Etiquetas

quinta-feira, 31 de maio de 2012

AS PONTES

As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes.
(O Principezinho)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A OVELHA NEGRA

Não deixa de ser estranho tanto barulho à volta de caso de espionagem e do nome de Miguel Relvas. Porque será que se levanta tanta poeira? Não é que não concorde com o esclarecimento de toda a verdade. Mas não entendo o porquê do levantar de tanta poeira. A poeira é tanta que até deu para "ocultar" o caso "Monte branco" onde consta estarem envolvidos certos senhores da esquerda, do centro e da direita...
Será que todo este ruído é porque o dito Miguel Relvas tencionava privatizar a RTP?
Isto é a ovelha negra a falar... Eu acredito que todos aqueles deputados que ganham balurdios (com direito a 13º mês e subsidio de férias além de uma reforma ao fim de poucos anos de serviço) estão apenas interessados em repor a verdade... Só não se sabe ainda qual é...
Meus amigos, acordem... não sigam o rebanho...

NETBOOK OU iPAD?

Hoje o meu dilema é este. Qual dos dois é mais vantajoso?
Claro que depende da utilização que se pretende.
Quero portatibilidade, consultar correio electrónico, fazer as minhas postagens em viagem...
e pouco mais.

Se alguém me puder aconselhar, desde já agradeço.

REGRESSO

Parti?
Sim, mas voltei.
Não para ficar.
E custa sempre tanto regressar!?
 
Tinha saudades de ti?
Já nem sei
afinal porque voltei.
 
Subi de novo a calçada.
Foram meus passos que assim
revestiram, na escada,
meu pensamento desnudo?
 
Era um nada, quase tudo,
saber-te perto de mim.
                
                                 Jorge Leal

terça-feira, 29 de maio de 2012

A DISTÂNCIA E O AFASTAMENTO




Quantas vezes, perante um quadro que nos apaixona, somos tentados a aproximarmo-nos com a intenção de o “ver” melhor… Quanto mais perto ficámos mais nos apercebemos de pequenas imperfeições que ao longe não teríamos notado. Visto ao longe o mesmo quadro causou-nos boa impressão mas quanto mais nos aproximamos mais ressaltam à vista pequenos pormenores que nos desagradam perdendo-se a harmonia do todo. Para bem apreciar um quadro ou qualquer obra de arte, há que guardar uma certa distância que nos permita ver no seu conjunto a beleza das formas, textura e harmonia das cores...
Com as pessoas passa-se o mesmo. Demasiada proximidade leva-nos a pormenorizar mais os defeitos e a perder a harmonia da visão global. Em todas as relações, por vezes, há que respeitar uma certa distância. Muita proximidade pode sufocar o outro e enfocar mais os defeitos em detrimento das qualidades gerais. Na minha opinião, é conveniente um certo distanciamento esporádico qualquer que seja a relação. Esse distanciamento vai permitir ver o outro no seu todo salientando tudo que de bom e belo o constitui. Tem ainda uma vantagem suplementar. Permite-nos saber até que ponto sentimos a sua falta, o quão importante é a sua companhia, a sua presença na nossa vida.
Se esse distanciamento não doer, se não sentirmos que nos arrancaram parte do nosso ser, então não é mais um distanciamento…nesse caso é já um afastamento…
Há dias assim em que nos distanciamos para deixar respirar o outro… correndo o risco de ver o distanciamento transformar-se em afastamento.


segunda-feira, 28 de maio de 2012

E O GATO É...


Vou mesmo aqui e agora desvendar o mistério da identidade do dito cujo...
Pois muito bem, o gato és tu, sou eu, aquele teu/meu/nosso familiar... o teu melhor amigo... quem tu quiseres... :)
Está desvendado o mistério.

AFINAL QUEM É O GATO?

Continuam a chegar à minha caixa de correio electrónico imensos pedidos para que revele a identidade do gato. Alguns até dão palpites...!
Por favor, não enviem mais mails com palpites... nunca irão adivinhar...
Afinal quem é o gato?
Fiquem atentos. Ainda hoje irei desvendar a identidade do gato.

