SONHO

CONTROVÉRSIA ALIMENTAR

Agora que a maior parte dos idosos se encontram confinados às quatro paredes, a televisão é uma das janelas para onde se olha o mundo exterior, através dela as notícias entram nas nossas casas. Muito do que ontem se considerava verdadeiro, hoje comprova-se como mentira. Na verdade, a ciência está em constante evolução o originam que muitas teorias sejam ultrapassadas por novas teorias. É disso um exemplo a descoberta em tempo recorde de vacinas contra o covid apesar das diferentes opiniões sobre as sua consequências na vida social, política e alimentar. A ciência é assim mesmo e, em cada dia, fazem-se novas descobertas que corroboram ou contradizem as já existentes.

Um comercial televisivo sobre as vantagens do consumo dos ómegas fornecidos pelo salmão, faz-me lembrar  que este bem como outros peixes gordos eram considerados prejudiciais à saúde devido ao seu teor em gordura. Quem não se lembra da descoberta de que os peixes gordos tais como a sardinha, carapau, salmão,… eram prejudiciais à saúde? Mais tarde comprovou-se cientificamente que essa gordura é excelente para a saúde, quando criados em liberdade…! Depois foram os ovos a encabeçar a lista negra dos alimentos a evitar devido ao elevado teor em colesterol, responsável por inúmeras doenças cardiovasculares. Mais tarde, dados científicos vieram demonstrar que os ovos não provocam o aumento significativo do nível do colesterol… quando consumidos com moderação. Nem mesmo o azeite escapou a ser excluído dos alimentos saudáveis comprovando-se mais tarde que esta gordura trazia afinal muitos benefícios ao nível cardiovascular. E a lista dos alimentos considerados prejudiciais â saúde não tem fim.

Como diz o povo, tudo que é demais, é moléstia.

QUARTO ALUGADO

 

A ESPERA DE QUEM ESPERA

Achar que todo o mal que nos acontece decorre do tempo que se espera de qualquer coisa é pura utopia e dá origem a falsas expetativas. Efetivamente quando se depositam em algo grandes esperanças, o mais certo é ter uma deceção ao receber menos do que o esperado… O que se espera enquanto se está à espera?

Depende do que se espera… e de quem se espera. Confuso?

Não admira visto a língua portuguesa ser pródiga nestas confusões. Admitindo que a palavra “espera” pode ter diferentes significados conforme o contexto em que se utiliza, é normal ficar confuso. É esse o mal da espera. O que fazer então enquanto se espera?

Há tanta coisa que se pode fazer durante a espera! Pode socorrer-se de uma das  seguintes hipóteses, ler um livro, jogar através do telemóvel, roer as unhas, observar quem vai e quem vem, passar em revista os últimos momentos de vida quer tenham produzido alegrias ou tristezas mais profundas,…

Que fazer então durante a espera? Pode passar-se o tempo à espera alguém, de boas notícias, que as horas passem depressa, que o tempo melhore,… Não fazer nada é que o tempo não perdoa.

ÀS VEZES

 

AQUELA AUSÊNCIA QUE NÃO CHEGA A SER DISTÂNCIA

Quando se fala em ausência não quer dizer que se refira à distância que separa dois seres, seja qual for o motivo. Em qualquer dos casos, há sempre a esperança de que um dia regresse, o que geralmente acontece, mesmo naquelas situações em que a separação não foi intencional mas forçada pelas circunstâncias. Só se compreende que se fale em distância quando se sente a falta de alguém que está longe enquanto que a ausência é o que sente por quem que pode estar mesmo à distância de um palmo. Às vezes a ausência acaba por ser vantajosa na medida em nos dá a certeza de que o mundo vai continuar a girar mesmo sem a nossa presença. É na ausência de quem mais se gosta que se constata em que medida se sente a respetiva falta.

Não é fácil separar distância de ausência, casos há em que os dois conceitos se entrelaçam de tal modo que a tarefa de os separar fica difícil. Não há ausência na distância nem há distância na ausência.

GIRASSOL

 

REGRESSO AO PASSADO

Coincidência ou não, nada acontece por acaso segundo creio, era suposto ficar hospedado no mesmo hotel que fui inaugurar uns anos atrás. Recordo que celebrei nesse mesmo hotel um aniversários e foi o staff que ofereceu simpaticamente um bolinho enfeitado com uma vela. O hotel que me estava reservado situa-se em Santa Cruz, pertíssimo do aeroporto Internacional da Madeira…

Aquando da única vez que tive coragem para visitar a Madeira, jurei que não voltaria lá, por motivos óbvios. É bem verdade que não se deve projetar no futuro qualquer decisão que se tome agora.

