A VERDADE DA MENTIRA

Assistir aos jornais televisivos tem destas coisas. Sem querer entrar completamente no campo da política é impossível assistir sem reagir ao circo mediático que tais notícias nos proporcionam…

Quando constato o tempo de antena dispensado a certas figuras é inevitável pensar que alguns jornalistas estão carentes de notícias que preencham os noticiários (com o consequente aumento das audiências).

As declarações proferidas levam-me a concluir que qualquer mentira, por muito repetida, torna-se verdade. A frase, embora modificada, foi atribuída a Joseph Goebbels, antigo ministro da Propaganda de Hitler… Toda a gente tem consciência que é mentira o que dizem mas, para o próprio, acaba por ser verdade. Tanto se repete uma mentira que se acaba convencido ser essa a verdade dos factos. A Psicologia chama-lhe “ilusão da verdade” numa tentativa de explicar este fenómeno que até hoje não tem grande explicação. Realmente, entre a verdade e a mentira a distância não é tão grande como se imagina! Uma mentira às vezes conforta mais que a verdade nua e crua que só aumenta a inquietação do momento.

Por vezes uma mentira é mais fácil de assimilar do que a verdade, principalmente por um ser já de si fragilizado!

ESCREVER NÃO É FÁCIL

Parece fácil mas não é. Escrever custa uma vida de recordações, emoções e sentimentos que afloram vindos não se sabe de onde.

Pode-se escrever imensas coisas sobre imensos assuntos acabando sempre por escrever sobre coisa nenhuma.

Basta passar os olhos sobre os títulos dos jornais, para encontrar montes de assuntos sobre os quais escrever. Em alternativa, pode deixar-se o pensamento correr à desfilada e transformar um deles em tema de escrita, pode até pensar-se na preocupação do momento, dramatizar um pouco com o fim de conseguir um texto mais interessante ou então, basculhar no “baú” do passado e escolher uma daquelas histórias do tempo de criança,…

Enfim, pode escrever-se sobre um monte de coisas. Mas coisas são coisas, não passam disso mesmo, são o que são e quase sempre não merecem ser escritas. Num sentido mais lato, pode pensar-se em coisas inacessíveis à maioria das pessoas e, por isso mesmo, escrever seria pura perda de tempo. A maior parte das coisas que acontecem na vida são demasiado banais ou então inexplicáveis.

Há dias e coisas que mais valia não registar.

Há dias assim.

ESTAR NA MODA

Ao que parece, os cabelos brancos estão na moda. A confirmá-lo, um número considerável de celebridades assumiram e divulgaram por vários meio os seus cabelos brancos. Devido à idade ou por outra razão qualquer, acaba sempre por se “ganhar” um cabelo grisalho.

Para as senhoras, a moda dos cabelos brancos diminuiu a frequência com que se deslocam ao cabeleireiro. Para as mais novas, o recurso à pintura, permitiu tingir o cabelo desde os tons de cinzento característico das nossas avós às mais diversas e variadas cores…

Existem inúmeras explicações para o lançamento desta moda, em qualquer dos casos, o aparecimento de novas tintas permitiu “tingir” os cabelos brancos reveladores da idade ou da predisposição genética. O aparecimento precoce dos cabelos brancos é normal na família. A partir de tenra idade (talvez dos 20 anos), sobretudo nas mulheres, era visível o aparecimento de cabelos brancos que ostentavam orgulhosamente. De certo modo, foram as precursoras na cidade conservadora desta moda.

Como “bom” filho, não podia esquivar-me a esta herança genética. Finalmente, estou na moda…!

