O CAMINHO NEM SEMPRE É PLANO

Há quem lhe chame destino, falta de sorte, revés da vida,  acontecimento fortuito que provavelmente não se repetirá. A designação depende essencialmente do nome que se lhe dá e também da idade. Pessoalmente, prefiro chamar-lhe adversidades.

Problemas de toda a ordem toda a gente tem e é provável que surjam durante a vida sem aviso prévio. Quando acontecem somos confrontados com desafios para os quais nunca se está preparado.

Considerando que se tratam de acontecimentos fortuitos, a verdade é que eles se repetem com alguma frequência. Admitindo que seja verdade, era suposto estar preparado para fazer frente a qualquer adversidade, superara-la mas não é isso que acontece na realidade. Perante uma qualquer adversidade, cada um reage à sua maneira.

Enveredando um pouco no campo metafísico, a fé de cada um dita a a forma de encarar as adversidades e de reagir…

Embora façam parte da vida, não significa que se cruzem os braços sem fazer nada. Esta atitude só vai agravar o percalço, seja ele qual for. Independente da idade, há a normal ilusão de que as adversidades só acontecem aos outros quando elas surgem inesperadamente e ninguém está preparado para as resolver.

A BEM DA SAÚDE, RODEIE-SE DE AMIGOS

Todos os anos, a 30 de Julho celebra-se o Dia Internacional do Amigo, data que foi instituída pela ONU em 2011 no intuito de estabelecer a amizade entre os povos, objectivo que infelizmente ainda está longe de ser atingido. Muitas vezes foge-se ao tema para evitar melindrar alguns amigos não citados, receio que não se justifica uma vez que existem amigos para todos os gostos e para todas as ocasiões… há amigos de infância que seguiram o seu caminho e nem sequer o nome ficou gravado na memória. Em compensação, há amigos que chegaram numa fase da vida qualquer sem que se saiba donde. Uns vieram para ficar outros, depois de concluída a sua missão, afastaram-se para longe de acordo com o seu destino.

A frase poucos mas bons acerca dos amigos, é muitas vezes usada como uma forma de camuflar a incapacidade de fazer amigos, principalmente em número suficiente, como se existisse um número certo de amigos!

Efectivamente, há estudos que comprovam que ter amigos é bom para a saúde. Com efeito, os solitários têm o dobro das hipóteses de morrer de doenças coronárias… É portanto importante ter amigos, o problema é distinguir os falsos dos verdadeiros amigos.

O amigo verdadeiro é aquele que nos apoia, que nos proporciona bem estar, que respeita o nosso modo de viver e que nos aceita tal como somos… Em suma, o verdadeiro amigo é aquele que está sempre lá nos bons e maus momentos, aquele que nos conforta nas ocasiões em que mais é necessário.

COMO SER DIFERENTE

Não é fácil ser diferente. Há mesmo quem faça verdadeiros malabarismos ou recorra a formas ilegais julgando ser diferente… No entanto, ser diferente é algo que não se escolhe. Já se nasce assim, com aquela vontade de afirmar o próprio pensamento e a sua maneira de ser, o que inclui a própria maneira de vestir.

De uma forma simples, ser diferente é ficar à margem da sociedade, não servir de padrão no processo da comparação. Convenhamos que não existe um ser humano igual a um outro. As próprias impressões digitais, por exemplo, são completamente diferentes num universo de milhões de pessoas, ... A diferença depende do termo de comparação. Se nos compararmos com uma pessoa sem deficiência, dita normal, qualquer um pode considerar-se diferente conforme a dificuldade que apresenta.

De nada serve aderir a regras da sociedade se não se sente enquadrado em nenhuma delas. Para ser diferente basta aceitar-se tal como é e optar pelo que acha ser o melhor para si sem prejudicar ninguém… nem é preciso mudar para se sentir integrado com o resto do mundo.

Como diria a autora do livro (Uma questão de classe), Quebrar as regras só é divertido se não houver consequências…

BEM-VINDO O CALOR DO VERÃO

A vaga de calor profusamente anunciada não me mete medo, antes pelo contrário não fora os fogos que se acendem aqui e ali, muitos por incúria e ignorância humana. Com base na experiência, já não acredito nestes avisos. O calor dificilmente chega próximo do mar, com muita pena minha! Depois de tremer de frio todo o inverno com temperaturas muito próximo das negativas, o calor é bem vindo.

Admito que existem pessoas que não gostam do calor, da praia, do cheiro ao protector solar e todas as coisas relacionadas com o Verão.

