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quinta-feira, 31 de março de 2016

A UM HOMEM NÃO SE OFERECEM FLORES

Embora não pareça, devido ao frio e à chuva, já chegou a primavera e toda a Natureza se renova numa profusão de flores, novos rebentos e folhas novas. A Natureza não perdoa às condições meteorológicas que lhe roubem o protagonismo e vinga-se estendendo aos nossos pés verdadeiros tapetes de flores.
Assumo em definitivo que gosto de flores. Claro que ninguém me oferece flores ou antes, apenas uma ou duas vezes oferecidas por ex-alunas. É suposto não oferecer flores aos homens por se considerar um presente pouco másculo e que geralmente deixa o contemplado pouco à vontade. Puro preconceito. Eu gosto de flores, de preferência amarelas (a minha cor preferida).
Eu sei que um dia me oferecerão flores das mais variadas cores. Pena é que já não consiga ver as cores nem lhes sentir o perfume porque provavelmente já estarei morto.

quarta-feira, 30 de março de 2016

MAKE A WISH

Seja por altura de um aniversário, passagem de ano ou qualquer outro evento socialmente instituído, é suposto formular (pelo menos) um desejo. Por altura do aniversário deseja-se habitualmente amor, dinheiro e saúde não necessariamente por esta ordem. A ordem com que se formulam os desejos depende muito das prioridades estabelecidas ao longo da vida. Com efeito, as prioridades não são as mesmas ao longo das diferentes fases da vida. Há aquela fase da juventude em que a prioridade é seguramente o dinheiro e raramente se pensa na saúde já que esta é tida como um dado adquirido e inalterável. Mais tarde, dá-se prioridade ao amor que é afinal o que nos move e só os mais velhos privilegiam a saúde. Passar por uma doença grave faz-nos ver que tudo que vá para além da falta de saúde fica em segundo plano.
Enfim, prioridades… Seja qual for a sua, make a wish.

terça-feira, 29 de março de 2016

NÃO HÁ AUSÊNCIA NA DISTÂNCIA

Falar de ausência nem sempre implica falar de distâncias, de quem está longe por força do trabalho ou outro qualquer motivo. Pode-se sentir a ausência de quem está mesmo ao nosso lado, à distância de um palmo. Não há ausência na distância, ela pode estar mesmo ao seu lado.
A pior ausência é aquela de quem partiu para além desta vida. De outra forma, resta sempre a esperança de que um dia voltem e isso geralmente acontece, mesmo naquelas situações em que intencionalmente nos ausentamos. Às vezes a nossa ausência torna-se necessária para nos certificarmos de que o mundo continua a girar sem a nossa presença. Por outro lado, a ausência de quem mais gostamos também é útil no sentido de podermos constatar se realmente sentimos a sua falta. Quem ama, sente a ausência, quem não ama, não se importa.

segunda-feira, 28 de março de 2016

UM AVÔ DE POUCAS FALAS

O avô não fala, não porque seja mudo, mas por opção. Seria mais correto dizer que o avô geralmente não fala ou então dizer que fala pouco. Habitualmente fica sentado no seu cadeirão, manta nos joelhos, de olhos postos na televisão. Na maioria das vezes o avô olha para o ecrã sem nada ver. Embora experimente algumas limitações ao nível da audição, vai ouvindo excertos das conversas que se desenrolam à sua volta como que numa outra dimensão. Quem o vê sentado no cadeirão, fica com a impressão de que está à espera de algo ou de alguém… Na verdade, numa fase da vida em que já nada ou pouco se espera, só uma coisa o consegue tirar daquela modorra: a incursão dos netos pela casa dentro. Aí o avô transfigura-se, parece pouco mais velho do que os próprios netos condescendendo com todas (ou quase) as suas tropelias. Fora isso, o avô fica entregue às suas memórias e elas são tantas vindas ao seu encontro sabe-se lá de onde! O avô preferia que algumas delas ficassem esquecidas no baú das lembranças, mas não, são precisamente essas as que mais teimam em voltar.
Voltar é quase como andar para trás quando a vida nos toca para a frente… O avô sabe disso e assim que tais lembranças o assaltam, ele as faz regressar ao baú do esquecimento.