Contudo não fique a ideia que não dá trabalho manter os cabelos brancos,.. Requer algum tempo e alguns cuidados além de muito dinheiro. Manter o tom prateado evitando que amareleça com a luz solar e a poluição, obriga ao recurso de champôs específicos que obrigatoriamente forçosamente devem ser usados regularmente…

O VOO DAS BORBOLETAS

Depositar demasiadas expectativas em relação a qualquer pessoa, é correr o risco de sofrer uma decepção proporcional às esperanças depositadas … É conveniente que se mentalize que a maioria das pessoas não vieram ao mundo colmatar as nossas expectativas, bem como também não viemos ao mundo para satisfazer as expectativas de ninguém. Há que ser autosuficiente em (quase) todos os aspectos. A autosuficiência garante que, se ficarmos junto de alguém, é porque se gosta e nunca por que se precisa…

O tempo lá se encarrega de mostrar que para ser feliz basta compreender que não se precisa da companhia de ninguém, afinal já nascemos completos. Aprende-se a gostar mais da própria pessoa, a cuidar de si com mais cuidado e, sobretudo, a gostar mais de quem gosta da gente.

Para caçar borboletas o segredo é parar de correr atrás delas e cuidar do jardim e esperar que elas venham até si…

Procedendo assim, seguramente vai encontrar não quem se procurava mas quem andava à nossa procura…

EMOÇÕES E SENTIMENTOS

Quem anda atento aos noticiários televisivos certamente já reparou que se tornaram banais os casos de indivíduos que abatem amigos, familiares e às vezes até perfeitos estranhos movidos pelo ódio, zangas, invejas e, muitas vezes, a vergonha de ser abandonado... Perante estas notícias é-se tentado a acreditar que na sociedade actual o ser humano reage cada vez mais através das emoções em detrimento dos sentimentos muitas vezes ausentes da vida pessoal.

Vivemos num mundo em que as emoções se entrecruzam com os sentimentos dificultando que se distingam estes dois sentimentos. Apesar da falta de consenso entre estes eles o que origina com que muitas vezes sejam confundidos, os sentimentos são mais conscientes do que as emoções.

As emoções surgem como resposta imediata a determinadas situações de forma inconsciente, enquanto o sentimento tem uma origem muito mais consciente e por consequência mais racional da emoção. Perante estes factos, é legítimo concluir que o ser humano é demasiado rápido a passar da emoção ao sentimento, ou seja, é capaz de amar ou odiar, com a mesma intensidade…

AS ESTRELAS BRILHAM MAIS LÁ EM CIMA

O vício inglório de apanhar estrelas já vem de longe. Eu sei, é óbvio, que é inútil tentar agarrá-las mas, mesmo assim…

O máximo que consegui com este gesto, foi um banho de poeira estelar que me embranqueceu o cabelo acabando por reter entre as mãos uma estrela sem brilho.

Há estrelas que causam o impulso de as agarrar, de as reter ao nosso lado noite e dia, sobretudo aquela estrela cujo brilho já iluminou a nossa vida. Há sempre uma estrela que, na sua ausência, mergulha na escuridão todo o nosso pequeno mundo…

Confesso que já caí na utopia de as agarrar estrelas contudo, ao aperceber-me que cá em baixo perdem todo o brilho, rapidamente deixei-as ficar lá em cima.

Há dias em que apenas nos é permitido sonhar com estrelas mas, elas só conseguem brilhar quando estão lá em cima…

Há dias assim.

HÁ MÚSICA NO AR

Há músicas assim, que nos tocam lá no fundo… há quem diga que na alma. Seja onde for, é lá que se sente esse não sei quê que produz aquele efeito tão nosso conhecido que nos leva às lágrimas ou aos sorrisos de saudade. Não que estejamos tristes ou alegres mas simplesmente porque nos toca… Há coisas que não se explicam por não terem explicação.

Há músicas em que ora se ouve o som de uma guitarra que persegue os violinos numa cadência ritmada repleta de nostalgia de algo que ficou preso no passado… A este conjunto, juntam-se na música outros instrumentos no encalço dos violinos que não se detêm…. A composição musical ganha velocidade correndo atrás de si própria e há um pranto que ameaça soltar-se a todo o momento… Fica no ar toda aquela nostalgia que o ser humano é capaz de sentir …

A sala de estar tem a mesma aparência, um quadro encimando a lareira raramente acesa onde o pó se acumula em cada verão, os espelhos na parede tornam-se translúcidos permitindo visionar outros mundos que nos chamam…

A sala de estar é sempre a mesma, só que agora… há uma música que paira no ar.