CARTA PARA MINHA IRMÃ

Olá!
Hoje senti vontade de te escrever. Ainda não sei bem como enviar esta mensagem/carta/e-mail, ou o que quer que seja. Não estou preocupado com isso porque estou convicto que a irás "ler"…
Desejo do fundo do coração que estejas bem, onde quer que te encontres…
Estranho, não achas? Passei o dia de ontem a reviver o nosso apartamento no Campo Alegre onde te acolhemos. Ali morámos alguns anos na companhia da mãe e do nosso padrasto. O Miguel estava na Guiné por isso te cedi o meu quarto. Vieram-me à memória as nossas noites em frente à TV sem dizer palavra…
Nesse tempo, éramos puros. Não no sentido restrito da palavra, tínhamos já percorrido vários caminhos sem saída no labirinto da vida. Mas éramos puros e comunicávamos entre nós sem precisar de palavras. Eu sabia sempre o que ias dizer assim como tu me adivinhavas… por isso deixamos de articular por palavras os nossos pensamentos. Bastava uma troca de olhares para desencadear o riso ou as lágrimas perante o que víamos na TV ou nas cenas do dia-a-dia.
Lembras como a mãe ficava roída de ciume da nossa comunicação telepática?
Ela sempre se referia a ti como minha alma gémea…
Nesse tempo, éramos puros.
O veneno da intriga ainda não nos corroía as entranhas. O mesmo veneno que nos separou durante longos anos. Relembro a propósito Óscar Wild que muito admiro pela sua filosofia de vida. Ele dizia Devem-se escolher os amigos pela beleza, os conhecidos pelo caráter e os inimigos pela inteligência. Lembro-me de dizeres que tinhas muito medo dos inimigos burros. Na altura não alcancei muito bem o que querias dizer. Hoje compreendo e concordo contigo. Quem lançou o veneno entre nós não tinha nenhuma má intenção fê-lo apenas por burrice…
Uma multidão de recordações foi desfilando na minha mente até chegar aquele jantar de despedida… Não vou esquecer nunca a dignidade dessa despedida. Apesar da doença conseguias brilhar com o resplendor da tua antiga beleza. De tal forma que no momento me convenci que estarias a recuperar… Foi durante o jantar que me apercebi que era uma despedida... Um aperto, um "nó na garganta" impedia o bolo alimentar de passar de deslizar ao longo do esófago. Obriguei-me a engolir o jantar. Não sei porque estranha razão mas sentia que era imperioso fingir não entender estar perante a tua despedida. E fingi. Eu sabia que querias que assim fosse...
Hoje eu sei que é assim que quero partir. Despedindo-me dos amigos mais chegados… sem drama… sem lágrimas… mas em todo o esplendor (que ainda me resta)...

domingo, 27 de maio de 2012

CHAMAR A ATENÇÃO

Pois é, agora estou virado para os animais. Ontem foi o gato, hoje o cão.
Mas vejam o que um cão tem que fazer só para chamar a atenção…!!!
Será este um problema exclusivo dos cães?
Às vezes, tal como o cão do video, só resta fazer as malas... e partir!


RELATIVIDADE


Se tudo é relativo,
a Lua é branca.
Eu vi-a nascer rubra, atrás da serra,
como bola de fogo ao ar lançada.
Então gritei:
- A Lua é amarela!
(Vermelha, ou somente amarelada?)
E a verdade, em qual das cores se encerra?

Não penses a verdade,
tão constante.
Tal como tudo, muda com o tempo…
Terás em cada instante,
apenas a verdade do momento.

