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sábado, 29 de setembro de 2018

O PESO DAS MOCHILAS


Com o início do ano escolar tudo serve para distrair pais, encarregados de educação e não só de um dos reais problemas que a escola encerra. Visitada e revisitada a calamidade de Pedrogão, das armas desaparecidas de Tancos agravada pelas suspeitas de corrupção, tudo contribui para que o início do ano escolar não decorra com a normalidade esperada.
Como avô confesso-me preocupado com o peso excessivo das mochilas escolares e não é por falta de legislação. Determinados organismos públicos como é o caso da Deco, confessam-se “frustrados” por não verem nenhuma dessas medidas implementadas.
Efectivamente, no final de 2017 o Parlamento aprovou onze medidas destinadas a diminuir o peso das mochilas escolares. Decorrido quase um ano, (Outubro de 2017), nada foi feito no sentido de diminuir o peso excessivo das (bem)ditas mochilas. É verdade que os lóbis, que os há em toda a parte e para todos os gostos, falam mais alto e impõem regras.
Perante esta realidade só nos resta esperar de preferência sentados que algo se resolva e marcar consulta num hospital, preferencialmente privado, com vista a colmatar as dores nas costas já presentes em alguns dos pequenos utentes.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

FOTOGRAFIAS


Comparando fotografias antigas com o visual actual, sai-se sempre a perder pois o aspecto de agora geralmente é pior, salvo raras excepções. Deste confronto verifiquei que afinal a diferença não é muita. Talvez exiba um ar mais cansado, nada que não desapareça com uma noite bem dormida. Além disso, surpreende-me que os estragos feitos pelo tempo não sejam assim tantos e a maior parte já eram existentes.
Entre a fotografia e o aspecto actual vão décadas de história, duma vida mal ou bem vivida pouco importa mas vivida. Nela revejo ruas, costumes e sobretudo gente que se afastou, não de mim como poderia pensar-se, mas da doença que assusta qualquer um qualquer que seja. Era assim que pensava e reagia mas que agora, depois dum longo e demorado processo, consigo ver com maior naturalidade.
Há sempre um momento em que somos confrontados com fotos do antigamente e nem é preciso que a distância (em tempo) seja muito grande. Basta que a alteração seja tão repentina que não dê tempo indispensável à habituação. Compara-se então a imagem sorridente da fotografia com o aspecto dos nossos dias o que é .normal, o problema está quando essa comparação acarreta sentimentos negativos. Aí, fica-se quieto durante longos períodos na contemplação da triste realidade.
Nesse momento é altura de reagir de forma racional de maneira convincente que a realidade não é assim tão triste como à primeira vista podia parecer. É tempo de pensar mais em si próprio deixando para trás o que já foi. O tempo não se comove com a vontade de cada um e não tem retrocesso. É fundamental admitir que não se permanece sempre igual ao longo do tempo. A vida ensinou-nos coisas que o tal da fotografia não sabia, aquela qualidade que orgulhosamente hoje se exibe e que dantes não existia.
Em suma, em vez de se comparar com a fotografia, aproveite para desenvolver as qualidades que a vida entretanto lhe ofereceu e fique apenas pela contemplação muda de uma foto curiosa do antigamente.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

A VOZ


Há dias em que manifestamos maior sensibilidade a vozes graves e outros em que fica mais próxima das vozes agudas. Tudo depende também do gosto pessoal mas numa coisa estamos todos de acordo, a voz é essencial para comunicar, basta ver o que acontece quando se está temporariamente afónico.
Embora existam vários registos, a voz é um instrumento natural e o mais antigo que se conhece graças ao qual é possível comunicar com os outros seres humanos. Para isso, pode recorrer-se a  simples sons, palavras ou até à própria música. Por este meio conseguem-se comunicar diferentes emoções.
Qualquer que seja o registo há uma infinidade de qualidades vocais que originam novos registos e assim sucessivamente. Pessoalmente prefiro as vozes mais graves independentemente do sexo. Existe uma certa sensibilidade a alguns timbres que não sei nem pretendo explicar mas, em qualquer parte, procuro entre a multidão o possuidor desse timbre mais grave.
Do mesmo modo que se verifica uma infinidade de caraterísticas humanas, também existe uma infinidade de vozes às quais se é mais ou menos “alérgico”.
Existirem variadíssimos estudos sobre este maravilhoso instrumento vocal que a Natureza oferece mas nunca, que eu saiba, foi feito um estudo rigoroso sobre a influência da voz ao nível pessoal.
Como diria São Paulo, há sem dúvida, muitos tipos de vozes no mundo; nenhum deles, contudo sem sentido.
Só é preciso encontrar-lhe o sentido…
Há dias assim.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

