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segunda-feira, 31 de março de 2014
A IMPORTÂNCIA DO NOME DAS PESSOAS
Sem querer entrar aqui na polémica questão da importância
que nome poderá ter na vida das pessoas, recordo a propósito da escolha do nome
da minha futura neta o que Saramago um dia escreveu: “Conheces o nome que te deram, não conheces o nome que
tens”. É inegável a importância do
nome já que confere a individualidade e vai acompanhar o indivíduo por toda a
vida em todos os seus actos…
Na altura do meu batizado a minha saudosa madrinha
Adriana Ramos Pinto era mãe de um filho varão de seu nome Eugénio. Era esse o
nome que me estava destinado por motivos óbvios embora não fosse do agrado de
minha mãe. Numa manhã em que se combinava definitivamente o nome a dar-me, o
meu irmão que brincava por perto levantou-se do chão, correu para a minha
madrinha e disse com voz autoritária: “Ete menino é joginho”. Perante a
surpresa de minha madrinha e o embaraço de minha mãe, resolveram fazer novo teste fingindo estar assente o nome de Eugénio. Mais uma vez o meu irmão com ar
zangado correu para junto de mim e, pondo-me a mão na cabeça, voltou a afirmar
perentório: “Ete menino é Joginho.” E assim fiquei a chamar-me para o resto da
minha vida já que não tenciono mudar de nome. Onde foi ele buscar este nome já
que não havia ninguém na família nem na vizinhança com tal nome!?
Algumas culturas orientais
acreditam que, para cada bebê que nasce, existe uma função predefinida daí que
o nome deve estar relacionado a sua função durante a vida.
Ao recordar este episódio da origem do meu nome vem-me à
lembrança uma canção que minha mãe também cantava de um filme português de
muito sucesso na época: Maria Papoila
Diz que a sorte das pessoas, sempre ouvi
vem do nome que elas têm
ai! ai! ai!
Coisas más ou coisas boas, vem daí
e comigo calha bem
ai! ai! ai!
Eu no monte era Papoila
mesmo a graça da moçoila
que no campo anda a lidar
ai! ai! ai!
Mas o nome bem dizia
como sou também Maria
tinha que ir p´ró pé do mar
como sou também Maria
tinha que ir p´ró pé do mar
(Maria Papoila do
filme do mesmo nome)
domingo, 30 de março de 2014
A VIDA NÃO PARA
Há dias
em que a vida, apesar de continuar a correr no sentido mais literal da palavra,
à nossa volta tudo se desenrola em slow motion… É assim uma espécie de catarse
libertadora das limitações físicas e psíquicas do quotidiano. Por qualquer insondável
razão deixamos a vida correr como se nada do que acontece à nossa volta tenha a ver connosco. Deixamos de ser actores para sermos apenas espectadores. E
a vida, implacável, continua a correr como um rio turbulento arrastando-nos na
corrente. Apesar de transportados por essa torrente, conseguimos ver o que se
passa à nossa volta nos mínimos pormenores nunca antes observados. Tudo se
passa em slow motion permitindo fixar imagens, gestos, palavras nunca observados
anteriormente no seu ritmo normal…
Há
dias assim…
sábado, 29 de março de 2014
sexta-feira, 28 de março de 2014
quinta-feira, 27 de março de 2014
"DIÁRIOS DE UMA SALA DE AULA"
Dos
recém-editados livros de Maria Filomena Mónica decidi começar a ler “Diários da
sala de aula”, por ter sido a base que deu origem ao livro “A sala de aula”.
Ainda pouco avancei na leitura não porque o tipo e tamanho de letra não
facilite a rapidez do acto de ler nem pelo pouco interesse do diário em si.
Como professor aposentado e por ter vivido situações em tudo semelhantes às
descritas no livro, sinto uma espécie de angústia ao ver essas situações retratadas
no livro. Sou frequentemente forçado a interromper a leitura de tal forma esse
sentimento angustiante de reviver situações vividas na minha vida profissional.
É inimaginável o que um professor tem de suportar a nível de desconsiderações
vindas quer do próprio ministério quer dos alunos… É certo que há muitos
professores baldas que sofrem as mesmas desconsiderações mas que também as merecem.
