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terça-feira, 30 de junho de 2020

FRALDAS E BAMBINELAS


Embirro com muita coisa, com ou sem razão, o que evidencia as múltiplas limitações que me apoquentam.
Agora deu-me para embirrar, como se dizia lá por casa, com as bambinelas. Devia estar grato por ter conseguido um certo grau de autonomia que me permite realizar tarefas pessoais, nomeadamente lavar, vestir, calçar e depois, despir) mas o facto é que não estou.
Agora, a minha guerra é com as bambinelas. Apesar de se usar o termo com outro significado, é com esse sentido familiar da palavra que o tono extensivo a toda e qualquer peça de vestuário. Não é que exija mais do que alguns minutos pela manhã mas usar mais do que um mínimo de roupa, de acordo com a temperatura exterior, tira-me do sério. Apesar de enfiar diversas peças de vestuário por respeito à sociedade, não invalida que pense muito a sério como seria bom não ser obrigado a recorrer às ditas “bambinelas”!
Não me interpretem como um defensor da prática do naturismo nem do naturalismo que, apesar de representarem conceitos completamente diferentes, ainda existe alguma promiscuidade entre eles. Enquanto o naturista defende uma maneira de viver o mais próximo possível da natureza, o naturalista insere-se mais no ambiente artístico e literário ao seu alcance… Entre um e o outro, pendo mais para o naturalismo mas já ficava feliz se me conseguisse livrar das “bambinelas”.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

NADA É ETERNO


De repente, sem mais nem menos, a gente apercebe-se de que nada será para sempre. Tudo é passageiro, só permanecem as memórias cada vez mais presentes na mesma medida em que a idade avança.
Para compreender melhor esta realidade, tiveram que passar muitos anos, sobreviver a alguns reveses e…, viver. O mundo gira há muitos milhões de anos e, comparativamente, só ficámos por aqui breves instantes…
Olhando para trás há tanta coisa que se considerava  imprescindível e que afinal não faz falta nenhuma, tanta palavras que ficaram por dizer, tanta lágrima contida por vergonha (um homem não chora) ou por medo… imensas coisas e pessoas, vejo agora, às quais se deu uma importância que afinal não existia…!
Perante tudo que ficou para trás, cada vez mais me capacito que a regra é fazer muitas das coisas que se adiou por falta de tempo ou disposição! Que se abracem (mesmo virtualmente) irmãos, amigos, pais, filhos e até mesmo os inimigos… A vida é feita de pequenos nadas, momentos que não se repetem e que às vezes nos comovem outras vezes magoam-nos mas que, apesar da dor, também ensinam.
Uma coisa é certa, nem a tristeza ou a alegria são eternas. Tudo o que acontece na vida, por muito grave, dura para sempre.

domingo, 28 de junho de 2020

CASAS DE BANHO PÚBLICAS OU PRIVADAS


É preciso muita coragem e, porque não dizê-lo, muito descaramento escolher como tema uma casa de banho, principalmente quando se trata da própria. É verdade que, actualmente, quase todas as casas possuem uma divisão destinada a essa incontornável necessidade humana. Trata-se de uma casa de banho e não de um simples WC nem daquelas casas de banho públicas que raramente utilizo, mais por hábito do que pela pouca higiene que as caracteriza…
É nas casas de banho onde, além das necessidades fisiológicas, se obtém aquele silêncio, aquele espaço propício aos desabafos, onde se tecem intrincadas filosofias sobre a vida e a morte, onde se encontra o refugio naqueles momentos em que mais se precisa de paz e sossego. Todos os desabafos acontecem em voz baixa, inaudível, quase mudos, não vá alguém escutar.
As casas de banho possuem este dom, além de serem um lugar sagrado, acolhem de braços abertos quem tem necessidade dum momento de sossego, são ouvintes pacientes dos mais tontos e loucos desabafos.

sábado, 27 de junho de 2020

CADA UM TEM A SUA


É algo em que cada um acredita incondicionalmente sem haver necessidade de provas. A fé não se discute, cada um tem a sua e todas são válidas desde que não nos cegue ao ponto de se sobrepor à realidade. Enfim, cada um tem a sua fé, mesmo aqueles que afirmam não ter fé nenhuma. Aliás não acredito que exista um único ser humano que não tenha a sua fé. Seja no que for, todos acreditam em algo, nem que seja num ideal ou numa religião. Todas as religiões são válidas e, por isso, todas se devem aceitar por muito estranhas que nos pareçam. Logicamente, também não acredito que existam ateus puros, quando muito, concebo que existam agnósticos.
O modo como cada um se comporta, reflecte muito a respectiva fé. Não importa se é “constituída” por crenças e dúvidas que ninguém consegue tirar. A fé de cada um vai muito além da própria lógica o que lhe permite coexistir com a dúvida.
Em suma, a Fé não se discute e muito menos se questiona. Cada um tem a sua. Aceita-se tal como é.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

