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sábado, 30 de junho de 2018

ESPLANADA


Porque vem aí o fim de semana, porque há mais tempo para ler, porque a vaidade assim o impõe, aqui vai mais um excerto de um livro que se encontra disperso neste blog…
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Os carros circulavam devagar pela faixa mais à direita o que lhe facilitava a procura de um lugar para estacionar. Felizmente havia uma vaga quase em frente da esplanada onde se propunha passar algum tempo antes de regressar. Depois de estacionar, dirigiu-se em passos lentos para a esplanada que ficava mais acima do estacionamento. Outrora teria avançado o baixo muro de granito ali existente mas agora dirigiu-se para a passagem quase em frente à travessia das faixas de rodagem para peões.
Só podia ser um desses dias de sorte, tinha que admitir, havia mesmo uma mesa vaga na esplanada embora muito perto da porta apesar daquela brisa própria que anunciava a proximidade do mar. Puxou para trás uma cadeira e sentou-se de frente para a vidraça donde podia ver a funcionária que pouco antes o inquiriu sobre o que desejava tomar.
- Apenas uma bica, por favor.
Pedia sempre “por favor” fosse o que fosse. Isso tinha ficado da educação recebida noutros tempos e tornava-o mais humano embora nem sempre o fosse. Era uma opinião que nem sequer se atrevia a comentar.
Através do cristal da montra, a funcionária começou a limpar o balcão com um pano não muito recomendável enquanto a máquina dos “cimbalinos” vomitava a bica que lhe tinha encomendado.
Na mesa ao lado a conversa tinha terminado pelo que o som das ondas se tornou mais audível aos seus ouvidos. Nesse momento tomou consciência que se encontrava de costas para o mar, o seu eterno aliado, o amigo que nunca lhe falhara. Há algum tempo tinham-lhe extraído parte do cérebro para retirar um angioma que felizmente se revelou benigno o que não impediu que deixasse algumas sequelas o que além do desequilíbrio, lhe destruiu parte da memória. Embora tivesse uma recuperado muito da memória, ficaram ainda algumas lacunas.
Mudou rapidamente de posição ficando de frente para o mar quando a funcionária deixou na mesa a bica que lhe foi requisitada sem que antes olhasse em volta estranhando a posição em que o cliente se encontrava.
Lá ao longe, o mar continuava a investir contra os rochedos que a Natureza por ali depositara. O ruído produzido pela arrebentação das ondas agradava-lhe francamente e ficou a ouvi-lo por alguns instantes que lhe pareceram mais tempo do que o realmente decorrido. Depois da cirurgia a que fora sujeito, tudo lhe parecia desenrolar com maior lentidão embora o pensamento continuasse a voar.
Sorveu a bica lentamente, em goles pequenos. O café não lhe sabia bem nem mal mas era forçoso retomar os velhos hábitos.
Ficou ali a olhar sem ver a chávena vazia à sua frente. Aquela contemplação trouxe-lhe à memória em catadupa aquelas recordações que de vez em quando o assaltavam. O tempo passado no hospital após uma intervenção mal sucedida, não era para recordar mas, por isso mesmo, as memórias teimavam em regressar como as ondas junto à praia. Permaneceu naquele hospital mais tempo do que o necessário só porque lhe tinham impingido uma estranha bactéria resistente aos antibióticos. Esperavam uma pneumonia que felizmente não aconteceu. Outra memória que frequentemente o assaltava era a palavra PORCO que lhe martelava a cabeça sem sessar. Ele que desde sempre se preocupara com a higiene pessoal! A palavra surgiu no contexto duma noite mal dormida e na sequência duma ordem dada para urinar nas fralda…!
Esta, chamou outras memórias, nenhuma delas mais agradável que a anterior.
De repente tudo parou. As ondas não se espraiavam na areia da praia, na mesa ao lado as bocas emudeceram, os carros na estrada permaneciam parados com os motores desligados … Olhou em redor. Tudo permanecia suspenso, ele próprio estava ali sentado em frente duma mesa que não conhecia bem enquanto um silêncio sepulcral se estendia sua volta. A intervenção cirúrgica tinha-lhe deixado algumas lacunas no pensamento…
Do outro lado da estrada, a mulher que até aí permanecera imóvel fitando o mar, levantou-se, alisou a saia e dirigiu-se em passos lentos para uma viatura ali estacionada.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

O LONGE QUE VAI DAQUI ALI


Falando em coisas que me perpassam o pensamento e não falar de coisa alguma é o espaço que vai daqui a lugar nenhum. Por definição, a distância entre dois pontos é a mínima medida que os separa. Então a distância que vai daqui ali pode ser enorme ou então muito breve, conforme o que se pensa no momento.
Se ainda me estão a seguir o pensamento, o que desde já lamento, é sinal de que não estão tão bem de saúde mental como pensam. Retomando a linha de pensamento ora perdida, acho que a tal distância que vai deste lugar onde me encontro ao lugar onde devia estar e não estou, é simplesmente a distância que vai daqui ali.
Não, não falo de futebol nem de livros assim como não falo de coisa nenhuma mas como tenho que falar em qualquer coisa, vou falar da Internet. É para isso que serve a Internet… É o  que muitos pensam. É claro que ouvir aquela voz ainda por cima acompanhada de imagem ajuda muito mas não é tudo. Falta o calor daquele abraço,  o beijo que se fica pelo virtual mas nada me custa admitir que, com a imensa tecnologia disponível, um dia será possível o teletransporte daqui até ali. Para já, a Internet consegue encurtar distâncias o que não impede que se mantenha a distância que separa o mundo que vai daqui ali…
São afinal estas simples linhas que ajudam a encurtar a distância que vai daqui a lugar nenhum.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