A maior parte das muito badaladas belezas naturais da ilha não me sensibilizou o bastante para que desejasse regressar. Quando se vai predisposto a não gostar nada nos seduz. Quis o destino, o acaso ou o azar, que o regresso previsto a esta ilha fosse cancelado por motivos de saúde. Tive pena da saúde não me permitir regressar para estar presente nessa singela homenagem às vítimas do fatídico acidente de aviação que ceifou muitas vidas entre passageiros e tripulantes.

Os anos passaram e já lá vão bastantes, por falta de palavras recorro àquelas que ficaram gravadas no memorial que se encontra no local:

E mesmo quando já ninguém se lembrar, estarei aqui para refrescar memórias e espíritos de quem por mim passar. (Mary Jo Tamagnini)

ÀS VEZES FICO CALADO

Às vezes não encontro a palavra certa para dizer ou acho que ninguém me escuta então, fico calado. Posso permanecer assim durante horas, dias, semanas e até… Não fora conviver ou estar rodeado de familiares, até me esquecia que tenho voz! Outras vezes encontro a palavra certa e caio na asneira de dizer aquilo que penso e não o que todos querem ouvir.

Nem sempre encontro outras palavras para dizer e então, fico calado.

Podia permanecer assim durante muito tempo já que não interessa o que seja que diga ou pende… Podia ficar assim mas esqueço e insisto em falar. Então digo aquilo que é suposto dizer nesses momentos e que traduz efetivamente o que penso. Não é fácil dizer o que se pensa. Por vezes magoa, outras vezes desperta a consciência daquilo que fingimos ignorar, outras porque gostamos de nos ouvir…

Às vezes não encontro palavras suaves para dizer, que não ofendam quem as escuta e então,… fico calado.

ESPÍRITO DE MISSÃO

Não é em vão que se percorre um dos caminhos que a vida nos oferece, qualquer que seja o nome que lhe dermos. Chamemos-lhe missão, karma ou o que quer que seja, tanto faz, todos trazemos uma mensagem que nos compete transmitir. Não interessa agora especular se essa missão tem ou não alguma relação tem com vivências anteriores.

Quer se acredite ou não nessas premissas as mensagens que trazemos sem disso ter consciência são transmitidas através da postura que se assume durante a vida. Umas vezes essa mensagem dirige-se apenas a um familiar ou amigo, outras destinam a um universo mais lato…

Quantas vezes ao ler um livro, ouvir uma canção, assistir a um filme,  uma frase ou somente uma palavra dá a resposta aguardada para algum motivo de preocupação, ao mesmo tempo nos indica o melhor caminho a seguir?

Muitas vezes encontram-se pessoas que nunca vimos mas que dizem aquela palavra que fazia falta naquele momento.

Todos temos uma missão a cumprir e, enquanto a não cumprimos teremos que caminhar até a realizar.

ÀS VEZES É PRECISO DIZER NÃO

Durante a própria formação profissional tive oportunidade de ler e reler a importância de um não na formação integral da criança. Ao contrário do que se pensa, um “não” pode ser um ato de amor. A ausência de um não, quando necessário, pode significar cansaço e, o que é mais grave, uma total indiferença…

Está provado que a criança precisa de conhecer que existem limites para quase tudo na vida, quando aceitáveis. Uma criança a quem não se estabeleceram certos limites quando adulto vai ter muita dificuldade em enfrentar as adversidades da vida sendo pouco tolerante. Um “não” na hora certa dá origem a um adulto saudável.

Todas estas teorias não se aplicam apenas às crianças, o mesmo se adapta totalmente aos adultos. Dizer sempre sim quando se tem o pensamento cheio de tarefas que é preciso executar ou quando a saúde se encontra mais debilitada torna-se difícil e injusto. Não raras vezes é preciso dizer não. Um sim nessas ocasiões pode acarretar sérios prejuízos para o próprio, ninguém se vai encarregar de executar as tarefas que ficaram por fazer nem ninguém vai ter tempo para lhe prestar a atenção e os cuidados a que pensa ter direito… É assim a realidade. Um “não”, às vezes,… é preciso!