DERRUBAR, ESTÁ NA MODA


Uma estranha moda assolou o país vinda de outros pontos do globo. A moda consiste em derrubar e vandalizar estátuas indefesas que estão ali para avivar uma memória que convém não esquecer. Cada estátua derrubada ou apenas vandalizada é como pretender apagar o passado. É o mesmo que querer destruir os campos de concentração que ainda existem em alguns países da Europa só porque representam atos que não se devem repetir por esta nem pela geração vindoura…
Só a ignorância ou imbecilidade dos autores mantém de pé essa estranha moda. Sei que muitos dos atos praticados não contra as estátuas não são movidos por nenhuma das duas razões. O motivo principal é a satisfação imediata do confronto com a policia esquecendo, deliberadamente, que eles estão ali a cumprir uma missão, concordem ou não, que lhe foi confiada mas, como estão mais à mão, tornam-se um alvo mais fácil para combater.
É verdade que não concordo com alguns métodos utilizados pelos, agentes, sobretudo quando a finalidade é imobilizar a presumível vitima, independentemente da cor da pele. A lei é geral e ninguém se encontra acima da lei. Não seria este o momento certo para rever os critérios de admissão de candidatos a esta corporação?

quinta-feira, 25 de junho de 2020

NINGUÉM CHEGA,, NINGUÉM PARTE...


Volta e meia, a propósito de qualquer coisa ou sem propósito nenhum, vem à baila a frase tão conhecida, “Ninguém chega até nós ou permanece na nossa vida por acaso”. A frase não é minha, pertence a Saint-Exupéry que recordo amiudamente apesar de ser considerado um autor infantil…
No decorrer do tempo, constatei a teimosia da vida em pretender ensinar que nada nem ninguém chega entra nem ninguém parte por acaso. Há sempre um propósito em tudo, se bem que muita gente não se aperceba desse propósito. Ninguém permanece ou sai da nossa vida sem uma forte razão.
Uma breve retrospectiva mostra que, durante a vida, muita gente chegou até nós sem saber porquê e até pensou ser por acaso mas, como nada acontece por acaso, se vieram foi por alguma razão que todos desconhecem nem ao menos se adivinha. Por isso, todos são dignos da nossa atenção e cuidado, mesmo que fiquem pouco tempo. Cada um tem uma missão a cumprir e que, uma vez realizada, nada justifica a sua presença.... Certamente, antes de partirem deixarão algo de si e levarão alguma coisa do nós, porque a nossa missão é aprender e ensinar… qualquer coisa.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

MEMÓRIAS DE OUTROS TEMPOS


Perdeu-se no tempo o motivo porque se comemora esta data que pretende celebrar o profeta João Baptista que previu a vinda de Jesus Cristo a este mundo e inclusivamente O baptizou. É uma das muitas festas cristãs que comemora, neste caso, o nascimento de João Baptista.
Pela primeira vez, desde que tenho memória, todas as ruas do Porto ficaram vazias de gente, e também a festa do São João ficou vazia de martelinhos, alho porro, cidreira e manjericos… Por ordens superiores e por causa da pandemia, não são permitidos ajuntamentos, arraiais ou fogo de artifício. Cafés e restaurantes só podem funcionar até às onze da noite. Também os transportes terminam mais cedo. Mesmo o acesso às praias de Matosinhos, palco do tradicional banho, está proibido entre as 19 e as 09 da manhã.
Perante o que se observa à minha volta interrogo-me, não será um sinal de imbecilidade humana o foguetório e o lançamento de balões destinados a festejar o santo em plena pandemia?
Como disse o PM, “é impossível colocar um polícia junto de cada um”, conta-se com o civismo que anda muito mal distribuído…

segunda-feira, 22 de junho de 2020

LEITURA EM TEMPO DE PANDEMIA


No ponto mais alto do confinamento, proibido de circular no exterior e apesar de estarem encerradas todas as livrarias, na falta de um livro resolvi segui um conselho e começar a leitura de um romance (?) que se encontrava cá em casa. Em boa hora segui o conselho e iniciei a leitura do romance escrito por Richard Zimler, O Princípio do Mundo.
Nascido e criado em pleno coração do Porto, confesso que nunca tinha lido nada do referido autor. Neste romance, Richard Zimler consegue retratar magistralmente o ambiente que se vivia nesta cidade no início do século XIX. Por meio da sua escrita, além de um melhor conhecimento da cidade do Porto, bem como dos seus mercados, fica a conhecer-se melhor o judaísmo que então se praticava em segredo ao longo dos séculos sob pena de qualquer praticante ser atirado para a fogueira. A invasão do Porto pelas tropas de Napoleão e a violência decorrente, acaba por perturbar a paz podre de uma família que habitava em plena cidade ocasionada por meio de um curandeiro trazido de África e à volta do qual gira todo o enredo do romance…
Ao escrever este livro, Richard Zimler demonstra ter um enorme poder de observação assim como um talento inato para o pormenor histórico.
Recomendo vivamente a leitura deste romance quer se tenha ou não nascido na invicta cidade do Porto.