OUTRA QUADRA A SÃO JOÃO


O São João já lá vai, festeja-se agora o São Pedro.
Seja a que santo for o que interessa é festejar, por isso, não se esqueça de dar uma voltinha pela Afurada que fica bem perto do Porto mas há outras cidades, vilas e aldeias onde este santo se festeja… e o que interessa é festejar!
E embora já tenha passado, aqui vai outra quadra ao meu rico São João…

quarta-feira, 27 de junho de 2018

HÁ GENTE QUE JÁ NASCE ASSIM


Ninguém duvida que existem dias inesquecíveis. Toda a gente tem um ou, pelo menos, meio… um quarto… de dia ou mesmo um instante inesquecível.
Muito ou pouco intenso, há sempre um dia que se tornou inesquecível por um motivo qualquer, só é preciso procurar bem lá no fundo onde se encontram escondidos entre as poeiras da memória..
Dizem que é assim mas, por mais que me esforce, não consigo encontrar um dia que seja mais especial do que os outros. Se calhar não me esforcei o bastante.
Será que existe mesmo um dia especial?
Desde que voltei do hospital tornou-se difícil distinguir um só dia dos que já passaram devido à sua enorme quantidade. Até os dias mais banais passaram a ser especiais apesar de não haver nada que os distinga. Mesmo as pessoas ganharam uma patine especial própria do passado que apenas vivo na memória. Há pessoas assim, que se tornaram especiais sem saber, são mesmo especiais, sempre o foram. Pode dizer-se que estas pessoas já nasceram especiais, desde sempre as conhecemos assim. Estou a lembrar-me de muita gente alguns dos quais nem o nome guardei na memória, gente a quem não é preciso dar um nome e mesmo assim, foram sempre especiais. A par destes, há muitos outros que partiram sem saber que eram especiais. Talvez que esse desconhecido que segue pela rua seja o grande amor de uma vida ou então o destino de uma grande amizade? Quem sabe?
Podem ir pela rua sem um olhar, sem sorrir, sem mesmo aperto de mão mas foram e serão sempre especiais.
Há dias em que a neblina se dissipa e deixa ver com mais clareza a felicidade que passa ao alcance da nossa mão… apesar de invisível.
Há dias assim.

terça-feira, 26 de junho de 2018

O CAMINHO FAZ-SE... CAMINHANDO


Há muitas maneiras de alcançar o mesmo destino que é como quem diz, vários caminhos. Contudo há mais do que um caminho com um destino comum, a cidade de Compostela. Qual escolher?
Sem outra pertenção que não seja divulgar um desses caminhos, debruço-me sobre o Caminho Português da Costa por estar mais na moda, com partida (obviamente) do Porto. O destino pretendido por todos os peregrinos é sempre o mesmo, a Basílica de São Tiago de Compostela.
Com efeito, partindo do Porto, o caminho atravessa no nosso país cidades como Matosinhos, Vila do Conde. Póvoa de Varzim, Valença (Ver o mapa) e é usado cada vez mais pelos peregrinos que pretendem alcançar Compostela.
Cumprindo o objectivo que o norteia, deixo um alerta para a distância que separa estas duas cidades, que é de 258 km aproximadamente. Partindo do princípio que existe correspondência entre o número de dias e o número de quilómetros, sugerem-se as seguintes etapas:
1.ª etapa: Do Porto a Vila do Conde – 29 km
2.ª etapa: Vila do Conde a Esposende – 27,3 km
3.ª etapa: Marinhas a Viana do Castelo – 26 km
4.ª etapa: Viana do Castelo a Caminha – 27 km
5.ª etapa: Caminha a Vila Nova de Cerveira – 16 km
6.ª etapa: Vila Nova de Cerveira a Valença – 16 km
7.ª etapa: Valença a Porriño – 17 km
8.ª etapa: Porriño a Redondela – 16 km
9.ª etapa: Redondela a Pontevedra – 20 km
10.ª etapa: Pontevedra a Caldas de Rei – 21 km
11.ª etapa: Caldas de Rei a Padrón – 18 km
12.ª etapa: Padrón a Santiago de Compostela – 25 km