Mas é triste, imensamente triste e desmotivante, para quem como eu e tantos
outros tanto deram e dão de si às escolas onde leccionam…!
Seria
bom que, antes de tecerem críticas aos professores de forma gratuita, lessem
alguns relatos registados neste livro. Não digo que leiam todo o livro porque
duvido que a maioria das pessoas tenha estrutura emocional para aguentar o
confronto com estas situações.
Encontrei
na Net esta figura que caricatura magistralmente o ambiente que se vive
actualmente nas nossas salas de aula. Repare-se para além dos inusitados comportamentos
dos alunos, na acção de alguns vândalos (1) que frequentam a sala de aula das
nossas escolas.
(1)Termo
usado com mestria pela autora.
quarta-feira, 26 de março de 2014
MONÓLOGO VS. DIÁLOGO
São
cada vez mais frequentes aqueles monólogos que travo comigo. Na verdade, mais
que monólogos, são diálogos comigo mesmo em que, em silêncio, vou respondendo
aos pensamentos que me assolam a cabeça. Tudo se passa em silêncio, não vá
alguém escutar e pensar que sou louco…
Num
desses raros momentos em que a nostalgia se instala entre o ser e o não ser, o
partir ou ficar, o querer ou deixar, num assomo de indignação eu me pergunto:
Mal afinal o que queres? E nunca em mim se fez um silêncio tão profundo…!
Nenhuma resposta.
E o
diálogo prossegue, desta vez em tom de desabafo, questiono: Sabes que mais?
E continuo,
em silêncio. Não há qualquer razão para estares assim. Decide-te uma vez
por todas entre o que queres e o que não queres da vida.
Acabo
de meter a louça na máquina e dou por findo o diálogo. Este género de diálogos ocorrem
com mais frequência enquanto executo as tarefas domésticas. Por fim sentei-me
frete ao portátil. Escrevi. Aqui fica o registo.
terça-feira, 25 de março de 2014
SÓ PORQUE GOSTO DE GIRASSÓIS
Há já
algum tempo, comungo com a minha mulher o desejo de comprar alguns pés de
girassol como complemento de decoração da sala da casa de praia, decorada em
tons de amarelo com alguns toques de verde. A preferência por esta flor não se resume a acharmos que se integra nos tons da decoração da sala mas também
porque gosto de girassóis. Gosto desta flor pela sua cor, a minha preferida,
mas também pela sua forte personalidade. É uma flor orgulhosa que nos olha com
altivez do cimo do seu alto pé e, ao mesmo tempo, singela e incansável na busca
da perfeição… Basta observar como gira ao longo do dia na procura da luz, a
mesma luz que é fonte de energia de clarividência, do supremo… Ela própria se
confunde com o próprio sol na cor e nas pétalas que se sugerem os raios
solares.
Como todas
as flores também ela possui um significado. O girassol significa fama, sucesso,
sorte e felicidade. É também um símbolo pascal: segundo os cristãos, os seres
humanos devem estar voltados para o Sol-Cristo garantindo a luz e a felicidade.
Por
tudo isto ou por nada disto, gosto de girassóis. Gosto porque gosto e quando se
gosta, nem sempre se encontra uma razão. Tal como dizia Pascal, “o coração tem
razões que a própria razão desconhece.”
segunda-feira, 24 de março de 2014
TODOS NOS DEVÍAMOS SENTIR ENVERGONHADOS
Perante
os relatos contidos nos livros de Maria Filomena Mónica todos nos devíamos sentir
envergonhados como pais, encarregados de educação e educadores que todos somos…
mas a maior vergonha, se a tivesses, cairia principalmente nos governantes
deste país e não me refiro apenas aos actuais porque o Sistema de Ensino tem
vindo a degradar-se desde a década de setenta…Finalmente encontrei os livros de
Maria Filomena Mónica que aguardava com tanta ansiedade na livraria Bertrand do
Mar Shopping mas talvez já se encontrem também na Fnac.