domingo, 21 de junho de 2020

ESPADA DE S. JORGE


Não é por ter o mesmo nome mas porque as tenho visto à porta de muitos estabelecimentos, a sanseviéria trifasciata, também conhecida pelo nome vulgar de “Espada de São Jorge” tem uma razão para lá estar. Falar em espadas convém esclarecer que não se trata de uma espada qualquer porque há espadas e… espadas.
As espadas de São Jorge, de origem africana, são muito conhecidas e de fácil cultivo também em Portugal.
Esta planta, como soube recentemente, é cultivada atendendo à capacidade tem de proteger o respectivo proprietário contra o mau olhado e energias negativas. Actualmente, esta planta é mais cultivada como amuleto do que como planta decorativa.
A planta, caracterizada pela habitual cor verde das folhas pontiagudas que fazem lembrar espadas, podem apresentar a cor amarela no seu rebordo. Quando ostentam esta cor, acredita-se que atrai ainda mais o dinheiro. Acredita, quem as tem, que colocadas junto à porta dos estabelecimentos comerciais, elas fazem prosperar o negócio e, por consequência, contribuem para a prosperidade dos proprietários.
Enfim, cada um é livre de acreditar seja no que for… há mesmo quem acredite no Pai Natal. Cada um sabe de si… e naquilo em que acredita.

sábado, 20 de junho de 2020

COMEÇA O VERÃO


Neste sábado, tem início o evento mais desejado (por mim), pelo calor, férias de alguns e a boa disposição que tudo isso nos traz. A data, variável de ano para ano, depende do solstício de verão. Em astronomia, é o momento em que o Sol, para nós, atinge a maior inclinação relativamente ao Equador.
De qualquer modo, espera-se que até ao dia 22 de Setembro o calor “aperte”! O verão, essa estação tão desejada não só por ser uma das minhas preferidas, aguardam-se temperaturas elevadas. Devido às altas temperaturas e pela importância que o mês assume na vida da muita gente, não podia deixar de assinalar esta data rendendo-lhe uma justa referência.
Cá para nós, não é só o tempo que tem andado baralhado, também o povo deste país desconhece que rumo deve tomar perante a pandemia. Esta indecisão verifica-se a vários níveis e revela-se através de diversos meios de comunicação. Esquece-se a distância social recomendada além das restantes medidas de protecção que continuamente se recomendam.
Será que esta atitude é um reflexo da desorientação do tempo que tem feito ou é o tempo que se anda a ressentir do desnorte de quem governa o planeta,…?!

sexta-feira, 19 de junho de 2020

LÁ NA BOA NOVA...


Quando se fala em Leça da Palmeira, vem-nos logo à memória a praia, o mar e pouco mais, mas Leça é muito mais do que isso. Além de outros atributos, é também terra e cultura.
A par da controvérsia gerada por alguma estatuária, Leça prestou uma justa homenagem a António Nobre representada pela placa gravada na rocha onde figura parte de um poema que consta da sua vasta obra. Embora tivesse nascido no Porto, passou grande parte da infância e adolescência em Leça da Palmeira, o que torna compreensível a homenagem prestada.
Actualmente, ao passar pelo que resta do antigo convento franciscano, deparo-me com a capelinha devota a São Clemente das Penhas. A única diferença dessa época para agora está no terreno envolvente que sofreu importantes obras de remodelação. A capelinha, fundada em 1392, fazia parte do cemitério do mosteiro cujos frades se mudaram mais tarde (1478) para a Quinta da Conceição, devido às condições agrestes do local inicial.
Se por acaso o meu olhar se detém nessa capela, é inevitável que recorde cenas passadas. O velho muro ao lado da capela ainda lá está, a lembrança do ataque selvagem de que a mãe foi vítima por parte de quem não estava preparado para aceitar as suas ideias vanguardistas para a época, fica mais presente…