                                                 Jorge Leal

sábado, 26 de maio de 2012

AS ÁRVORES MALDITAS


Há anos, no logradouro do condomínio onde moro, algum iluminado/bem-intencionado, lembrou-se de mandar plantar umas árvores de aspeto agradável. Até aí, tudo bem. Em poucos anos elas atingiram um porte de cerca de 15 metros. Aí comecei a embirrar com as ditas árvores que me roubaram o Sol e as parcas vistas que desfrutava da janela da sala. Anos mais tarde verifiquei que delas se desprendia uma espécie de algodão que deixava o relvado completamente branco como se tivesse nevado em pleno Maio. Comecei também a sentir uma forte irritação ao nível dos olhos e um agravamento da minha rinite crónica. A partir daí, na ignorância do nome científico, passei a designar as ditas por malditas árvores. Mais atento ao fenómeno, verifiquei que em vários pontos da cidade do Porto elas estavam presentes.
Pesquisei na net e fiquei a saber que as malditas árvores eram, nem mais nem menos, choupos americanos ou choupos do Canadá. Apesar de me tentarem convencer que o tal algodão ou melhor, o invólucro sedoso que envolve as sementes, não era prejudicial à saúde fiquei a saber que este pode ter efeitos nocivos. Segundo a alergologista Maria da Graça Castel-Branco o tal invólucro sedoso das sementes dessas árvores, “Em grandes quantidades, tem um efeito irritativo quando entra em contacto com os olhos, a boca e o nariz, provocando comichão na face e nos olhos e irritação nasal.” (in JN de 2005-05-12)
Através do mesmo artigo do JN fiquei também a saber, para meu contentamento, que as malditas árvores envelhecem muito rapidamente segundo afirma Paulo Alves, do Departamento de Botânica da Universidade do Porto.
Espero que envelheçam mais rapidamente do que eu…

GATO ESCONDIDO...


Pois é. Esta semana o gato voltou a atacar… Fez mais outra das suas traquinices. Ainda não partiu a louça toda mas quebrou alguns pratos que fizeram falta para o almoço. Em seguida, escondeu-se - gato escondido com o rabo de fora...
E mais uma vez descobri o gato escondido. Uma mãozinha invisível me guia e lá descubro o gato ou as suas traquinices.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

POIS... É FÁCIL DIZER...

VERDE

Existem mil tons de verde
dos mais claros aos intensos.
Verdes, jardins de cidade.
 
Verdes, os prados imensos
onde em limites se perde
e se ganha em liberdade.
 
Verde é o mundo redondo.
Verde é a cor da esperança.
E eu que já nada espero,
perdido o sonho mais caro,
nesse quarto onde me escondo
pintado de verde-claro,
odeio com desespero
esta cor, desde criança.
                                          Jorge Leal

Mais um poema feito no tempo em que de malas na mão percorri o país em busca de um lugar para dar aulas... ficando em quartos alugados longe de casa e da família. Era assim a vida de professor antes do 25 de Abril... Era esta a cor do quarto alugado...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

AS LOUÇAS DE MOLELOS


Molelos é uma freguesia do concelho de Tondela, situada próximo do sopé da serra do Caramulo, no Distrito de Viseu. Tornou-se conhecida pelo fabrico de louça preta característica desta terra. Hoje pode dizer-se que esta louça é conhecida em todo o país e mesmo no estrangeiro.
Conheci Molelos em 1974 quando dei aulas em Castro Daire. Nessa altura percorria o país, malas na mão, quarto alugado… a dar aulas onde havia uma vaga para professor de Físico-química ou Matemática.
Com os parcos escudos (moeda da época) que me sobravam depois de pago o quarto de pensão e a letra do carro, comprei algumas peças que ainda hoje guardo e que decorei de forma a torna-las mais atraentes à minha vista.
Deixo aqui a foto de algumas dessas peças para cuja decoração, usei tinta de esmalte.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

DIVISÃO EXACTA

A joana andou duas horas e 15 minutos a 60 km/h.
Quantos quilómetros percorreu?
Responde-me tu, João.
Dizia o meu professor.
O que é a divisão?
O João ficou assim
com “ar” de quem não sabia!
Se me perguntasse a mim,
com certeza respondia.
 
