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AS DÚVIDAS

As dúvidas são intrínsecas ao ser humano quer sejam as próprias, quer sejam de outrem. É normal que se desconfie de uma desculpa como justificação de um atraso ou uma certa ausência mas, quando se torna habitual é o mesmo que ingerir um veneno que corrói lentamente e chega mesmo a abalar a saúde física e mental de quem cultiva esse sentimento. Com efeito, quem desconfia vive em pleno estado de angústia e ansiedade que acaba por se refletir no próprio organismo.

Desconfiar, seja do que for, é completamente inútil se baseada apenas em meras suposições. Deixar-se levar pela imaginação responsável pelas mais mirabolantes histórias que não passam disso mesmo continuo a afirmar que é uma asneira.

Perante qualquer dúvida só há duas atitudes a tomar, ou se tem a certeza e então deve fazer-se o que deve ser feito ou, caso contrário, a desconfiança atrai energias negativas e respetivas consequências que originam discussões e amuos que nada resolvem nem contribuem para obter uma certeza e sem ela nada adianta desconfiar…

EM BUSCA DE UM ASSUNTO

 

O FRIO OUTONAL

 

Até certo ponto é normal sentir frio já que a temperatura baixou e a chuva até já marcou presença mas não fique a ideia de que o Outono é a estação do ano preferida. É uma época que me atrai quer pelas cores quentes das folhas, pela temperatura amena e principalmente, por aquela calmaria que se respira pelas ruas e dos poucos jardins das cidades…

Apesar do frio e da chuva que eventualmente possa cair, o outono está aí para chegar, até o Sol já se escondeu para não ter que ver a natureza a chorar…

Sinto frio mas o meu frio, segundo dizem, vem de dentro não tem nada a ver com o facto de a temperatura exterior baixar. É um frio que é só meu, que mora em mim e em mim se abriga… É um frio que impede que se encontre aquela luz que, apesar do silêncio, só ela para nos aquecer a alma…

ANIMAIS

 

BEM VINDO OUTONO

 

Caraterizado habitualmente por temperaturas baixas apesar do sol conseguir romper as nuvens intercalado com chuva, da alteração da cor das folhas que amarelecem ou adquirem aqueles tons avermelhados dependendo das espécies e principalmente daquele silêncio estranho acompanhado da nostalgia que contagia os poucos jardins da cidade, dou as boas vindas ao Outono. Este era o ideal da estação que assinala o fim do Verão e antecede o Inverno que se aproxima. Devido às alterações climáticas, o Outono está muito descaraterizado.

Contra o calendário que assinala que o Outono já chegou de mansinho com temperaturas amenas próximas às do verão moribundo.

Com efeito e por enquanto o Equinócio de Outono marca a chegada desta estação.

COMO DEUSES

HAJA VOCAÇÃO...

Ao longo da vida aparecem diversas doenças que, em casos extremos só se resolvem através da cirurgia, falo por experiência própria que não tenho a mínima vocação para estar doente. Sim, porque estar doente embora possa acontecer a qualquer um é de evitar fazer da doença motivo de convívio. É com imenso prazer que algumas pessoas descrevem as suas maleitas e as comparam tentando convencer que a sua é muito mais grave… Nestes casos é preciso possuir uma verdadeira vocação para aguentar esta situação!

Não ponho em causa que estejam realmente doentes mas, ao contrário de lutarem contra a doença, alimentam-na servindo-se dela para se sobrevalorizarem ou chamarem a atenção sobre si próprios… A vocação para suportar esta e outras situações semelhantes é determinante para um bom desempenho da profissão.

CONFLITOS

 

AQUELES QUE NÃO SE ESQUECEM

Há músicas que se instalam na mente ou porque a ouvimos recentemente ou porque nos ficaram no ouvido. É frequente escutar algumas canções, aquele género de canções que martelam distintamente na nossa mente durante todo o dia mesmo sem auxílio de qualquer equipamento musical.

Ultimamente, uma das canções que me visita frequentemente é Where are you now, canção que “escuto” algumas vezes não sei se pela melodia ou pela letra. Como o título sugere, a letra refere-se a alguém que desapareceu da vida de alguém, passe a redundância.