MALAS FEITAS

 

REALIDADE E UTOPIA

Toda a historia recente da humanidade e até a mais afastada, tem sido pautada pelo confronto entre a realidade e a utopia, sempre presente nas suas múltiplas facetas. Esse confronto não é mais do que a capacidade em aceitar as regras socialmente estabelecidas ou então ser fiel aos valores e conceitos ideais.

De uma forma simplista, podia dizer-se que se trata do confronto ente a realidade imposta pela sociedade com suas regras e aquilo que esta  “deveria ser”.

Realidade e utopia, só uma pode prevalecer. É impossível que coexistam pacificamente. A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela afasta-se dois passos. Por mais que eu caminhe, jamais se alcança. Esta teoria só vem confirmar que a utopia é algo inatingível…

SIGNIFICADO DOS DIFERENTES COMPONENTES DO ANIVERSÁRIO

Embora queiram convencer-nos do contrário, habitualmente a vida e a morte andam de braço dado. Na verdade, desde que nascemos, estamos condenados a morrer…

Ao aproximar-se um novo aniversário, a morte, apesar de não ter sido convidada, insiste em estar presente de braço dado com a vida.

No meio da tradicional azáfama que é organizar, é normal que não sobre tempo para pensar na origem nem o significado de cada um dos componentes caraterísticos deste festejo. Na verdade, ninguém dá muita atenção ao simbolismo que rodeia cada um desses elementos. As velas, por exemplo, sempre presentes sobre qualquer bolo assinalam a idade do aniversariante e ao apagar-se com um sopro significam a vitória da vida sobre a morte… O bolo, geralmente tem a forma circular em homenagem a Artemisa, deusa da Lua e da fecundidade.

Apesar da pandemia que nos impede de um festejo mais alargado, habitualmente não podiam faltar familiares e os amigos mais próximos para afugentar a morte presente nestas festividades.

As prendas que eventualmente se oferecem ao aniversariante, são um sinal do amor que une a mãe ao filho interrompido quando o cordão umbilical se corta, aqui representado pelo bolo.

Depois disto, ninguém se atreva a dizer que vai festejar sozinho o seu aniversário, imensos convidados vão estar presentes, mesmo aqueles que não foram convidados…

PROCURA

Não é por muito procurar que as coisas se encontram. No meio de uma multidão de coisas, às vezes parece que elas se dirigem ao nosso encontro para de forma serem encontradas enquanto que outras desaparecem como se nunca tivessem existido…

À vezes o facto de muito procurar corre-se o risco de encontrar o que não se estava à procura que aconteceu no lugar errado ou então, encontram-se coisas que o tempo revela mais tarde como um péssimo achado…

Efetivamente, quando se procura muito, acaba por se encontrar o que parece ser exatamente o que se procurava mas nem sempre o isso contribuir para a nossa felicidade. Mais importante do que procurar, é deixar-se encontrar…! Às vezes, quando menos se espera, encontra-se o que não se procurou!

Há coisas que nem valem o trabalho que dão a procurar e mais tarde ou mais cedo, o que nos pertence vai acabar por nos encontrar…

QUADRAS SOLTAS

 

POR DO SOL

Já não é novidade demonstrar o prazer que me dá ver o mergulho do sol nas águas do oceano ao mesmo tempo que observo os corajosos que caminham ao longo da praia gozando aquela réstia de sol e a estranha calmaria do momento que convida ao vaguear dos pensamentos. Lá em baixo, no areal, alguém passeia o cão. De vez em quando atira para longe um pequeno tronco que o mar rejeitou e atirou para a praia. Sempre que arremessa o  pequeno tronco logo o cão o persegue em alegre correria. Cada vez que o cão regressa com o pequeno tronco na boca, o dono volta a atirá-lo para longe num gesto que embora pareça maquinal a quem o vê uma vez que o pensamento anda longe ao que presumo.
Enquanto o pau vai e vem folgam as costas, diz o povo na sua sabedoria milenar dando azo a que imagine que dramas, que conflitos, que emoções lhe esvoaçam pela mente.
A raiva do gesto com que arremessou o pau leva-me a pensar se não irão com ele algumas desilusões e angústias que lhe apertam a alma. Quem sabe? Toda a gente carrega pensamentos que não confessa e lança ao mar…
Se tivesse ficado mais algum tempo perdido nos meus pensamentos teria perdido o maravilhoso espetáculo do por-do-sol.
O cão e o dono já vão lá longe. Desta vez o pau foi arremessado ao mar com mais força talvez no intuito de afogar o que quer que lhe aperte a alma.
Por fim, o sol mergulhou totalmente no oceano sem que antes colorisse o céu de uma tonalidade rubra e cinzenta.

