recordação, mesmo as mais agradáveis, despertam emoções boas ou más, tudo depende da forma como se encaram.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

OS FILHOS, OS AVÓS E OS NETOS

A diferença está num simples acento que parece não ter grande importância mas faz toda a diferença. Com efeito, um único acento pode mudar completamente o sentido de um texto o que evita muitas confusões. A língua portuguesa é muito rica em exemplos de palavras homófonas mas, como professor de Matemática, embora reformado, é normal que privilegie o exemplo dos termos avos e avós. A palavra “avos” tem um significado muito diferente do significado da palavra “avós” apesar da escrita diferir apenas num acento… Matematicamente, o termo “avos” indica que o denominador de uma fração é superior a dez. Já quando nos referimos aos progenitores de qualquer pessoa, usa-se o termo “avós”. Este exemplo evidencia a importância que tem um sinal  gráfico. Aos avós, reservam-se aquelas tarefas tais como, ir recolher ou entregar as crianças na escola, cuidá-las enquanto os pais estão a trabalhar ou ausentes por qualquer motivo, orientar os trabalhos de casa, alimentá-los e entretê-los nos tempos disponíveis. No tempo de férias, acresce a todas as tarefas anteriores, fazer-se acompanhar do(s) neto(s), dando alguma folga ou aos pais. No entanto, o estatuto de avó ou de avô, tem outras compensações que só os avós podem entender.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

A ESTÓRIA DO MACACO

 

Conta a estória que um macaco, ao ver debaixo de água um peixe a nadar, pensou que ele se estava a afogar e retirou-o da água. É claro, cá fora o peixe morreu. Moral da estória, É preciso entender o mundo do outro. Qualquer opção que se tome numa dada situação acaba por ser muito subjetiva. Todas as decisões que se possam tomar padecem da influencia de vários fatores nomeadamente o sexo, a idade, a cor da pele,... ou seja, o que parece ser a melhor opção naquela situação, nem sempre é uma efetiva ajuda!

Todos os factos devem ser observados de diferentes ângulos admitindo sempre que, de qualquer ângulo, obtém-se uma imagem diferente. O modo de ver todas as coisas varia conforme as vivências que as suportam. Se já é difícil falar concretamente do ser humano, ainda é mais difícil falar de “coisas” abstratas apesar das boas intenções... Falando de coisas mais concretas, vem a propósito a estória do macaco.

Resumindo, cada realidade apresenta diferentes aspetos que convém analisar friamente apesar das boas intensões.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

ONDE PÔR A MÃO

 

Desde tempos que se escapam da memória, quase todas as sociedades caracterizam-se pela hipocrisia, sentimento que não é novo nem exclusivo das sociedades atuais. Aliás, quase todas disfarçam a hipocrisia atrás de valores morais e regras de conduta com raízes na sociedade em que se vive. A partir deste ponto, todos os comportamentos são ditados quer por valores morais tais como o ambiente familiar, a religião, a escola, o trabalho e até pela política. Existiu mesmo uma legislação (Portaria n.º 69 035), que explicava as sansões a aplicar de acordo com aquilo onde se podia pôr a mão…

De acordo com essa portaria, a menor penalização (2$50) referia-se a colocar a mão na mão mas, pôr a mão naquilo, nem convém pensar em tal coisa, a multa rondava os 15$00…! Uma verdadeira fortuna na época.

Estes comportamentos que nos parecem já tão distantes são muito atuais quando se observa o que se passa à nossa volta. Relativamente ao uso obrigatório e correto das máscaras contra o covid-19, verifica-se que as sociedades pouco evoluíram em certos aspetos nomeadamente no que respeita às mentalidades revelando dificuldade em acompanhar essa mudança mantendo o nariz a descoberto ou a ausência completa da máscara em total desrespeito pelos outros. Destes exemplos pode concluir-se que determinados comportamentos só se explicam através da ignorância ou então de grande estupidez já que a informação é muita e plenamente difundida.

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

MORRER DE AMOR

 

Agora que se contabiliza diariamente o número de mortes devido ao covid-19, não parece tão estranho que aborde o mesmo tema mas por outras causas. É notório que não morro de amores por toda a gente independentemente da  profissão ou de outros fatores, depende mais da postura que se assume ou então não tem a ver com coisa nenhuma em particular, simplesmente não gosto.