Através duma canção recorda-se com saudade os que se ausentaram definitivamente ou aqueles que simplesmente partiram para longe por vários motivos e então damos por nós a pensar, Where are you now?

TUDO PASSA

Enquanto na cozinha a aniversariante e companhia se afadigavam na preparação do lanche, reservei para mim a costumada tarefa de pôr a mesa. Nesse tempo, antes da pandemia, quando os lugares estavam todos ocupados, requintei na escolha da baixela e no serviço de copos de cristal sempre guardados à espera de uma ocasião especial para sair do armário…

Para quê esperar uma ocasião especial? Todas as ocasiões são especiais… A vida reserva-nos, por vezes, grandes surpresas. É uma estupidez adiar qualquer decisão ou guardar coisas para mais tarde. Deste modo a vida vai passando, perdem-se oportunidades com a absurda ideia de permanecer por cá eternamente… Tudo passa! Nada é eterno…nem nós.

As coisas, os acontecimentos, as situações, as pessoas passam, vão e vêm, entram e saem da nossa vida. É inútil tentar reter momentos, situações ou pessoas… Tudo passa.

A própria natureza nos ensina, todos os anos se renova! As estações sucedem-se ciclicamente e com elas também muda a paisagem. As culpas e as mágoas naturalmente mudam, assim como também é natural seguir em frente, porque o tempo não para e a vida segue o seu rumo... seja ele qual for.

PENSAR É UM VÍCIO

 

Esta mania de pensar não leva ninguém a parte nenhuma ou antes, leva-nos por caminhos sem retorno e acorrenta-nos a situações indesejadas. Para evitar essas situações é preciso um esforço enorme de forma a não cair em tais situações…

Focar o pensamento unicamente numa “coisa” só também não é saudável, é o mesmo que uma droga que escraviza como qualquer um vício. Contudo, este processo mental tem o seu lado positivo pois permite ordenar os pensamentos dando importância aos cheiros, às imagens e principalmente às ideias …

É durante este processo, entre pensar e projetar, que se desenrola durante toda a vida uma melhor perceção do que se passa no mundo e à nossa volta além de incrementar a capacidade de reagir aos diferentes estímulos.

Partindo do princípio de que “pensar” é um vício como qualquer droga que vicia o pensador, só com muito esforço é possível abandonar essa dependência.

UM SONHO SECRETO

Apesar de não ser o animal preferido, gosto mais de leões do que de hienas. Não porque alguma vez tenha tido uma má experiência com qualquer um destes canídeos. Enquanto os leões só caçam para comer e comem a carne das suas presas depois de as matar, as hienas contentam-se com os restos da refeição dos leões e devoram sadicamente as suas presas ainda vivas…

Não gosto de hienas pela sua natureza oportunista e sádica comum a muito ser humano… Se não gosto de hienas no seu habitat, ainda gosto menos das hienas citadinas… Sobrevivem à custa de leões que pululam pelas cidades. Quando algum deles é capturado e enjaulado, as hienas empenham-se numa azáfama que se manifesta por petições e uivos que só elas sabem dar, na tentativa de soltar o respetivo leão que lhe assegura o alimento…

Embora não goste de conviver com leões, decididamente gosto muito menos de hienas sorridentes cujo sonho mais secreto é tornarem-se um dia também leões…

LÁ VAI O POVO VOTAR OUTRA VEZ

Vai um e vem outro e fica tudo na mesma… e lá vai o povo dia 26, pobres e pacíficos eleitores nesta alternância entre a direita e a esquerda. Será que somos um povo destituído de visão política ou trata-se simplesmente de comodismo…?

Após eleições, seja lá quem for que ganhe, é espectável ouvir a frase “Quem nos pôs nesta situação, foi o governo anterior”. É sempre o governo anterior que tem a culpa. Bem, o que interessa não é saber quem é o culpado mas se vão cumprir ou se têm condições para cumprir o que prometem.