Já não
é de agora a minha admiração por esta Mulher devido à sua frontalidade na forma
e sobretudo a coragem com que exprime as suas opiniões. Encontro nos seus
escritos uma linha de pensamento coincidente com a minha o que já me levou a
publicar neste blog uma das suas crónicas.
Como
professor que fui posso garantir que são fidedignos os relatos das alunas porque
eu próprio, enquanto professor, tive oportunidade de viver situações em tudo idênticas
às relatas no livro. Esse foi o principal motivo da minha aposentadoria. Caso
contrário ainda estaria no activo porque gosto da dar aulas… não suporto é a má
educação…
Estes
livros deviam ser de leitura obrigatória para todos os pais…
domingo, 23 de março de 2014
sábado, 22 de março de 2014
UMA MULHER COM TOMATES
Será que existe algum pai,
encarregado de educação ou responsável pelo ensino que desconheça o que se
passa na sala de aula das nossas escolas? Não creio. O mais provável é que todos
eles estejam a usar a técnica da avestruz que, quando em perigo enfia a cabeça
na areia e espera que passe. É a atitude mais cómoda para quem precisa de
“armazenar” as crianças enquanto trabalha e para os responsáveis pelo ensino no
nosso país. Só que pelo facto de se fazer uso desta técnica os problemas não
desaparecem e cada vez mais se avolumam de tal forma que se tornam praticamente
insolúveis.
Durante anos todos tivemos a
consciência de que algo estava errado com o ensino em Portugal mas não havia a
coragem para o denunciar. Os governantes por incompetência, por não quererem
assumir a sua ignorância para resolver o problema e principalmente para não
perderem votos eleitorais… Pais e encarregados de educação por desconhecerem
do que são capazes os seus educandos no ambiente de sala de aula. Os mais ajuizados
acabam por adoptar um comportamento igual ou pior do que o maior malandro por medo de exclusão do “grupo”…
Finalmente alguém teve a
coragem de denunciar a fraude que é hoje o ensino em Portugal. Sairam na
quinta-feira, dia 20, os livros “A Sala de Aula” e “Diários da uma sala de
aula” de Maria Filomena Mónica. Nestes livros, a autora inteligentemente, recolhe
testemunhos de alguns alunos e professores que denunciam o ambiente que se vive nas
salas de aula (e não só) das nossas escolas bem como o comportamento de alguns senão
uma maioria dos nossos alunos.
Os relatos inseridos nestes
livros deveriam envergonhar pais, encarregados de educação e governantes não
fora o comodismo de uns e a incompetência de outros…
Deixo aqui um excerto da entrevista
dada pela autora para que possamos reflectir neste grave problema…
sexta-feira, 21 de março de 2014
AS FASES DA VIDA
É já
um cliché dizer que a vida é feita de momentos. Uns bons, outros maus. Eu acrescentaria
e outros, assim, assim… De facto, a vida é mesmo feita de momentos e fases.
Podem viver-se dias, semanas, meses e até anos de completa felicidade e, logo
de seguida, surgir uma fase má em que tudo de pior acontece. Às vezes, num só
dia, podemos viver momentos bons intercalados ou seguidos de momentos menos
bons e até mesmo maus. Nos momentos ou fases más o comum dos mortais só deseja
que passem depressa… Nada pode piorar indefinidamente, há sempre um momento em
que nada pode continuar a piorar e só pode seguir-se uma fase boa, pelo menos,
melhor.