Embora respeite estas opiniões, não invalida que adore os poentes, o calor das noites, o cheiro a protector solar, as bolas de Berlim (com alguma areia), o bronzeado que tanto custou a obter, enfim, a praia. É inegável que até o humor melhora com a chegada do verão e das férias. Foram longos meses a sonhar com o Verão e as temperaturas amenas que, por vezes, desaparecem sem sequer se despedir…

Embora me alegre a chegada efectiva do verão, não invalida que tome alguns cuidados que aliás devem ser gerais tais como aumentar a ingestão de líquidos, usar protector solar evitar a exposição directa ao sol, usar roupa leve e fresca não esquecendo os óculos de sol e o chapéu de abas largas.

DESCONHECER, ÀS VEZES É BURRICE...

Andou o Afonso de espada em punho, mais respeitosamente, D. Afonso Henriques, o que não era nada fácil devido ao seu enorme peso. Como ia dizendo, o primeiro rei de Portugal, combateu os “infiéis” e ao fim de muitas conversações, convenceu o Vaticano a reconhece-lo independente. A partir daí foi conquistando terra a terra o território, só não chegou ao Algarve porque, entretanto, a morte reduziu a cinzas essa pertenção. Só no reinado de Afonso III esse sonho se veio a concretizar passando desde então os monarcas que lhe seguiram a designar-se reis de Portugal e dos Algarves…

À luz da actual pandemia, perante alguns países europeus, de nada serviu tanto «pelejar» em favor da cultura e do território. Só por burrice ou ignorância, Portugal não faz parte da lista dos países seguros da Europa. Por ignorância, a quase totalidade desses países considera que Portugal não passa de mais uma província de Espanha, daí que seja um destino a evitar. Já o caso da Inglaterra, é mais grave. Quem regressa ao país vindo de Portugal, continua obrigado a ficar de quarentena o que revela desconhecimento de quem elaborou a famigerada lista preocupando-se agora em arranjar mil e uma desculpas, todas elas baseadas em critérios legais, na tentativa de esconder a ignorância de quem desconhecia que Portugal há muito é um país independente …

DIA DOS AVÓS

Toda a gente sabe que não alinho com estes dias que pretendem homenagear seja qual for o evento ou a personagem que se queira celebrar. Actualmente há dias para tudo e para todos os gostos que, na maioria das vezes, ficam circunscritos a uma homenagem durante as poucas horas de um dia. É lamentável que esses dias não se prolonguem por todo o ano, embora reconheça a sua utilidade por chamar a atenção do cidadão anónimo para factos que de outra forma passariam despercebidos.

Desta vez, celebra-se o Dia dos Avós. A data não foi escolhida ao acaso, destina-se a homenagear Santa Ana e São Joaquim que, como  é sabe, foram os pais de Maria e portanto avós de Jesus Cristo. Neste dia, é suposto que a maioria dos netos, num gesto de carinho e agradecimento a todos os avós sempre presentes no apoio e retaguarda familiar.

É neste contexto que se deve celebrar o dia dos avós e da sua interminável tarefa de serem uma segura retaguarda familiar, cuidando a todos os níveis dos seus netos.

SER AVÔ NOS DIAS QUE CORREM...

Ser avô, nos dias que correm, apresenta inúmeras dificuldades, porém é um estatuto que raramente se consegue evitar. A maior parte acaba por adquirir esse estatuto quer queira, quer não queira. Na sociedade contemporânea, é fatal que chegue, para quase toda a gente, o dia em que se adquire o estatuto de avô.

Vai longe o tempo em que esse estatuto só se adquiria ao fim de muitos anos. Tradicionalmente os avós eram pessoas idosas, muito pacientes e com tempo de sobra para dedicar aos seus netos. Com o passar dos anos, o conceito sofreu algumas alterações.

Actualmente os avós são cada vez mais novos, com o seu emprego, muito longe daquela imagem de pessoas idosas, sempre disponíveis e com muita paciência para cuidar dos netos.

Chegando à reforma, os avós dedicam-se a tarefas há muito adiadas por falta de tempo, tempo esse necessário para preencher o espaço em que os pais, absorvidos  pela sua actividade profissional, não se podem dedicar a serem apenas pais. Admitindo que alguns dos avós se encontrem aposentados, não significa que estejam sempre disponíveis para cuidar e educar os netos além de lhes garantir transporte e colaborar nas brincadeiras,…

E quando estão exaustos, devido à idade, chega um vírus que os obriga a um descanso forçado e os afasta dos netos…

O SIMBOLISMO DAS FLORES

A um homem nunca se oferecem flores, dizem as convenções. É às senhoras a quem se oferecem flores como presente ou para comemorar seja o que for.

Que dizer então dos homens que gostam de receber flores?

Qualquer flor prende o olhar do ser mais insensível, através da cor, textura, perfume,… exigindo uma breve ou mais demorada contemplação. Enfim, gostos não se discutem e eu gosto de flores. Apesar das convenções e preconceitos, assumo que gosto de flores e não me desgosta receber um belo ramo de flores.