sábado, 26 de março de 2016

A ORIGEM DA PÁSCOA

Nunca gostei, nem muito nem pouco, da Páscoa talvez por estar associada a uma época de tristeza e recolhimento. Esta aversão remonta ao período da minha juventude em que a única fonte de entretenimento era a telefonia que nesta época transmitia apenas música clássica ou sacra. Nas igrejas os “santos” eram cobertos por panos de cor roxa, já por si tristonha. E, como se não bastasse, também as ruas eram enfaixadas com panos da mesma cor, roxa… Nunca gostei que me impusessem um período de recolhimento com data marcada. Período de recolhimento tenho-os eu quando menos os quereria ter por força das circunstâncias… da vida. Nesse tempo, tentavam explicar-me que este comportamento de tristeza e recolhimento estava relacionado com a morte e ressurreição de Cristo e me interrogava que culpa tinha eu nesses acontecimentos. Talvez partilhe alguma culpa ancestral, penso eu agora. Talvez. Apenas sei que a forma como a Páscoa é hoje comemorada nada tem a ver com a sua origem bíblica. Aliás, em Inglês, Easter é a palavra usada para esta festividade cuja origem pode estar relacionada com “Eostre”, deusa anglo-saxónia da primavera.
Tal como acontece com outras festividades religiosas, a Igreja tentou “apagar” alguns dos festejos pagãos atribuindo-lhe um novo significado cristão.
Independentemente de se gostar ou não, FELIZ PÁSCOA PARA TODOS.

terça-feira, 22 de março de 2016

REALIDADE E UTOPIA

O confronto entre a realidade e a utopia não é de agora, tem sido uma constante ao longo da história da humanidade. Trata-se afinal do confronto entre a aceitação das regras socialmente estabelecidas e os novos valores e conceitos. De uma forma mais simplista, podemos dizer então que se trata afinal do confronto “ente o que é” e o “que deveria ser”. Entre a realidade e a utopia, apenas uma delas prevalece não sendo possível uma coexistência pacífica.
Não conheço uma definição melhor para utopia do que esta de Eduardo Galeno:
"A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela afasta-se dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. A distância que separa a realidade da utopia só vem confirmar que a utopia é algo irrealizável…
Como se sabe, decorar uma casa de modo a transformá-la num lar coabitável ao gosto de mais do que uma pessoa é um trabalho árduo que exige grande esforço e equilíbrio entre a utopia e a pura realidade. Conseguir conjugar interesses, gostos e conceitos entre os diferentes moradores é algo que exige um trabalho árduo em constante construção.

domingo, 20 de março de 2016

É PRIMAVERA E HÁ FLORES!

Ó Março, salvé! Vestes Primavera!
Bênção de luz e cor! Sons de alegria!
E a terra entoa em ébria sinfonia
o ressurgir da vida que perdera!

Desde a mais rara flor, à folha de hera,
tudo é vibrante em erótica magia!
E um perfume viril nos inebria
qual dança de intangível baiadera!

Tal como a esperança, os campos reverdecem,
os delicados lírios reflorescem,
o sol violenta as sombras da incerteza…

Ó Março deslumbrante! Sê Benvindo!
É Primavera e há flores! O ser mais lindo
de entre todos os seres da Natureza!...

sábado, 19 de março de 2016

EU PAI

Eu pai,
eu filho,
eu órfão (de pai),
eu triste (sempre),
eu ave que não voa,
eu a quem Deus deu asas
e impediu de voar…
Eu agradeço este dia
por ser apenas mais um dia,
mais um dia que permaneço neste chão
de asas fechadas…