A MAGIA DAS CORES

Gosto de todas as cores. Bem, quase todas. Como toda a gente, há cores mais ao meu gosto enquanto outras nem tanto. Estou a lembrar-me do amarelo, a minha cor preferida, continua a ser uma cor pouco utilizada. Sobretudo em camisolas, quase todas as cores estão representadas no meu guarda-fatos.

A primeira reacção de quem me vê é relacionar a cor com um clube, com o sexo e mais raramente com um adágio popular. Independentemente de clubismos (embora tenha as minhas preferências), cores destinadas a um determinado sexo ou de ditados populares, uso quase todas as cores, mesmo aquelas de que não gosto tanto.

Por motivos citados, estou em condições de afirmar que o uso de uma determinada cor não está relacionada com qualquer clube desportivo, moda, sexo ou ditado popular.

Resistindo à tentação de explorar a origem da cor, reconheço que qualquer cor desencadeia diferentes sensações em diferentes pessoas. Há estudos comportamentais que revelam que a maior parte das pessoas sofre a influência das cores, por isso, a escolha da cor em hospitais, prisões, escolas, … não é feita por acaso. Segundo a opinião de vários sites o amarelo, por exemplo, transmite uma sensação de luz e calor propícia ao raciocínio e à criatividade, transmitindo uma sensação de alegria e optimismo.

De uma maneira geral, pode concluir-se que as cores possuem a estranha magia de desencadear as mais diversas e inesperadas reacções no ser humano. À cautela, é conveniente conhecer a cor da sua simpatia.

O PESO DAS MOCHILAS

Enquanto no activo, o peso das mochilas era um assunto de retórica ao qual atribuía pouca importância. Depois que peguei casualmente naquela mochila, tomei consciência do problema. Não escondo nem esqueço que me encontro num estado de saúde debilitado mas o peso daquela mochila obrigou-me a dar mais importância a este assunto. O peso das mochilas, sobretudo nas crianças em idade escolar, é um assunto preocupante de muitos pais, encarregados de educação e profissionais do ensino…

Está provado, através de vários estudos, que o peso ideal das mochilas não deve exceder os 10% do peso corporal da criança (6 a 18 anos), … Exceder estes valores pode ter, e tem seguramente, implicações negativas na saúde das crianças desde dores no pescoço, ombros e região lombar.

Não é por acaso que a DGS através do Programa Nacional de Saúde Escolar debateu já em 2015 este assunto como o principal fator para o aparecimento de doenças musculoesqueléticas.

Em geral, as mochilas das crianças são pesadas e para o que contribuem os livros e cadernos, materiais escolares, equipamentos para Educação Física… É certo que já em finais de Outubro de 2017, o Parlamento aprovou um projecto (1088/XIII) tendente a diminuir o peso das mochilas escolares.

Não é pois por falta de legislação que o assunto não seja resolvido.

É já tempo de os profissionais de educação e saúde abordarem seriamente este assunto …

BODAS DE PRATA DOURADA

Segundo o quadro (*) e a fazer fé nos respectivos patamares, celebram-se brevemente as Bodas de Prata Dourada. Literalmente não se trata só de prata nem só de ouro, trata-se de uma prata à qual se dá a cor dourada através de um banho de ouro e que se destina a celebrar os 42 anos de casamento o que por si só já revela uma certa persistência e abdicação de ambas as partes… Seja como for encarada, é uma data especial revestida de algum segredo mas que merece ser celebrada.

O material representativo da data pode facilitar a escolha do presente a dar salvo o simples facto da presença de uma eventual alergia… É raro, mas é um facto a considerar.

Que oferta escolher? Basta visitar uma das muitas casas da especialidade e escolher entre um anel, uma pulseira, um fio com medalha ou, por que não, todo o conjunto?