A divisão é assim:
Se eu tivesse doze gomas,
fechadas na minha mão,
ficava com seis para mim
e dava seis ao João.
 
Muito bem! – o professor
diria, olhando para mim:
É assim a divisão.
                                                Jorge Leal

terça-feira, 22 de maio de 2012

O COLO

Não me lembro de um colo. E falo no sentido literal da palavra. Obviamente que o tive nos primeiros anos de vida mas em criança não recordo de o ter de qualquer um dos meus progenitores. Aliás, não recordo um só gesto de carinho. O contacto físico era tacitamente evitado entre os elementos familiares… Não me perguntem a razão de tal comportamento porque deveras não sei… Presumo que talvez tivesse origem numa religiosidade exacerbada por da parte de minha mãe e incapacidade de se dar por parte de meu pai… ou de ambos. Essa mesma incapacidade transmitiu-se a nós filhos. Recordo que considerávamos esses gestos de carinho como lamechices a evitar. Sempre que inadvertidamente ocorria qualquer contacto físico entre nós instantaneamente ocorria a tal retração como se de um choque se tratasse… Mais tarde, já adulto, minha mãe já incluía nas suas manifestações de amor maternal a carícia, o afago, o contacto físico… Mas onde realmente ele fez falta foi na fase da infância. Essa fase crucial do desenvolvimento e formação da criança que deixa marcas para o resto da vida.
Está provado que uma atitude fria e distante dos pais é um fator castrador na futura vida emocional dos filhos.
Dai o meu conselho: beijem, acariciem e sobretudo, digam o que sentem aos vossos seres amados… Que nada fique por dizer… ou por fazer…
Há dias assim em que nos assalta a saudade de um colo que nos foi inexplicavelmente negado na infância…

sábado, 19 de maio de 2012

SEMPRE A CIRCULAR


Dizem que sou uma linha,
ando sempre a circular.
Mas que triste sorte a minha!
Nem para fora, nem para dentro,
eu me posso afastar
um milímetro do centro!

                                       Jorge Leal

sexta-feira, 18 de maio de 2012

UM MENINO (MUITO) GORDO

Tinha acabado de me instalar à mesa do café com o bloco de notas à minha frente, decidido a escrever qualquer coisa para postar aqui, quando na mesa ao lado se instalaram duas “tias” fazendo jus ao tipo de linguagem usada… A loira defendia acerrimamente o estilo de um vestido cor-de-rosa que tinha visto de manhã. Na sua opinião ficava-lhe lindamente. Já a morena, não partilhava da mesma opinião. Achava ela que ficava muito justo no peito da amiga. Aquele arrazoado entre elas lá se ia prolongando sempre à volta do mesmo tema. Já que não conseguia concentrar-me na escrita, pus-me a observar o movimento na rua através da vidraça. Vi chegar uma senhora idosa de aspecto modesto, acompanhada de uma criança obesa. Sentaram-se precisamente na mesa à minha direita. Na outra mesa o tema de conversa continuava a ser o tal vestido cor-de-rosa mas agora a morena insistia que também acentuava demasiado as ancas da loira. Nessa altura eu já estava convencido que a morena estava interessada no vestido… Era obvio que o seu objectivo era dissuadir a amiga da compra para ela ir lá a correr comprá-lo... 