segunda-feira, 25 de junho de 2018

O FRIO E O CALOR QUE A GENTE SENTE


Sentir frio ou calor é natural, depende muito da temperatura exterior, do sexo e, em casos mais graves de algumas doenças. Com efeito, o corpo humano possui alguns mecanismos de defesa contra essa mudanças de temperatura. Dando-se uma descida pronunciada da temperatura entra em função uma vasoconstrição das artérias visível pela cor arroxeada e arrefecimento das extremidades do corpo.
É comum atribuir-se à tiróide a total responsabilidade pelo controle térmico do corpo que pode ficar a dever-se além do hipotiroidismo ao síndroma de Raynaud. Com efeito, o tremor que acompanha a sensação de frio produz calor. Pelo contrário, a sensação de calor é acompanhada de suores cujo fenómeno da evaporação ajuda a baixar a temperatura. Um exemplo a que recorro com muita frequência é o frio que se sente depois de um banho. A evaporação da água do banho que vem agarrada à pele produz uma sensação de frio.
A pele, como maior órgão do corpo humano, além de detectar todas as sensações do corpo, fornece a noção de temperatura térmica também designada por temperatura aparente que pode ser muito diferente da temperatura real.
Sentir calor quando o tempo ameaça aquecer depois de um longo período de chuva e frio, não tem nada de anormal. É até saudável na medida em que protege o corpo de outros agentes agressores. Nas regiões mais frias do país, a descida de temperatura provocada pelos ventos fortes podem conduzir à hipotermia e outras complicações.
O maior problema ocorre sempre se sente imenso calor quando todos à nossa volta tremem de frio. Se a idade não o justifica essa onda de calor é merecedora de uma atenção mais cuidadosa. A pré ou mesmo a menopausa podem estar na base desses sinais. O termo menopausa aplica-se à mulher cuja menstruação se tornou mais irregular quando acompanhada de outros sintomas como o aumento da produção de suor, secura da pele e dos cabelos, etc. Tendo em atenção que muitos dos sintomas descritos dependem da diversidade de cada organismo.

domingo, 24 de junho de 2018

O FRUTO PROÍBIDO


É sempre assim. Sonha-se com o que não se pode ter, não por falta de capacidade mas por que é incompatível com a realidade em que vivemos. O fruto mais apetecido representa aqui todos os sonhos que por qualquer razão se tornaram irrealizáveis…
Mais uma vez recorro a um ditado popular enraizado por quem se servia deles amiúde. Pensando bem, chego à conclusão de que afinal gosto de ditados populares por dizerem as maiores verdades recorrendo a frases muito curtas de uma maneira directa.
Acontece todos os dias ser-se convidado para um evento qualquer o que não representa nada de extraordinário. Convites não faltam, uns chegam pelo correio, alguns pela Internet e outros pessoalmente dirigidos a qualquer membro do agregado familiar. Noutra altura, por total indisponibilidade ou falta de interesse, obteriam por resposta um redondo “não” e não se falava mais no assunto. E se falasse, era sobre aquele convite que não veio, que não chegou a tempo ou na sua (pouca) importância.
Se, por qualquer razão se tornava impossível atender a determinado convite, aí tudo mudava de figura. Ficava aquela sensação de quem não conseguiu responder com um SIM ao convite formulado. É assim a vida, a fruta proibida é a mais apetecida o que vem provar que se anseia sempre por algo utópico, fruto apenas duma imaginação exacerbada.
Sonhar com o impossível é bom, faz bem mas que nunca se perca de vista a realidade que nos rodeia por mais triste que pareça ser. Nunca se deve deixar de sonhar porque “o sonho comanda a vida” de quem pretende viver… eternamente.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

SABER O QUE VESTIR


Agora que o calor ameaça chegar, não é totalmente descabido falar em peças de vestuário. Porém, escolher a roupa mais adequada a cada situação pode ser fastidioso senão mesmo cansativo. A primeira reacção é enfiar “qualquer coisa” ou então despender imensas horas na escolha da roupa mais acertada.
Como ponto de partida há que pensar que uma simples atitude é muito importante e faz toda a diferença. Na verdade, conforme o sítio para onde se dirige, deve usar-se o tipo de roupa mais adequado a esse local. Ninguém usa, em princípio, roupa muito curta ou apertada, decotes exagerados, transparências e maquilhagem carregada quando vai, por exemplo, a uma igreja católica…
Tudo o que se disse sobre vestuário, aplica-se também aos profissionais da área escolar bem como a todos que a frequentam. Não é admissível certo  tipo de roupa nas escolas e muito menos nos locais de trabalho. Devo dizer que considero as escolas como locais de trabalho e que, para mim, ser estudante é uma profissão.
Tanto o uso de roupas como também de comportamentos inadequados dizem muito sobre quem os adota. Com efeito, a maneira de vestir e de se comportar, pode dizer muito sobre a personalidade de quem a usa no dia-a-dia. A juventude ou a pouca experiência não servem de desculpa para o uso indiscriminado de qualquer peça de vestuário. Usar roupa adequada a qualquer situação, quer social ou profissional, é uma regra comum aplicável a qualquer idade e condição social.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