A AVÓ GRACINDA

Lembro-me sempre com saudade da avó Gracinda sentada na soleira da porta a descascar ervilhas para uma tigela que colocava no regaço. Na verdade, a avó Gracinda não era avó de ninguém e não se lhe conheciam parentes vivos nem mortos. Mas era assim chamada por toda a gente lá do Largo. A avó Gracinda morava numa casa de R/C e andar, vizinha de uma outra há muito desabitada e em adiantado estado de degradação. Segundo a avó Gracinda, “ali havia coisa do diabo”. À noite viam-se luzes dentro da casa e durante o dia, era possível ouvirem-se ruídos estranhos.
Durante um jogo de futebol um remate menos certeiro, projectou a bola para o interior daquela casa vazando uma das janelas cujo vidro há muito desaparecera. Corremos todos para a frente da casa e ali ficámos especados a olhar aguardando que o mais corajoso fosse buscar a bola. A avó Gracinda, como sempre sentada na soleira da sua porta, aconselhou: Deixem lá a bola miúdos, não entrem que aí há coisa do diabo. Nessa noite cada um recolheu a sua casa, mas ninguém relatou aos pais o episódio da bola que ficou no interior da casa onde ninguém entrava. Ninguém, é como quem diz, constava que os miúdos mais velhos se refugiavam lá dentro para fumar às escondidas e fazer sabe-se lá que outras tropelias…
A avó Gracinda evitava o mais possível passar em frente daquela casa, até que um dia, em perseguição do gato preto que lhe roubara o novelo de lã, viu cair-lhe uma telha mesmo à frente do nariz e que lhe foi acertar em cheio no pé esquerdo. A partir daí, era ver a avó Gracinda a mancar à frente e o gato preto a mancar atrás dela. Não que o fizesse por solidariedade, mas por ter ficado com uma das patas presa numa ratoeira. Mesmo a mancar, aquele gato seguia a avó por todo o lado, excepto à noite nas suas incursões à casa desabitada…
Contava-se que uma adolescente já espigadota um dia entrou naquela casa atrás do cão que para lá fugira. Esteve desaparecida durante todo o santo dia e, ao cair da tarde, quando saiu, vinha meio zonza e sem falar com ninguém. Nunca se soube o que por lá se passou, o certo é que passados nove meses, a rapariga deu à luz um bebé. Do cão, nunca mais se soube o paradeiro…
Ali havia seguramente coisa do diabo…
(Mais um texto que, depois de reescrito, saltou da gaveta)

sexta-feira, 18 de março de 2016

TODOS TRAZEMOS UMA MISSÃO

Eu acredito que não é em vão que atravessamos esta vida. Todos trazemos uma mensagem, chamemos-lhe missão ou karma, tanto faz. Não vou especular se tem ou não tem a ver com outras vidas ou vivências anteriores. Isso também não interessa… agora. Acredito nas mensagens que trazemos e transmitimos mesmo sem disso ter plena consciência. Umas vezes a mensagem restringe-se a um familiar ou amigo, mas outras há que se destinam a um público mais lato. É o caso dos compositores, escritores, pintores, etc. Quantas vezes ao ouvirmos uma canção, ler um livro ou assistir a um filme ouvimos ou lemos uma frase, uma palavra que seja, que nos dá a resposta para algo que nos preocupa e nos indica um caminho? Quantas vezes, em qualquer parte, encontramos pessoas que nunca tínhamos visto antes e nos dizem o que naquele momento mais precisávamos de ouvir?
Eu acredito que todos trazemos uma missão e, porque acredito, não digo, mas escrevo o que penso.

quinta-feira, 17 de março de 2016

HEI-DE VOLTAR... QUALQUER DIA

Qualquer dia eu volto
de onde há muito me ausentei
sem que ninguém visse,
nem tão pouco notasse…
Qualquer dia voltarei
lá de longe por onde ando
mas não me perguntem quando
porque quando… nem eu sei.

                                      Jorge Leal

quarta-feira, 16 de março de 2016

UMA DOR QUE JÁ NÃO DÓI

Podia ficar ali sentada para sempre, num simples bloco de granito, parte integrante do muro que separa a estrada da praia. Podia se não fosse o apelo dos afazeres familiares, mas agora ali estava naquela modorra vinda do calor morno do sol de inverno que acalentava aquela tristeza. Havia nela essa tristeza de uma dor que já não dói, de uma urgência que se fez tarde, de uma importância que se tornou banal. A cada traição que ela adivinhava, acontecia aquela dor misto de raiva e desilusão. A raiva de não ter provas para o confrontar, a desilusão de encontrar defeitos em quem queria ver perfeito. Há dores que ficam, mas acabam por deixar de doer seja por habituação, insensibilidade ou catarse emocional… e dessas dores é que lhe vinha aquela tristeza.
Porquê ficar triste se já nem a dor da traição a incomoda?! Estranhava ela perdida nos seus pensamentos. É que dá medo quando a dor se ausenta e deixa de doer, quando o que importa deixa de importar…
Nesse preciso momento compreendeu que a razão de tanta tristeza, era afinal a ausência da dor. Através dessa ausência é que lhe veio a certeza de que o que antes foi, agora já não é…
Podia ficar ali sentada a surpreender-se de já não sentir a dor não fora o apelo dos afazeres familiares. Levantou-se, alisou a parte posterior da saia, esboçou um sorriso que mais parecia um esgar e dirigiu-se para casa.