Quando
se vive uma fase boa, duas atitudes são intrínsecas ao ser humano: viver um dia
de cada vez sem pensar no futuro ou mentalizar-se dia após dia para o momento
em que tudo seja o que for terá um fim. De uma maneira ou doutra, nunca estamos
preparados para enfrentar o momento de viragem, quer de uma fase boa para uma
má e vice-versa. Nada pode ser tão bom que não acabe nem tão mau que dure
sempre…
quinta-feira, 20 de março de 2014
quarta-feira, 19 de março de 2014
DIA DO PAI, O MEU
Há
dias em que a gente se torna conivente perante algo com o qual não está de todo
de acordo. Cá está mais um “dia de…” ao qual sou declaradamente avesso. Mas lá
vou aderindo, comparticipando e consentindo na cumplicidade…
Desta
vez, aliás como sempre, não tomei a iniciativa da comemoração. Tudo (des) organizado
pela família próxima. Apenas aderi e consenti. O jantar acabou por ser no
restaurante habitual para poupar trabalho e a sobremesa, um bolo encomendado
pela filhota, degustado aqui por casa e toca a andar que amanhã é dia de
trabalho…
E aqui
fiquei a pensar no meu Dia do Pai…
Deus
sabe como eu queria ter gostado (reparem que não digo ter amado) do meu pai… Só
Deus pode entender como me esforcei, como desejei ter amado aquele ser a quem
chamei de pai…! Nada. Não sinto nada quando penso no meu pai… Não é de todo
verdade dizer que não sinto nada. Sinto, sinto imensa pena de não ter conseguido
entender, na minha limitada capacidade de criança, aquele ser que certamente se
sacrificou em múltiplos empregos para dar algum conforto à família.
Lamento
não ter conseguido ser o filho predileto em detrimento do irmão tão saudoso.
Lamento não ter sido o filho que fosse o motivo de orgulho perante os colegas
de trabalho…
Lamento
ter tido a teimosia de nascer naquele lar em vias de colapsar…
Lamento
a mentira de fingir não gostar do meu pai…
Lamento
ter de lamentar que não me dói relembrar o passado…
Lamento
não ter tido quem me ensinasse a ter sido um bom pai…
Lamento
que hoje seja o Dia do Pai.
Há
dias assim em que lamentar é já uma forma de perdoar…
Há
dias assim.
E SE NINGUÉM VOTASSE...?
De acordo
com a Lei do Financiamento dos Partidos Políticos e das Campanhas Eleitorais:
Lei nº 19/2003, de 20 de Junho, com as alterações introduzidas pelo
Decreto-Lei nº 287/2003 de 12 de Novembro, Declaração de Rectificação nº
4/2004 de 9 de Janeiro, Lei nº 64-A/2008, de 31 de Dezembro e Lei nº 55/2010,
de 24 de Dezembro, cada voto vale para os partidos políticos 1/135 do salário
mínimo nacional por cada legislatura?
Pois é, isso dá de
acordo com os valores actuais, 3,60 € por voto, por cada ano da legislatura
(isto é, 14,40 € pelos 4 anos). Isto é válido mesmo no caso dos votos em branco
ou nulos. Este valor é distribuído por todos os partidos concorrentes às
eleições. E se ninguém votasse? Se os 5 milhões de eleitores se abstivessem
de ir votar, poupariam ao país 70 milhões de Euros!
Estou a ponderar abster-me
de ir votar evitando assim que o valor do meu voto seja distribuído pelos
partidos concorrentes às eleições… com a vantagem de poupar essa despesa ao Estado.
terça-feira, 18 de março de 2014
ESCAPADINHA NO DOURO #2
Manhã
de domingo. Dia de aniversário da filhota. Pequeno almoço com direito a bolo e
troca de presentes…
Depois
de almoço impunha-se uma visita à Casa de Tormes – Fundação de Eça de Queirós.
Por
ser manhã de domingo, tudo muito parado… e fechado!
Por se
aproximar a hora de almoço, voltámos ao Almocreve e desta vez encontrámos o
restaurante quase repleto.
Regresso
ao hotel para a despedida da filha e do genro que amanhã é dia de trabalho. O
Miguel optou por ficar com os avós mais uma noite.
Segunda
de manhã, depois de um pequeno-almoço solitário (eramos os únicos hóspedes do
hotel), dirigimo-nos ao Porto.
Mais
um fim de semana se completou entre família e longe de casa…
segunda-feira, 17 de março de 2014
ESCAPADINHA NO DOURO #1
Sábado,
pela manhã, partimos rumo ao Douro com destino a Baião. Até ao Marco, depois de
abandonar a A4, estrada razoável embora com algumas curvas. Do Marco até Baião,
a estrada serpenteia as encostas da serra em curva e contracurva. Mas o pior
mesmo é de Baião até ao Douro Palace Hotel… Por fim lá chegámos ao hotel. Fazer
o check-in e arrumar as malas no quarto foi rápido graças à simpatia dos
funcionários. Aliás convém salientar a simpatia de todo o pessoal deste hotel.