UM JOGO SEM ALMA


Mais uma vez, Portugal “venceu”, no grupo B é verdade, apesar de se festejar apenas a 2.ª jornada do Mundial. Venceu não por mérito próprio mas muito por ter à disposição o melhor jogador do mundo. Num jogo apagado, lento e sem inspiração, contaram-me porque como sempre não o vi integralmente, a equipa portuguesa conseguiu saiu-se bem. Com efeito o único golo ficou a dever-se a Cristiano Ronaldo nem sempre apreciado como merecia ser.
Deixando de lado (provisoriamente) o jogo e focando a atenção em Cristiano Ronaldo, não há palavras que o definam. Muito se disse já sobre a vida e maneira de ser de Cristiano Ronaldo nas revistas cor-de-rosa, jornais e TV e muito haveria a dizer… Felizmente não é isso que se pretende esta publicação.
Antes de continuar tenho que confessar que nem sempre mantive esta postura em relação ao CR7. Assim como Cristiano mudou a maneira de ser e de estar perante a vida, também a minha opinião evoluiu o que não deve causar estranheza se pensarmos que, no início de carreira, Cristiano era um ser mimado que fez muitas declarações consentâneas com a pouca idade do momento.
Agora que marcou os golos que empurraram Portugal para as finais, Ronaldo é o maior e não se fala noutra pessoa.
Numa entrevista que deu logo após ganhar a 5ª bola de ouro, Cristiano Ronaldo afirmou Sou o melhor jogador da história, nos bons e nos maus momentos (…).
Num país em que humildade é muitas vezes confunda com falsa modéstia ou arrogância, não admira que declarações como esta tenham caído  mal na população em geral. O tempo e as condições actuais vieram dar-me razão.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

GREVES E MAIS GREVES


Com tanta greve corre-se o risco de banalizar esta forma de luta, provocando o descrédito dos respectivos movimentos sindicais que estão na base destes movimentos. Aliás a Lei vigente diz isso mesmo, o recurso à greve é uma prerrogativa quase exclusiva das associações sindicais.
Confesso-me completamente dividido nesta como em outras questões que não vêm a propósito neste momento. Não discuto o direito nem a necessidade do recurso à greve mas pensando no transtorno que acarreta às populações, hesito que se recorra frequentemente a este direito.
Por definição e de acordo com a Wikipédia, greve é a cessação colectiva e voluntária do trabalho realizado por trabalhadores com o propósito de obter direitos ou benefícios. Neste ponto bacilo entre aceitar este direito inalienável dos trabalhadores e o interesse do público em geral… Eu próprio fui vítima de não sei quantas greves enquanto estive internado, desde os médicos, enfermeiros, auxiliares e não sei quem mais e a quem devo (penso) a situação em que me encontro… Talvez por isso fico indeciso quando vejo as longas filas de espera por transportes alternativos muitas vezes inexistentes, as cirurgias adiadas, o inglório e longo percurso de casa ao hospital mais próximo,…
O transtorno que causam na vida do cidadão normal que apenas pretende ir trabalhar não me deixa indiferente. Há profissões em que este tipo de greve não é admissível mas também não me perguntem qual é a alternativa porque também não sei qual é. Reconheço e por isso respeito quem recorre à greve como um direito consagrado na Constituição contudo não concordo com o prejuízo que causa às populações menos favorecidas.
Saímos há pouco de uma greve dos médicos, enfermeiros e auxiliares,… vivemos outra greve que se propaga como uma bola de neve a outras áreas porque (quase) todas estão mal pagas não perdendo de vista que o dinheirinho necessário à melhoria das condições de trabalho vem dos bolsos de todos nós.

terça-feira, 19 de junho de 2018

A CULPA É DO COSTA


Tudo o que de bom ou de mau  acontece nesta santa terra encontra sempre um culpado. Em última estância, o culpado é o Governo por aquilo que fez ou deixou de fazer e que só a ele competia.
Neste como em outros casos, dá muito jeito arranjar um culpado e lá está o Governo, essa entidade impessoal a quem se pode atribuir a culpa de tudo o que acontece o que implica lançar as culpas sobre o Costa.
Enquanto o tal Costa defende o alargamento dos vistos Gold, a coordenadora do BE (Catarina Martins), defende a sua imediata e completa extinção com o argumento que só criam especulação imobiliária e crime económico. Neste pormenor, a coordenadora do Bloco de Esquerda vai mais longe ao afirmar que só em 9 casos se verificou a criação de emprego num universo de 5700 casos. Com esta certeza, o partido vai baixar ao parlamento um projecto de Lei que visa acabar com a atribuição destes vistos.
Apesar de não estar ainda oficializado, a posição do PS e por conseguinte do Costa, é bem clara. Eles defendem que os vistos Gold são um chamariz para o investimento estrangeiro…
Se por um lado há quem defenda o alargamento dos vistos Gold, por outro pretende-se a sua completa extinção… Afinal em que é que ficámos?
O melhor é continuar a seguir com atenção o Mundial (de futebol é claro).
Portugal é o maior e, como tal, impõe-se ao mundo com ou sem os vistos Gold.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

COLOQUEM-ME BEM LONGE


Nem de propósito hoje está um daqueles dias em que o vento parece atirar tudo e todos pelo ar sem piedade. De uma maneira fria e pouco inspirada, diria que o vento é a deslocação do ar de uma região de altas pressões para outra em que a pressão é mais baixa. Foi assim nos ensinaram na escola.
Num ano atípico sob todos os aspectos atrevo-me a dizer que, para lá do vento, a própria temperatura está contra mim. Eu que gosto do calor sou obrigado a viver no dia-a-dia cheio de frio mesmo com o aquecimento ligado. O ano em curso ainda não deu mostras do calor próprio do mês que atravessámos.
Depois que me estriparam parte do cérebro, deixando-me as memórias intactas, o vento persegue-me para onde quer que vá fazendo com que se note ainda mais o desequilíbrio no andar.
Já não é de agora, sempre embirrei com o vento. Hoje pelo desequilíbrio que provoca, desde sempre por fazer o que lhe apetece contra a própria vontade sem me pedir permissão,. Admito que desde a antiguidade o vento foi sempre um bom aliado do ser humano como força propulsora. Era ele o responsável pelo enfunar das velas dos navios, dos moinhos, etc. mas também tem o seu lado mau ao impedir a aterragem e o levantar dos aviões que, por exemplo, se dirigem ou partem da Madeira…
Ficou bem esclarecido como detesto o vento o que não impediu que lhe fosse consagrado mundialmente um dia. A efeméride, criada recentemente pela GWEC (Global Wind Energy Council), comemorou-se no passado dia 15 de Junho.
Sob o ponto de vista energético, a Energia Eólica merece todo o meu aplauso por ser uma energia renovável e sobretudo limpa.
Bem aproveitada a energia do vento pode tornar-se útil mas, por favor, coloquem-me sempre longe, o mais longe possível do vento.