O MAU USO DOS BONS ANTIBIÓTICOS


É essa a principal diferença entre os países do Norte da Europa e os países do Sul, nomeadamente a Holanda. Neste país é a própria população que demonstra uma grande preocupação e sensibilidade quanto à resistência aos antibióticos, quando pergunta ao próprio médico – Preciso mesmo deste medicamento?
Lamentavelmente o mesmo não acontece nos países do Sul onde se verifica um acentuado aumento da resistência aos antibióticos. Uma das causas é o uso excessivo deste medicamento mas também a transmissão de bactérias patogénicas entre pessoas e animais para o que contribui a grande mobilidade existente entre países da Comunidade Europeia.
O recurso aos antibióticos só se compreende quando prescritos pelo médico e não por pressão do paciente só porque tem tosse… O uso inadequado dos antibióticos fica a dever-se muitas vezes à falta de formação dos próprios médicos e outras vezes aos hospitais que se mostram incapazes de evitar a transmissão de infecções entre doentes.
Trata-se de um problema grave nos nossos dias atendendo a que não se dispõem de novos antibióticos. Recorre-se a ligeiras variantes dos antibióticos já existentes, por isso, torna-se urgente encontrar outras formas de eliminar as bactérias patogénicas. Caso não se encontrem outras formas de combate, a resistência aos antibióticos tende a aumentar tornando fatais simples infecções chegando ao ponto de impedir cirurgias consideradas banais devido ao risco de infecção.
Foi esta a conclusão dos cerca de 300 especialistas reunidos anualmente em Lisboa na ESCMID (Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas) já conhecida e sentida por muita gente.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

QUANDO O MAL É A TOSSE


Sempre fui avesso a tomar qualquer medicamento e contra a tosse esses remédios variam conforme o que está na moda. Abro uma excepção para os remédios caseiros à base de cenoura ou do aloé. Estas partes da planta, em presença de açúcar, segregam um líquido viscoso que atenuam naturalmente a tosse.
Com efeito, estes xaropes, devido ao seu poder broncodilatador, são capazes de aliviar a tosse dando uma sensação de bem-estar sem contudo curar esse mal. Como complemento, pode tomar-se uma colher de mel dissolvido num copo de água que ajuda a hidratar as cordas vocais contribuindo assim para diminuir os acessos de tosse. Os remédios, sejam eles quais forem, apresentam efeitos secundários nefastos ao ser humano que convém ter em conta.
Desta vez, investigadores da Universidade de Basileia, chegaram à brilhante conclusão de que, em pacientes cuja tosse perdurava para além de três a oito semanas, os remédios contra a tosse em nada ou muito pouco ajudaram a recuperar desse mal. No entanto, os efeitos secundários fizeram-se sentir com maior incidência nas dores de cabeça, náuseas, dores no peito e mesmo, nalguns casos, agravamento da própria tosse…
Cabe apenas ao médico de família tranquilizar o doente, em vez de receitar à partida um medicamento contra a tosse mesmo que isso implique dedicar mais tempo à respectiva consulta.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

FICAR À MARGEM


O mundo real não é a preto e branco como se quer. Pelo contrário, todos os dias somos confrontados com um mundo cinzento que nos espera ao acordar.
Uma maneira simplista de ver o mundo e não se preocupar mais com a política é considerar que só existem dois partidos neste país, a direita e a esquerda, como se não houvesse outras opções!
Confesso que tentei enveredar por esse caminho pelo que comecei por ignorar todo e qualquer noticiário, até porque não pretendo que este seja mais um blogue de cariz político. Os partidos de direita só estão preocupados em manter os valores tradicionais enquanto que os partidos de esquerda querem mudar radicalmente toda a sociedade. No meio disto tudo, apercebi-me que afinal não percebo nada de política, só entendo que nem um nem outro partido conseguirá os seus intentos…
Mas como permanecer à margem da política numa sociedade politizada por natureza?
Dentro deste espírito, acabei mais atento ao que se passava pelo país e verifiquei que a corrupção alastrava por toda a parte e a vários níveis, que a economia em vez de crescer, inexplicavelmente andava pela rua da amargura e, o que é mais triste, não vejo solução para este problema qualquer que seja o partido que se encontre no Governo. Não há nada novo sob o Sol, e a eterna repetição das coisas é a eterna repetição dos males.