quinta-feira, 18 de junho de 2020

POLÍTICA, DESPORTO E ECONOMIA


Depois da pandemia que se alastrou por todo o mundo, o desporto está de volta e já preenche programas, comentários e grande parte dos noticiários da TV apesar das bancadas dos relvados continuarem vazias, sem adeptos.
Ao longo do tempo, a política andou sempre de mão dada com o desporto. O que parecia aparentemente uma relação harmoniosa, na realidade teve sempre altos e baixos, para não dizer que tem sido conflituosa, isto é, nunca se deram bem. Veja-se o que se passa no top desportivo. Não é exagero dizer-se que política e desporto sempre casam mal.
É fácil e possível manter afastados a realidade desportiva da realidade política, visto que percebo muito pouco de ambas, embora aceite que, para muita gente, o desporto adquira uma importância quase vital. É verdade que ninguém é obrigado a assistir aos noticiários da TV, basta desligar simplesmente o respectivo aparelho. Já é mais difícil evitar o pensamento político visto que todo o pensamento humano se reveste de uma incontornável faceta política e ainda é mais difícil escapar ao poder económico… o resultado de qualquer destas acções nunca é o desejado.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

O ANTES E O DEPOIS


Seja a que pretexto for, quero acreditar que para tudo existe sempre uma segunda chance mas, também creio que nada, mas mesmo nada, voltará a ser como dantes. O antes e o depois são duas faces que, embora da mesma moeda, são todavia muito diferentes…
A pouco e pouco, o passado vai-se diluindo na realidade que hoje se vive, a tal ponto que é difícil distinguir o antes e o depois. Embora persista a tentação de os comparar e um certo saudosismo, não há comparação possível nem nada voltará a ser como era. A saudade de um passado que já é ficção face à situação atual, não leva a nada. Mesmo que se rompa com o passado, ficam sempre as recordações que comprovam que já estivemos lá, nesse tempo, nesse mesmo lugar a que é impossível regressar.
Porque acredito numa segunda chance ou por teimosia, permaneço aqui sem saber muito bem “porquê”. Todos os sinais me dizem que já lá estive, nesse tempo que ficou guardado na memória.

terça-feira, 16 de junho de 2020

A MENINA NUA


Não tem conta as vezes que passei por ela, preocupado com ninharias da vida. Ao atravessar a avenida quase esbarrei com essa figura incontornável que é a menina nua… Nem sempre a vi. Penso que olhei para ela algumas vezes senão como teria retido a sua imagem? Para mim, nessa data, não passava de mais uma estátua implantada ali no meio da avenida.
Há gente assim que o tempo transforma em estátua perante as quais se passa indiferente sem as ver, autênticas obras de arte. O ideal seria que se interiorizasse que as estátuas já foram gente, gente com as mesmas necessidades, os mesmo defeitos e as mesmas qualidades. Fazem parte da cultura de um país, elas representam uma época. Esta estátua não é excepção. Representa alguém que já viveu no meio de nós, que teve um nome e, por fim, faleceu. Não é preciso relatar a vida desta personagem captada para a posteridade pela mão do artista.
Quantas vezes passei por esta estátua, olhei-a com olhos apressados sem contudo a ver. A estátua, qualquer estátua, está ali, imóvel, aguardando que quem passa, repare nela.
Não há ninguém que não tenha reparado nesta estátua conhecida como “a menina nua” que convida a refrescar-se quem por ela passa.
Nessa avenida, onde tudo acontece, sempre que se pretende festejar seja qual for o evento, manifestações, eventos políticos e desportivos não esquecendo o São João. Ali mesmo, naquela avenida, é tempo de parar e observar a menina nua que nos contempla do alto do seu pedestal.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

DE CANDEIA ACESA


É provável que muitos conheçam a verdadeira história de Diógenes bem como a sua inseparável lanterna. Fazendo fé nas gravuras que retratam a época em que este filósofo viveu baseadas, por sua vez, nos relatos que chegaram até aos nossos dias, ficou a conhecer-se a sua lendária história. Ao que consta, o filósofo percorria as ruas de Atenas levando sempre consigo uma lanterna acesa… em pleno dia. Se alguém o questionava sobre esta estranha atitude, dava sempre a mesma resposta, levava a candeia acesa porque o ajudava a encontrar um homem honesto. Consta, nunca o encontrou.
Segundo reza a historia, Diógenes habitava um grande barril onde levava uma vida dedicada toda ela à natureza ao seu redor. Diz-se que possuía apenas um alforge e uma tigela garantindo assim a sua subsistência.
Deambulando pelas ruas com uma candeia acesa, Diógenes conseguia transformar a sua extrema pobreza numa virtude cada vez mais rara nos nossos dias. Note-se que o problema da corrupção não é uma caraterística dos portugueses, ela grassa por toda o mundo. A corrupção alastra-se como um polvo até diferentes setores com a vantagem de agora ser mais divulgada.
Com a sua atitude, o filosofo desacreditou muitas das instituições existentes além dos muitos valores sociais instituídos.
Daquela época até aos nossos dias pouco ou nada mudou continuando em vigor os mesmos valores sociais. Perante a neblina do esquecimento que se instala à volta de grandes figuras, a sensação que fica, é de completa impunidade.