domingo, 17 de junho de 2018

O TEMPO PASSA A CORRER


O tempo passa. Correndo o risco de me repetir, recorro ao velho e muito gasto chavão dizendo outra vez que o tempo passa inexorável sem se compadecer com angústias nem urgências.
É verdade, faz já 1 ano que se deu aquela grande tragédia cuja parca vantagem foi colocar Pedrogão no mapa de Portugal. O que foi feito e está por fazer é muito, nem é possível contabilizar. No entanto surpreendeu-me a notícia de que o Estado (que somos todos nós) vai subsidiar a construção de segundas habitações. Cada caso é um caso e todos merecem um profundo estudo que ainda não foi completamente feito mas segundas habitações quando as primeiras ainda não estão todas prontas a habitar…
Um ano passou mas não se esquece a grande tragédia que se abateu sobre essas gentes que lá moram,  nem as estações de TV nem os jornais permitem que se esqueça e ainda bem, há memórias que nem o tempo consegue apagar.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

O PASSEIO DOS TRISTES


Um velho costume que hoje recordo com saudade era, sobretudo ao domingo, dar uma voltinha de carro com a família. Geralmente era o final de um passeio por uma das zonas mais bonitas a que se chama Foz. Soube mais tarde que esse era o passeio dos tristes. Na época não conseguia perceber quem eram os tristes, se os que se deslocavam até essa bonita zona do Porto ou quem circulava no Passeio Alegre. O semblante quer duns, quer doutros era o bastante para lançar a confusão. Não fugirei muito à verdade se disser que esta designação assentava como uma luva aos que se deslocavam como eu conduzidos até à Foz.
Actualmente, existem os Centros Comerciais para absorver essa onda humana especializada em fins de semana ou “pontes” mas nesse tempo havia apenas o chamado Passeio dos Tristes que felizmente ainda não passou de moda. Seja pelo preço dos combustíveis ou pelos baixos salários é até onde o carro nos conduz…
Fechando os olhos consigo ouvir no nosso autoritário ou no do vizinho aquela voz que fazia o relato do futebol o que felizmente travava qualquer tentativa de conversa… vejo ainda os dois pequenitos a brincar pelo Jardim onde até havia um café para as crianças lanchar ao mesmo tempo que os adultos se podiam extasiar a ver o encontro do Rio Douro com o mar.
Por tudo isso compreende-se o meu contentamento quando soube que o Jardim cujo inicio remonta aos finais do século XIX, foi considerado Imóvel de Interesse Público.
É que o Passeio dos Tristes nunca passa de moda… vá se lá saber porquê.
Sugestão de um passeio muito agradável

quinta-feira, 14 de junho de 2018

A JANELA DA COZINHA


Da janela da cozinha não se vê o mar, meu eterno aliado mas, lá ao longe, vê-se um mundo todo feito de alegria ou tristeza, de memórias que no momento assolam o pensamento de tempos que já lá vão… e as camélias quase sempre presentes nestas andanças.
Da janela da cozinha vê-se, além da cerejeira que sofreu um incremento espectacular depois que foi submetida a uma poda drástica, uma cameleira que provocaria a admiração e principalmente a inveja de qualquer coleccionador. Todos os anos a cameleira enche-se de botões que mais tarde se transformam em flores magnificas. O arbusto, agora mais  árvore, não fica na rota das camélias, penso eu, mas é digna dessa classificação.
Seja pela qualidade do solo, da água, ou por qualquer outro factor improvável, as cameleiras, tenho reparado, desenvolvem-se bem nesta  região. Pelo que sei, o clima muito húmido e o solo ácido da Galiza são o ideal para o cultivo desta planta originária da Ásia (mais concretamente a China e do Japão) mas aqui é possível encontrar essas características do solo.
Hoje são conhecidos um sem número  de camélias adoptada pela cidade do Porto onde prolifera em jardins e varandas.
Cada um tem a sua mas a minha janela da cozinha é especial. Ela consegue, na sua magia, transportar com toda a facilidade qualquer um até tempos idos.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