Além do resultado das eleições, o que interessa aos portugueses é saber se o governo vai diminuir os impostos, aumentar as pensões, criar empregos,… enfim cumprir todas as promessas que foram feitas durante a campanha.

Qualquer cidadão minimamente esclarecido está convicto de que nada irá mudar. Os vencimentos dos governantes e deputados serão os mesmos, alcançarão a reforma mais cedo que o cidadão comum, a frota automóvel será remodelada… entretanto, as mordomias serão as mesmas.

Será que alguma coisa vai mudar? Apenas os governantes…

UM POVO SEM MEMÓRIA

Há coisas que se devem guardar na memória, acontecimentos que assinalam o nascimento do país e os factos marcantes que acompanharam a sua evolução. “Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer os mesmos erros do passado”.

Quem o afirma é Emília Viotti que usei como título. A frase, por demais conhecida é um perfeito exemplo da ignorância de um grande setor da população sobre a nossa história tanto recente  como distante. Se é verdade que a culpa não lhes cabe inteiramente uma vez que a escola não lhes transmite esse conhecimento não é menos verdade que exista também medo e falta de interesse em alterar os currículos. Muitos séculos atrás já Rousseau preconizava, “o ser humano é fruto do meio em que vive”…

Ao contrário do que acontecia com a geração mais idosa, atualmente privilegia-se a cultura do imediato. E assim se vão perdendo memórias e experiências que poderiam contribuir para evitar muitos dos erros atuais.

UMA CERVEJA POR DIA

Desde muito cedo, em anos claro, sou grande apreciador de cerveja. Gosto de uma bejeca às refeições, ao lanche ou excecionalmente ao fim de tarde. Comecei a apreciar esta bebida ainda no tempo de estudante, na esplanada da antiga “cufe”. Passei lá tardes e às vezes noites de “estudo” com um fino à frente e um prato de tremoços e amendoins que acompanhavam gratuitamente cada copo de cerveja. Bons tempos!

Não raras vezes, pensei moderar senão erradicar este meu pequeno vício até que me chegou às mãos um estudo de prestigiados pesquisadores científicos que elegeram a cerveja mais benéfica do que o vinho no que diz respeito à saúde. Dizia um desses estudos levado a cabo por um médico especialista em Nutrição, Medicina Preventiva e Saúde Pública, que defendia que o consumo moderado de cerveja beneficia a saúde em geral. O mesmo especialista defendia que uma cerveja por dia e isso aplica-se tanto a homens como a mulheres, ajudava a prevenir problemas cardiovasculares, retardava o envelhecimento, favorecia o sistema imunitário bem como contribuía para ossos saudáveis.

Além dos benefícios apontados, saliente-se o poder altamente hidratante da cerveja também aconselhada a desportistas…

Afinal sempre é verdade que existem vícios saudáveis…!

GOVERNAR UM POVO INGOVERNÁVEL

Para já a “guerra” cinge-se à colagem de cartazes em locais estratégicos já que as eleições para as autarquias estão aí à porta…

A observação desses cartazes é inevitável que cada cidadão se interrogue, haverá alguém que em seu perfeito juízo queira governar um povo ingovernável? E não sou apenas eu a afirmá-lo, já no seu tempo, Júlio César dizia “nos confins da Ibéria vive um povo que nem se governava nem se deixa governar”.

Por mais altruísta que se seja estranha-se que haja alguém interessado em governar, mesmo que seja uma terra perdida no mapa, um povo descontente devido à falta de emprego e a miséria consequente, o difícil acesso aos serviços de saúde…?

Esta ânsia de poder só se compreende através de uma contrapartida favorável e esse incentivo todos desconfiam qual é... Muitas das figuras que ilustram os diferentes cartazes não se satisfazem apenas em liderar…

TIOS E TIAS

Como a maioria das crianças também tive tios e tias, nem todos do meu conhecimento… Recordo com nostálgica saudade a casa da saudosa tia, meia louca mas superdivertida na sua sã loucura… Adorava aquela tia que habitava um casarão em plena cidade mas com um grande quintal onde criava galinhas e coelhos. Cozinheira exímia brindou-me com as mais saborosas refeições que até hoje tive o prazer de degustar…

Antigamente, os termos “tio e tia” reservam-se apenas aos irmãos dos progenitores. Atualmente, os verdadeiros tios tratam-se pelo nome, conhecidos e amigos assumem esse falso parentesco. A moda,  originária essencialmente de Cascais estendeu-se ao restante país com incidência no litoral e faz já parte do léxico mesmo daqueles que frequentam sazonalmente as praias … O termo não se confina somente a gente “fina”. Não há adulto ou adolescente que nunca tenha empregue o chamado “tio”.