(Fotografia tirada antes do confinamento)

DESPEDIDA

 

DESCULPAS PARA TUDO E PARA TODOS

Arranjar desculpas para tudo e mais alguma coisa é caraterístico do português, arrisco mesmo ao afirmar que é algo intrínseco a todo o ser humano.

Ao que parece a coisa já vem de longe, começou mesmo no Paraíso. Naquele tempo, a Eva deu-lhe na gana comer o fruto proibido com a desculpa de ter sido tentada pela serpente o que por vezes ainda hoje acontece. Por sua vez, o Adão, regala-se com o fruto oferecido pela “esposa” e depois acusa-a de o ter tentado, o que também acontece às vezes aina acontece…

O hábito de arranjar desculpas seja para o que for está de tal maneira enraizado que para qualquer ato há sempre uma desculpa. Conscientemente ou de forma inconsciente, inventam-se desculpas por tudo e por nada, umas vezes por medo, outras como proteção e ainda outras porque nos apetece, porque sim… Há desculpas para todos os gostos e para qualquer ocasião, o difícil  é escolher a que mais se adequa! E quanta vezes nem era preciso ter tanto trabalho a inventar uma desculpa, bastava um simples não, mas o hábito fala mais alto.

SER DO CONTRA

Desde muito cedo habituei-me a ouvir, da boca de meus pais, “Este é do contra”. Seguir modas, acatar opiniões, ordens ou conselhos só porque sim nunca foi a minha prática desde pequeno.

É lógico que se diga que sou do contra, segundo a definição mais popular, que adverte que estar do contra consiste na recusa em seguir cegamente as modas, opiniões alheia sem fundamento ou seja o que for desde que não se baseiem em qualquer fundamento que considere lógico.

Diz-me a minha longa existência que sempre foi pautada por um insaciável sentido de justiça e um gosto exacerbado pela fidelidade e aquilo que dá gosto a qualquer mortal, rejeitando o que não gosto.

Numa retrospetiva clara do que está para trás, chego à conclusão de que embora tenha sido sempre do contra, aprendi a ponderar mais no que digo e nunca no que penso.

Quando me dizem: "vem por aqui!"

eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaço)
e cruzo os braços,
e nunca vou por ali...

MÃOS VAZIAS

 

MESMO SENDO POR MENORES

Há quem não dê muita importância aos pormenores que contribuem eficazmente para o efeito geral. Seja porque são pouco importantes ou por não prejudicarem a observação do conjunto ao desviar a atenção do essencial. Mesmo tratando-se de pormenores merecem toda a nossa atenção porque são eles que estabelecem a diferença entre o essencial e o acessório e acabam por transmitir uma mensagem qualquer, boa ou má. Em determinadas circunstâncias, os pormenores falam por si.

Através deles, seja na decoração, no modo de vestir ou na forma de estar é possível fazer uma vaga ideia da personalidade de um indivíduo. Por menores que sejam os pormenores eles estão na base de grandes mudanças.

Embora sejam pormenores, é através deles que se estabelecem as diferenças entre determinadas situações e momentos da vida.

OS SINOS

 

O DIA AMANHECEU ASSIM...

Às vezes é difícil distinguir a noite do dia e o dia da noite, ambos se confundem habitualmente mas agora, em tempo de confinamento, nota-se mais. A confusão parece um paradoxo, no entanto retrata a realidade que se vive nos dias de hoje, principalmente quando se cumpre a totalidade das regras de confinamento.

Hoje o dia amanheceu assim, escuro cinzento, triste como quem anuncia um mau presságio. Podia ser noite em pleno dia ou então o dia podia transformar-se em noite o que é de todo indiferente.

É normal que se confunda o dia e a noite, depende do “dia” que amanhece dentro de nós e da “noite” que se abate sobre cada um.

Finalmente só me resta desejar que o dia caia rapidamente sobre a noite e que o dia morra e se transforme em mais uma noite.

UMA POSSÍVEL EXPLICAÇÃO

Há sempre uma razão para tudo o que fazemos. Perante o grande sucesso conquistado por qualquer livro, era inevitável a sua adaptação ao  cinema. Concretamente, foi o que aconteceu com a obra “A Rapariga no Comboio”, “adotada” pela Disney. É costume terminar a leitura de um bom livro e, naquele período que lhe sucede, interrogo-me por que razão insisto neste solitário ato de escrever?