domingo, 23 de setembro de 2018

BEM-VINDO O OUTONO


Habitualmente caracterizado pelas baixas temperaturas apesar dos dias de sol intercalados com a chuva, da mudança de cor das folhas que amarelecem ou adquirem tons avermelhados conforme as espécies e sobretudo daquele estranho silêncio próprio que traz consigo e contagia os diversos jardins da cidade, dou as boas vindas ao Outono. Era assim que devia ser esta estação que assinala o fim do Verão e antecede já o próximo Inverno. Este ano o Outono boreal está descaracterizado fruto das alterações climáticas. O Outono chegou este domingo como sempre com temperaturas próximas dos 40 º mais próprias do verão agora moribundo.
Com efeito, o Equinócio de Outono marca a chegada do Outono que só devia terminar em Dezembro. Há dias porém que assisto ao amarelecimento e queda das folhas das árvores do condomínio, da calma que alguns dias proporcionam como se já fosse outono.
Outono que por aqui há muito que se anda a anunciar.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

NUNCA SE PERDE O JEITO


Há coisas que nunca se esquecem. O tempo passa, as circunstâncias da vida alteram-se mas o jeito fica. Então, somos invadidos por aqueles momentos em defesa da criança desprotegida, as noites mal dormidas, as aulas mal preparadas… e impõe-se a inevitável pergunta, valeu a pena?
Dá vontade de responder com as palavras do poeta mas, resistindo à tentação e depois de ponderar seriamente a resposta, diria que voltava a passar por tudo outra vez. Quem não passou ainda por situações difíceis na vida?
Bem sei que algumas situações são mais difíceis do que outras mas tudo faz parte da vida e quem é que não viveu?
Ao entrar naquele quarto de hospital deparei-me com uma criança com outra criança adormecida ao lado. Apesar da obscuridade do quarto, já brilhava uma luz que ninguém via mas que estava lá.
A vida está é composta de momentos, uns alegres, outros tristes, as vicissitudes vão surgir em qualquer curva do caminho. Perante essas vicissitudes somos livres de escolher uma das seguintes atitudes, lutar ou afundar-nos na derrota. É tudo uma questão de atitude. A opção a tomar depende da “bagagem” que se transporta. No entanto, se não é possível alguém mudar, pode enfrentar-se a realidade por mais dura que pareça ser. As coisas são o que são, nunca o que parecem ser.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

RECORDAR É VIVER


A velha frase “recordar é viver” é já um “cliché” e nem sempre é verdadeira. Há coisas que não cansa recordar enquanto que outras, embora estejam gravadas na memória, preferíamos não lembrar.
Passaram-se muitos anos desde que fui pela primeira vez para a escola e poucas memórias guardo desse dia. Recordo vagamente de assinalar esse dia com uma fotografia tirada pelo pai mas pouco me lembro dos colegas nem tenho memória dos respectivos nomes mas sei quem era o meu saudoso professor que nos sugeriu desenhos que retratassem a vida familiar e podámos até pintar no final.
Assaltam-me a memória os dias seguintes e posso afirmar sem qualquer dúvida que não foram nada gratificantes. A cada dia que passava gostava menos da escola… Não sei de quem foi a culpa só sei que me custaram algumas lágrimas, noites mal dormidas e muito nervoso que dissipava ao longo do percurso. Como toda a gente era normal a presença daquela ansiedade própria dos primeiros dias de escola mas comigo era diferente.
O choro matinal da pequenita despertou em mim todas estas recordações. Como eu a compreendo… Nunca gostei dos primeiros dias, depois fui-me resignando.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