terça-feira, 15 de março de 2016

HÁ PROMESSAS QUE NÃO DEPENDEM SÓ DE NÓS

Há promessas e promessas. Há as que se cumprem, as que ficam por cumprir por qualquer motivo e as que simplesmente se esquecem. Eu sei que há promessas que não é possível cumprir por não dependerem da nossa vontade. Dizem que não se deve prometer quando não se tem a certeza de cumprir as promessas. Ressalvem-se aqueles casos em que há a firme intenção de as cumprir, mas que o destino não permitiu.
Tinhas prometido que um dia voaria contigo, o que jamais veio a acontecer. Prometeste e se não se concretizou é porque não chegou ainda o momento certo. Eu sei que era a tua intenção, mas ninguém comanda os desígnios de quem tudo pode…
Às vezes sonho que voo contigo e vejo no teu olhar a surpresa perante o que hoje sou. É que, durante a tua longa ausência, cresci.
Às vezes sonho que voo contigo… Não importa se é um voo que não voa, em direcção a parte nenhuma.
Às vezes voamos juntos conforme prometeste e isso é que importa.

segunda-feira, 14 de março de 2016

NEM TODOS VIERAM PARA FICAR

Ao longo da vida, independentemente dos anos já vividos, muita gente passou por nós. Há os que ficam e nos acompanham na jornada pois que a sua missão é amparar-nos nos momentos difíceis e dar cor à nossa vida. Há também os que partem… Uns porque terminaram a sua missão outros porque passaram para o lado de lá onde nos esperam para um reencontro…
Quer os que ficam, quer os que partem, vieram para nos trazer uma mensagem. Uns ficaram apenas o tempo necessário para assimilarmos a aprendizagem que nos vieram ensinar. Outros, permanecem por pouco tempo deixando apenas lições de frustração, desilusão, dor e tristeza. Alguns, permanecem ao nosso lado com o fim de ajudar a dar um sentido à nossa vida e nos ensinar a valorizar relacionamentos, a ser generosos e gratos pela sua presença.

sexta-feira, 11 de março de 2016

AMOR-PERFEITO

Ninguém é perfeito nem mesmo a flor… Além de outros, como viola tricolor, prefiro o nome francês “Pensée” que significa pensamento. Consta-se que era esta a flor que os amantes ofereciam antes de longas ausências talvez com o intuito de não serem esquecidos… Por este motivo estas flores são associadas ao pensamento e recordações amorosas. Independentemente deste ou qualquer outro motivo, é uma flor que gosto de pintar por ter uma geometria plana fácil de desenhar e também às suas cores garridas. Trata-se duma flor bonita e vistosa que, por fazer parte de uma planta herbácea e rasteira devido ao pequeno caule não se presta a grandes arranjos florais. Ninguém é perfeito, já aqui o afirmei e volto a dizê-lo (Ler aqui). No entanto nunca tanto como hoje se procura o tal “amor perfeito” e, talvez pela mesma razão, nunca houve um tão grande número de divórcios. É cada vez maior o número de pessoas insatisfeitas com a sua vida amorosa. Se no tempo dos nossos pais as pessoas suportavam uma relação insatisfatória, hoje a ansiedade, a falta de paciência, a pressa, levam a que não permaneçam numa tal relação. Às vezes uma palavra, um gesto, um erro, são motivo suficiente para pôr termo a uma relação. Ninguém aceita do outro, nada menos do que a perfeição… Como disse Shakespeare e muito bem, Ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa.

quinta-feira, 10 de março de 2016

E DA NOITE SE FEZ DIA

Às vezes é difícil distinguir o dia da noite e a noite do dia. Parece um paradoxo, mas é verdade. Tudo depende do “dia” que há em nós e da “noite” que se abate em cada um…
Hoje o dia amanheceu assim, escuro cinzento, triste como a anunciar maus presságios. Podia ser a noite em pleno dia ou o dia em plena noite o que, de todo, me era indiferente. Só me resta aguardar que a noite caia sobre o dia ou que o dia nasça mesmo sendo tarde, tarde da noite.