É natural a preferência por esta ou aquela flor, há sempre uma da nossa predilecção. Entre todas, a minha preferência recai sobre os girassóis. Atrai-me a cor, embora existam outras flores com a mesma cor.

De acordo com a respectiva sociedade, atribui-se a cada flor um certo simbolismo, se bem que nem a flor, nem a cor, sejam fundamentais mas, em certas ocasiões, cada flor diz muito sobre a personalidade de quem a oferece e de quem delas gosta.

PARA QUE SERVE UMA FLOR?

Vista assim, parece que a função da flor se resume a uma mera estrutura reprodutora esquecendo o seu aspecto multicolorido e o odor agradável com o qual captam insectos. Embora se acredite que a única função da flor é a produzir sementes tendo em vista a propagação da planta.

No entanto, a flor condiciona todo o ambiente ao seu redor. Uma simples flor é capaz de colorir o ambiente mais sombrio que o tempo se encarregou de descorar.

Além destes atributos, há flores que exalam um perfume que se propaga, para além do ambiente, ao ser mais insensível. Uma flor consegue transformar um dia enevoado, num dia luminoso cheio de Sol. As flores são capazes de superar a mera função reprodutiva oferecendo a quem passa o seu perfume e cor vistosa.

Quem se atreve então a dizer que a principal função da flor é apenas assegurar a continuação da espécie?

O PODER DA MENTE

Há coisas que nunca se esquecem. Com o passar dos anos as condições de vida podem mudar mas a mente permanece, apenas acumula novas vivências. Um certo dia, assaltam-nos aquelas memórias escondidas do tempo de criança, das noites mal dormidas, das aulas por preparar por falta de apoio, de todo um passado já distante,… e surge a inevitável pergunta, valeu a pena?

A primeira reacção seria responder com as palavras do poeta, porém, resistindo à tentação, permito-me duvidar se voltava a passar por tudo outra vez…?

Há situações mais difíceis do que outras mas, no seu conjunto, fazem parte da vida. Quem é que já não teve que vencer situações particularmente difíceis?

Perante as dificuldades apresentadas durante a vida, foi-nos permitido escolher entre uma das seguintes atitudes, lutar desesperadamente ou mergulhar no mais profunda derrota. A escolha é nossa. As coisas são o que são mas, nunca são o que parecem! Há dias em que é preciso optar e, se não for possível mudar, o melhor é enfrentar as dificuldades e aceitar a realidade do momento por mais difícil que pareça.

Há dias assim.

PREFERE SER CÍNICO OU HIPÓCRITA?

Entre uma coisa e outra, a escolha é difícil, senão impossível. Muitas vezes as palavras “hipócrita” e “cínico” usam-se com o mesmo significado nem sempre o mais lisonjeiro nem verdadeiro.

Ser “cínico”, palavra bastante usual, adquiriu um significado pejorativo completamente diferente do verdadeiro. Senão vejamos, ser cínico é uma qualidade caraterística de quem é franco, um pouco desavergonhado mas que, apesar de tudo, diz sempre a verdade.

Por oposição, o “hipócrita” é alguém dissimulado, um, mentiroso incorrigível.

Infelizmente, na sociedade em que vivemos, valoriza-se o hipócrita em detrimento do cínico a quem se atribui um sentido negativo.

Qualquer hipócrita pode ver-se a elogiar a beleza daquela velha da estória, toda vestida de preto e, ainda por cima, ostenta uma enorme verruga no nariz. Pelo contrário, o cínico tem a coragem de exprimir a sua opinião completamente diferente, motivo mais do que suficiente para se pôr de lado como alguém muito inconveniente em qualquer circunstância. Optar entre uma ou outra personalidade, depende da natureza de cada um.

O VENTO QUE ANDA E CIRANDA POR AÍ

Já toda a gente sabe que não gosto do vento porque me desalinha o cabelo, mexe com o meu vestuário, arrasta para bem longe o boné ou o chapéu que me ficava tão bem, porque me desvia do caminho preestabelecido,… e tudo isto sem pedir licença.

Com o passar dos anos envelheci mas continuei a não gostar do vento, principalmente porque agora me leva, qual folha morta, para onde quer e não para onde queria ir. O mesmo vento que faz as delícias de alguns enquanto, para outros, é um elemento indesejável. Uma leve brisa, desde que seja quente, ainda vá que não vá mas um vento forte… Ninguém está contente com a vida que tem!