SÓ SE DÁ VALOR AO QUE NOS FAZ FALTA

É tão normal abrir uma torneira e ver a água a correr que ficamos perplexos quando ela falta. O mesmo acontece quando alguém ou alguma coisa que se pensava imprescindível compreende-se a sua real importância.

Quando se pensa que grande parte da população mundial se debate com o problema da falta de água, só nessa altura se reconhece a falta que ela nos faz… Estima-se que o ser humano pode viver cerca de 200 dias sem comer mas, sem beber aguenta pouco mais de 36 horas… Cerca de 60% do peso corporal do ser humano deve-se à presença da água. Esta realidade dão uma pálida ideia da importância da água para todos os seres vivos.

Devido ao excesso incontrolado da atividade humana, a água começa a escassear necessária para apagar fogos e não só devido ao aumento da poluição dos rios e desenfreada produção industrial,…

Todos os dias se verifica a poluição dos rios, lagos, mares ou águas subterrâneas, por detritos tóxicos. Também a civilização contribui para a diminuição da infiltração da água no solo devido ao aumento do asfalto das ruas e autoestradas, aos telhados dos edifícios que impedem que se alimentem os cursos de água que se torna cada vez mais escassa.

DIFEREENTES FORMAS DE CUMPRIMENTAR

 

Em termos de cumprimentos é normal adotar uma das formas, “Tudo bem?” ou “Estás bom?”… Não sei qual delas é pior…!

Se, por um lado, o “tudo bem” exige uma resposta hipócrita mesmo que esteja tudo mal, o “estás bom” também não será a melhor opção. Estar bom depende muito do significado que se atribui à frase. Caso quem saúda pretende saber se o outro está bem numa intenção caridosa, sujeita-se a ouvir a resposta não, não estou bom nem nunca o fui… Se, pelo contrário, apenas quer saber o estado de saúde da outra pessoa, esta saudação pode tornar-se perigosa do ponto de vista do retorno conforme a pessoa esteja em dia não… À boa maneira portuguesa é o pretexto ideal para responder “mais ou menos” seguido de um rol interminável de queixumes, e mazelas… Cumprimentar com qualquer uma destas saudações corre-se o risco de ficar retido por algum tempo na intenção do percurso que se pretendia tomar a menos que se tenha um bom pretexto para fugir…

É PRECISO SABER VIVER

Muitas vezes ouvimos a frase ele é que sabe viver. A máxima aplica-se a determinados políticos e a certos chicos-espertos. Mas será que sabem viver?

Talvez ninguém lhes tenha ensinado a viver, porque viver não é sinónimo de existir, cumprir as tarefas diárias, satisfazer as sua necessidades básicas… Viver é muito mais do que tudo isso.

Viver é saber partilhar, saber pensar, saber enfrentar situações difíceis, saber aceitar conflitos, em suma saber ser feliz!

Logo à nascença os nossos pais, além de zelar pelo nosso bem estar ensinaram-nos a falar, a andar e a pensar mas ninguém teve a veleidade de nos ensinar a viver.

Parece extremamente fácil mas, pensando bem, também ninguém nos ensinou a viver! Independentemente da idade muita gente ainda não aprendeu a viver.

Saber viver exige uma longa aprendizagem que se vai construindo ao longo do percurso de vida e nem sempre com resultados positivos.

UM DIA NO POSTO DE COMBUSTÍVEL

Há dias, porque o meu carro não desiste de avisar a falta de combustível apesar da minha tentativa de ignorar o pedido, lá lhe fiz a vontade e passei pelo posto de abastecimento mais próximo. Dei de a beber à viatura e dirigi-me à caixa para pagar. Há quem não o faça mas ainda conservo esse velho hábito.