Para
quem esteve há pouco tempo no hotel M’ar de Ar Aqueduto. Em Évora, os quartos
deste hotel estão de acordo com as quatro estrelas sem serem nada de especial…
O
hotel desenvolve-se num complexo arquitectónico moderno inteligentemente rodeando
a antiga casa da quinta…
… onde
se situam o Bar e o Restaurante.
Depois
de devidamente instalados e de um breve reconhecimento às instalações do hotel,
voltámos a Baião para almoçar. O restaurante escolhido foi O Almocreve já do
conhecimento do meu genro e filha.
Come-se
bem, pratos característicos da região, com uma boa relação qualidade preço.
Depois
de almoço, um saltinho à estação de comboios de Mosteiró. Magnifica paisagem
sobre o rio Douro.
Depois
de jantar, de novo no Almocreve, o regresso ao hotel e eis que a noite cai…
domingo, 16 de março de 2014
ESCAPADINHA EM DIA DE ANIVERSÁRIO
Começa
já a ser um hábito familiar, a debandada para longe em dia de aniversário.
Poderia até pensar-se que esta prática é uma tentativa camuflada de fugir ao
peso de mais um ano de idade. Mas não. Não se trata seguramente de qualquer
fuga seja lá do que e de quem for. Por mim falo. Basicamente não é mais do que
o tirar partido do dia da semana em que cai o aniversário a festejar.
Convenhamos, aqui que ninguém nos lê (ou muito poucos mas grandes amigos), que
esta prática não é mais do que a satisfação daquela tendência tão
característica de alguns membros da nossa família, a de viajar nem se seja só
até ao lado de lá do rio… Rio Douro, entenda-se!
Desta
vez, o pretexto foi festejar o aniversário da filhota. O destino, foi mesmo o
Rio Douro mas não do lado de lá. Fomos um bocadinho mais longe, até Baião onde
tínhamos previamente feito reserva de estadia no Douro Palace Hotel Resort.
Comentários?
Só depois da estadia…
sábado, 15 de março de 2014
O LIVRO DOS ELOGIOS
Nós,
portugueses, temos o doentio prazer de reclamar. Reclamamos por tudo e por nada
e isso nos dá imenso prazer além de alimentar conversas durante horas. Tem
ainda a inconfessável vantagem de ser tema de conversa na falta de um
verdadeiro tema fruto de vidas vazias, tristes, soturnas que alguns de nós
levamos… Pelo contrário, elogiar, não é nada do nosso agrado. Como padecemos
daquela doença crónica chamada inveja, raramente (digamos nunca) elogiamos o
lado positivo das coisas e das pessoas… Claro que salvaguardo aquela ocasião aquando
da morte de alguém em que todos os falecidos se tornam ótimas pessoas e, nessa
ocasião, não nos poupamos a elogios póstumos mesmo que mal conheçamos o(a)
defunto(a) ou mentalmente o considerarmos o maior dos filhos da puta à face da
Terra (felizmente de partida).
Como
portuguesinho que sou e que às vezes me envergonho de ser, é óbvio que
frequentemente reajo e me comporto de acordo com o que acabei de escrever. Mas
lá vem a ocasião em que o discernimento de pessoa inteligente que sou me
permite estabelecer a justa diferença entre o reclamar e o elogiar.