O presente é simbólico, o importante é quem está presente mesmo ali ao lado.

Outras Bodas

FAZER O LUTO

Quando se fala em “fazer o luto” associa-se logo a imagem da morte de um ente querido. Mas nem sempre se verifica igual reacção perante a morte. O fim de um relacionamento, a morte de um animal de companhia, a perda de um emprego ou a diminuição da qualidade de vida relacionada com a saúde pode provocar a sensação de perda.

Pode durar dias, meses ou até anos mas, há sempre um dia em a gente acorda com a certeza de que jamais voltaremos a desfrutar dessa companhia.

Em qualquer caso, fazer o luto exige um certo tempo que varia conforme a perda e ainda bem quando isso acontece. Provavelmente a vida já nos obrigou a fazer o luto perante a perda de entes queridos, condições de saúde e, quem sabe, pela morte de um animal de companhia. De acordo com estas experiências, posso afirmar que qualquer perda, seja ela qual for, provoca uma dor comparável senão maior que a anterior…

Já alguém disse, e eu subscrevo, que o luto é uma das experiências mais dolorosas do ser humano…

CRISE DE VALORES

Todos os dias as notícias nos surpreendem com um novo caso de corrupção. Perante estas notícias, cada um reage como pode e sabe nomeadamente através das redes sociais. Cada novo caso arrasta outros numa sequência infinita. Não são poucas as vozes que atribuem esta situação a uma sociedade sem valores. Os valores existem, o que acontece é que estão completamente subvertidos.

É normal que quase todos os valores passem a segundo plano quando a estrutura familiar está em perigo de ruir. Com efeito, é no seio da família que se adquirem os valores mais básicos que a escola depois se encarrega de desenvolver.

Ora, os políticos são frutos dessa mesma sociedade que privilegia o “salve-se quem puder” como valor máximo, não admira que alguns se deixem corromper. Por meio de falsas promessas, conseguem arruinar a economia de um país e agravar a crise de valores que já é notória na sociedade actual.

A CHUVA CHEGOU

Depois de longos dias de prolongado tempo seco considerados quentes relativamente à estação do ano em que se inserem, a chuva chegou. Chegaram os dias tristes, a ausência do sol, os agasalhos de inverno saíram dos armários, …

De acordo com as previsões, o mau tempo que se fez sentir desde o início do mês, veio para ficar. Os dias húmidos e com chuva apesar de as temperaturas amenas, irão continuar. O fenómeno em si, não tem nada de anormal. O ar frio que acompanha a frente fria fazem com que as temperaturas baixem.

Eu sei que a chuva é precisa, basta olhar para os rios e barragens mas, como alguém dizia, era bom que chovesse só de noite e de dia o sol mostrasse o seu sorriso optimista tão desejado.

QUEM NÃO CHORA...

“Quem não chora não mama” diz o povo com alguma razão. Muito divulgada, já não tenho a certeza se é o povo quem o diz e, se o diz, com alguma razão. A prática diz-nos que quem mais se lamenta é quem recebe mais atenção. A maior parte das vezes, sofrer em silêncio não é a melhor opção. Por outro lado, queixar-se por tudo e por nada também se deve evitar, basta lembrar a história do “Pedro e do lobo”...

Inicialmente, pode ser que quem muito chora consiga “mamar” mas quanto a captar mais atenções, tenho as minhas dúvidas. Reportando-me aos cuidados de saúde dos quais (infelizmente) tenho alguma experiência, os profissionais tendem a desvalorizar as queixas de alguns utentes.

Como em tudo na vida, há que ser comedido e honesto sobretudo no que diz respeito às queixas não cometendo excessos.

Como “quem não chora não mama”, o recurso ao choro transformou-se numa arma muito usada (como é natural) pelas crianças, em política e pelo comum dos mortais.