Durante muitos anos dediquei-me exclusivamente à poesia, posteriormente, a prosa ganhou prioridade porque a poesia, sendo o que é, nem sempre permite exprimir todo o pensamento que seguramente não cabem num verso. Tropeço no medo ou na vergonha… por isso, pendo para a prosa!

Escrever tornou-se uma espécie de catarse para o pensamento libertando mais espaço para novos pensamentos. Seja em prosa quer em verso, diria que escrevo porque sou péssimo a dizer o que sinto.

Há dias assim.

SERRA DA ESTRELA

 

CARNAVAL EM TEMPO DE PANDEMIA

Ainda há pouco o ano começou e já estamos outra vez no Carnaval…! Este ano o Carnaval vai ser diferente por causa do covid, estão proibidos todos os cortejos o que faz do carnaval um “festejo” mais triste. Atendendo a que a igreja, mais uma vez, tentou que se esquecesse a origem pagã deste festejo que assinalava o fim do inverno, deu-lhe um outro caráter profundamente religioso. Com essa finalidade, vários povos e tradições aderiram a estes festejos carnavalescos que perduraram até aos dias de hoje

Com a passagem do tempo esta e outras festividades sucedem-se a uma velocidade vertiginosa difícil de acompanhar. Segundo Einstein, o tempo é uma ilusão. A distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma firme e persistente ilusão. Nesse sentido estamos de acordo. Ao falar do tempo evidentemente que não me refiro ao tempo meteorológico que, de acordo com este ilustre investigador não é mais do que uma medida do espaço temporal.

Habitualmente vibro com estas festividades carnavalescas, principalmente quando descambam em tristes imitações do Carnaval Carioca que nem o clima nem a tradição ajudam.

Impedidos de viajar e atravessar fronteiras e com pouca disposição para grandes festejos devido à falta de vacinas à presença desse vírus que nos assola toda a gente, o Carnaval vai ser diferente de outros carnavais que já vivemos.

FELIZ DIA DE SÃO VALENTIM

 

Há quem prefira chamar-lhe “Dia dos Namorados”, outros preferem o nome de São Valentim e há também aqueles que se recusam a considerá-lo como um dia especial. Sendo naturalmente avesso ao festejo de qualquer um destes dias não costumo festeja-los. Não porque seja contra o namoro, a amizade, a criança, o professor, … e todos os dias que se comemoram apenas uma vez por ano e num dia específico. Conforme o gosto de cada um, o Dia de São Valentim, Dia dos Namorados ou Dia dos Afetos, qualquer que seja o nome o que interessa é festejar.

Evidentemente que o namoro também envolve uma diversidade de afetos mais ou menos abrangentes que transcendem aquilo a que vulgarmente se chama de namoro. Qualquer sentimento que partilhamos com os outros ou alguma coisa são afetos que considerámos especiais. Neste sentido, deve festejar-se todo o ser humano com que nos cruzamos com um gesto, uma palavra, uma frase que expresse a amizade e o amor pelo próximo!

HOJE APETECEU-ME

Hoje apetece-me escrever o que nem sempre acontece. Há dias em que me apetece mesmo não fazer nada. É a explicação que encontro para publicar textos que fazem pouco sentido e muitas vezes são contraditórios. Escusado será tentar interpretar cada verso, cada palavra escrita porque o pleno significado está em mim…

Escrevo porque tenho a cabeça demasiado cheia de pensamentos, é uma forma de arranjar mais espaço para que se instalem outros pensamentos o que não faz de mim um escritor. Como dizia Carlos Drummond, “Posso dizer sem exagero que não sou um escritor. Sou uma pessoa que gosta de escrever, que conseguiu talvez exprimir algumas das suas inquietações, dos seus problemas íntimos, e os projetou no papel,…”

Honestamente deveria dizer que escrevo por uma única razão, escrevo porque sou péssimo a dizer o que sinto…

Há dias assim.

NEM TUDO SE CURA COM O TEMPO

Dizem que o tempo cura tudo. Diz-me a experiência que o tempo não cura nada. Como se o tempo fosse um antibiótico que cura quase todas as doenças que atingem a humanidade tanto no corpo como na mente como na alma!

As dores do corpo é normal que se agravem com o passar do tempo mas as dores da alma permanecem adormecidas até ao dia em que despertam pela ação de um cheiro, uma melodia, uma palavra, uma paisagem, uma foto, ... Se o tempo curasse, então de onde vem aquela saudade que nos envolve silenciosamente como o nevoeiro se infiltra pelas ruas abafando todos os sons ajudando a separar o sonho da realidade?