Quando ia a meio caminho entre o carro e a porta para pagar, uma senhora que ainda acabava de abastecer deu uma corridinha e conseguiu ultrapassar-me. Neste momento troquei o termo “senhora” por “gaja” por ser mais adequado. Esta corrida compreendia-se se a gaja estivesse com pressa para ir trabalhar ou levar as crianças para a escola mas, pelo aspeto,  não devia ser o caso. Uma vez na caixa ainda se permitiu, nas calmas, comprar uma revista e encetar uma longa conversa com a operadora da caixa.

A “cabra”, aqui volto a mudar de termo, não se apercebeu ou fez de que não notou a minha impaciência nem das pessoas da fila que se entretanto se formou. Quando chegou a minha vez paguei apressadamente de modo que cheguei ao carro primeiro que a dita criatura. Quando me preparava para arrancar, não é que a gaja arranca com toda a velocidade e me ultrapassa… Só me ocorreu o comentário…! Escusado será  dizer que a criatura só mostrou a falta de civismo de que padece…

Há dias assim.

OS SENTIMENTOS NÃO SE EXPLICAM

Passaram-se vários dias sem ver o meu neto. Com a mudança de escola deixou de haver necessidade de o ir buscar ao fim da tarde, necessidade essa que nos permitia um convívio quase diário. Passaram-se apenas alguns anos, alguns meses, alguns dias mas por vezes alguns dias são muitos dias, dias demais…

A amizade é assim, não esmorece com o tempo, consegue ser maior que as distâncias. Sei que existem inúmeras definições científicas e psicológicas que explicam porque gostamos ou não de uma pessoa que às vezes mal conhecemos porém qualquer explicação não passa de palavras apenas e a amizade não se define por palavras mas por gestos, silêncios, sorrisos, abraços e, por vezes, até de lágrimas…

Sinceramente não vejo o mínimo interesse em procurar uma definição que explique a amizade. Podia tentar-se explicar a amizade através da capacidade de pensar e ver as coisas através dos olhos de um puto, mas de facto a amizade acontece sem qualquer razão aparente… A amizade é espécie de sentimento que não se explica e os sentimentos não se explicam… sentem-se.

O PESO DAS MOCHILAS ESCOLARES

Com o início do ano tudo serve para distrair a atenção dos pais e encarregados de educação de um dos reais problemas que contribuem para que o início do ano escolar decorra com a máxima normalidade.

Já é normal que os encarregados de educação se mostrem preocupados com o peso excessivo das mochilas e não é por falta de legislação. Determinados organismos públicos, como por exemplo a Deco, confessam-se “frustrados” por não verem nenhuma dessas medidas implementadas. Efetivamente, no final do ano de 2017 o parlamento aprovou onze medidas destinadas a diminuir o peso das mochilas escolares. Até hoje, segundo sei, quase nada foi feito no sentido de diminuir o peso excessivo das (bem)ditas mochilas.

Como é sabido que os diferentes lóbis que existem em todos os setores falam mais alto e impõem determinadas regras tendo em vista principalmente o lado económico… Perante esta triste realidade só resta esperar, de preferência comodamente sentado, que algumas dessas medidas sejam adotadas e marcar urgentemente consulta no ortopedista tendo em vista melhorar as dores nas costas que vão sentir quem carrega aquele peso que quase, nem um adulto, consegue carregar…

QUEM ME DERA...!

Certamente já ouviu dizer muitas vezes a propósito de qualquer coisa a expressão “Quem me dera…!” A expressão é geralmente usada com o significado “seria ótimo se fosse assim”. Na palavra “assim” cabe muita coisa de acordo com o que cada um deseja e que só o próprio sabe, como quem fecha os olhos e quando os volta a abrir, está tudo resolvido como por milagre.

Era bom que fosse assim mas não é. Nunca é assim tal como os milagres raramente acontecem e nuca como os imaginamos. A vida não se resolve assim sem mais nem menos, é preciso dar as respostas certas e a resposta só nós a sabemos.

