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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

UM DIREITO QUE NOS ASSISTE

Toda a gente devia ter o direito de se apaixonar. Quem nunca se apaixonou devia apaixonar-se, pelo menos uma vez. Além de ser um direito é barato, não sobrecarrega as finanças públicas nem nada…
A isto acrescento que toda a gente tem o prazeroso direito a se apaixonar seja pelo que for, se bem que é mais agradável apaixonar-se por alguém. Independentemente do aspecto ou sentimentos que desencadeie, insisto no direito inalienável que toda a gente tem de se apaixonar. Só deste modo é possível emitir um juízo de valor sobre quem está apaixonado. E quem nunca esteve apaixonado?
Quem nunca experimentou esse sentimento intenso e profundo por qualquer coisa ou por alguém?
Discordo dos cientistas que separam amor da paixão alegando que esta pode durar poucos meses, chegando ao ponto de estabelecer o tempo de duração. Esquecem que há paixões que duram por toda a vida…
É verdade que a paixão depende de muitos factores entre eles factores ambientais mas, quaisquer que sejam, a paixão surge sempre quando menos se espera e de uma forma irracional que só o próprio (às vezes) encontra o sentido.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

NUNCA DEIXES PARA AMANHÃ

Há frases assim que a gente lê aqui e acolá, que podem dizer muito ou nada de acordo com as vivências que carregámos. São frases que nos tocam de uma maneira ou doutra e mais tarde nos tomam de assalto a cabeça.
Embora seja já um cliché, só agora alcancei o verdadeiro sentido da frase Nunca deixes para amanhã o que realmente é importante fazer hoje.
Foi preciso estar internado para alcançar o verdadeiro sentido desta frase. Entrei pensando “perder” ali algumas horas e em seguida, já com alta,  podia regressar a casa e a vida seguiria o seu curso normal. Regressei três meses depois.
Nada do que aconteceu então e depois foi exactamente como tinha pensado. A todo o momento podem surgir imprevistos que alteram completamente todos os planos que se possam fazer.
Talvez não faça sentido ou então um sentido completamente diferente mas deve reflectir-se e guardar esta frase.
O amanhã não existe.

domingo, 26 de novembro de 2017

SEJA BEM-VINDA

Cansado de subir a persiana de manhã e ver um céu azul sobre um sol radioso, é compreensível o meu contentamento ao verificar que o tempo mudou mas a chuva não veio. Anseio por aquela chuva miudinha, certa e vertical por falta de vento, tudo elementos que detesto mas muito desejo pela sua ausência. Esclareço que não mudei de atitude, continuo a detestar a chuva, a humidade que a acompanha, os dias cinzentos que acarreta mas, quando olho para as barragens quase vazias, então anseio pela chuva.
É sempre assim, só desejámos o que está ausente e que por conseguinte não possuímos. É pena que assim seja mas é esta a realidade. Nunca vi ninguém agradecer o que possui mas, se calhar, sou eu que ando cego… Só se deseja aquilo que faz falta e não se dá valor ao que a muito ou pouco custo se alcançou.
Na vida tudo funciona assim por mais juras que se façam no sentido de mudar de atitude. Por isso repito, agora que lhe noto a falta, que seja bem-vinda a chuva. É preciso arejar os impermeáveis há muito guardados no armário.
Como diria o poeta, Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. Por isso repito, bem-vinda a chuva.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

JÁ CHEIRA A NATAL

Por vontade própria ou não, apercebi-me de repente que estamos a um mês apenas da data estipulada para a Ceia de Natal. Admito que no passado esta data pouco me empolgou não fora a existência das minhas crianças e actualmente festejada em atenção aos netos. O Menino Jesus, atirado para um canto na maioria das casas, manteve-se em exposição todo o ano embora misturado agora com outros símbolos mais modernos do Natal.
Mais uma vez a Igreja tenta apagar uma data puramente pagã, o nascimento do deus sol em que se celebra o Solstício de Inverno, com a data em que presumivelmente assinala o nascimento de Jesus. Bem fazem os Espanhóis que comemoram a seis de Janeiro, o célebre Dia de Reis, tempo que os reis magos levaram para encontrar o Menino.
Venha então o Natal e com ele as bênçãos de Deus que caiam sobre toda a família.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

ÀS DUAS POR TRÊS

Às duas por três, bato aquela porta,
parecia fechada, estava entreaberta…
A tristeza é muita, a saudade aperta.
Que importa o futuro?
Que importa o passado?
Já saltei o muro,
fiquei deste lado.