terça-feira, 8 de março de 2016

A COMEÇAR O DIA DE BOCA ABERTA

O dia começou para mim praticamente de boca aberta. Mais precisamente, não o dia, mas a minha pessoa. E lá estava eu sentado naquela maldita cadeira de dentista que, para mim, é uma verdadeira cadeira de tortura. O médico não me exigiu nenhuma confissão, mas se o fizesse, eu confessava tudo, mesmo aquilo que não fiz ou tencionava fazer. O suor já me escorria pela testa e pelas costas abaixo mesmo antes de iniciada qualquer prática odontológica. Com o sorriso mais seráfico que conseguiram arranjar, médico e a assistente garantem-me que não vai doer nada. Eu penso, pois não, o pior vai ser depois de passar a anestesia. Mas eles fingem não saber desse pormenor. Mas por que carga de água não fazem estes tratamentos com anestesia geral? Bem sei que é preciso manter a boca aberta. Podiam arranjar qualquer dispositivo que mantivesse a boca escarranchada enquanto o paciente se encontrava anestesiado. Mas não, ninguém se deu ainda ao incómodo de inventar uma coisa tão simples. Estou convencido que gostam de nos ver sofrer incapazes de soltar um grito daqueles bem sonoros precisamente por nos manterem de boca aberta. Não sei bem quanto tempo fiquei ali deitado a sofrer as maiores torturas que se possam imaginar numa situação destas.
Lá diz o ditado, “a seguir à tempestade, vem a bonança”. Com este ditado, quer a sabedoria popular dizer que, por mais complicadas que sejam as situações que possam surgir na vida, segue-se sempre um período de calma e sossego. Será que assim acontece… sempre? Reservo algumas dúvidas. A ver vamos.

segunda-feira, 7 de março de 2016

ESTADOS DE ALMA

Tendencialmente atribuímos a acontecimentos nefastos ou benéficos a tristeza e a alegria que sentimos o que não é de todo errado. Acontecimentos são as causas que originam diferentes estados de alma como a tristeza e a alegria. Como em tudo na vida, cada uma das nossas acções tem o seu efeito. Como diria Newton na sua terceira Lei, “para cada acção há sempre uma reacção de igual intensidade na mesma direcção mas em sentido inverso”.
De onde vem então essa tristeza ou a alegria que às vezes nos invade?
Eu prefiro falar em estados de alma em vez de tristeza ou alegria. Tudo que nos cerca e nos afeta de qualquer modo, produz em nós diferentes estados de alma. Observar um lago numa paisagem bucólica produz um estado de alma de grande acalmia enquanto que observar uma tempestade nos deixa agitados em estado de grande tensão. Tudo à nossa volta interfere com o nosso equilíbrio interior, principalmente as paisagens. Não me posso vangloriar de estar a ser muito original pois muitos autores antes de mim relacionaram estados de alma com diferentes paisagens.
“Há em nós um espaço interior onde a matéria da nossa vida física se agita. Assim uma tristeza é um lago morto dentro de nós, uma alegria um dia de sol no nosso espírito. E, mesmo que se não queira admitir que todo o estado de alma é uma paisagem, pode ao menos admitir-se que todo o estado de alma se pode representar por uma paisagem. Se eu disser "Há sol nos meus pensamentos", ninguém compreenderá que os meus pensamentos são tristes.” (Fernando Pessoa).
Diria que neste dia, o meu estado de alma se pode representar por esta paisagem. Toda a bonança antecede a tempestade, ou será ao contrário...?

domingo, 6 de março de 2016

HÁ PALAVRAS QUE SÃO COMO AS ROSAS

É indubitável e já uma vez aqui o referi, o poder que têm as palavras. Como muito bem disse Alexandre O`Neill, Há palavras que nos beijam como se tivessem boca.
Mas nem todas as palavras nos beijam, elas tanto podem construir como destruir, curar ou ferir… Com efeito, muitas vezes elas comportam-se mais como armas para influenciar, convencer, difamar, mentir, … Mas é principalmente através das palavras que conseguimos exprimir os nossos pensamentos, sentimentos e emoções, …
Foram muitas as palavras através das mensagens que recebi no dia do meu aniversário, todas elas me beijaram como se tivessem boca, umas mais do que outras é claro, mas todas gravaram a sua “mensagem” num cantinho do meu coração. Obrigado a todos pelas palavras e pelas rosas… Sim porque há também palavras que são como as rosas, belas, formosas, cheirosas. Ou como diria a nossa saudosa e inesquecível Sophia de Melo Breyner, no seu poema As Rosas:
Quando à noite desfolho e trinco as rosas
És tu a Primavera que eu esperava,
A vida multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante.