A FLOR QUE NÃO SE CHEIRA

Há conversas que se escutam involuntariamente, principalmente quando o silêncio se instala no café à nossa mesa. Numa outra mesa, alguém comentava acerca do actual PM: “Ele promete que vai repor as reformas, promete baixar o IRS, promete baixar o recibo da luz, promete… promete... A mim nunca me enganou, ele não é flor que se cheire”. Sorri em jeito de concordância e não para lhe imitar o sorriso.

Efectivamente não sei onde vai desencantar o dinheiro necessário para cumprir tantas promessas. Lá se é ou não flor que se cheire, também não sei. Nunca estive tão perto para me aperceber do odor que ele exala. Quanto a ser uma flor, também não me parece uma comparação muito adequada…

Estou convencido que quem falou assim desconhecia por completo a origem desta expressão. Penso que teve origem numa flor originária da Somália que tem tanto de bela como de mal cheirosa. Quando floresce, exala um cheiro pestilento a putrefacção daí ser designada também de “flor cadáver”.

A expressão “não é flor que se cheire” devia ser usada apenas para designar uma pessoa pouco recomendável, que não merece a nossa confiança.

TODAS AS OCASIÕES SÃO ESPECIAIS

Lembro-me do dia em que ela chegou carregada com uma caixa de vinho adquirida a uma colega de trabalho. Mal pousou a caixa foi logo dizendo que esse vinho era para consumir apenas numa ocasião especial. Talvez quando eu morrer, pensei ironicamente. Sim, porque morrer também é uma ocasião especial, afinal só se morre uma vez...

Lembrei-me a propósito daquelas garrafas de vinho francês guardadas religiosamente sobre um móvel da sala, destinadas a uma ocasião especial. Um dia, decido esse momento, abriu-se uma delas. O vinho estava completamente estragado...

Recordo também aquele perfume reservado para ocasiões especiais. Acontece que o perfume se evaporou e o que sobrou tinha um aroma totalmente diferente...

Muitas vezes guarda-se um vinho, um perfume, uma roupa bem como uma infinidade de outras coisas sempre à espera da tal ocasião especial que, justamente por ser especial, acaba por não chegar. Entretanto o vinho azeda, o perfume evapora, a roupa deixa de se usar ou de servir,…

Por isso, acho que todas as coisas se devem usar, principalmente aquelas que nos dão algum prazer porque amanhã pode ser tarde e a tal ocasião especial pode até nunca chegar.

Por que não tornar especial qualquer ocasião…?!

DIFERENTES FORMAS DE REZAR

Qualquer oração, por muito repetida e não consciencializada, torna-se uma chatice a contornar, contudo há diferentes formas de orar.

É errado pensar que só as orações clássicas serão escutadas pelos deuses. Uma boa oração, seja qual for o deus a quem se dirige, é a que nos põe em contacto com esse ser supremo e que nos inunda  daquela paz interior que todos anseiam.

Esse estado de espírito pode alcançar-se observando uma obra de arte, deixando a vista espraiar-se por uma bela paisagem ou então um comovente pôr do sol… E por que não, alcançar o mesmo estado de alma através da música ou de um bom livro (não forçosamente religioso)? Para rezar qualquer dia, qualquer hora e qualquer lugar é o mais adequado.

São estas as diferentes formas de rezar que se sobrepõem às mais tradicionais.

UNS PARTEM, OUTROS CHEGAM

Há pessoas que ainda nem arranjaram o seu cantinho no nosso coração e já outros estão de saída. Saem por que já cumpriram junto a nós a sua missão ou simplesmente saem porque têm que sair…

Inesperadamente, há os que entram na nossa vida e nela permanecem sem que a isso sejam obrigados. Podem chegar através de laços de sangue ou sob qualquer outro pretexto.

Venham de onde vierem, todos transportam com eles algo para nos dar e ensinar. Por uma razão ou por outra, essas pessoas acabam por marcar a nossa vida para sempre quer estejam ou não presentes.