Ao fim do dia, o vento sopra com força do litoral devido às alterações climáticas que já se fazem sentir e que os responsáveis fingem ignorar. Na origem desse vento está o ar, esse mesmo ar indispensável à nossa respiração que “corre” das altas para as baixas pressões. O mesmo vento sem o qual a vida na Terra seria impossível, responsável pelo forma da superfície terrestre que tem sido modelado ao longo do tempo, o movimento as nuvens, as ondas do mar, o voo dos balões e papagaios, as belas dos moinhos além de sustentar os para-quedas, …

No entanto, quando sopra com demasiada força, o vento causa inúmeros estragos. Numa perspectiva de reconciliação, reconheço que, tirando essas particularidades negativas, não há duvidas que o vento realiza muitas tarefas úteis à humanidade.

O TEU MAL É TOSSE

Quando alguém era acometido por um ataque de tosse, era habitual ouvir dizer, sem piedade ou gentileza, «o teu mal é tosse». Embora pareça um mal menor, esta doença, quando ataca o ser humano, pode ser grave e requer um tratamento urgente e especializado.

Já vem de longe esta recusa a qualquer medicamento, inclusivamente aqueles que se destinam a minimizar a tosse. Claro que não descuro os remédios caseiros à base de cenoura ou aloé vera.

Não sei se por sugestão ou por outra razão qualquer, o facto é que a ingestão do xarope exsudado por estas plantas em presença do açúcar, atenua realmente a tosse. Com efeito, certas plantas segregam um líquido xaroposo que, quando ingerido, acalma realmente a tosse devido ao seu poder broncodilatador. Apesar da sensação de bem-estar,  estas plantas dificilmente curam a doença que está na origem desse mal que é a tosse. Em caso de persistência (3 a 8 semanas), deve consultar-se o médico de família.

Se não gosta do sabor desses xaropes, pode recorrer-se ao mel. Uma colher de mel dissolvido num copo de água ajuda a hidratar as cordas vocais contribuindo para atenuar os incómodos acessos de tosse.

Sejam quais forem os remédios caseiros, convém não esquecer que todos apresentam efeitos secundários que variam de pessoa para pessoa nomeadamente dores de cabeça, náuseas, dores no peito e mesmo, nalguns casos, agravamento da própria tosse…

CHATEADO QUE NEM UM PERU

Para mim e pelo sentido que “apanhei” no ar, estar “chateado que nem um peru”, era a exclamação de quem estava muito chateado…

Nunca compreendi muito bem o que estava a fazer esta ave, o peru, nesta frase. Na verdade, pouco sei sobre perus, apenas que é o nome vulgar que se atribui ao género das aves galiformes.

Chateado, em sentido informal, é sempre o que sinto sempre que o fim de semana se aproxima, não ignorando o significado real da palavra. Passar completamente um fim de semana em casa, é motivo bastante para me sentir aborrecido, entediado perante essa perspectiva.

Depois de analisado o sentido etimológico bem com o significado da expressão, continuo sem saber qual o papel do peru…!

... NÃO SABEM O QUE FAZEM!

Sem pretender comparar-me nem impingir mais uma lição bíblica, a expressão «Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem», muito a propósito do que se passou neste país, traduz o sincero perdão perante as atrocidades com que diariamente sou confrontado, máscaras mal colocadas, desrespeito (quando possível) pelo distanciamento social em lojas de comércio tradicional, nas grandes superfícies, ajuntamentos, principalmente de jovens, que depois levam o vírus para os mais velhos que com eles coabitam, eventos desportivos, etc. Ao adoptar estes comportamentos, muitos não sabem a gravidade e as consequências dos seus atos irreflectidos.

Embora os responsáveis pelas medidas restritivas impostas tenham consciência plena de que estão a ir além do que é legal, sabem também que se trata de uma situação de emergência que lhes confere autoridade e ir contra estas estas medidas, revela falta de entendimento, principalmente em momentos de paixão,…

ALGO VAI MAL...

Apesar da triste realidade, a expressão idiomática inserida em Hamlet de Shakespeare, Algo vai mal no reino da Dinamarca, ganhou novo sentido no contexto da (falta) cultura de um povo e da sua língua.

No mês seguinte aos festejos dos santos populares e no mês corrente em que se adivinham os festejos dos adeptos, tudo vai bem em Portugal. Celebrar com foguetes e vivas qualquer evento, fez-me lembrar os festejos aquando dos santos populares, principalmente o São João, proibidos em tempos de pandemia nesta região. Fora isso, revelador da estupidez humana, tudo vai bem em Portugal, pelo menos é essa a mensagem que se tenta passar…

Entretanto, para festejar qualquer evento, seja ele clubístico, partidário ou religioso, desfraldam-se bandeiras, agitam-se cachecóis, lançam-se foguetes,… e a festa continua enquanto a TV divulga os “números” televisivos relativos à actual pandemia, que não se sabe de onde vêm, números esses influenciados por factores sociais e sazonais,… Fora desta estatística, fica toda essa gente não inscrita nos Centros de Emprego.