SABER ESPERAR


Esperar não é para todos, treina-se. Só com muita espera é que se aprende a esperar.
Esperar é uma verdadeira Arte que não é para qualquer um, o que quer dizer que nem todos sabem esperar.
Vivemos num mundo em que reina o imediatismo, tudo parece feito para ontem contudo, seja o que for, implica uma espera mais ou menos longa. Se não vejamos, espera-se nove meses para nascer, o príncipe encantado(a) que não existe, o filho que não vem no tempo certo, aquela pessoa muito amada que não vem, a promoção não reconhecida, o prémio de quem jogou e não acertou, o autocarro que não chega, o milagre que (ainda) não aconteceu, ser atendido no público ou no privado, ou outra situação qualquer que escapou a este registo.
Seja o que for, esperar devia ser normal. Mas não é. Espera-se qualquer coisa muito parado, muito quieto, dando a ilusão de que nada acontece à sua volta mas um turbilhão de emoções rodopiam lá por dentro sem que nada transpareça.  Apesar dessa aparência de pura calma, fervilha lá dentro a raiva, a angústia, o nervosismo, a impotência de quem espera e daqueles que o acompanham. Mesmo por breves minutos que parecem horas, não é fácil esperar.
Na sua sabedoria popular toda feita de experiência, diz o povo que quem espera sempre alcança mas também diz que quem espera, desespera… Espero que se concretize o primeiro ditado popular…
Esperar é como ficar em standby aguardando qualquer coisa que não se sabe se vai acontecer. Não é só uma questão de paciência, é uma Arte que se alcança através de muito treino.
E você, sabe esperar?

terça-feira, 12 de junho de 2018

CONTOS DE CÃES E MAUS LOBOS - O LIVRO


Editado pela Porto Editora já em 2015, é um livro que possui a estranha magia de comunicar com quem o lê. Não é exagero dizer que pertence aquele grupo de livros que nos prendem desde a primeira página e que nos fazem ansiar por mais um livro…
Retomei finalmente a leitura desta obra de Walter Hugo Mãe há muito adormecida sobre a mesa de cabeceira. Devo dizer que não estive parado, entretanto surgiu o livro de Vanda Azuaga que devorei como um diário e roteiro de viagem que efectivamente é. A autora, através desta obra, consegue transportar-nos até locais inusitados, pouco ou nada explorados e como tal quase desconhecidos.
Dedicando-se esta publicação à obra de Walter Hugo Mãe, informo o leitor mais distraído que se trata duma colectânea de 11 contos o que cada vez mais é do meu agrado devido à obrigação que tenho de “alimentar” este blog.
Logo no primeiro conto o autor define a sua simpatia política, mas não é este o meu conto preferido. O meu gosto, por razões óbvias, vai mais para o segundo “O menino de água”. Cada um, através de 11 histórias, encontra aqui a possibilidade de (re)visitar o seu próprio interior. Usando as palavras do autor, o menino de água é para todas as pessoas que acreditam que as crianças não se podem perder pela tragédia do mundo que os adultos criam.
Há quem defenda que se trata de um livro de historias para crianças pela inocência dos contos do que discordo. A linguagem utilizada por Walter Hugo Mãe não é de todo acessível ao público infantil. Não sei escrever para crianças. Acho que apenas ausculto a sua candura, mas não sei rigorosamente dirigir-me a elas, confessa o autor na sua linguagem muito própria.
Trata-se de um livro que, como já disse, através de 11 contos nos consegue situar entre o que a vida nos dá ou tira. É com esta sensação que se fica após a leitura de mais esta obra.
Deixo aqui uma palavra de admiração pelas magníficas obras de arte que nos é oferecido apreciar em cada conto com especial destaque para a Arte de Paulo Damião que aliás mereceu ser capa do livro.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

OS SANTOS POPULARES


Em pleno mês de Junho com o aquecimento ligado nem parece que estamos a dois passos dos santos populares. Não ignoro esta data em que, além do santo, se festejava também o aniversário daquele que não foi santo mas que (hoje) eu considero como tal. Quem recebe uma mulher com dois filhos adolescentes e faz deles seus próprios filhos? Não é comum mas acontece raramente.
Mas eis que já chegou Junho, o mês dos Santos Populares, das festas e arraiais que se estendem um pouco por todo o país.
Se em Lisboa se festeja Santo António de 12 para o dia 13, no Porto, um pouco mais tarde, festeja-se o São João do dia 23 para 24. A seguir, na noite de 28 para 29, chega o São Pedro mas, qualquer que seja o santo que se celebra, o que importa é festejar…
Nessas localidades o povo sai à rua para comer, beber e sobretudo para se divertir. Come-se o característico caldo verde acompanhado da sardinha acabadinha de assar em plena rua e muitos aproveitam para fazer o que raramente fazem, cantar e bailar pela noite dentro.
Os bairros populares enfeitam-se com arcos e balões que, com seu colorido, emprestam outra cor ao mais tristonho dos bairros.
Em qualquer cidade é comum o cheiro do manjerico que se espalha pelos largos, ruas e ruelas até chegar aos bairros populares.
No Porto, cidade que melhor conheço, os martelinhos de plástico tomaram o lugar do característico alho-porro que recordo com saudade e com que se batia na cabeça dos outros foliões.
Hoje-em-dia, por causa dos incêndios, está proibido lançar balões de S. João com que se inundava de cor o céu nocturno e à meia-noite pode observar-se o feérico fogo de artificio lançado sobre o rio Douro .
Para alguns, a noite só termina com um banho ou a ver nascer o sol na praia junto ao mar.