Incompreensivelmente, às vezes elas têm de partir mas deixam em nós raízes que permanecem toda a vida. A milenar cultura indiana dá uma explicação: Ninguém entra na nossa vida por acaso. Todas as pessoas têm algo para nos ensinar e fazer avançar numa dada situação.

Há pessoas assim, das quais já nem lembramos donde vieram e dias em que partem quase sem se despedir.

Há dias assim.

TEMPOS DE SECA

Já não constitui novidade dizer que não gosto de chuva nem de dias cinzentos em que não chove ou que o nevoeiro os devora mas, atendendo ao período de seca que se alastra a diversas regiões, sou levado a desejar que chova. Quando vejo o nível das barragens descer à míngua de água, apesar da evaporação a que estão sujeitas, mais me convenço de que o futuro está na energia solar. É uma energia limpa, não poluente e está sempre lá (até um dia).

Não admira pois que aquilo que parecia uma contradição, não gostar de chuva e desejar que chova, torna compreensível que aprove a atribuição dos prémios Nobel. Não tanto pelo prémio em si mas pelo passo em frente que a química vem dar às baterias de lítio que agora irão ser recarregáveis. Era uma coisa que me preocupava bastante, não saber o que fazer das baterias dos veículos eléctricos que já por aí circulam com o apoio de diferentes entidades.

JURO QUE NÃO VOU CHORAR

Desde pequeno que me acostumei ao facto de os adultos darem ordens e as crianças serem obrigadas a obedecer. Qualquer que fosse a ordem, se não fosse acatada, lá vinha o habitual bofetão ou um par de açoites. Era essa a lei então em vigor e ninguém se atrevia a pô-la em causa. Antigamente ainda não se conheciam “os direitos da criança”. Apesar do respeito ser imposto pelo medo, esta não foi a causa da morte de qualquer dos meus progenitores nem traumatizou a criança que fui e, quando aplicado na hora certa não deixou marcas no corpo nem na alma.

Note-se que não sou apologista dos castigos corporais embora lhe reconheça algum valor em certas ocasiões… é que não conheço nenhum discurso pedagógico que seja mais eficaz em determinadas situações. Contudo, nem toda a porrada conseguiu alterar as minhas ideias. Nessas ocasiões, cerrava os dentes e pensava: “rais” me parta se vou chorar.  Com este pensamento arranjava forças para aguentar estes e outros açoites sem verter lágrimas. Atualmente era impensável aplicar este tipo de “educação”.

Depois de atingir a idade adulta, é a vida que se encarrega de dar porrada. Já levei muita e talvez ainda vá levar mais mas, graças à minha persistência, consigo sempre erguer-me com esta frase no pensamento: raios me partam se vou chorar…

TRABALHO INFANTIL

CONVERSAS COM O TELEMÓVEL

Seja em casa, no café, no restaurante, no carro (o que é proibido), na rua, em qualquer parte, cada vez mais pessoas vivem agarradas ao telemóvel. Em substituição do termo “telemóvel” que me recorda uma canção de má lembrança, devia usar o termo smartphones até porque além de substituírem os velhinhos telemóveis, ocuparam também o lugar dos computadores oferendo múltiplas vantagens.

Em qualquer lugar, enquanto as notícias se sucedem nos écrans apoiadas por imagens, acredita-se apenas no que chega através do smartphone que capta toda a nossa atenção.

Passa-se a maior parte do dia agarrado ao smartphone ignorando as pessoas mais próximas. O mesmo se passa em plena rua onde as pessoas, embrenhadas no seu smartphone, nem sequer se desviam ou apercebem das dificuldades dos outros.

Deste modo, as conversas tornaram-se menos frequentes quando não se extinguiram por completo. A conversa (em silêncio) é apenas dirigida ao telemóvel… perdão, smartphone.

CHEGA SEMPRE AQUELE DIA...

Há dias em que finalmente a gente se cansa de remar contra a maré. Nesses dias, cruzam-se os remos e deixa-se que o vento leve o barco onde quiser. Entre todos os dias, um dia chega em que a gente se cansa.