A porta entreaberta, estava fechada.
Que importa o futuro,
que importa o passado,
já saltei o muro…!
Não existe nada
também deste lado.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

O QUE É PRECISO É TEMPO

Perguntar a quem sofre de qualquer patologia o que mais precisa no momento, a resposta pronta será: TEMPO. A longo e a médio prazo esperava ouvir-se SAÚDE mas, no momento, é preciso tempo e muita paciência da parte do cuidador.
Qualquer tarefa que um adulto normal faz num ápice e sem sequer pensar, um deficiente precisa do triplo do tempo para a executar. O que não invalida que antes pense muito bem nos passos a dar para alcançar os objetivos pretendidos. Isto no caso de pensar…Tratando-se de quem já teve uma vida “normal” o caso torna-se ainda pior na medida em que jamais se confere o tempo que é necessário para se adaptar à nova situação. Ocorre então uma miscelânea entre passado e presente nunca se sabendo por qual dos dois optar. Mais tarde, mas muito mais tarde, chega o futuro com a aceitação de todos os condicionalismos que a deficiência acarreta.
Como diria o poeta, o que é o passado, presente ou futuro?
A distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma firme e persistente ilusão. (Einstein).

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O QUE OS SEPARA?

O Porto disputou esta tarde com 16 cidades a nova sede da EMA. Não sei se fique triste ou alegre com o resultado desta votação. Ganhar, significaria uma rápida e grande mexida na cidade com o consequente aumento do movimento da cidade. Perder, como se verificou, significa que tudo se manterá na mesma, com o normal e lento evoluir da cidade ao ritmo de novos forasteiros.
Mais uma vez reitero o meu afastamento de tudo quanto é “política” mas não posso, como aficionado invicto, ficar indiferente a este importante evento. Na mesma proporção em que sou bombardeado com notícias sobre a corrupção que grassa no nosso país, tenho que ingressar pelo tortuoso caminho da política.
Não sou de esquerda nem tão pouco de direita ou centro, aliás não sou de coisa nenhuma. Ando a cirandar estre esquerda e direita em busca de “justiça”, Justiça essa que não encontro em lado nenhum, daí o meu cirandar. Não ignoro os partidos de Direita, Esquerda ou Centro assim como não me revejo em nenhum deles, permitindo-me cirandar.
O que mais me preocupa são as desigualdades sociais que me puxam mais para a esquerda do que para a direita. O chamado Centro que devia usufruir das melhores decisões dos outros partidos deixa muito a desejar. Depende de quem se encontra à frente do partido e dos objectivos que persegue.
Completamente baralhado, vou circulando entre partidos mesmo sendo alvo de inúmeras e duras críticas. O que não posso, nem quero, é concordar plenamente com Esquerda, Direita ou Centro embora reconheça que todos os partidos defendem prioridades diferentes. Apenas nisso reside aquilo que os separa.

sábado, 18 de novembro de 2017

TODOS OS DIAS MERECEM SER VIVIDOS

Há dias em que os pensamentos surgem do nada numa catadupa incontrolável, de tal maneira que se torna quase impossível dar vasão a tanto pensamento relevante. Outros dias, não surge nada além daquela rotina diária que não merece registo. Não tenho nada contra a rotina, aliás as rotinas têm o seu lado positivo se nos fazem poupar tempo das tarefas mais monótonas do dia-a-dia.
São dias assim o que se chama de dias para esquecer, em que nada se escreve nem se pensa.
Contudo, por mais rotineiro, nenhum dia merece ser esquecido. É como passar em branco esses dias, como se não existissem ou não merecessem ser vividos. Ignorá-los  seria o mesmo que recusar a dádiva suprema que é a própria vida.
Qualquer dia, por mais insignificante que pareça, merece ser vivido e lembrado como um patamar para alcançar objectivos mais elevados.
Há dias assim.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