O MEU PRIMEIRO DIA


Há sempre uma primeira vez seja para o que for. Não me refiro apenas ao livro convertido em filme mas da “primeira vez” de uma maneira geral. Gratificante ou não, assim ela ficará mais ou menos gravada na memória embora nem sempre seja assumida ao ponto de falar dela com à vontade.
Do meu primeiro dia de aulas recordo apenas o professor e os desenhos que sugeriu. É claro que para nós, alunos, não eram mais do que desenhos mas para ele tinham outro significado. Hoje sei, porque escolhi a mesma profissão, que esses desenhos tinham algum objectivo que nos passava ao lado. Para nós, crianças desenraizadas do seio familiar eram apenas desenhos que retratavam essa mesma vida. Ao olhar essa velha fotografia, assaltam-me memórias antigas, lembro-me de “tirar” essa foto comemorativa do meu primeiro dia de aulas em frente à casa que ainda hoje recordo. Dos colegas mal recordo as faces e nem me lembro mais dos nomes. Lamento essa amnésia aparente fruto da falta de parança num único lugar.
Recentemente foi o primeiro dia de escolinha a sério da neta mais nova e o regresso às aulas do neto mais velho mas, o que mereceu mais atenção (leia-se preocupação), foi a primeira vez da pequenita na “escola dos grandes”.
Tradicionalmente a primeira vez costuma ser a mais dolorosa se bem que nem sempre seja assim. A dor, se é que existiu, ficará aprisionada num recanto qualquer da memória donde só sairá quando permitida e em determinados momentos relacionados com o dia.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

EU E O CIRCO


Nunca gostei de circo. Vá-se lá saber porquê mas a verdade é que nunca gostei. É claro que em pequeno assisti a algumas (poucas) sessões desta prestigiosa arte mas nem por isso o meu entusiasmo chegou ao ponto de ficar fã da arte circense. Seja por medo dos palhaços, por pena dos animais enjaulados ou por outra razão qualquer, nunca gostei de circo.
Acerca do teatro moderno ouvi a opinião de quem nunca gostou dessas “pantominices”. Escutar essa palavra fez-me reviver o tempo em que já era notória a pouca aderência aos espetáculos de circo. Por meio da minha atitude levou-me à triste conclusão de que afinal o meu senso comum ou é inexistente ou então anda muito por baixo. Valha-me ao menos o senso crítico sempre alerta já que não posso contar nem com o humor no que diz respeito a este tema.
Do mesmo modo, também não aprecio o teatro baseado na pantomina.
A pantomina está presente nas mais diversas situações sem disso nos apercebermos. Pode sentir-se nos mais diversos comportamentos, expressões ou gestos que traduzem ideias. O simples recurso a palavras já é uma base para uma qualquer pantominice.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

OS GIRASSOIS


Tradicionalmente, as mulheres gostam de receber flores como presente para comemorar seja o que for. E que dizer então dos homens que gostam de flores?
Contra todas as convenções e preconceitos da sociedade, declaro que gosto de flores. Qualquer flor me encanta e detém numa muda admiração. Por isso dizem que tenho alma de inseto mas de facto trata-se de um ser que me causa arrepios… enfim, gostos não se discutem e eu gosto de flores.
Gosto de uma maneira geral de todas as flores mas há sempre uma cujo gosto prevalece sobre todas as outras. No meu caso, assumo que gosto particularmente de girassóis. Do mesmo modo que a cor revela muito sobre o caráter de cada um, a flor encerra em si um simbolismo muito próprio embora atribuído pela sociedade em que se vive. Convém por isso conhecer o simbolismo escondido por trás de cada flor se bem que a certa altura a cor não tenha importância nenhuma.
Nascer sob o signo de Peixes é estar condenado a ser um sonhador que vive no mundo da Lua. São seres que vivem num mundo de fantasia para onde “fogem” sempre que podem porque o mundo real é demasiado cruel para a sua sensibilidade exacerbada. É esta sensibilidade que os faz preferir as tulipas e lírios brancos às outras flores…
Eu cá prefiro os girassóis, talvez pela sua cor.