Hoje, a propósito do livro que li há bastante tempo, ocorre-me adaptar a célebre frase de Shakespeare a respeito dos festejos de qualquer evento, Há algo de podre no reino da Dinamarca,… não quereria o autor referir-se a Portugal?

CONSERTAR O MUNDO

Só quem tem netos ou qualquer outra criança à sua guarda, compreende o cansaço que por vezes se instala, ainda que por momentos, para tudo se repetir no momento seguinte.

Apesar disso, as crianças conseguem estranhamente brincar sozinhas ou então concentram-se nas histórias que os adultos vão inventando à custa da imaginação ou de uma coisa qualquer que se encontre mais à mão. Tentar captar a sua atenção é como tentar agarrar um mundo que só existe nas suas cabeças e onde só elas estão autorizadas a entrar.

Observá-los nos raros momentos em que estão entretidos, não impede que se pense nessa história cada vez mais actual: Um pai, em teletrabalho, para entreter o filho pequeno durante algum tempo, arrancou a folha de uma revista que representava o mapa-mundo. Recortou-o em vários pedaços que entregou ao filho juntamente com fita-cola pedindo-lhe que reconstituisse o mapa.

Passado algum tempo, a criança entregou o mapa perfeitamente reconstituído. O pai nem queria acreditar que fosse possível, uma criança tão pequena, reconstruir tão depressa um mapa que nunca tinha visto! Perguntou então ao filho como tinha conseguido tal proeza. Foi fácil – explicou a criança – reparei que na parte de trás estava representado um homem. Comecei a reconstituir o homem e ao mesmo tempo consegui também consertar o mundo…

A actualidade comprova que, para se consertar o mundo, primeiro tem que se consertar o Homem!

PARA QUE SERVEM OS AVÓS?

É para isso que servem os avós. Ouço dizer. Diria que servem para isso e para muito mais… Uma mania muito própria dos avós é reclamar. Reclamam por falta de tempo, de paciência, de vida própria, mesmo quando assistem embasbacados às peripécias mais recentes da criança,… Os avós nunca estão contentes. Sentem sempre a falta de qualquer coisa.

Em qualquer parte a propósito e algumas vezes sem propósito nenhum, lá vem a célebre frase: É para isso que servem os avós.

Os avós servem para “guardar” os netos enquanto os pais vão trabalhar abdicando da tal vida própria. De uma maneira ou doutra, os avós, acabam por ficar na memória dos seus netos. Há toda uma cumplicidade especial entre eles e os avós o que acaba por enciumar os próprios pais. Mesmo aquela maneira ríspida quando a avó educa e ensina, nunca vai cair no esquecimento dos netos. É desta forma que se transmitem valores inesquecíveis. É desta forma que perpetuam jogos, passatempos, histórias, canções e até cozinhados…

Quando alguém dizer É para isso que servem os avós, em meio do meu silêncio penso, cabe aos avós tudo isso que não foi dito e… serem avós!

FELIZ ANIVERSÁRIO

Este não é um dia qualquer, assinala uma data muito importante, é o dia do aniversário da Princesa, o momento ideal para mostrar como este dia é tão importante, não só para ti mas para todos nós.

Pois é, os anos passam (vê-se pela fotografia), as idades avançam mas fica a fotografia a retratar o dia em que a princesa nasceu. Desejo-te um feliz aniversário e que estas palavras não sejam só palavras, para lá do bolo e das luzes que o decoram, faço votos que a alegria deste dia e da luz que te baila no olhar nunca se apague.

QUANTO VALE UM SORRISO

Está provado que, para sorrir é preciso movimentar um número menor de músculos do que para se manter sisudo. De facto, pesquisadores comprovaram que para manter um ar sisudo são necessários mais músculos do que para sorrir. Tomando em consideração estas pesquisas, o rosto humano movimenta apenas 13 músculos para sorrir enquanto que, para se manter sisudo, são necessários 50 músculos…

Na prática, apesar dos números, exibir um sorriso não é assim tão difícil como se pensa, além de consumir menos energia. Em qualquer situação, um sorriso, sobretudo quando é inesperado, contraria preconceitos e velhas maneiras de pensar e, quando o sorriso vem cá de dentro… faz muita diferença.

Desde o sorriso aberto até ao sorriso enigmático, há diferentes formas de sorrir. Bastante conhecido, devido à ampla divulgação, o sorriso de Mona Lisa é o melhor exemplo do sorriso enigmático. É um sorriso de lábios fechados em que o rosto não demonstra qualquer emoção. Por oposição, um sorriso sonoro, desarma o indivíduo mais sisudo em qualquer situação.

Com ou sem motivo, um só sorriso pode mudar completamente um dia que se previa cinzento. Um sorriso, apesar de contagioso, é também divertido e abre portas que nunca se pensava ver abrir.