Há momentos felizes em que tudo está bem, mas também existem outros em que a desorientação é total não sabendo o que fazer. Nesses momentos o melhor é parar junto ao mar e esperar que por entre o nevoeiro que mais tarde se dissipe afim de permitir descortinar o rumo certo a seguir. Esperar, apenas esperar…

Qual o rumo certo? Ninguém sabe nem nunca saberá. Aliás não existe um rumo certo, o que interessa é tomar um rumo, seja ele qual for. De mansinho, mesmo sem querer, ouve-se muito baixinho; Quem me dera ter asas e saber voar…!

INDIFERENÇA

Diariamente ou quase, sou confrontado com pessoas que por vezes se encontram com outras pessoas que conhecem mas que não se vêm há muito tempo. Entabulam então longas conversas geralmente intercaladas com a obstrução do caminho de quem tem pressa.

Não tenho nada contra estes breves convívios que até considero extremamente agradáveis pela troca de impressões e confidências que originam, só é de lamentar que esses encontros impeçam a livre circulação dos outros cidadãos… Claro que isso depende em muito do grau de civismo de cada um e não da sua condição económica.

Enquanto esperava a minha vez para pagar, uma frase ficou a pairar no ar… O que podia ser uma atitude normal e até inteligente, fez-me refletir sobre a frase, “agora já não me importo” que dita por mim teria certamente um significado muito diferente. Na realidade as duas amigas estariam a referir-se a algo ou alguém cuja perda deixou de ter importância, algo que passou ou sendo mais radical, algo que deixou de existir…

Como já foi dito, o contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença.

Na minha opinião, não existir, significa que o objeto em causa não era assim tão importante…

AMAR OU GOSTAR?

Ao contrário do que se pensa, amar não é tão fácil como se pensa nem é uma coisa que já nasce com a gente. Gosta-se ou não gosta de uma pessoa ou de alguma coisa sem saber porquê… Amar é algo muito complexo, direi mesmo é um sentimento raro que só acontece uma vez… quando acontece. Pode-se gostar mas amar é algo muito diferente. “A diferença entre “gostar” e “amar” é igual à diferença entre o “agora”, “por enquanto” e “para sempre”.

Uma vez que ninguém nasce ensinado é necessário que seja feita uma aprendizagem que se adquire ao longo do tempo e por vezes através de um percurso doloroso. A este propósito e porque se trata de uma sábia lição dada por Shakespeare, não resisti a partilhá-la,

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a subtil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos  e presentes não são promessas. E aceita quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.

Por aqui se vê que habitualmente se chama amor a muitos outros sentimentos que raramente correspondem ao amor.

VENCER OS VÍCIOS

Andei durante muito anos convencido de que só tinha um vício e esse vício era o café. Quando no ativo chegava a tomar cinco cafés durante o dia… Ao tomar consciência do exagero e da dependência, deste vício consegui reduzir esse número para dois cafés por dia.

Lembrei-me então dum outro vício bem mais grave para a saúde que me custou muito mais a abandonar, cheguei a consumir cerca de três a quatro maços por dia…

Para quem usava a viatura para me deslocar uns meros cem metros, vi-me por imposição de um cardiologista, obrigado a andar em média cerca de meia hora por dia.

Com o pretexto das condições climatéricas nem sempre cumpria esta terapia até que o cardiologista perante a minha preguiça sugeriu que frequentasse um ginásio. Está comprovado clinicamente que a atividade física regular, melhora a autoestima, diminui a ansiedade e a depressão, além melhorar a aparência.

Abandonado o vício do café e do fumo, arranjei um outro vício, a leitura. Terminada a leitura de um livro, para evitar o vazio procuro um outro para ler… Não se pode dizer que este não seja um comportamento que já começa a ser compulsivo.