domingo, 14 de junho de 2020

SANTO ANTÓNIO


Depois de um dia a ouvir falar no Santo, era natural que se reacendesse uma questão adormecida mas que sempre me preocupou. Não sendo lisboeta foi a este Santo que foi atribuída a ingrata tarefa de ser o meu padrinho espiritual.
Por outro lado pensei, se o homem foi capaz de atrair a atenção dos peixes também, com muita fé, podia acreditar que era capaz de captar a atenção quando mais ninguém o queria ouvir…
Apesar de todas estas capacidades, nunca ficou esclarecido porque todas as representações do Santo tinham sempre representado um menino ao colo, apesar de terem vivido em séculos diferentes. Com efeito, Santo António viveu no século XII, e Jesus viveu nos doze séculos anteriores. É certo que estamos habituamos a esta representação em que coexistem essas duas personagens justificadas pela mais diversas histórias.
Segundo uma das lendas. Santo António tinha uma grande devoção por Nossa Senhora que lhe terá aparecido com o menino ao colo, este, estendeu os bracinhos para o Santo e rodeou-o num divinal abraço…
Acreditando que tudo se terá passado assim, fica à consideração de cada um acreditar ou não, segundo a respectiva fé.

sábado, 13 de junho de 2020

É NORMAL TER MEDO


É normal sentir medo de tudo que é diferente. É um medo ancestral que sempre acompanhou par e passo o ser humano desde o tempo das cavernas. Este medo, faz com que ninguém se sinta muito confortável perante qualquer indivíduo obrigado a comportar-se fisicamente de uma maneira diferente daquela que se considera normal. Logo que o seu estado não atinja o patamar da fobia, sentir medo de qualquer perigo, real ou imaginário, é uma forma de conservação da espécie… Apesar de ser um sentimento normal, quando é acompanhado do preconceito não justifica o afastamento, nem a dor calada que fica com quem a sente.
Efectivamente, qualquer doença torna tudo diferente pelo que é natural que se verifique um certo recuo em todas as relações. É até admissível sentir medo da doença mas não desculpa que familiares e amigos se afastem. É certo que os verdadeiros amigos ficam sempre presentes nos bons e nos maus momentos e, se por acaso se afastam, talvez seja melhor assim…
Nos níveis mais baixos do dramatismo, continuo a afirmar que qualquer doença não deve ser mais um motivo de preocupação, na pior das hipóteses, existe sempre o recurso aos médicos e tratamentos adequados.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

ESCOLHAS DIFÍCEIS


Existem milhares de assuntos que podia aqui abordar mas, tirando a política e o futebol, não resta nada de interesse… Já escrevi sobre diversos assuntos que, na altura, me pareceram interessantes e que me afloraram ao pensamento mas, apesar de tudo, ainda tenho muita dificuldade em separar uma coisa de outra. Seja qual for o assunto, não é provável que me desvie muito do tema, ou seja, da escolha entre um e outro tema…
Já lá dizia S. Francisco de Assis nesta notável oração:
Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado…
Resignação para aceitar o que não pode ser mudado…
Sabedoria para distinguir uma coisa da outra.
À partida, parece fácil escolher qualquer assunto como tema para mais uma publicação mas, quanto mais se pensa no assunto, maior é a dificuldade ao ponto de se assumirem como intransponíveis.
Através da inteligência e da compreensão, há coisas na vida que é possível mudar contudo, existem outras coisas que não podem ser mudadas, tais como o passado ou mesmo o futuro. São coisas que têm que se aceitar tal como são e outras, como vierem.
Do mesmo modo, existem pessoas que não podem nem convém muito mudar. As coisas são como são e as pessoas também, elas vão reagir como sempre fizeram em diferentes situações. Há que aceitá-las tal como são. Que me seja permitido então transformar as minhas emoções em esperança, coragem e amor…

quinta-feira, 11 de junho de 2020

MAIS VALE PARECER...