Sem aviso prévio, sem nada que o distinga dos demais, lá vem aquele dia em que a gente se cansa. Nesse dia, não se diz nada, nem sequer se diz que se está cansado… Mesmo em silêncio, ficar calado também cansa.

Inicia-se então a busca de algo que não canse mas, por mais que se procure, tudo cansa. Nem sequer se põe a hipótese de voltar atrás…, é que também cansa!

Então, fica-se precisamente no mesmo lugar onde se está.

Há dias em que também cansa voltar a cometer os mesmos erros.

Há dias assim.

FAZER MAL POR BEM

Não fazer mal a ninguém, já é uma forma de fazer mal, de prejudicar. Inconscientemente, avivam-se mágoas e também ressentimentos há muito ocultos mas que emergem e vão minando lentamente a alma.

Há comportamentos e coisas que se fazem, principalmente as que se deixam por fazer, que magoam profundamente. E não se pense que para fazer mal, basta pegar numa moca e golpear fortemente a cabeça do próximo ou então disparar um tiro certeiro, como já tem acontecido em países onde a venda de armas se faz livremente.

Como alguém já disse, O mal ou o bem que fazemos aos outros reverte sobre nós acrescentado, o que não é senão a conhecida e infalível lei do Karma.

Às vezes, bastava uma palavra na altura certa que se omite, a ausência de um gesto de carinho embora não solicitado…

AQUECIMENTO GLOBAL

DORMIR FAZ BEM?

Há dias, ou melhor, há noites em que não se consegue adormecer e não se dorme porque não é possível deter o pensamento… quem pensa não dorme e quem dorme não pensa.

Focar o pensamento em qualquer situação, é notório que não se dorme. Quem pensa não dorme e quem não dorme não descansa o corpo nem a alma… "Às vezes é preciso dormir, dormir muito. Não para fugir da realidade, mas para descansar a alma. Quem nasceu com a sensibilidade à flor da pele sabe muito bem que às vezes é difícil engolir tudo que a vida nos dá.”

Há dias em que os pensamentos ganham vida independente da vontade e desencantam sentimentos que impedem a alma de descansar…

Há dias assim.

HÁ QUALIDADES HEREDITÁRIAS?

Há determinadas características físicas que são herdadas (pais, avós, etc.) outras, como é óbvio, (qualidades e defeitos) não são herdadas.

Por este motivo, não me surpreende o estudo levado a cabo por uma psicóloga que, através de várias experiências, conseguiu localizar onde se encontrava a bondade no cérebro. Através dessas experiências, ficou provado que a bondade é “contagiosa”, ou seja, presenciando qualquer cena de bondade, somos impelidos a proceder do mesmo modo. Isso vê-se frequentemente no dia a dia não menosprezando a influência do meio ambiente e da respectiva maneira de ser.

Não há duvida de que as pessoas que nos cercam acabam por influenciar, de uma maneira ou de outra, a nossa conduta. Já lá diz o ditado: “junta-te aos bons e serás como eles, junta-te aos maus e serás pior que eles”. Atendendo ao ditado, ainda no futuro um dia se virá a provar que a maldade também é contagiosa…

Por agora, ficou provado que a bondade é contagiosa, contudo “o problema é haver tanta gente vacinada contra ela…”

COM UM OLHO NO BURRO...

Mais uma vez recorro a um ditado popular para expor algumas ideias. Efectivamente, o tempo comprova que a maior parte destas expressões permanecem imutáveis e apontam para condutas morais, filosóficas e religiosas que se devem seguir.