domingo, 16 de setembro de 2018

O PODER DA FLOR


Vista como uma simples estrutura reprodutora das angiospérmicas, além do aspecto multicolorido com que se mostram e cativam, a única e principal função da flor é produzir sementes que asseguram a propagação da planta. No entanto, uma flor pode carregar em si mesma toda uma vida que acaba por transbordar para o ambiente que nos rodeia. Uma simples flor, consegue colorir a mão que o tempo descorou, dar outra cor aos dedos cinzentos de quem a recebe.
Quem se atreve a negar que é essa a principal função da flor?
Além de todas as funções que lhe são atribuídas, há flores que exalam um perfume que inebria o mais empedernido dos mortais e permanece por longos períodos a brincar nos nossos sentidos. Elas são capazes de ir além da mera função reprodutiva dando a quem passa uma vistosa estrutura da planta.
Uma simples flor consegue até mudar radicalmente o clima da região e do próprio dia.
Uma simples flor transforma o dia mais cinzento, carregado de nevoeiro, num luminoso dia de Sol.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

AUTORRETRATO


Não posso dizer que tenha ficado extasiado a olhar a Mona Lisa ou Gioconda como lhe queiram chamar. Ela encontra-se bem guardada no museu do Louvre em Paris onde poderá ser apreciada.
Se não fiquei extasiado, fiquei algo decepcionado face ao tamanho do quadro. Realmente é pequenino, quase insignificante nos seus 77 cm de altura.
Na verdade, chamar-lhe autorretrato não é de todo correto, pode até considerar-se errada esta classificação. Por definição, “autorretrato” é a pintura ou desenho da própria pessoa, feito pela própria pessoa. Ora pouco ou nada se aplica à célebre Mona Lisa se bem que alguns investigadores ponderam seriamente a hipótese do quadro retratar o próprio artista.
Como em qualquer autorretrato espera-se que o artista consiga mostrar além do aspeto físico, o aspecto psicológico captando assim a sua expressão mais profunda e oculta do artista. É com base nestes factores que alguns investigadores defendem que a Mona Lisa é nada mais nada menos do que um autorretrato de Leonardo Da Vinci.
Pondo de parte esta polémica confesso a minha curiosidade e vontade de repousar os olhos sobre essa célebre tela que nem tela é. Na verdade trata-se de uma pintura a óleo sobre madeira de álamo. Foi o que consegui na minha última visita ao Louvre de que nem 1/3 visitei mas qualquer tarefa, por mais humilde que seja, é um autorretrato de quem a executou.
Seja na poesia, literatura, música pintura, arquitectura, ou noutra coisa qualquer, quanto mais se pretende esconder a essência de quem a executou, mais ela se revela mesmo contra a própria vontade.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

OS NETOS


Quem tem netos ou crianças pequenas à sua guarda, compreende que o cansaço se instale no nosso meio ainda que por momentos. No momento seguinte tudo recomeça com a mesma senão com energia redobrada…
São raros os momentos em que por estranha magia eles brincam sozinhos concentrados nas histórias que vão construindo à custa de qualquer coisa mais à mão. É como tentar captar um mundo imaginário que só existe nas suas cabeças e onde só elas estão autorizadas a entrar mas proibido a adultos…
Ao observá-los assim entretidos, penso em como seria o mundo se fosse visto pelos olhos de uma criança e não consigo abstrair-me do e-mail que recebi há já algum tempo mas cada vez mais presente, que passo a relatar:
Um pai demasiado ocupado, deu de caras com um mapa do mundo que serviria para entreter o seu filho senão dias, por umas quantas horas. Com o auxílio de uma tesoura recortou o mapa e entregou-o ao filho para que o consertasse.
Passado algum tempo a criança levou ao pai o mapa perfeitamente reconstruído com auxílio de uma fita cola. O pai nem queria acreditar, era impossível uma criança de tenra idade reconstruir um mapa que nunca tinha visto!
Então o menino explicou: Quando tirou a página da revista, reparei que do outro lado estava representado um homem. Quando me pediu para consertar o mundo, lembrei-me do homem que comecei a consertar conforme a memória que dele tinha.
Ao consertar o homem, vi que também consertei o mundo…
É forçoso consertar primeiro o Homem para depois poder consertar o mundo!