A VACA QUE VIVIA CÁ EM CASA

A vaca que vivia na minha casa de banho fugiu, pelo menos já não se faz ouvir. Na verdade, o animal a que chamo de vaca, não era literalmente uma vaca. Era apenas um ruído que fazia lembrar uma vaca quando se accionava o autoclismo. Desde que experimentei outra posição para a torneira, deixou de se ouvir.
Agora que se foi, sinto saudades da vaca que presumivelmente vivia no meu WC. Pouco ou mesmo nada tínhamos em comum, exceptuando aquelas lesões a nível cerebral que descoordenavam os nossos movimentos mais comuns. E, enquanto ao animal lhe chamam louco, a mim não me chamam nada… só pensam. A descoordenação só é visível quando me empresta aquele ar de bêbado bem bebido.
Se vivesse na Índia o animal, como animal sagrado, circulava livremente invadindo ruas, lojas e centros comerciais e podia até comer os alimentos ali expostos para venda. Contudo, a “minha vaca” vivia fechada no WC e não saía de lá sob nenhum pretexto. Fazia-se ouvir, mas nunca se mostrou a ninguém.
A vaca que vivia na minha casa de banho, já não vive. Cheguei à conclusão que sai muito mais barato comprar leite no supermercado do que ter uma vaca fechada na casa de banho.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

O FOGO QUE ASSOLOU O PAÍS

O fogo passou por aqui. Não estou só a pensar em Pedrogão Grande, no Pinhal de Leiria ou quaisquer outros sítios e lugares de que, provavelmente, nunca antes ouviu falar. O pior é que o fogo passou e levou com ele casas, instrumentos que existiam ao redor das casas e principalmente vidas. Essas ninguém paga. Não há moeda que consiga substituí-las. Os intensos fogos que lavraram por todo o país deixaram marcas tanto na floresta como nas habitações e sobretudo na vida das pessoas já para não falar nas vidas que se perderam.
Olha-se em volta e vê-se logo que o fogo andou por ali pelas marcas que deixou. Árvores que eram verdes pintadas de preto assim como habitações, instrumentos dedicados ao trabalho e não só.
E que foi feito ao nível de quem pode decidir e quem pode legislar?
Que medidas foram tomadas no sentido de ordenar o território?
Que me conste, nada foi feito além de se debaterem exaustivamente as condições que originaram estes incêndios.
As condições climatéricas estão a mudar, é um facto, por isso nada garante que o mesmo fenómeno não se venha a repetir no futuro. Há que evitar que tal aconteça.
As casas, voltam a construir-se, a floresta volta a pintar-se de verde mas as vidas, não há volta a dar-lhe. As vidas essas, não voltam mais.

sábado, 11 de novembro de 2017

PERGUNTAR AO CEGO SE QUER VER

Perguntar a um cego se quer ver é uma questão que, além de mórbida, encerra uma extrema maldade, contudo é expectável que ele dê uma de duas respostas: ou ele diz NÃO e está tudo resolvido, continua cego e não se fala mais nisso ou então diz SIM, (excluindo a hipótese do talvez) e nesse caso, há um longo caminho a percorrer.
Desde o deslocar-se a um local específico ao atravessar a rua uma ajuda pode ser bem-vinda apesar de não ser solicitada. Nem sempre a ajuda que nos parece ser a melhor é a mais adequada. Durante uma simples deslocação, é preciso que haja a sensibilidade de verificar se a ajuda é útil ou não e, caso ela se torne necessária, às vezes basta um braço para que a pessoa deficiente se sinta acompanhada.
A incapacidade física nem sempre ataca de igual forma o mesmo ser. Enquanto uns manifestam apenas ligeiras alterações de postura, outras há em que se notam graves alterações dessa postura.
Em qualquer dos casos, convém não recusar a ajuda quando ela é de todo necessária. Como diz a lenda: O pior cego é aquele que não quer ver...!

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

DIA DO CUIDADO

Como há dias para tudo e para todos os gostos, devia haver um Dia consagrado ao Cuidado. Não, não me enganei nem troquei os termos acidentalmente. Estava mesmo a referir-me àquele que recebe todos os cuidados do seu cuidador o que convenhamos, não é nada fácil. Um bom cuidador é aquele que consegue colocar-se no lugar do cuidado, compreender a sua essência, as suas limitações, dores… e amores.
Há cuidadores que o são por opção. É essa a profissão que escolheram e para quem vai, desde já, a minha sincera admiração. Além deles permitam-me mencionar os outros, aqueles que são cuidadores por devoção ou por obrigação. Não sei em que (de) grau me insiro, mas nunca o relativo a um cuidador de profissão. Para isso é preciso muita paciência que não tenho. Seja em que grau for, para esses aqui fica também uma palavra de apoio e a minha simpatia.
Tenho pena, sinceramente tenho pena daqueles cuidadores que se entregam de alma e coração a quem cuidam, sobretudo aqueles que são totalmente dependentes. Para esses cuidadores há sempre uma palavra, um carinho, uma pena especial dirigida a quem “estragou” uma vida para se dedicar a outrem.
Quando existe uma certa autonomia por parte do cuidado, a vida de cuidador fica muito facilitada. Recai sobre ele a maior parte das tarefas que se dividiam pelos dois, é certo, mas em tudo o resto a vida fica mais facilitada.
Como ser cuidado, encontro-me à vontade para dizer que é com muita luta que se consegue evoluir para estádios superiores nesta triste hierarquia. E uma só palavra vinda de fora fazia toda a diferença no universo do cuidado… com alguma autonomia.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O USO INCORRECTO DO TELEFONE