De onde vem aquela dor sentida no passado e que chegou até aos nossos dias? De onde vem a saudade daqueles  a quem não foi concedido tempo para se despedir?

Dizem que o tempo cura tudo. Como dizia Sêneca (célebre advogado e escritor Romano), o tempo só cura o que a razão não consegue curar.

VOAR MAIS ALTO

Nascidos para altos voos, ainda há quem persista em voar rente ao chão por não acreditar que se possa voar mais alto.

Com efeito, ter asas não significa que se saiba voar, nem mesmo os anjos ou as aves precisam aprender a exigente técnica de voar. Todos nascemos com asas. Quem diz asas diz objetivos de vida…

Qualquer que seja a natureza das asas, todas precisam de um período para serem exercitadas por medo de aventurar-se. Efetivamente, voa mais alto quem tem asas para voar! Como dizia o romancista Richard Bach num dos seus livros, “Vê mais longe a gaivota que voa mais alto”.

Na verdade, à medida que se sobe e que se largam as amarras que nos puxam para a terra, conseguimos alargar horizontes, ver mais longe as futilidades da vida que não é possível visualizar voando rente ao chão. Lá do alto, a maior parte dos problemas assumem outra dimensão permitindo resolver os que se podem resolver deixando os outros ao sabor da vida.

CALCANHAR DE AQUILES

Mesmo os que recusam a hipótese de possuir um calcanhar assim, se procurarem bem lá no fundo do seu íntimo, seguramente o vão encontrar. Calcanhar de Aquiles, quem o não tem?

Por muito cuidadosa que tivesse sido a nossa mãezinha, seguramente deixou de fora um dos calcanhares no primeiro banho do seu rebento. No caso de Aquiles, conta a lenda que Tétis mergulhou o bebé nas águas de um lago mágico cujas águas têm o poder de tornar invulnerável quem nele mergulhasse. Apesar de ser uma mãe extremosa, Tétis deixou de fora um dos calcanhares o que veio a ter consequências fatais durante a guerra de Troia.

Segundo consta, Páris feriu Aquiles precisamente nesse calcanhar…

Esta é uma técnica muito usada nos nossos dias a todos os níveis, principalmente em política. Quando se pretende eliminar determinado indivíduo que impede a realização dos nossos intentos, não se abate a tiro esse indivíduo. Esse método já não se usa. Nesse caso, procura-se o respetivo calcanhar de Aquiles e pô-lo a descoberto…

E assim que se elimina um indivíduo que, por qualquer motivo, se torna incómodo.

PROMESSAS QUE FICARAM POR CUMPRIR

Há promessas que se cumprem e há as que ficam por cumprir independentemente  da vontade de quem promete e também há aquelas que simplesmente se esquecem.

Enfim, há promessas e promessas e nem todas dependem da vontade de quem promete. Dir-me-ão que não se deve prometer o que não se pode cumprir, no entanto prevalecem aqueles casos em que se promete na disposição de cumprir a promessa mas o destino não deixou…

Prometeste mas a vida não permitiu que se realizasse o prometido ou então porque ainda não tinha chegado o momento. Prometeste que um dia que voarias comigo, o que jamais se concretizou. Compreendo que a tua intenção era voar comigo mas ninguém comanda os desígnios do destino. Às vezes ainda sonho que voo contigo e vejo a surpresa estampada no teu rosto quando olhas para mim. Nesse instante, certamente não me reconheces. É que, durante a tua ausência mãe, eu cresci…

Às vezes mãe, sonho que voo contigo… Não importa se é um voo que não voa, que não conduz a parte nenhuma…

Há dias em que voamos juntos conforme o prometido e isso é o que importa.

Há dias assim.

DIVAGANDO

 

UMA VIAGEM DE COMBOIO

Embalado ao som do rodado da carruagem nos carris e do zumbido irritante do ar condicionado do outro lado do corredor, o pensamento liberta-se saltitando de pensamento em pensamento. De um lado e do outro a paisagem corre em sentido contrário a uma velocidade vertiginosa. Não sei onde vai, apenas sei para onde quero chegar. Consigo sentir já a impotência de quem nada pode fazer. Faço apenas questão de estar presente. Nada mais posso fazer o que é já motivo de sobra para minimizar o sentimento de impotência. Perante este pensamento fecho os olhos só para não ver as imagens que rodopiam no meu pensamento o que as torna ainda mais visíveis.