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

OS AVÓS


É para isso que servem os avós. É a frase mais ouvida quer se reclame da falta de tempo ou de vida própria, quer se relatem as peripécias mais gratificantes da criança nossa neta. Em qualquer parte, o que quer que se diga, lá vem a célebre frase dita com mais ou menos humor:
É para isso que servem os avós.
Os avós servem para “guardar” os respectivos netos enquanto os pais vão trabalhar abdicando das voltinhas que a burocracia obriga a dar, das viagens que ficam por fazer enfim, de ter vida própria.
É para isso que servem os avós. Ouço dizer.
Na verdade, os avós, de uma maneira ou doutra, acabam por ficar na memória dos seus netos, há toda uma cumplicidade entre eles que acaba por aborrecer os próprios pais. Pode haver choro, até uma  recusa aparente de ficar em casa dos avós, mas a maneira como a avó educa e ensina nunca vai cair no esquecimento de qualquer neto. É desta forma que perduram jogos e passatempos, histórias, canções e até cozinhados…
É desta forma que se transmitem valores inesquecíveis que fazem parte da nossa cultura.
E tudo acontece ou pode acontecer quando se sabe ser avô!

terça-feira, 11 de setembro de 2018

A FORÇA DO VENTO


Nunca gostei do vento. Não gostava porque me desalinhava o cabelo e o vestuário além de transportar para bem longe o chapéu que completava a toilette e tudo sem pedir licença…
Hoje continuo a não gostar do vento principalmente porque me desequilibra ainda mais, qual folha morta que conduz por onde quer. O vento que faz as delícias de uns é motivo de tristeza para outros, ninguém está contente com o que tem…
Com o avançar da manhã, o vento sopra por todo o lado desde o litoral Norte ao interior fruto das alterações climáticas que se fazem sentir mas que todos fingimos não ver. No entanto, vivemos rodeados de ar por todo o lado, imprescindível à nossa respiração! É ele que se encontra na base da formação do vento. Enquanto o ar quente tende a subir, o ar frio desce para ocupar o seu lugar vago originando os ventos verticais mas pode formar-se à superfície ao deslocar-se das altas para as baixas pressões existentes.
Soprando com mais ou menos força, sente-se por toda a parte e quanto mais forte mais agrada aos praticantes de Windsurf cada vez em maior número.
O mesmo vento reconheço que realiza tarefas muito úteis sem as quais a vida na Terra seria insuportável. É ele que modela a superfície do nosso planeta, desloca as nuvens no céu, forma as ondas do mar, faz “voar” os balões de ar quente e os papagaios além dos “para-quedas” dos praticantes desta modalidade com os quais eu me extasio junto ao rio… sem sair  do carro.
No entanto, quando sopra com demasiada força o vento pode causar muitos estragos ao aumentar as ondas do mar, desenraizar árvores e levando até os telhados das casas. Numa perspectiva de reconciliação com muitos dos elementos do passado, reconheço essas particularidades negativas que não esqueço contudo, o vento realiza também muitas tarefas úteis à humanidade.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

ISTO É LIDAR MAL COM A DERROTA


Aficionado que não sou, comento comigo próprio os programas a que assisto sobretudo na TV. Um dos programas que segui só por seguir, foi a final feminina de ténis dos US. A tenista, que por acaso se chama Serena mas que de serena não tem nada, foi advertida pelo árbitro por ter recebido instruções do seu treinador que já o admitiu…
O árbitro desta partida, que por acaso é português, destacou-se pela extrema calma que revelou depois de apelidado de “mentiroso” e “ladrão”. Tudo depois da referida tenista ter arremessado a própria raquete que, diga-se de passagem, ficou em muito mau estado…
Políticas à parte, conforme o prometido, esta atitude nada desportiva veio na sequência do mau perder da referida tenista que lhe foi imposto pelo confronto directo com a japonesa Naomi Osaka.
Saber perder é tão importante como saber ganhar e esta senhora mostrou que não sabe perder apesar de estar em jogo uma soma bastante considerável. Pode perder-se tempo, dinheiro, um amor,… pode perder-se tudo, menos a vida.
Mas “perder” seja o que for não é fácil. Como diria Clarisse Lispector É difícil perder.
Ninguém gosta de perder e no entanto perde-se imenso tempo a odiar quem está próximo…
O medo de perder acaba por retirar todo o sabor de ganhar.