Há pessoas por quem não morro de amores mas, morrer de amor, na opinião de alguns especialistas é mesmo possível… De acordo com a investigação desses cientistas, ficou provado que é possível morrer de amor, no sentido restrito da palavra. Entre “morrer de amores” e “morrer de amor”, embora pareça uma mera questão semântica, existe uma grande distância que separa estes dois termos. É possível “morrer de amores” por alguém ou alguma coisa fruto da nossa afeição mas que se fica por aí. Por outro lado, “morrer de amor” é um sentimento mais profundo que abrange a capacidade de gerir emoções que nem sabíamos que existiam. Explicam os cientistas que além de outras, o nosso organismo produz certas hormonas que obstruem as artérias e levam à morte de uma pessoa.

Está provado cientificamente que “morrer de amor” não é apenas uma questão semântica, pode mesmo acontecer …

Está longe a hipótese em que se julgava impossível “morrer de amor”!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

DESTRALHAR

 

Achei graça ouvir de novo o termo “destralhar” que já não ouvia há muitos anos. Agora, no rescaldo da época festiva do Natal e do Ano Novo que convida a uma séria reflexão sobre todo o ano que passou. Ao longo do tempo acumularam-se montes de tralhas, coisas que já há muito deixaram de se utilizar mas que se guardam por uma questão sentimental. Umas, porque deixaram de se usar outras, pela impossibilidade de enfiar o corpo atual dentro delas, os quadros porque já não existe uma parede disponível, os móveis que ao longo do tempo se transformaram em trastes que se foram acumulando a tal ponto que o espaço entre eles não permite que se circule sem correr alguns riscos e por aí adiante…

O ano que agora começa é a altura indicada para destralhar, isto é, excluir esse amontoado de objetos, desocupar o guarda-roupa cheio de trapos que já não servem, dos móveis que já não se usam, enfim toda a tralha acumulada, aquelas coisas velhas sem qualquer serventia apesar do valor afetivo e pelos “trastes que são os móveis que só servem para ocupar espaço e que não fazem falta nenhuma no dia a dia.

A vida não nos pertence, ninguém decide se o seu percurso vai ser longo, muito longo ou demasiado breve. Numa fração de segundo esse percurso pode ser interrompido e toda a tralha guardada e acumulada durante anos, apesar do seu valor real, pouco significado tem para quem os recebe…

domingo, 3 de janeiro de 2021

AS MITRAS E OS MITRAS

Não há dúvida que se está sempre a aprender. Até há bem pouco, o termo “mitras” servia para designar aquele “chapéu” usado pelo papa, pelos bispos ou por outros clérigos em certas cerimónias. Não admira portanto que me surpreenda outro significado senão este. O termo era sempre aplicado a
qualquer individuo, geralmente jovem, proveniente de uma sociedade algo desfavorecida. Estes indivíduos caraterizam-se por um comportamento ruidoso que se manifesta pela falta de respeito pelos outros e que, muitas vezes, podem tornar-se violentos quando contrariados. Num mundo em constante mudança não é difícil deparar com este tipo de indivíduos. É normal também que, neste mesmo mundo, a língua portuguesa sofra influência de outras línguas e evolua no sentido de atribuir novos significados a alguns termos o que os torna completamente fora de moda. Perante este panorama, o termo “mitras” reserva-se aqueles indivíduos que numa terminologia mais antiga eram designados por “gunas” ou “chungas” que se encontram nos grandes eventos ou manifestações de rua, por vezes sob máscaras… e em qualquer parte.
qualquer individuo, geralmente jovem, proveniente de uma sociedade algo desfavorecida. Estes indivíduos caraterizam-se por um comportamento ruidoso que se manifesta pela falta de respeito pelos outros e que, muitas vezes, podem tornar-se violentos quando contrariados. Num mundo em constante mudança não é difícil deparar com este tipo de indivíduos. É normal também que, neste mesmo mundo, a língua portuguesa sofra influência de outras línguas e evolua no sentido de atribuir novos significados a alguns termos o que os torna completamente fora de moda. Perante este panorama, o termo “mitras” reserva-se aqueles indivíduos que numa terminologia mais antiga eram designados por “gunas” ou “chungas” que se encontram nos grandes eventos ou manifestações de rua, por vezes sob máscaras… e em qualquer parte. 

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