Chegam até mim as vozes abafadas dos outros passageiros. Não sei o que dizem nem me interessa. Não me interessa o que dizem nem os seus problemas. Quando o sofrimento físico ou moral prevalece, fica-se mais egoísta.

A paisagem continua a correr em sentido contrário ao deslocamento do comboio sem que alguém a possa conter. Viajo de costas como se com essa atitude conseguisse virar costas aos problemas.

Naquela modorra anestesiante provocada pelo som constante do atrito das rodas nos carris do, guardo o secreto desejo de que a viagem nunca termine.

Lá fora, a paisagem começa a abrandar recusando-se a acompanhar o comboio que começa a diminuir a marcha. Por fim, detém-se. A viagem chegou ao fim.

O LADO ESCURO

Desligou o aparelho de TV premindo com força exagerada o botão do comando. Abandonou o cadeirão destinado à leitura ou para assistir a alguns programas televisivos e foi sentar-se no lado mais escuro da sala onde a luz quase não chega. Como era habitual sempre que por qualquer razão se encontrava abatido. Foi para lá que se dirigiu pois que a luz combina mais com a alegria ao contrário da penumbra.

O problema que lhe dominava a mente era o mesmo de sempre se bem que o conhecimento das coisas, só por si, não constitui um problema antes pelo contrário demonstra o dom de se sensível aos problemas da humanidade.

Quantas pessoas dariam tudo para possuir tal dom? Em certos casos essa capacidade até se revelava vantajosa mas ele estava farto. De bom grado abdicaria desse dom.

Ter que assistir diariamente em quase todos os noticiários televisivos a indivíduos que se declaram inocentes quando os fatos apontam para corrupção, assassinos e ladrões e que mais tarde vem a saber-se que estão a mentir. Aquela estranha sensação de injustiça e impotência perante esses factos eram os responsáveis por aquele estado de espírito.

Não, de maneira nenhuma apreciava aquele o estranho dom. Se ao menos lhe permitisse adivinhar o bom resultado de qualquer jogo de sorte! Mas não, o dom resumia-se a prever situações, se é que se pode usar o termo.

Por mais que deixasse vaguear o seu pensamento, ali no sentado no lado escuro, nenhuma luz conseguia iluminar-lhe o pensamento entorpecido pelo pensamento. É um defeito de muita gente, dizer o que não se sente e fazer o que não se sabe fazer.

VOTOS DE UM ANO FELIZ

Ainda ecoam os votos de Feliz Ano Novo, seguramente um dos desejos mais repetidos em todos os meios de comunicação. Em cada ano, fazem-se novas promessas mesmo sabendo que algumas dificilmente se cumprem. Em cada ano que começa, fazem-se planos, planeiam-se projetos,… desejam-se praticamente as mesmas coisas que no ano anterior. No fundo, o que se pretende com esta velha e estafada frase é expressar o desejo de renovação interior, desejo que pressupõe, saúde, uma situação financeira desafogada, amor, amizade e principalmente Paz.

Mas não basta desejar, é preciso adotar outra atitude, perante os outros e perante a vida.

Pródigos como somos, em descobrir todo o género de mezinhas para curar todas as maleitas, é lamentável que não se tenha ainda descoberto uma vacina totalmente eficaz contra o famigerado Covid-19. Atendendo ao facto de já terem sido descobertas as mais variadas vacinas, aguarda-se que uma seja realmente eficaz contra esta pandemia disseminada pelo mundo, uma vacina que além desta pandemia seja capaz, não de curar mas prevenir outro menor que é a falta de felicidade. A receita para este mal não é minha, contudo ouso transcreve-la como se fosse.

Se realmente quer ser feliz e alcançar assim a tão desejada Paz interior, não espere nada dos outros, qualquer expectativa, mais tarde ou mais cedo, acaba sempre por magoar…

Lembre-se que a vida é curta, por isso ame, seja feliz… Em vez de falar, ouça. Em vez de escrever, pense. Em vez de gastar, ganhe. Em vez de rezar, perdoe. Em vez de ferir, sinta. Em vez de odiar, ame. Em vez de desistir, tente. Em vez de morrer, viva! (Shakspear)

LER É UM VÍCIO?

Ler é viciante e, como todos os vícios, pode mesmo tornar-se doentio quando não se intercala com outros interesses. Há casos de quem não se sinta bem sem ter um livro à cabeceira para ler mas não pode ser um livro qualquer, de preferência que seja um best seller o que não garante que seja  um bom livro.