Entretanto, o empregado aproximou-se da mesa da senhora idosa e colocou-lhe um galão à frente e um “semol” mais um “curassam” com fiambre à frente da criança obesa. Na mesa das “tias”, a loira começou a fungar num choro reprimido em reação ao insulto da amiga que insinuava que ela tinha engordado bastante. Na outra mesa, a criança insistia em comer outro “curassam” e a “bo” recusava argumentando (com toda a razão), que ele estava demasiado gordo.
Cala a boca bo. Tu é que és gorda, pareces uma baleia. Dizia o monstrinho.
Nessa altura eu já me imaginava a apertar-lhe o pescoço enquanto uma chuva de croissants lhe jorrava boca fora…
A senhora remeteu-se ao silêncio envergonhada e desatou num choro manso. Agora havia choro de ambos os lados da minha mesa. Entretanto chegou-me ao nariz um pivete denunciador de que o monstrinho, sentado de costas para mim, se tinha “aliviado”. Não sei se as tias também se aperceberam porque entretanto tinham parado a discussão. O monstrinho estava agora a devorar o segundo croissant e de novo se difundiu pelo ar o tal pivete mas desta vez acompanhado de um ruído característico. As duas “tias” olharam-me surpresas com ar reprovador. Encolhi os ombros como a dizer que não tinha nenhuma responsabilidade na origem daquele pivete. Não sei como interpretaram o meu encolher de ombros porque chamaram o empregado, pagaram e saíram sem que primeiro me lançassem um olhar reprovador.
Há dias assim em somos punidos pelos nossos instintos criminosos mesmo sem os ter cometido.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

AS ESTRELAS

Este vício inglório de agarrar estrelas já vem comigo desde há muito tempo. É óbvio que estou consciente da inutilidade do gesto embora tente sempre agarrá-las… O mais que consegui, até hoje, foi um banho de poeira estelar que me embranqueceu o cabelo e quedar com uma estrela sem brilho entre mãos. Há estrelas porém que nos fazem sentir a necessidade de agarrar, de guardar, reter ao nosso lado noite e dia. Aquela estrela cujo brilho ilumina a nossa vida e que, se deixar de existir, ficaremos sem "norte" mergulhando em trevas todo o nosso pequeno mundo. Confesso que tentei reter uma estrela. Contudo, ao aperceber-me que cá em baixo perdia todo o fulgor, apressei-me a deixá-la lá no alto...
Decididamente apenas se pode sonhar com as estrelas… elas só podem brilhar no céu.
O Poeta é que sabia…

quarta-feira, 16 de maio de 2012

A VIDA

Ai como a vida é sombra tão pequena…

Quiçá, lembrança de longínquas eras…

Exalta-nos a vida de quimeras

e à submissão da morte nos condena…
 

Ai como a vida é sombra tão pequena!...

Tão breve e tão íngreme descida…

E tenho pena – ó Deus!

Imensa pena

de não saber viver a minha vida…

Jorge Leal

terça-feira, 15 de maio de 2012

O DOBRO DA TERÇA PARTE


O dobro da terça parte

dos anos que fez Maria

são oito. Quem adivinha
os anos que ela fazia?

Jorge Leal

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O GATO

Aquele gato queria mesmo falar comigo. Estacou à minha frente no passeio, enroscou-se na minha perna a ronronar de cauda erecta e em seguida, saltou para cima do muro a olhar-me fixamente. Eu podia ter seguido o meu caminho até porque não gosto de falar com gatos. Acho-os traiçoeiros e um pouco perversos. Já com os cães é diferente. Quase não precisam falar, toda a sua expressão corporal fala por si. Apenas quando estão tristes tentam chegar à fala com os seres humanos que os podem entender.
Num misto de receio e curiosidade optei por olhar o gato nos olhos permitindo assim o contacto visual. O gato começou então a contar-me,  não em linguagem de gato – miados – mas em linguagem telepática, o que afinal eu já sabia. Aliás, de nada me serve o que me contou a não ser para causar aborrecimento e dor. Jamais poderei contar o que sei argumentando que foi um gato que me disse… Muito menos confessar que falo com gatos. Seguramente iriam achar que estou senil, vítima de alzheimer ou esquizofrénico…
Depois há sempre aquela possibilidade de o gato ter mentido. Os gatos são, por natureza, perversos…
Há dias assim em que nos permitimos escutar aquela vozinha interior que paira na nossa mente e que, quase sempre, nos diz o que já sabemos…