ESCOLHAS, OPINIÕES E DECISÕES

Há momentos na vida em que somos confrontados com situações que obrigam à tomada de decisões, nem sempre as mais adequadas. Umas são inconsequentes, permitem voltar atrás e reparar as decisões tomadas de forma a retomar a vida a partir daquela ocasião. Outras são irreversíveis. Depois de tomadas, não há nada a fazer. É impossível voltar atrás mas se fosse possível também nada seria como dantes.

É um facto que todos os dias e a toda a hora somos obrigados a tomar decisões, logo a escolher entre várias opções. Geralmente qualquer ser humano adulto é capaz de tomar as suas próprias decisões, de fazer as suas escolhas, sem precisar de ajuda o que não acontece sempre por variadíssimas razões. Quer seja por medo de tomar uma decisão errada, dispor de um grande número de opões que só dificultam a escolha ou então por se estar numa fase de grande fragilidade física ou moral,…

Há dias em as decisões ficam só adiadas mas nunca esquecidas.

Há dias assim.

FÉRIAS... FINALMENTE!

Agora que a maior parte das pessoas está a regressar ou pensava eu, vou eu partir… Devido à presente condição profissional as férias podiam ser agora ou o resto do ano. Nada que vá de encontro ao meu espírito de contradição. Quando a maioria regressa eu parto…!

Chegou finalmente o dia da partida… é hoje que parto rumo a um destino em parte desconhecido e criteriosamente escolhido segundo os parâmetros de antigamente. Este ano com a ameaça do covide-19 também não dava para outra escolha… Tínhamos outros planos mas devido à presente pandemia a escolha ficou muito limitada.

Contingências a nível global e em plena crise económica foi esta a nossa escolha… Enfim, correndo o risco de repetir o meu gosto, basta que me afaste do local de residência e já me sinto em férias, não é preciso ir mais longe.

UMA TAREFA FÁCIL

Ler um livro parece uma tarefa fácil, mas não é! A leitura requer muita atenção e um ambiente propício.

Ler não consiste apenas em soletrar, juntar as várias sílabas de forma a obter as palavras que formam frases, frases essas que formam parágrafos, parágrafos que formam capítulos e capítulos que constituem o livro.

Ler, é tudo isso e mais do que isso. Ler pressupõe compreender o sentido das frases e o conteúdo dos parágrafos… Enquanto profissional do ensino apercebi-me, não raras vezes, que a maioria dos alunos não sabiam ler… Eram capazes de soletrar mas nada de ler e sem ler nada mais se pode compreender.

EUFORIA

No rescaldo de qualquer jogo é frequente assistir-se por qualquer meio, noticiários televisivos, cafés e mesmo nas ruas, a acesas discussões entre adeptos deste ou daquele clube pondo em causa o merecimento da vitória que geralmente se atribui ao mérito dos treinadores mais do que aos jogadores… O que podia e devia ser uma simples celebração acaba nas cenas tristes que os diferentes meios de comunicação parecem fazer gaudio em mostrar.

Á medida que a celebração evoluiu sobe também o tom de voz dos adeptos até culminar numa gritaria que faz lembrar o comportamento das crianças nos Jardins de Infância. Quando uma criança não consegue uma coisa desata numa berraria com o intuito de obter o que não conseguiu por outros meios…

Já todos testemunharam o comportamento inconcebível de muitos adultos que se comportam como as crianças. As discussões entre os mais jovens é até compreensível mas quando ocorre entre adultos revela, além de falta de maturidade, falta de controlo.

Nem sempre é fácil controlar qualquer celebração ou espetáculo mas há uma coisa que podemos fazer, controlar a nossa euforia. O silêncio funciona como um travão ao entusiasmo que, vendo bem, não leva a nada.

IGUALDADE E JUSTIÇA

 

Nem sequer me passa pela cabeça pôr em causa a prática do princípio da igualdade consagrado na Constituição do país que se diz democrático. Este princípio assegura que "todos são iguais perante a lei", independentemente da riqueza ou prestígio… Desde os tempos mais remotos esta foi sempre uma aspiração de todas as sociedades. Há notícias de este princípio já era praticado em Atenas imagine-se, no ano 508 a.C. O modelo mais parecido com o atual, remonta ao ano 1215 d.C., altura em que o Rei João Sem-Terra assinou a Magna Carta…

Teoricamente o princípio da igualdade é inquestionável mas a prática mostra outra coisa, nem todos são iguais perante a lei...