sábado, 5 de março de 2016

OBRIGADO A TODOS

A todos os que contribuíram com as suas mensagens para transformar um dia cinzento e chuvoso num feliz e radioso dia de sol, o meu muito sincero obrigado.

sexta-feira, 4 de março de 2016

DIA DE FESTEJAR

Há dias em que a gente acorda azedo. Não porque tenha azedado durante a noite (bem dormida) ou porque tenha passado o prazo de validade por mais um aniversário… Tudo se pode explicar pelas partidas que a saúde teima em pregar e que me obrigou, logo manhã cedo, a mais uma picadela. Nada que uma fatia de bolo e um espumoso não consiga adoçar. Enfim, mais um aniversário a que cedo me habituei não dar grande relevo e que a propósito teimo em recordar…
Há dias assim

Recordações de infância
Era o dia,
o dia de festejar
fosse o que fosse, eu sabia
que se haviam de lembrar…

Deram-me então de presente,
um presente mal-amado.
Podia ser um “presente”
se já não fosse “passado”…

Jorge Leal

quinta-feira, 3 de março de 2016

AMAR OS FILHOS POR IGUAL. VERDADE OU DEMAGOGIA?

A maioria, senão a totalidade dos pais afirmam que amam os filhos de igual forma o que não passa de pura demagogia. Isso será verdade para aqueles pais… de filhos únicos. E só para esses. Por isso, não me venham mais com essa treta de que os pais amam todos os filhos da mesma forma e com a mesma intensidade. Eu sei e quem tiver um mínimo de honestidade e discernimento também saberá que isso não é verdade.
Diz-me a experiência, enquanto filho e “último da fila”, que sempre existiu uma notória predileção por parte do pai, mãe e mais tarde padrasto e irmã pelo meu irmão mais velho. Se isso teve alguma influência no meu comportamento? Talvez. Tornei-me o filho mais rebelde e contestatário e ao mesmo tempo “bicho do buraco” o que veio reforçar e justificar ainda mais essa predilecção.
Mais tarde, como pai de duas encantadoras crianças, acabei por compreender que o amor pelos filhos é inquestionável. Aliás qualquer pai ou mãe, em condições normais, seria capaz de dar a vida pelos filhos caso disso houvesse necessidade.
A par do amor que ninguém ousa questionar, existe a afinidade que é também uma componente do amor. Precisamente aí, reside a causa da dita predilecção de um dos pais, por um dos filhos.

terça-feira, 1 de março de 2016

NEM TODA A PUBLICIDADE É ENGANOSA

Devia ser recorrente, mas ainda me surpreendo quando um qualquer produto ou serviço corresponde exactamente ao que dele foi publicitado. Geralmente isso não acontece ou, na melhor das hipóteses, apenas corresponde em parte.
No mundo dos champôs já experimentei de tudo. Os que prometem alisar o cabelo e fiquei que nem carapinha, os que não ardem nos olhos (e até são aconselhados a bebés) e quase ceguei com os olhos a arder. Aconselho todos os pais a experimentarem o dito champô para compreenderem a choradeira das criancinhas. Também experimentei aqueles que eliminam a caspa e o meu blazer parecia sempre que tinha passado na Serra da Estrela em tempo de neve. Até que em desespero de causa pedi conselho na minha farmácia onde me recomendaram o champô NIZORAL. Posso garantir que, fazendo o tratamento recomendado, a caspa desaparece não definitivamente, mas durante alguns meses. Ao fim desse tempo é só repetir o tratamento e nem precisa ser diariamente, bastam duas vezes por semana. Os mais cépticos devem estar a interrogar-se quanto me pagaram pela publicidade. Garanto que a marca nem sabe que existo, daí que não me paga absolutamente nada. Se gastamos rios de tinta a maldizer produtos e principalmente serviços, achei que era da mais elementar justiça elogiar um produto que não faz publicidade enganosa.
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