A
pretexto de uns dias de férias de minha mulher que é professora, o meu filho lá
convenceu a mãe a visitá-lo em Paris tendo feito mesmo a reserva das passagens
de avião. No intuito de lhe devolver a quantia gasta nessa reserva, tentei
fazer a transferência da quantia através da internet. Por qualquer estranha
razão não o consegui fazer pelo que me desloquei à agência do Montepio Geral de
Júlio Dinis. Passavam dez minutos das 15h quando cheguei à porta. Um
funcionário, mal humorado, limitou-se a apontar para o relógio que trazia no
pulso e a gritar-me através da porta de vidro: “Fechámos às três”. Agradeci a
informação sem me abster de mandar o senhor falar com a mãezinha em serviço…
Felizmente
hoje tive a inspiração de me dirigir a uma agência também do Montepio Geral em
São Mamede de Infesta. Não consigo em breves palavras descrever a simpatia e o
profissionalismo da funcionária que me atendeu. Foi incansável na forma como tentou
resolver o meu problema via Internet e mesmo quando, preocupado por me ter
apercebido que lhe estava a roubar a sua hora de almoço, insistiu a pretexto de
ser teimosa (eu chamo-lhe profissionalismo), em continuar a tentativa de
resolver o problema o que finalmente conseguiu. E não é que nem sequer registei o nome da dita funcionária embora não tenha poupado elogios à sua
competência e profissionalismo. Nós portugueses somos assim…
sexta-feira, 14 de março de 2014
UNS DIAS CHOVE, NOUTROS DIAS BATE O SOL...
O tempo, tal como a vida, tem dias assim… “Uns dias
chove, noutros dias bate o sol” conforme dizia e bem, Chico Buarque no seu
poema, Meu caro amigo.
Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba*, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate o sol
* Aqui eu diria fado em vez de samba…
O tempo tem andado assim, inconstante. Hoje o sol fez
o favor de nos visitar embora ainda anémico… Parece que se vai manter a
descoberto até ao próximo sábado dia 22. Aí volta a chuva… Hoje tivemos
futebol… bibó Porto carago! Mas também jogou o Benfica, biba também… Quanto ao
fado, nunca se ouviu tanto nem nunca existiram tantos fadistas… pelo menos
dizem que o são!
A vida também é assim, feita de alegrias e tristezas,
encontros e desencontros, altos e baixos… Nuns
dias chove, noutros dias bate o sol. Há dias em que parece que nada
funciona fora e dentro de nós… Mas, no dia seguinte, a nossa vida ilumina-se
com um sol interior que brilha apenas no nosso universo, apesar da tempestade
que possa existir lá fora, somos surpreendidos com situações e momentos que
despoletam emoções imperdíveis e inesqueciveis. Por isso, nunca desespere, há
que suportar os dias tristes de chuva e frio intenso porque mais tarde, virá o
dia em que o sol vai iluminar a sua vida por meio daquelas coisas mais
insignificantes que a vida tem…
Lembre-se sempredeste verso: Uns dias chove, noutros
dias bate o sol…
Há dias assim…
quinta-feira, 13 de março de 2014
QUEM PAGA A FACTURA?
Após um período de obras megalómanas e do incentivo ao
consumo feito pela Banca, muitas famílias acabaram por viver durante alguns
anos acima das suas possibilidades. Perante a perspectiva de banca rota, Portugal
teve que negociar com a troika um empréstimo financeiro de 78 mil milhões de
euros. Poderia até parecer muito dinheiro se cerca de 12 mil milhões não se tivessem
destinado à recapitalização da banca... Convém não esquecer que toda esta verba
não se trata de um donativo mas sim de um empréstimo sujeito a uma taxa de
juros variável e bastante elevada.
Quem é que então está a pagar a factura?