… A barata diz que tem um sapato de fivela.
É mentira da barata, os sapatos não são dela…
e a cantiga prossegue no mesmo tom de fingimento tal como acontece na vida de muita gente. Com efeito, vivemos numa sociedade que parece valorizar o parecer em detrimento do ser. Muitas vezes a viatura, servia distinguir o respectivo dono, hoje em dia pertence à empresa ou é alugado. Fica por pagar atempadamente a última prestação da casa, a roupa de marca, é adquirida a credito ou nos Outlet que florescessem por todo o país,… o que interessa é manter a aparência, de tal modo que chega a ser impossível ao próprio distinguir a ficção da realidade.
Mas o fingimento não termina aí, alcança quem a ele recorre que mostra o sorriso mais inocente fingindo ser o que não é.
Nem tudo na vida é perfeito e raramente acontece segundo o que estava planeado. Porém, há ocasiões em que fingir, sobretudo para os mais próximos, é inevitável. Para os demais, não é importante parecer, o que interessa realmente, é ser…

quarta-feira, 10 de junho de 2020

A INTELIGÊNCIA DOS CORVOS


Todos os dias, ao cair da tarde, lá estão eles a catar o terreno sobre à relva do condomínio em busca de alimento. De entre todas as aves, os corvos possuem um cérebro bastante eficaz só superado pelo cérebro humano. Da mesma família das gralhas, gaios e pegas, para referir apenas algumas, os corvos, além de inteligentes, possuem outras capacidades como seja resolver problemas bastante complexos além do uso de ferramentas cuja intuição permite-lhes planear o futuro e mesmo contar… até um certo número. Dizem-me que se trata de dois melros vestidos de preto, ave que pode ser vista em todo o País desde que haja algum tipo de vegetação, mas também vulgar em áreas urbanas, como é o caso. Por este motivo, é uma das aves mais vulgares nas nossas cidades.
Sendo uma ave omnívora, alimenta-se no solo, correndo e pulando pelo que não me custa a crer tratar-se de dois melros e não corvos.
Esta ave é um grande consumidor de insetos, vermes, bagas e frutos.
Agora compreendo que só uma vez tenha conseguido comer uma ameixa madura sendo as outras, mesmo verdes, consumidas por estas aves. Apesar disso, longe de mim pensar sequer matar qualquer destas aves (corvos ou melros) que ao fim da tarde, visitam os jardim e cujo comportamento sinceramente admiro.

terça-feira, 9 de junho de 2020

SOLIDÁRIO COM A POLÍCIA...?


Como em qualquer profissão, há bons e maus profissionais, o perigo está em generalizar. Independente da profissão é perigoso, a vários níveis, generalizar.
Tenho assistido com bastante atenção às manifestações que se alastraram a vários países contra a morte violenta e desumana de George Floyd. Não posso concordar de maneira nenhuma com a forma como este ser humano foi morto. Satisfaz-me, em parte, a condenação do principal executante e a repreensão dos polícias que, pacificamente, assistiram a este bárbaro ato…
Muitas destas manifestações, com as quais concordo, acabam em confrontos com a polícia que, na maior parte das vezes, só está ali para proteger os cidadãos e cuja função é por demais ingrata. No meio dos manifestantes introduzem os “infiltrados” cujo principal objectivo é saquear e destruir património público pago por todos nós, cuja violência tem raízes familiares ou na própria natureza destes indivíduos. Não se pode generalizar. Se actuam, os polícias são prepotentes, violentos (também os há) e cruéis. Se não actuam, reclama-se a sua presença, quase sempre omissa, em determinadas situações…
Perante determinados comportamentos, sou forçado a concordar com quem representa esses profissionais.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

VANTAGENS E DESVANTAGENS DA LEITURA


Apesar da fama que me rodeia, os livros acumulam-se ali ao lado, sobre a mesa de cabeceira. Não deixa de ser estranho que os livros se acumulem à cabeceira de um autodenominado devorador de livros.
Embora já seja um cliché, volto a dizer que um livro é uma janela aberta para o mundo e a leitura é um hábito que deve manter pela ajuda que presta em descobrir quem somos e para onde vamos.
A realidade é que somos um povo de poucas leituras e isso vê-se através do pó que se deposita sobre os livros que se acumulam nos escaparates das livrarias. Não serve como desculpa motivos puramente financeiros, na verdade o português lê pouco mas por falta de tempo, gosto e disposição. Como tantos outros, a leitura é um ato solitário e exige alguma solidão que se prolonga quanto tempo for preciso.
De facto, cada livro é um conjunto de saberes encerrados em cada folha, está repleto de vivências que se absorvem inconscientemente e que mais tarde e se vêm a refletir através da escrita e da oralidade. São inúmeras as vantagens que o hábito de ler acarreta ao nível mental, “o nosso cérebro colabora, arrumando ideias, relacionando conceitos e provocando opiniões.”