Se é inquestionável o Princípio da Igualdade sob o ponto de vista jurídico, não posso estar de acordo sob o ponto de vista da justiça social. Repartir igualmente os encargos sociais tais como impostos e contribuições acabam por gerar maiores desigualdades sendo disso testemunha a prática.

ADORÁVEIS CRIANCINHAS

As crianças são assim, imprevisíveis e por vezes mal comportadas, enquanto os adultos esperam que elas adotem comportamentos impossíveis à sua tenra idade. Ir ao café em paz e sossego quando uma criancinha que desata a chorar em altos berros ou a percorrer o espaço em eufórica correria perante a passividade dos familiares, acabou-se o sossego…

Não sou daqueles pais ou avós intolerantes por feitio ou falta de experiência que não compreendem nem aceitam estes comportamentos infantis.

Ainda me lembro que nunca permiti que os meus filhos tivessem um desses comportamentos, tais como sair da mesa em restaurantes, andar a correr por entre as mesas ou então fazer perrices em locais públicos ferindo os tímpanos de quem se encontra por perto.

Não foi preciso ser um superpai nem um super avô nem as criancinhas foram fora do normal, simplesmente, nós os adultos, possuímos uma formação cívica que não se compadece com o espaço e o sossego dos outros.

Há sempre uma casa de banho onde uma conversa mais enérgica e autoritária (por que não?) com a criancinha mal comportada e, em casos extremos, uma palmadinha acabava com a perrice…

O REENCONTRO

Há pessoas que se cruzam na nossa vida e que por qualquer motivo não deixaram saudades. O reencontro com uma dessas “velhas amizades”, lá estava alguém que mal se reconhece… Num breve esforço de memória localiza-se a pessoa em questão, pode até recordar-se do nome mas, para meu espanto, não se sente nada, nem raiva, nem ressentimento e muito menos amizade… Nada. Pura indiferença. Quando se sente raiva ou mesmo ódio, isso pode significar ou que essas pessoas ainda não estão completamente esquecidas ou então que ainda há uma remota possibilidade de reconciliação, quem sabe, um retomar de vida…

Não sei como reage a maioria das pessoas, pessoalmente acho que se alguém nos é completamente indiferente é porque já não existe, é como se já tivesse morrido.

Há dias em que algumas pessoas já tivessem uma morte antecipada…

Há dias assim.

SABER PERDER, SABER GANHAR

Por mais que digam que o que importa é competir, a verdade é que todos querem é ganhar. O mais certo, por muito que se somem vitórias, mais tarde teremos que enfrentar derrotas. A própria vida, feita de vitórias e derrotas… É importante saber perder e tirar ilações das derrotas para evitar cometer os mesmos erros.

Saber perder revela maturidade e também civismo tão necessário a quem perde e a quem ganha. Infelizmente não é o que se vê nas redes sociais durante e o final de qualquer jogo. Não é difícil saber perder, difícil é saber ganhar…

COMUNICAÇÃO ORAL

Desde os tempos de estudante sempre me destaquei através da escrita, a comunicação oral nunca foi o meu forte. Por mais pormenorizada que seja a oralidade, nem sempre as palavras são suficientes para comunicar. Um adulto é capaz de fingir alegria quando tudo lá dentro é só tristeza mas uma criança jamais se engana, vai olhar-nos atentamente e perguntará, Estás triste? Não há dúvida que as crianças são os melhores peritos em comunicação não-verbal.

Devido à subjetividade do assunto, a interpretação da mensagem nunca é a que se pretendia emitir. Todas as vivências adquiridas bem como o próprio passado acabam por condicionar uma honesta análise da mensagem. Muitas vezes a interpretação não corresponde ao nos  é transmitido!

Por tudo isso, atribuo pouco valor à comunicação oral. Através dos gestos, de olhares, da própria postura,… conseguem dizer mais de mil palavras. Interpreta-los é o maior desafio com que se depara.