domingo, 13 de maio de 2012

A FÉ

Como católico (não praticante), não podia deixar passar este dia 13 de Maio sem lhe fazer aqui uma breve referência. Confesso e lamento os altos e baixos que a minha fé sofreu ao longo do meu percurso de vida até porque é bom acreditar seja no que for, mas acreditar. Diz-se que a fé move montanhas. Hoje estou certo que isso é possível. Em vários momentos da minha vida tive oportunidade de constatar a importância da “fé” na capacidade de dar a volta por cima em situações dramáticas principalmente no que se refere a problemas de saúde. Quando falo na importância da fé não estou a pensar exclusivamente na oração ou no acreditar na intervenção deste ou daquele ente divino. Falo na fé em nós próprios, na nossa capacidade de “mover montanhas”. Com essa fé acredito que somos capazes de enfrentar situações problemáticas quer se trate de problemas de saúde ou de outra natureza qualquer.


sábado, 12 de maio de 2012

AS MÃOS VAZIAS

As minhas mãos são longas e esguias.
São garras todas feitas para prender
a vítima escolhida para encher,
as minhas longas mãos sempre vazias.
 
Devorei como abutre horas e dias,
para lhes não perder um só momento.
Mas terminei a olhar com desalento,
as minhas mãos que estão sempre vazias!
 
E, quando o amor pensei ter encontrado,
fechei-o em minhas mãos… Depois, abri-as.
 
Com meu olhar surpreso, envolto em dor,
fiquei a olhar as minhas mãos vazias.

                                                                   Jorge Leal

sexta-feira, 11 de maio de 2012

BASE TRIANGULAR


Sólido de uma só base
quantas faces eu terei?
É fácil adivinhar
sabendo que a minha base
tem forma triangular!

Jorge Leal

quinta-feira, 10 de maio de 2012

GAVETAS


Há dias em que, por qualquer razão ou sem razão nenhuma, decidimos abrir gavetas há muito fechadas. Trazemos à luz do dia velhos manuscritos já quase esquecidos. Quantas vezes na eminência de serem destinados ao lixo mas por qualquer razão ou sem ela, foram poupados a esse destino. E já que voltaram a ver a luz do dia, seria de intolerável crueldade voltar a engavetá-los… Porque não deixá-los ver e ser vistos por outros olhos? Foi precisamente o que pensei ao postar alguns dos muitos versos que fui escrevendo ao longo deste meu percurso sinuoso pela vida. Não há, por isso, que ficar preocupado ou temer pelo meu estado de espírito actual.
"O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente." (Fernando Pessoa)
Muitos desses versos remontam às décadas dos 20-30 anos. São pedacinhos de vida que fui deixando para trás no meu caminho. Reuni-los de novo é como reconstruir o EU… Nunca um “eu” verdadeiro já que nos vamos formando/transformando ao longo da vida.
Há dias assim em que abrimos gavetas pouco usadas, lemos e relemos papeis que o tempo amareleceu… e fingimos que não nos pertencem mais…

quarta-feira, 9 de maio de 2012

TÃO SÓ POR ENTRE A GENTE

Por medo ou cobardia me fechei
no meu cantinho.
 
Quem passou, nem me viu e eu fiquei
sempre sozinho.
 
E assim vou eu tão só, por entre a gente
como se fora pedra que rolasse
a cada pontapé e me tornasse
mais pedra do que a pedra que não sente.
 
Em pedra me tornei... Ah, se alcançasse
a paz de a tudo ser indiferente!
 
Se em pedra, ao menos, eu me transformasse,
mesmo que me pisasse toda a gente!
                             
                                                                 Jorge Leal

terça-feira, 8 de maio de 2012

QUE NÚMERO É ESTE?


Sou número pequeno,
muito envergonhado
que logo me escondo
se alguém passa ao lado.

Já o meu amigo
é mais descarado.
Cem vezes maior,
muito  mais “pesado”!

Cento e vinte e cinco
é assim chamado
este meu amigo
mais avantajado.

Diz-me lá quem sou.
Não fiques calado!

                           Jorge Leal
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...