Nunca gostei muito daquele aparelho que existia na maior parte das nossas casas. Não posso precisar, mas penso que a aversão que lhe dedico remonta à minha tenra idade.
O aparelho que actualmente designámos por telefone, situava-se frequentemente no hal de entrada das casas ou apartamentos e era lá, para não fugir à regra, que estava instalado em nossa casa.
É óbvio que me refiro ao telefone fixo e não aos telemóveis que agora inundam o mercado e andam nos “dedos” de toda a gente. Mesmo que pareça impossível, há bem pouco tempo ainda, o telefone muito utilizado social ou profissionalmente, só se encontrava em poucas casas. Por mais cores e feitios que lhe fossem atribuídos, não passava de um aparelho frio e sem vontade própria que só merecia atenção quando tocava.
Como disse, nunca gostei muito desse aparelho e constatei que a aversão que lhe dedico ainda hoje prevalece intacta. Apesar de pouca gente lhe conhecer o número, deixo-o tocar por longos períodos sem ousar tocar-lhe.
Tempos houve em que atendia alegremente as chamadas de que raramente era o destinatário até ao dia em que foi incorrectamente utilizado.
Aquilo mexeu comigo e nunca mais o encarei como um mero aparelho destinado apenas a converter energia sonora em energia eléctrica e vice-versa.
Através do telefone passam, desde simples palavras, a emoções sentidas de parte a parte. Do que ficou dito, depreende-se que o “mal” está no uso incorrecto desse aparelho a que vulgarmente se chama telefone.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

O TEMPO TUDO APAGA

Agora está na moda considerar como “erro humano” todo e qualquer desvio do que se considera correto. É permitido pensar-se nos incêndios que assolaram o nosso país ou outro qualquer acidente na área da saúde ou na área aérea. O problema fica resolvido ordenando-se a elaboração de um inquérito que pode durar dias ou mesmo anos... Quase sempre se chega à conclusão que o acidente ocorreu devido a um “erro humano”. Com esta atitude e perante a sociedade em geral, fica tudo explicado.
O “erro humano”, usa-se sempre que a gente ou qualquer coisa que devia agir em conformidade com os cânones vigentes decidiu agir de outra forma. Quem se desvie dos objectivos perseguidos é classificado como “erro humano”. Discute-se exaustivamente o acidente mas nunca o que lhe deu origem de forma a evitar que o fenómeno se repita num futuro próximo.
Encontrado (à força) um responsável, quer sejam as condições climatéricas ou qualquer outra causa, tranquiliza-se a consciência e espera-se que o tempo apague tudo da memória colectiva. Estou a lembrar-me de acontecimentos passados como o célebre desastre aéreo na Madeira, dos incêndios que assolaram Portugal, dos corpos carbonizados que não me deixam esquecer todo um passado que se faz presente.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

ISTO, SOU EU A PENSAR...

Há dias em que o “esforço” de pensar nem merece o sacrifício contudo continua-se inexoravelmente a pensar mesmo que não se escreva. E quem se pode gabar de ter parado o pensamento?
É impossível parar completamente o pensamento mas é possível controlar o nosso comportamento, isto é, a maneira como se reage perante os pensamentos negativos, aqueles que aprisionam a mente, remoendo acontecimentos passados (ou futuros) que não é mais  possível alterar.
Pelo menos, enquanto escrevo não penso, já pensei antes e vou pensar depois nas consequências do que escrevi. Mas durante o processo da escrita não penso. Essa seria a grande vantagem de escrever mas o ato em si não assim tão linear. Afirmar que não penso é falso de certo modo, devia antes dizer que não ocupo a mente com pensamentos mais profundos, mas o pensamento continua lá. Penso nas teclas certas sobre as quais devo exercer pressão. Enquanto o pensamento se foca nas teclas do computador, não salta para outros temas mais complicados.
Há dias em que nem um pensador inato pensa antes de escrever, escreve apenas o que pensa e mais nada.
Há dias assim.

sábado, 4 de novembro de 2017

MODO ACTIVO OU MODO REFORMADO?