domingo, 10 de junho de 2018

A ROTA DAS CEREJAS


Adoro cerejas. Não sei se gosto mais de cerejas ou de morangos… cada fruta tem a sua época se bem que os morangos se encontrem nos supermercados todo o ano fruto das estufas que agora se vêm por todo o lado.
Já as cerejas surgem apenas no verão (estamos já no verão?) por breves instantes e a preços exorbitantes. Não deixando de ser um dos meus frutos preferidos, aguardo ansiosamente todo o ano o seu aparecimento lamentando que não se prolongue por mais tempo. Reconheço que o desenvolvimento e a apanha do fruto justificam o preço a que são vendidas as cerejas. As minhas, por exemplo, encontram-se por todo o lado… no chão. O clima, perto do mar, não é o mais favorável ao desenvolvimento desta planta cuja flor é considerada uma das mais belas do mundo.  Basta ver os milhares de turistas que mobiliza só para contemplar o mar de cerejeiras em flor. Como adoro a árvore com a sua folhagem embora perene, fico a admirá-la através da janela da cozinha quando está mau tempo, e devido à beleza da planta a mantenho no meu jardim.
Além da beleza que a árvore nos oferece gratuitamente, as cerejas são responsáveis por inúmeros benefícios a nossa saúde. Com efeito, além de serem ricas em vitaminas (A, B1, B2, C), têm um sabor delicioso que muito aprecio e sobretudo, alegrem-se as senhoras, não engordam!

sábado, 9 de junho de 2018

E O BAILADO CONTINUA


Ora sobe, ora desce, nunca se sabe o preço que se vai encontrar no posto de abastecimento no dia seguinte. Isto para quem não vê TV ou lê Jornais. Estes media avisam com antecedência o eventual consumidor. De outra modo, acordar é um pesadelo sobretudo para quem faz uso do carro como instrumento de trabalho. Se desce um cêntimo num dia, sobe dois no dia seguinte (isto é só um exemplo) e tudo piora se atentarmos que as reformas são as mesmas, ou antes, cada vez menos… Assim, o baile dos combustíveis continua sem que a maioria dos utilizadores tome consciência para onde vai o seu dinheiro além do gasóleo ou gasolina com que abastecem o automóvel.
Segundo dados fornecidos este ano pela Autoridade da Concorrência (AdC), a carga fiscal sobre o gasóleo e da gasolina, aumentaram respectivamente 56% e 63% relativamente ao ano de 2004. Em linguagem menos específica, isto quer dizer que, de cada vez que abastece o seu carro com gasóleo, mais de metade (56%) vai directamente para os cofres do Estado. Em termos de gasolina, a coisa ainda é pior. De cada vez que abastece, 63% vão direitinhos para os cofres do Estado
E para onde vai o seu rico dinheirinho? Isso não lhe sei dizer. Apenas sei que, segundo estes dados aos 44% que representam o custo base do combustível, acrescem os impostos ISP (Imposto sobre Produtos Petrolíferos e Energéticos) e o IVA (Imposto de Valor Acrescentado) que somados perfazem os tais 56%. Dito por outras palavras, mais de metade do preço de cada litro de gasóleo (56%) corresponde a impostos que pesam sobre este combustível. No caso da gasolina, as contas são fáceis de fazer sendo que em impostos paga também (63%) mais de metade.
E o Baile continua e todos dançam ao som da música sem se importar de onde vem e qual é o som que vem a seguir.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

AO PORTO - LIVRO


A obra de Adosinda Torgal e Madalena Torgal Ferreira reúne em 11 capítulos poetas dos dois últimos séculos. Esta colectânea representa um trabalho árduo das autoras que merece ser (re)visitado visto que esta cidade tem inspirado diversos poetas. Eis um livro para ter à cabeceira e para ser lido calma e lentamente. Por que não intercalar esta leitura com outro livro mais denso?
Através da leitura deste livro dão-se a conhecer alguns poetas improváveis a par de outros por demais conhecidos do leitor.
É sem dúvida um livro através do qual se viaja pelas ruas e travessas duma cidade por muitos ainda desconhecida. Já muitos poetas cantaram esta bela cidade mas como dizem as autoras em Nota Prévia, a colectânea Ao Porto reúne poemas de autores dos últimos séculos, com predominância dos poetas contemporâneos. E está tudo dito.
Recomendo como livro de cabeceira.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

ÀS VEZES NÃO É DA IDADE...


Já lá diz o poeta com uma certa razão, Cabelo branco é saudade da mocidade perdida. Às vezes, não é da idade, são os desgostos da vida
Naquele tempo os desgostos eram poucos comparados com os que viriam depois.
Se uma das características da idade avançada é o cabelo branco, nem sempre é sinónimo de ser idoso. Desde os 20 anos verifiquei que se instalavam em mim imensos cabelos brancos o que aliás é comum a quase todos os familiares. O conceito, para ser verdadeiro, devia ser acompanhado de outras manifestações próprias da velhice como as rugas, perda de vitalidade muscular e outras características próprias do envelhecimento. Quem apresenta essas características pode dizer-se que atingiu uma certa senescência mas não se deve falar em senilidade. Neste sentido é lógico estabelecer a diferença possível entre senescência e senilidade, diferença  que nem sempre é evidente entre um e outro termo.
Enquanto na senescência se verificam todas as alterações próprias do avanço da idade que se considera saudável, o mesmo já não acontece no indivíduo senil. Na senescência todas as alterações que são próprias da idade mas não indiciam a presença de qualquer doença, num indivíduo senil nota-se a existência de alguma doença.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