Muito precoce em variadíssimos aspetos, a Princesinha tem um certo gosto pela leitura, convenhamos que nisso sai ao avô. Para já são só revistas que lhe despertam a atenção e que vai depositando no meu colo. Pouco a pouco vou incutindo o gosto pelos clássicos da literatura infantil. Claro que se trata de um sonho da minha parte, mas a curiosidade e o poder de observação da pequenita promete. A ver vamos. Na verdade os livros são armas que libertam qualquer um já que têm o poder de modificar a realidade e alterar mentalidades.

Efetivamente, através da leitura acumulam-se conhecimentos, enriquece-se o vocabulário, desenvolve-se a criatividade além de ser possível viajar até lugares desconhecidos e contactar com outras culturas e hábitos distanciando fundamentalismos aceitando-se a diferença.

NINGUÉM É PERFEITO

Ninguém é perfeito nem mesmo no que diz respeito a uma flor…

Qualquer que seja o nome, no caso da viola tricolor, conhecida em França sob o nome “Pensée”, em português pensamento. O nome deve-se ao facto de ser esta a flor que os amantes ofereciam à sua amada antes de partirem para longe no intuito de não serem esquecidos na sua ausência.

Talvez por este motivo associam-se estas flores às recordações amorosas. Para lá da crença é uma flor que gosto de pintar por ter uma geometria plana fácil de desenhar além das suas cores garridas.

Trata-se duma flor bonita e devido ao seu pequeno caule não se presta a grandes arranjos florais… Ninguém é perfeito.

Apesar do nome, nunca tanto como hoje foi procurada se como símbolo do tal “amor perfeito”… É cada vez maior o número de pessoas insatisfeitas com a sua vida amorosa. Se antigamente as pessoas se acomodavam a uma relação amorosa insatisfatória, hoje qualquer motivo justificam a que não se mantenha uma tal relação. Ninguém espera do outro senão a perfeição… Contudo, Ninguém é perfeito até que se apaixone por essa pessoa.

ÀS VEZES, TAMBEM ME ZANGO

Há dias em que também me zango… zango-me com Deus mas também com o diabo, o que significa que me zango com toda a gente. Não quer dizer que me considere um ser irrascível, antes pelo contrário, quem me conhece sabe que geralmente sou um ser afável, amigo do seu amigo,... dito assim, parecem só qualidades o que não é verdade visto que, às vezes, também me zango…

Volta e meia, ando zangado com o mundo o que inclui Deus embora Ele não desista e continue a guiar-me para voltar ao bom caminho ou o que quer que isso seja… Estou convencido, embora pareça que não, que Ele ainda me dê alguma atenção além da luzinha que ficou a brilhar lá em cima.

Confesso que, de vez em quando, também me zango com Deus quando assisto às atrocidades que se abatem sobretudo sobre as crianças, a doença, a fome, o frio, a violência, …. Zango-me quando não sou poupado à dor, à doença e às limitações que me impõe… Mas, se quero ser justo, tenho que admitir que também me zango com o diabo por proteger os corruptos cada vez mais abundantes…

Há dias em que também me zango por isso não é fiável este meu ar afável e pacífico.

Há dias assim.

INSÓNIA OU NOITE MAL DORMIDA?

Nem sempre se consegue distinguir uma coisa da outra, isto é, não é fácil distinguir insónia de uma noite mal dormida. É frequente dizer que se sofre de insónia quando afinal não passou de um episódio esporádico de uma noite mal dormida. Considera-se “insónia” quando se verifica uma ausência total do sono devido a problemas depressivos enquanto que uma noite mal dormida pode intercalar com períodos de sono o que não é garantia de um pleno descanso.

Enfim, se o problema se resume apenas a uma noite mal dormida, isso não é o fim-do-mundo, mas pode ser um problema se se repete com alguma frequência.

Adormecer só de manhã depois de muitas voltas na cama durante a noite, acaba por deixar marcas profundas e piorar a qualidade de vida quer ocorra por uma causa, quer doutra. Está provado que uma elevada percentagem de glicose no sangue aumenta o nível de insulina no organismo, responsável por um bom sono.

Em vez de recorrer de imediato aos produtos produzidos em laboratório, por que não recorre aos velhinhos remédios naturais que podem dar qualidade ao sono?

Ingerir, antes de dormir uma pequena quantidade de pão branco ou bolachas ajudam a adormecer. O mel, por ser muito rico em hidratos de carbono, é também um excelente sedativo.