domingo, 9 de setembro de 2018

A FALTA DE CIVISMO É QUE INCOMODA


Não conhecia o termo que achei perfeito quando o ouvi pela primeira vez. Aliás desconheço outro termo que defina melhor aqueles seres com que me cruzo no vestiário. De acordo com conceituados dicionários online, grunho é uma derivação progressiva da palavra grunhir com o significado em sentido figurado de pessoa rude ou grosseira que a sociedade vulgarmente designa de porco. O termo assenta que nem uma luva naquele pessoal com que frequenta as aulas de karaté ou similares.
Com o início das aulas os grunhos voltaram. Já pensava que o silêncio e a parcimónia tinham regressado mas afinal estava enganado. Diga-se que não tenho nada contra estas modalidades e muito menos contra o professor que está ali para ganhar o seu salário…
Depois de um banho demorado que ameaça esgotar a água quente, os grunhos ignoram a placa de madeira com que enclausuraram a sauna, a ausência de algumas portas nas cabines dos duches, a avaria de alguns chuveiros, a degradação das “camas” no repouso e falam alegremente entre si sempre num tom de voz audível onde quer que se encontre.
Enquanto me visto apressadamente sou obrigado a escutar a conversa entre eles. Falam das particularidades da aula dando conselhos uns aos outros nos quais ninguém está minimamente interessado e quem quiser que não oiça.
Não é a cor da pele ou o extracto social donde provêm, o que realmente incomoda é a falta de civismo cada vez mais comum neste nível etário que se revela ao ocupar a totalidade dos bancos no vestiário com os respectivos sacos sempre num tom de voz elevado. É claro que nem todos os que frequentam a dita aula podem ser apelidados de grunhos.
Felizmente há excepções.

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

O PODER DA MÚSICA

Já por aqui confessei a influência da música. Pode dizer-se que a música funciona como qualquer droga cuja dependência se torna necessária à própria subsistência. Ela tem a magia de nos transportar no tempo levando-nos até aos locais da nossa infância ou a outros mesmo que desconhecidos.
É bem conhecida a estranha capacidade da música em baralhar emoções a seu belo prazer. De facto, há músicas que “mexem” com determinados sentidos pelo que são usadas hoje em dia no tratamento de algumas doenças. Ela consegue interferir com o ritmo cardíaco, a pressão arterial, o metabolismo em geral condicionando o sono e o apetite ao mexer com a estrutura cerebral.
É do conhecimento geral, ainda que duma forma inconsciente, o poder que a música tem sobre no estado de espírito de cada um. Há músicas que convidam ao trabalho enquanto outras, em determinados momentos, transportam uma euforia sem limites e, noutras ocasiões, envolvem-nos numa estranha tristeza. Nesses instantes, que podem durar horas ou mesmo dias, é-se invadido por essa extrema alegria ou então pela imensa nostalgia que só a música consegue transportar.
Ao escolher um CD como companhia, dei por mim a ouvir esta música cujas palavras retive como se as escutasse pela primeira vez. Na verdade vivemos rodeados de tantas coisas belas que a Natureza nos oferece gratuitamente e às quais não se dá a devida atenção até ao momento em que nos vemos privados de algumas delas…!
Por essas coisas, só por si, vale a pena viver…
Dizia a letra da tal canção que L´amour est plus fort que les chagrin, est plus fort que la mort…
O amor é capaz de tudo, de vencer a própria morte… nada é mais forte que o amor, seja lá pelo que for…