ENVELHECER? SIM, MAS DEVAGAR


A ser verdade que com o avançar da idade as memórias remotas ficam mais presentes do que as memória recentes, não haja dúvida que estou a ficar velho. Obviamente não me importo de fazer anos, quantos mais melhor, mas que apenas seja visível a senescência própria da idade, ou seja, o processo natural de envelhecimento.
Não sei se é recente a ideia (cá está mais uma prova) mas não me importo de fazer anos, o que não suporto é parecer velho… Isso é difícil mas lá vou tentando fazendo os possíveis e os impossíveis por parecer apenas senescente…
Na verdade, existe uma grande diferença entre senescência e senilidade, diferença que muito bem explica a Internet.
Talvez seja do tempo que faz e que fará nos próximos dias, detesto mais que a chuva, o tempo tristonho que lhe está associado. Já o exprimi vezes sem conta, o que remonta à minha triste meninice. Lembro-me de expressar o meu contentamento pela ausência de chuva ao que me replicavam que ela é necessária para quase todas as culturas. Nem este argumento me convencia. Replicava que os produtos viriam de países onde a chuva estivesse mais presente.
Hoje o meu argumento cairia por terra tal como caiu no passado. Embora pouco perceba de economia, estou convencido que tal facto desequilibrava a nossa instável balança económica. Mais produtos teriam de ser importados perante o mesmo cenário das exportações. Este desagrado, se outro valor não tivesse, serviria para recordar que já noutros tempos choveu que se fartou mesmo em pleno verão. Contudo, convém não confundir eventuais alterações do clima com alterações climáticas permanentes. É inegável que o clima mundial está a mudar muito por culpa da actividade humana.
Hoje lembrei-me de expressar como detesto a chuva. Mais um sinal da senescência que me persegue.

terça-feira, 5 de junho de 2018

E VOCÊ, CONSIDERA-SE INTELIGENTE?


Entre duas fanecas e uma salada russa,  já na fase do café, a “discussão” estalou naturalmente vinda, como sempre, através do smartphone.
Afinal o que é ser inteligente? Eu, que me considero bastante inteligente, fiquei melindrado com mais esta divergência de opiniões a que já devia estar habituado. Com efeito, este conceito tem variado ao longo do tempo. Há quem defina inteligência como sendo a capacidade dum indivíduo desenvolver o raciocínio lógico com base na abstracção e memorização para chegar à compreensão…
Modernamente, devido à intrusão  da psicologia neste campo, surgiu um novo conceito de inteligência que resulta afinal da junção de vários tipos de inteligência indo desde a inteligência linguística, a lógica, a espacial, a motora, a musical passando pela inteligência interpessoal, intrapessoal e mesmo a naturalista…
Mais recentemente, este conceito sofreu nova reviravolta considerando-se inteligente aquele que é capaz de controlar os seus impulsos levando as suas emoções a situações muito concretas e adaptadas ao fim a que se propõe.
Guardo para mim, como professor aposentado, que inteligência é mais o conjunto de todas essas capacidades, muitas delas apenas observáveis através de testes e sobretudo no dia-a-dia. É precisamente no dia-a-dia que se “vê” se um indivíduo é ou não inteligente mas isso é navegar em águas turvas. Afinal o que é ser-se inteligente?
Dizem que é apresentar determinadas características como sejam a capacidade de conhecer, compreender, raciocinar/pensar e interpretar esquecendo que cada indivíduo demonstra qualquer tipo de inteligência sendo que há sempre uma que se sobrepõe a todas as outras.
Como não domino minimamente a psicologia e por possuir uma psicologia muito própria, fico-me pelo meu conceito de inteligência.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

A MÚSICA DO MOMENTO


Ao som da música que escorre suavemente do auto-radio, pus-me a pensar, coisa que agora faço com frequência. Passava na rádio aquela música que costuma acompanhar-me nas muitas idas e vindas do ginásio e no próprio ginásio. Lá estava Blaya insistindo com a sua música, Faz gostoso cuja letra não é propriamente do meu agrado mas porque passa na rádio com alguma frequência a melodia acaba por ficar presa nos ouvidos mesmo contra a vontade… Certamente já lhe aconteceu acordar com uma música qualquer, pode até ser um jingle comercial, mas que não lhe sai da cabeça durante todo o dia. Esse efeito consegue-se através da repetição incessante de determinados sons e harmonias que ficam retidos na mente.
E lá vou eu embalado por aquela música a pensar nem sei o quê. Perdoem-me que recorra ao termo brainworms por ser, dos que conheço, o que melhor define este género de canção. Sendo a mais ouvida, pode considerar-se a música do momento, pelo menos é sem dúvida uma delas.
Ninguém tem culpa se não aprecio a letra que a mim não diz grande coisa, penso eu, nem se discute se a esta composição é boa ou má, cada ser humano tem uma maneira diferente de reagir aos mesmos estímulos sonoros…
Enfim, quer se queira quer não, esta é a música do momento e muitas vezes soará na rádio até que caia no esquecimento.
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