No presente ditado, o burro, usado muitas vezes no transporte de mercadorias, representa hoje a riqueza enquanto que a outra parte representa aquela pessoa que se encarregava de suprimir essa riqueza…

Apesar deste preconceito ser antigo, ainda se verifica infelizmente em relação a qualquer grupo étnico. Um bom exemplo, sem entrar noutros campos, é o de um conhecido futebolista. Como já tem sido amplamente divulgado e apesar da sua etnia o futebolista alcançou enorme sucesso e que me conste, não foi roubando que adquiriu o respectivo carro de luxo…

A admiração, comprova claramente a ausência de qualquer atitude racista. Ressalvo apenas o preconceito reservado para certos comportamentos adquiridos conforme o meio em que se vive e que se encontram presentes em qualquer etnia.

Na impossibilidade de focar os olhos em toda a turma, até porque só tenho dois, foco apenas alguns elementos…

HÁ QUALIDADES HEREDITÁRIAS?

Há determinadas características físicas que são herdadas (pais, avós, etc.) outras, como é sabido, (qualidades e defeitos) não se transmitem espontaneamente.

Por isso, não me surpreende o estudo levado a cabo por uma psicóloga que, através de várias experiências, conseguiu localizar onde se encontra a bondade no cérebro. Através delas, concluiu-se que a bondade é “contagiosa”, ou seja, presenciando atos de bondade, somos impelidos a proceder do mesmo modo. Isso vê-se no dia a dia frequentemente. Porém, o ambiente em que o ser se desenvolve tem influência na sua maneira de proceder.

Não há duvidas de que as pessoas que nos cercam acabam por influenciar, de uma maneira ou de outra, a nossa conduta. Já lá diz o ditado: “junta-te aos bons e serás como eles, junta-te aos maus e serás pior que eles”. Atendendo ao ditado, ainda no futuro um se virá a provar que a maldade também é contagiosa…

Por agora, ficou provado que a bondade é contagiosa, contudo “o problema é haver tanta gente vacinada contra ela…”

EGOCENTRISMO... Q.B.

De acordo com Piaget que fui obrigado a “estudar” durante o estágio, o egocentrismo é uma características natural presente nas crianças até à segunda infância (cerca de 6 anos). Depois desta idade, as crianças apercebem-se que existem outras pessoas com opiniões, crenças e pensamentos diferentes. Sempre que este comportamento se prolonga na idade adulta, então revela um indivíduo imaturo e desadaptado à vida em sociedade.

Com efeito, há comportamentos que revelam um tal egocentrismo que me tiram completamente do sério e só sendo pacífico por natureza além de civilizado é que não passo a vias de facto…

Nos egocêntricos, ao contrário duma primeira reacção, este comportamento revela uma baixa autoestima. É afinal uma forma de compensar a respectiva insegurança…

Perante estes factos é expectável um comportamento revestido de maior tolerância o que nem sempre se verifica, visto que estes indivíduos são merecedores da nossa piedade.

LER É ABORRECIDO

A VIÚVA E O PAPAGAIO

A história obrigatória no 5º ano de LP e muito bem, transportou-me a outra realidade semelhante. Há muitos anos, numa das viagens que éramos forçados a fazer de Viseu para o Porto, fazíamos “escala” num lugarejo pertencente a Cinfães. Enquanto a companheira aproveitava a paragem para mudar a fralda de um dos rebentos, o proprietário do solar recheava a mesa da cozinha, onde nos recebia, com um vinho maravilhoso da colheita lá de casa bem com a saudosa broa e presunto. Brincamos um pouco com o papagaio que vivia nessa cozinha e despedimo-nos do simpático casal de quem guardo imensa saudade.

Numa dessas viagens, batemos mais uma vez naquela porta que sempre se abria simpaticamente para toda a família e uma voz lá de dentro respondeu: ”Já vai“. Como é obvio esperámos que alguém acorresse a abrir a porta. Como o tempo ia passando, insistimos batendo de novo e a mesma voz respondeu: “Já vai”

Como a viagem entre as duas cidades era longa a estrada era má e como a espera já ia longa, sem que a porta se abrisse, retomámos a viagem para a cidade do Porto.

Mais tarde, em conversa, viemos a saber que quem respondeu lá de dentro tinha sido o papagaio numa imitação perfeita da voz da dona.