Segundo dados fornecidos em
2011 pela Autoridade Tributária e Aduaneira, num universo de 4,7 milhões de
contribuintes, mais de 2,6 milhões não pagam IRS. Isto corresponde a 56 % do
total dos contribuintes. Perante estes dados, embora referentes a 2011, é fácil
concluir que é a classe média que está a pagar a factura… Isto porque as classes altas conseguem sempre escapar à austeridade
transferindo os capitais para paraísos fiscais bem como as sedes das suas
empresas para outros países com taxas menos severas… As classes menos
favorecidas, os pobres acabam por beneficiar do empréstimo da troika através do
subsídio de desemprego e do rendimento mínimo… além de outras benesses como os
baixos escalões do IRS. De onde vem o dinheiro para pagar o bendito empréstimo
da troika? Indubitavelmente é através das contribuições fiscais, dos cortes
aplicados nas deduções à colecta, da sobretaxa de 3,5% e da contribuição
extraordinária de solidariedade para os reformados, que a classe média
contribui para sustentar este país e principalmente a própria máquina
governamental…
Por tudo isto, ricos, pobres
e políticos, deixem de dizer mal da “peste grisalha”, é ela que vos está a
sustentar e a manter este país à tona sem o deixar submergir…
quarta-feira, 12 de março de 2014
ELES ESTÃO POR TODO O LADO
Em qualquer lado para
onde a gente se vire, seguramente encontrará um morcão. O termo é um
regionalismo do Norte do país, mas o morcão é um fenómeno nacional. Atrevo-me
até a dizer que o morcão ultrapassa fronteiras, é internacional, não tem idade
nem pertence exclusivamente a um dos sexos. Em qualquer lado e a qualquer hora,
sempre aparece à nossa frente um morcão. Na fila do supermercado, ele já está
na caixa. É geralmente uma pessoa de idade o que não é desculpa pois muitas
vezes é até mais novo do que eu (embora não o pareça…). Demora séculos a
escolher o dinheiro no porta-moedas, mais ainda a guardar o troco e finalmente
a conferir o talão com todo o cuidado. Começa então a pegar nos sacos de
compras um a um com toda a calma como se não existisse mais ninguém para ser
atendido. O morcão não aparece exclusivamente na fila do supermercado, pode ser
visto em qualquer local de atendimento ao público. É aquele género de idoso (ou
não) carente que aproveita a simpatia do atendente para conversar e pedir todo
o género de informações enquanto toda a fila de gente apressada e com horários
a cumprir, espera (in) pacientemente que a criatura se decida a ir embora.
Também nas filas de
trânsito e mesmo nas autoestradas ele aparece à nossa frente. Aqui o morcão é o
género de condutor (a maior parte das vezes idoso) sem a mínima aptidão para a
condução. Duvido muito sinceramente que estas alminhas tenham alguma vez conseguido
passar num exame de condução tal é a ignorância demonstrada relativamente ao
código da estrada. Desde o conduzir em contramão, seguir pela faixa da esquerda
20km/h nas autoestradas, fazer inversão de marcha em vias de grande movimento, etc.,
etc., tudo eles fazem com o ar mais cândido de quem faz a coisa mais natural do
mundo… os outros condutores é que são “os loucos do volante”.
Por favor, se algum dia
por estranha metamorfose me transformar num desses morcões, por favor, tomem as
devidas providências para me impedir de conduzir e passar a usar os transportes
públicos…
terça-feira, 11 de março de 2014
NÃO SÃO OS OUTROS QUE NOS DECEPCIONAM...
Não são os outros que nos decepcionam,
as nossas expectativas em relação a eles é que eram altas demais…
Há dias em que nos decepcionamos perante a atitude ou reacção de alguém por não se coadunar com as expectativas depositadas sobre essa pessoa. Isto acontece porque esperamos que os outros reajam de acordo com determinadas padrões de conduta muito próprios ou simplesmente porque esperávamos o que não devíamos esperar… Quem sabe essa pessoa não terá a capacidade necessária para se elevar até à alta fasquia que lhe colocamos? Poderá ser condenada por isso? Dando ouvidos ao nosso Ego ferido, ele aconselha-nos a castigar a pobre criatura. Diz-nos o Ego que a dita criatura deveria ser flagelada (se possível) ou ostracizada para que morra (literalmente) à fome e à míngua de carinho… Este ou outro inimaginável castigo parece-nos merecido já que a decepção magoa, dói e faz sofrer…
Na realidade, quem merecia ser castigado éramos nós porque
criamos a fantasia de que os outros terão que corresponder aquilo que esperámos
deles. Por outras palavras, criamos expectativas que, muitas vezes, não podem ser
correspondidas.