O LADO QUE MAIS O FAVORECE

Depende muito do lado que se quer mostrar. Como tudo, há sempre dois lados a considerar. Pela mesma ordem de ideias, não se podem arrumar todas as coisas no lado negro nem no  lado branco da vida. Habitualmente, é costume permanecer entre um e o outro lado, correndo o risco de ver tudo cinzento, isto é, nem negro, nem branco. O ideal era optar por um dos lados. Assumindo que cada pessoa possui também dois lados, geralmente só se mostra apenas um, ficando o outro escondido das outras pessoas. Por isso, nunca se pode dizer que se conhece integralmente outra pessoa, há sempre um lado desconhecido.

Podem passar-se muitos dias a tentar esconder o lado oculto e a construir cuidadosamente a imagem pública de modo a mostrar uma maneira de ser que não corresponde minimamente à realidade, há verdades que nunca são ditas de modo a não destruir o lado visível e não para diminuir o sofrimento de quem as observa. Geralmente, mostra-se ao mundo apenas um dos lados que até pode não ser o melhor…

REGRESSE AO PASSADO

Há dias, ou melhor, momentos em que era útil ter um daquelas carros que permitem viajar no tempo. Na falta dessa viatura, que só existe no cinema, as fotografias conseguem fazer quase a mesma coisa, basta fechar bem os olhos e imaginar…

Observar fotografias antigas é correr o risco, nem sempre agradável, de revisitar antigas casas, velhas ruas, antigos monumentos, amigos e gente desconhecida que fizeram parte do passado. Só por meio de fotografias é possível voltar a esses locais, a certa gente e algumas coisas. No meio dessas fotografias, encontram-se verdadeiras relíquias que marcaram momentos do passado. É esse o poder e a finalidade das fotografias que se guardam para mais tarde recordar.

Mesmo com o coração a sangrar, há ciclos que têm de ser fechados, portas que se devem trancar impedindo o regresso ao passado que, por mais que se faça, por mais voltas que o mundo dê, não volta mais… É inútil chorar o passado porque já passou nem o presente que já faz parte do passado, “é criar outra dor e sofrer novamente” como  disse Shakespeare.

Há dias em que é inevitável enfrentar o passado e aceitar o que nos trouxer o futuro.

Há dias assim.

PERFECIONISTA? NEM TUDO É NEGATIVO

Ser perfecionista não facilita nada a vida, antes pelo contrário, só complica. Como o próprio nome indica, o perfecionista é alguém que persegue a perfeição, seja em que tarefa for. Não desculpa qualquer falha em tudo o que faz e quando as encontra, o que é muito provável, é mais um motivo de frustração.

Deste modo, o perfecionista acaba por exigir demasiado de si mas também dos outros. Na sua opinião quase ninguém é perfeito mas, Infelizmente (?), a perfeição não existe e quanto mais se procura maior é a probabilidade de encontrar erros. É esta a ideia que se tem do perfecionista.

No entanto, convém esclarecer que existem vários graus de perfeccionismo e mesmo quem se considera “normal” pode enquadra-se em qualquer destes graus. Contudo, descansem, porque só se considera que atingiu o estado “neurótico” quando qualquer indivíduo demonstra um comportamento repetitivo ao ponto de executar várias vezes a mesma tarefa. Ainda que não atinja o nível compulsivo, dou por mim a corrigir a simetria de alguns objectos, distribuir por tamanho os diferentes talheres na máquina, “ver” repetidamente algum objecto que se encontre fora do local habitual ou que altere a harmonia do ambiente,…

Há quem considere o perfeccionismo um transtorno comportamental, contudo, ser perfecionista, até tem as suas vantagens. O facto de não conviver bem com o erro torna-os uns seres disciplinados e muito persistentes. O principal inconveniente destes indivíduos é não conseguirem descansar o pensamento…

GAIVOTAS EM TERRA

As gaivotas são assim. Permanecem em terra por longos períodos e, quando voam, fazem-no sobrevoando o chão ou a crista das ondas em busca de alimento. Se alguma se aventura em altos voos em busca de um céu que nunca se alcança, unem-se os esforços em terra na tentativa de a manter rente ao chão onde tudo é mais familiar. Algumas gaivotas transformam-se em gente conservando o mesmo comportamento, o medo de voar… mais alto. Voar nunca foi o meu maior medo, excepto durante a descolagem, ao longo do voo, caso não ocorram poços de ar e, mais tarde, no decorrer da aterragem. No tempo que resta (muito pouco) não tenho medo de voar.