Encontram-se na Internet várias dicas para arrancar com PC em Modo de Segurança ou em Modo Anónimo mas nem uma sobre aquela idade crítica da reforma, nem sempre encarada como o tempo ideal para satisfazer essas vontades que trazemos escondidas durante uma vida. O problema está, na minha opinião, no modo como se encara essa idade comum a toda a gente. Na prática, pode optar-se pelo Modo Activo ou então pelo Modo Reformado sendo que, muitas vezes, os dois modos podem coexistir numa mesma pessoa.
Tomando como exemplo a simples deslocação até ao café da esquina, a diferença entre os dois modos acaba por notar-se. Enquanto que, no modo activo, a deslocação é feita colocando os pés no chão com toda a facilidade e segurança, em modo reformado, a mesma deslocação, faz-se de forma bastante hesitante e insegura exigindo o dobro do tempo. Claro está que o problema é tanto mais grave quando todos se deslocam em Modo Activo e apenas um em Modo reformado. Como são modos incompatíveis torna-se infrutífera a tarefa de os conciliar.
Para piorar a situação há quem, embora reformado, teime em viver em Modo Activo. Isso nota-se nas mais elementares tarefas do dia-a-dia. São pessoas para quem a vida de reformado não coartou o empreendedorismo, isto é, gente para quem aquela fase da vida já chegou… apenas cedo demais.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

AQUELA FRASE QUE NINGUÉM ESPERA

Há dias que, quando tudo parece perdido nas brumas do presente ou no desconhecimento do futuro, chega até nós aquela frase que nos faz rir ou pelo menos sorrir daquilo que no momento é objecto de preocupação. Há gente assim, gente que reage duma forma totalmente inesperada a esses momentos tornando a realidade mais interessante do que realmente ela é. Não é muito comum, mas existem pessoas assim que nos acompanham por toda a nossa vida. Hoje não posso deixar de lamentar não ter manifestado o quanto aprecio essa particularidade que considero um dom. Há pessoas que já nascem com esse dom, são mesmo assim e não fazem qualquer esforço para ser assim.
Dizem que essas pessoas são optimistas, serão. Ser optimista ou pessimista depende da forma como se encaram as diferentes fases que se sucedem na vida e que por vezes nos puxam para baixo. Nesse instante, lá vem a tal frase que, de tão inesperada, tira todo o dramatismo ao problema que nos aflige.
Afinal nada é tão mau que não possa ser contornado e, caso o não seja, o tempo encarrega-se de resolver, de uma maneira ou doutra. Não sei quem mas alguém disse que os navios não se afundam por causa da água que os rodeia mas por causa da água que se encontra dentro deles. É um facto.
Há dias em que não permitimos que acontecimentos fortuitos comprometam todo o futuro que nos aguarda.
Há dias assim.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

CRUZEIRO DO PADRÃO DA LÉGUA

Não sou religioso e tenho pena. Na verdade devia dizer que a minha fé sofre altos e baixos como uma montanha russa.
Não sabia por que estava ali “plantado” nem imaginava por que lhe puseram o tal nome que absorveu toda a zona até que um dia resolvi recolher informação que me permitisse responder a todas estas questões. Datado do século XVII, pode ver-se no cruzeiro um Cristo esculpido também em pedra que assinala uma légua (6 quilómetros, mais ou menos) entre dois cruzeiros. Além de assinalar a entrada no concelho, é também um ponto de referência para indicar aos peregrinos o Caminho Português para São Tiago. Cá está um detalhe que muito me arrependo de ter deixado “para mais tarde”.
Até certo ponto, é normal que me tenha afeiçoado a este cruzeiro. Olhando através da vidraça, além de outros apartamentos, consigo ver o tal Cristo voltado para mim.
Recentemente o cruzeiro sofreu obras de remodelação que felizmente se limitaram apenas a insignificantes modificações. Acabou mais desafogado depois que demoliram o prédio que o ensombrava e quase o engolia.
Depois que adoeci compreendo a tendência do olhar repousar sobre o cruzeiro. Apercebe-se aquela tendência que existe de se agarrar a alguém ou alguma coisa que esteja por perto. À falta de melhor, agarrei-me a este cruzeiro que vejo da minha janela sempre que a vista quiser. E num murmúrio, quase consigo ouvir aquele pedido de ajuda mudo, que vem de não sei donde e se dirige a parte alguma… a não ser a que existe no fundo de cada um de nós.
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