domingo, 7 de junho de 2020

A DOENÇA MALDITA


Por mais que nos aflore à mente é um assunto que, embora sempre presente, tende a evitar-se sob qualquer pretexto No entanto, o cancro toca a todos de uma maneira ou doutra, não escolhe sexo nem nível social. Não há quem não conheça alguém atacado por esta doença ou que já foi vítima dela. Na sua fase mais avançada, a doença obriga a intermináveis sessões de radioterapia e quimioterapia com a consequente perda de cabelo além de outros sintomas secundários que variam de pessoa para pessoa. Felizmente e digo felizmente por que nenhum caso me tocou de perto. Compreende-se, por isso, a felicidade que senti quando soube que já era possível curar o cancro, anunciou assim o divulgou a Fundação Champalimaud…! O processo anunciado promete tratar o cancro bem como as respetivas metástases numa única sessão por meio de uma TAC ao mesmo tempo que faz o tratamento adequado.
Segundo um conceituado oncologista é possível eliminar o cancro mesmo quando já esta espalhado pelo organismo. Com o equipamento em uso, obtêm-se resultados satisfatórios em qualquer tipo de cancro! Em apenas cerca de dez minutos de tratamento possibilita que o doente regresse a casa no próprio dia.
Por dispendioso que seja, este tratamento acaba por sair mais barato ao Sistema Nacional de Saúde.

sábado, 6 de junho de 2020

NINGUÉM GOSTA DE ESTAR SÓ


Por que a hora do almoço estava próxima e porque nos encontrávamos no local, entre os diferentes restaurantes ali existentes optamos por uma pizza. Durante a longa espera que vai da encomenda até a pizza ser servida, deixei os olhos vaguear pela sala. Duas mesas mais distantes estava sentado um indivíduo sobre o forte. O que despertou realmente a minha curiosidade foi o facto de o tal indivíduo ter partido em duas uma pizza média que lhe foi servida que “emborcou” sem tirar os olhos do telemóvel. Cada vez que teclava, esboçava um sorriso sempre que lia a mensagem de retorno. Não estarei muito longe da verdade se disser que não prestava a mínima atenção ao que estava a comer.
Noutra direção, situada ao meio da sala, instalou-se outro individuo também solitário. Feita a encomenda num tom de voz forte que revelava uma pessoa segura de si, iniciou de imediato uma chamada também através do telemóvel. A esta seguiu-se outra chamada e depois mais outra e não sei quantas mais porque entretanto chegou a pizza que tínhamos encomendado.
A observação permitiu-me constatar a companhia que faz um telemóvel. O recurso às chamadas ou às redes sociais não é mais do que um subterfúgio para afastar a solidão. Quem tem um telemóvel nunca está sozinho. Afinal ninguém gosta de se sentir só…!

sexta-feira, 5 de junho de 2020

CHUVA BEM-VINDA


Nunca pensei ansiar tanto que chova, logo eu que detesto dias cinzentos em que o sol se esconde atrás das nuvens apesar de a temperatura se manter agradável e a chuva teime em não cair.
Neste momento devia estar mais preocupado com as zonas do país em que a chuva é bem-vinda por escassa ou mesmo ausente mas, o que mais me preocupa são as enchentes que já se notam nas praias. Em tempos de pandemia e com as praias ainda interditas, era natural que olhasse com olhos reprovadores aqueles que, por inconsciência ou ignorância, procuram as praias para se refrescar, conviver e praticar alguns desportos por enquanto proibidos.... Como agravante, verifico também que é ignorada a distância social recomendada nem o uso obrigatório de máscaras em recintos fechados ou quando não é possível o afastamento entre pessoas, como acontece nos calçadões junto ao mar. O uso correto da máscara que devia cobrir também o nariz além da boca apesar do calor que provoca… é uma questão de hábito.
Se fossem cumpridas todas estas regras, talvez o vírus fosse erradicado mais rapidamente e este município não batesse o recorde de indivíduos infetados. A população mais jovem, Involuntariamente, transporta o vírus infetando irmãos, pais e avós… É claro que não desconheço que, quando se é novo, não se pensa…

quinta-feira, 4 de junho de 2020

OS PONTOS POSITIVOS


Qualquer mal, seja qual for a sua natureza, tem sempre algum ponto positivo. É uma questão de os procurar e não ignorar deliberadamente os que vão sendo encontrados. É um facto que ninguém gosta de ficar só, na maior parte das vezes sem nada para fazer durante muito tempo.
O corona vírus, em plena pandemia, obrigou a uma paragem (forçada) a nível social e económico. Biliões de pessoas em todo o mundo, de um dia para o outro viram muitas das empresas fechadas, muitas viagens cancelas que tiveram como reflexo uma diminuição significativa das emissões de dióxido de carbono. A pandemia apesar do isolamento a que nos votou, teve os seus efeitos positivos para o meio ambiente…
Ficar em casa em período de quarentena prolongada, serviu para interromper a vida que se levou até aí obrigando muita gente a pensar, refletir e concluir o que é realmente importante e aquilo que não é.
A quarentena teve como consequência ficar mais atento aos noticiários revelando alguns pontos positivos entre os quais, acompanhar a evolução do vírus por toda a Europa apesar de mostrar, em simultâneo, o regresso de outras noticias dispensáveis, a meu ver sendo isso uma questão de gosto pessoal…
Apesar do mal provocado pela dispersão mundial do novo coronavírus e do confinamento que se lhe seguiu, deu tempo para concluir que, em qualquer contratempo, existe sempre um ou mais pontos positivos que não dever ser ignorados.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