Sempre foi o meu e o sonho de muita gente voar, voar mais alto. Não me refiro aquelas viagens organizadas por qualquer agência mas àquele patamar que só se atinge quando se voa, mesmo sem asas. Uma vez atingido este patamar, adquire-se um pouco mais de humanidade e acentua-se a diferença entre quem se foi e o que se pretende vir a ser, mesmo que esse fim ainda esteja longe. Para chegar a esse estádio, lamentavelmente, é preciso passar por algumas situações inesperadas, as chamadas rasteiras da vida, necessárias para voar mais alto. O segredo, consiste em soltar as amarras que nos prendem ao chão, amaras que aprisionam sonhos, ilusões e desilusões,… que nos impedem de voar mais alto, mesmo não tendo asas…

RESPIRAR NÃO CHEGA

Respirar é uma função vital a todo o ser vivo, embora o ser humano o faça constantemente sem se aperceber que o faz. Com efeito, o ser humano sobrevive sem comer após longos períodos mas resiste pouco tempo sem beber e ainda menos sem respirar.

Não é nenhum exagero afirmar que respirar é um ato vital para qualquer ser vivo. Qualquer ser vivo depende desse ato tão simples como é respirar. Mas viver não se resume apenas em respirar, é muito mais do que isso. É através desse ato tão simples que todos os seres vivos conseguem captar a energia necessária para viver e resistir a agentes agressores à própria vida. Entristece-me ver que nem todos usam correctamente a máscara que nos protege desses agentes, no caso concreto, do coronavírus. Usar a máscara com o nariz descoberto, é uma porta de entrada para esse e outros vírus, só que o covid-19 é fatal…

Além de respirar, este ato possibilita desenvolver emoções e pensamentos responsáveis por um alto grau de lucidez…

Mas não chega respirar, é preciso respeitar todas as medidas de forma a erradicar este vírus e… ser feliz !

A IMPORTÂNCIA DO OLFACTO

Em tempos de pandemia, este sentido ganhou um protagonismo nunca pensado. Não é que pretenda menosprezar os outros sentidos mas o olfacto tem um papel muito importante nos  tempos que correm bem como em todos os dias. Na verdade, sendo agraciados por cinco sentidos, não era justo usar apenas um. Não cabia na cabeça de ninguém recorrer apenas ao olfacto esquecendo todos os outros mas o coronavírus assim o aconselha.

Temos que admitir que um dos sentidos a que vulgarmente se recorre pelo prazer que proporciona é, sem dúvida, o paladar. Por meio deste sentido é possível provar e degustar os mais diversos sabores além de possibilitar distinguir a sensação de quente da sensação de frio

Enfim, todos os sentidos são importantes e, na falta de um só, evidencia quão incompleta ficaria a vida sem ele.

Não desprezando a importância de todos os sentidos, o olfacto que sempre desempenhou um papel fundamental na vida de todos nós, adquiriu maior importância ao avaliar a presença do covid-19. É graças a ele que se acordam muitas das memórias há muito adormecidas reportando emoções e nos conduzem a locais desconhecidos além de permitir identificar alguém entre a multidão…

Efectivamente cada um tem um cheiro característico que o identifica onde quer que vá. Talvez não saiba, mas o olfacto é um dos sentidos que mais desperta velhas emoções. Os odores que sentimos provocam em nós uma muitas sensações, negativas ou positivas. É através desses cheiros que a nossa memória olfactiva traz até ao presente outros locais, outros tempos e outras gentes.

O QUE MUITA GENTE PROCURA

Muito boa gente procura toda a vida a felicidade sem nunca a encontrar, e afinal ela esteve ali sempre, tão perto! De uma forma ou de outra, esta “procura” foi sempre um anseio comum a toda a humanidade e afinal não é nada difícil ser feliz. Basta aceitar que a felicidade se encontra nas pequenas coisas do dia a dia. São elas que nos ensinam o que só se aprende ao fim de muitos anos, e é bom sinal quando se aprende! Com o tempo aprende-se muita coisa que era incompreensível há bem poucos anos.

Infelizmente não existem receitas nem fórmulas secretas para alcançar a felicidade. Atribui-se a qualquer coisa, por mais insignificante que seja, uma importância quase vital enquanto a felicidade pode estar simplesmente num convite inesperado, numa viagem ou noutra coisa qualquer que se aguardada secretamente. Não é demais repetir que a felicidade existe dentro de cada um de nós, só é preciso encontra-la e sobretudo, vivê-la.

O tempo encarrega-se de mostrar que, para ser feliz, basta aceitar que a felicidade se esconde nas coisas mais simples e sobretudo gostar, gostar mesmo muito da imagem reflectida no espelho …

É precisamente aí que reside o maior obstáculo para ser feliz.

O PERIGO DE COMPARAR

Embora não goste, comparar fotografias antigas com as actuais, até certo ponto é uma actividade que não deixa de ser saudável, desde que a comparação seja motivo de alegria. Compara-se então a imagem, geralmente sorridente, com o aspecto actual o que não deixa de ser normal, o problema existe quando essa fotografia traz até ao presente sentimentos negativos.