Há dias em que, por muito que nos custe, somos confrontados com a crua realidade . As pessoas nunca serão aquilo que gostaríamos que fossem. São como são e não há outra saída que não seja aceitá-las dessa maneira…
Há dias em que aceitamos finalmente que ninguém é obrigado a
reagir ou comportar-se de acordo com as nossas expectativas…
Há dias assim…
segunda-feira, 10 de março de 2014
O CAFÉ COMO PRETEXTO
Seja por gosto, vício ou fins
terapêuticos, o café é uma das bebidas mais consumidas a nível mundial. Há quem
o tome para relaxar, outros para se manterem despertos e muitos, como pretexto
para um agradável convívio…
É sabido, por amplamente divulgado, que
o café além de ser um estimulante físico e mental, possui alguns benefícios
para a saúde quando tomado com moderação. Na minha opinião, a maior qualidade
do café é a de aproximar as pessoas atuando como um poderosíssimo aglutinador
social. Ele é o pretexto ideal para uma pausa no trabalho, “por a conversa em
dia”, fazer novos amigos, conviver com os que já o são de longa data ou com os mais
recentes…
Quantas vezes ouvimos ou dissemos esta
frase: “Apareçam lá em casa para tomar um cafezinho”. O “cafezinho” não passa
de um pretexto para o convívio, o cimentar da amizade, o passar a mensagem
“gosto de vocês, da vossa presença,…”. Apareçam lá em casa. As portas estão
sempre abertas para receber amigos ou simples conhecidos. Apareçam lá em casa…
domingo, 9 de março de 2014
FUTEBOL, FADO E FÁTIMA...
O Grande Prémio da edição deste ano do Press Cartoon Europe
distinguiu Rodrigo de Matos, por um trabalho publicado no último ano no
semanário Expresso. A distinção internacional foi-lhe atribuída por um trabalho
publicado no Expresso Economia onde retrata a forma como o apuramento da
selecção nacional de futebol para o Mundial no Brasil distraiu toda a gente da
difícil situação económica atravessada por Portugal, onde perante as
dificuldades e as políticas de austeridade esta surgiu como única alegria.
Passaram quarenta anos desde que o 25 de
Abril pôs termo à ditadura salazarista mas o pensamento de Salazar continua presente.
O nosso país continua a ser o país dos três F’s…
FIM DE SEMANA EM ÉVORA #4
A terça-feira amanheceu fria
é certo mas o sol tentava brilhar fintando as nuvens que teimavam em navegar no
azul do céu… Mas o sol lá estava a saudar o meu aniversário! Convencido, eu? Claro,
não é impunemente que se completam 66 anos de idade...
À esquerda o novo edifício onde
se localizam os quartos. O nosso era no primeiro andar, mais ou menos a meio do
edifício.
Depois de tomar o pequeno-almoço
era hora de fazer malas e preparar para a viagem de regresso ao Porto.
Foi um Alentejo verde e
atapetado de flores brancas e amarelas que deixamos para trás…
Mal podíamos adivinhar que
aquele sol, morno e pouco luminoso, iria desaparecer para dar lugar de novo à
chuva e céu cinzento à medida que nos aproximávamos do Porto…
sábado, 8 de março de 2014
FIM DE SEMANA EM ÉVORA #3
Depois de mais uma noite
desta vez menos atribulada pela tosse e pela luta com a almofada, tomamos o
pequeno-almoço mais cedo e fomos fazer algumas compras. Por ser segunda-feira
encontrámos as farmácias abertas o que não aconteceu no domingo. A única
farmácia aberta era fora de muralhas e bastante distante para recorrer a ela a
pé. Aqui fica o reparo. Não se admite que as três farmácias dentro das muralhas
estejam todas fechadas num fim-de-semana…
Era impensável deixar Évora
sem visitar o “Templo de Diana” e a Sé Catedral. Aproveitámos o resto da manhã
para essas visitas. É inacreditável que não exista qualquer indicação que
conduza o turista a estes locais…!
Estupidamente, foi-nos
vedado o acesso gratuito ao interior da Sé. Mesmo para rezar.tem que se pagar.
Assim nos comunicou a “guardiã” à entrada do templo…
A caminho do hotel, o
restaurante O Antão foi a nossa escolha para o almoço. Desta vez, a escolha
recaiu sobre a carne de porco à alentejana… Divinal!
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