A FADA AZUL QUE EXISTE EM NÓS


Na história, à fada azul incumbe, nem sempre com o êxito esperado, nomear uma consciência para o boneco chamado Pinóquio. A ingrata tarefa recaiu sobre o grilo falante. É a ele que compete ensinar o boneco a distinguir o bem do mal.
A Fada Azul sempre presente nos momentos mais críticos quando o Pinóquio mais precisa. O filme diverte mas nem sempre se reflecte na mensagem que a história encerra. A liberdade de cada um está na educação, só ela liberta através do conhecimento que permite decidir conscientemente o que se quer sem cair em erro. Por isso, todos somos responsáveis por educar as crianças para que consigam ser livres, desenvolvendo a capacidade de criticar alcançando a autonomia necessária para tomar decisões acertadas. Quando se fala em educação, deve esta entender-se em sentido lato, isto é, não basta ser bom em matemática, em línguas ou no desporto mas sim numa educação baseada na capacidade de raciocinar, de pensar, de analisar com sentido crítico…
Claro que o trabalho dos professores é muito importante, mas o trabalho em casa dos pais e durante toda a vida é fundamental.
À luz dos nossos dias ninguém fique à espera da fada azul para resolver os problemas que seguramente irão surgir ao longo da vida. Haja capacidade para que cada um se transforme, através da educação, na Fada Azul que resolve os problemas mais prementes de acordo com a nossa consciência, aquela voz interior que todos temos, tão pequena que, às vezes, é difícil de escutar.

terça-feira, 2 de junho de 2020

TROCAS E BALDROCAS


O bom tempo e as temperaturas elevadas foram um forte apelo que levou muita gente a procurar as praias esquecendo que o vírus anda aí e não se trata de uma gripezinha. À medida que o tempo vai passando, cada vez mais me convenço que a vida é feita de momentos que agora exigem que se cumpram as medidas de segurança.
Não se deve contudo, dar muita importância ao passado e o futuro não existe, há que viver o mais intensamente possível o presente. Agora que chegou a terceira fase de confinamento, também chegou, embora atrasado, o período de trocas. Entenda-se por “troca” a substituição de qualquer artigo por outro do mesmo género que pode ser melhor ou pior.
Durante a vida tivemos de fazer algumas trocas, nem sempre as mais corretas. Quantas vezes trocamos os filhos pelo emprego, os netos pela doença, a companhia… sabe-se lá porquê além de outras coisas não menos importantes como trocar de emprego, de carro, de casa, de palavras, de personalidade,... Fazem-se imensas trocas ao longo da vida que no fundo permitem que se siga em frente sem desistir.
Um dia chega, há sempre um dia, em que se apercebe que os filhos casaram, os netos cresceram. o emprego transformou-se em reforma,… Tudo o que era importante fica reduzido ao seu real valor assim como outras coisas pelas quais se lutou durante toda a vida.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

QUEM NÃO ARRISCA...


Já lá diz o ditado “quem não arrisca, não petisca” mas, na minha opinião, há que arriscar para mais tarde petiscar… Ficar muito tempo a ponderar os prós e os contra de qualquer decisão, não leva a lado nenhum. Há coisas que requerem uma resposta imediata e não sobra muito tempo para ponderar nas vantagens e inconvenientes da resposta a dar.  Muita vezes, arrisca-se na eventualidade de mais tarde petiscar… Tudo depende do que se entende por petiscar. Literalmente, petiscar significa um local onde se come e bebe mas, em sentido mais lato, petiscar pode ter outros sentidos, entre eles, salientem-se uma infinidade de outros conceitos a ter em consideração.
Ao tomar qualquer decisão correm-se riscos mas há situações em que as decisões são urgentes! Uma forma de contornar os riscos é não tentar nunca mas também não se consegue nada nem esta decisão acarreta uma maior felicidade. Há ocasiões em que é preciso arriscar, mesmo que essa atitude obrigue a riscar algumas pessoas ao longo da vida. O importante é ser feliz!
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