Através desta comparação, começa-se por estranhar principalmente o visual que na altura parecia o mais adequado e bem na moda. Da comparação, sai-se sempre a perder pois o aspecto actual é sempre melhor, salvo raras excepções. Do ato, fica a triste consolação de que, afinal, as diferenças entre uma e outra não são muitas. Apesar de algumas diferenças, verifica-se que os estragos feitos pelo tempo não foram assim tantos e, a sua maior parte, já eram existentes. Entre uma fotografia e outra, vão décadas, uma história de vida, bem ou mal vivida, pouco importa.

Essas fotografias ajudam a revisitar velhas ruas, costumes ancestrais, gente que se afastou, não de mim, como se poderia pensar, mas da doença que assusta qualquer um.

Por fim, fecha-se o álbum e, inevitavelmente ficamos a pensar com um passado não muito distante! Por um instante fica-se quieto durante um certo tempo a contemplar o ar feliz exibido na fotografia.

O tempo passou mas entretanto, a vida encarregou-se de ensinar coisas que nem o próprio desconfiava que existissem… mas o tempo não pára nem se comove com o que se deseja e, sobretudo, não tem retrocesso.

ENTRE O SER E O NÃO SER

Entre o ser e o parecer não vai um mundo de diferenças. Pode-se ser adulto e (pretender) continuar a ser criança. Efectivamente, definir em poucas palavras o que é ser adulto, não é uma tarefa muito fácil. Os conceitos entrelaçam-se condicionados sobretudo pela idade. É mesmo impossível definir correctamente qualquer conceito. Dizem que ser adulto é ser alguém que não tem brincadeiras nem se comporta como criança…

Por isso é tão difícil definir satisfatoriamente o que se entende por ser adulto. Apesar dessa dificuldade, não vejo mal nenhum em mostrar, de vez em quando, o lado infantil que ainda reside em cada um sem que isso altere ser-se adulto.

E porque a vida não pára, tudo que acontece vai tentar abafar a criança que permanece escondida em cada um e, porque é criança, não se sujeita às impostas pela sociedade e mostra-se tal como é e, em qualquer momento, vai tentar impedir que essa criança emerja do mais profundo de ser.

Admitindo que tudo o que se fizer hoje vai ter consequências num futuro mais ou menos próximo é preciso modificar agora muitos dos comportamentos de vida. É claro que tudo depende do que se faz, como e quando se faz… e o futuro ainda não aconteceu!

Sorrir à vida perante os preconceitos, arriscando a ser considerado tolo, é sempre a melhor atitude.

O QUE NÃO NOS DESTRÓI

Com a chegada do Verão que ainda esta à porta, é natural que se pergunte, as altas temperaturas que se esperam serão suficientes para eliminar o coronavírus? A dúvida é pertinente na medida em que outros vírus, como o vírus da gripe, apresentam uma tendência para desaparecer no verão.

Até hoje não foi possível encontrar uma resposta satisfatória para esta questão. As medidas de contenção estão aí e são para cumprir… em qualquer idade. É costume dizer-se perante qualquer adversidade, “o que não nos destrói torna-nos mais fortes”. Em certa medida, a frase é empregue sem grande significado mas, nem sempre é assim. Já toda a gente sabe que a vida é feita de momentos, mas nunca é demais esclarecer que esses momentos podem ser felizes ou infelizes, numa sequência aleatória.

Toda a gente devia estar preparado para enfrentar as adversidades que surgem na vida mas, de facto, ninguém está preparado. Há situações em que se pensa que tudo que acontece só pode correr bem, a desgraça na forma de covid-19 ou doutro vírus qualquer, só acontece aos outros. A frase o que não nos mata torna-nos mais fortes, não adquire o seu real significado até sermos atingidos por um acontecimento mais ou menos doloroso. Nesse momento, é obrigatório reavaliar tudo, principalmente a forma de viver e como nos relacionarmos com os outros.

Valerá a pena colocar aquela armadura que nos afasta dos outros e será que, de facto, nos tornamos mais fortes por essa via?

NO TEMPO DAS CEREJAS...

Faz hoje 100 anos que nasceu a grande diva do fado, Amália Rodrigues, uma das maiores embaixadoras do nosso país. Não sei se passaram ou não 100 anos desde o seu nascimento, a própria diva não sabia, dizia ela que tinha nascido no tempo das cerejas… Com efeito, embora figure no registo de nascimento a data de 23 de Julho, a artista, durante toda a vida, celebrou no dia 1 de Julho o seu aniversário…

Não interessa o dia em que nasceu, o que importa foram os versos que cantou e os poetas que imortalizou através da sua voz inconfundível.

Entre os muitos fados predilectos, destaco apenas um que a artista imortalizou.