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

JUNTAR O ÚTIL AO AGRADÁVEL


Há dias em que as tarefas que precisam de ser executadas aguardam uma ocasião mais favorável para serem realizadas. Na verdade, há tarefas que embora sejamos obrigados a fazer não dão prazer nenhum. Outras, pelo contrário, desempenham-se com o maior prazer e nem é preciso relembrar.
Conseguir juntar o útil ao agradável é o sonho de qualquer um mas nem sempre é conseguido. Toda a gente consegue distinguir umas tarefas das outras embora isso possa variar de pessoa para pessoa. O que dá grande prazer a uns, causa o maior aborrecimento a outros. Muitas vezes repito para mim mesmo a célebre frase que já todos pronunciaram independentemente dos decibéis empregados, “amanhã faço isso, hoje não me apetece” ou então “não tenho a ferramenta apropriada a essa situação”… Esta é uma forma (a mais usual) de procrastinar qualquer tarefa mais aborrecida mas que tem de ser feita…
A melhor maneira é associar uma tarefa aborrecida da qual queremos fugir com outra que nos dê prazer desempenhar. O método não foi inventado por mim, já existe há vários anos com o nome de “temptation bundling”, consiste em associar algo desagradável com outra coisa que nos dá muito prazer. Devo confessar que já experimentei aplicar este método a tarefas desagraveis sem qualquer sucesso…
Há dias mais propícios para desempenhar determinadas tarefas do que outros.
Há dias assim…

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

CONTROLAR O INCONTROLÁVEL


Quando se é novo acredita-se que tudo acontece segundo um plano preconcebido, isto é, parece que tudo está sob controlo. Pensa-se que só acontece o que se permite que aconteça. Nesse tempo pretende-se controlar pessoas, pensamentos, o dia, a noite, o sol e a chuva, pretende-se enfim controlar o incontrolável. Controlar dá  a sensação que se tem o poder sobre todas as coisas decidindo assim qual o seu rumo.
Com o andar dos anos e com a agravante de acontecimentos nefastos, verifica-se que afinal tudo escapa ao nosso controlo. Não é um exagero afirmar que o controlo não existe, é uma ilusão a que cada um se agarra na crença de que se “comanda” a própria vida.
Um dia a gente acorda diferente do que era e verifica que não há vantagem em controlar seja o que for já que os outros nunca interessou controlar. Adquire-se uma maneira diferente de ver as coisas o que nos mostra que afinal é impossível controlar seja o que for.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

A IMPORTÂNCIA DO NOME


Recentemente, Portugal foi o destino procurado por Madona que comprou em Lisboa um antigo palácio com estacionamento privativo. Polémicas à parte, o estacionamento não se revelou suficiente para o número de carros que acompanham a artista pelo que a CML teve que disponibilizar por 720 euros mensais, um terreno onde a artista pudesse estacionar nada menos do que 15 automóveis…
Agora foi a vez de Portugal ser procurado por altas figuras do Jet sete espanhol como o caso de Carmen Martinez também envolto numa certa polémica não por ser capa de revistas sociais mas por pretender instalar-se no nosso país, mais precisamente em Cascais. É claro que a senhora não vem só, goza da companhia do seu jovem namorado mas ninguém tem nada com isso num país de brandos costumes...
Tanto “barulho” à volta de um nome só se compreende por se tratar da neta do ditador espanhol Francisco Franco com a agravante de ser uma das suas netas preferidas.
Por muito que se queira negar ou esconder a origem, de acordo com a célebre peça de Oscar Wilde o sobrenome tem muita importância. O apelido ou sobrenome geralmente passa de pai para filho mas também pode transmitir-se por via feminina, o que é bastante comum em certas culturas. No meu caso, o apelido significa alguém que é dotado de lealdade ou aquele que é confiável. Como todas as famílias também a minha possui o seu brasão em prata onde figuram dois galgos em negro acompanhados por sete estrelas. A presença da figura canina no brasão deve-se ao facto de estes animais representarem a lealdade e fidelidade.
E com esta termino.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

E A HISTÓRIA CONTINUA


A maioria das pessoas emprega indiscriminadamente ambas as palavras com o mesmo significado e nem sempre o mais positivo. A palavra cínico, muito usada no nosso vocabulário, adquiriu um significado pejorativo completamente diferente do verdadeiro. Na verdade, cínico é uma das características de quem é franco, um pouco desenvergonhado até mas que diz sempre a verdade independentemente das consequências que isso acarreta. Por oposição, hipócrita é alguém que mente despudoradamente, dissimulado, em suma, um mentiroso… Infelizmente, a sociedade contemporânea, prefere o hipócrita em detrimento do cínico conectado negativamente.
Elogiar a beleza de uma velha que para cúmulo ostenta uma verruga no nariz é obra usual de qualquer hipócrita. É verdade que não é obrigatório achar bela a bruxa má da história…! Já não era mau achar que se está perante um personagem simpático embora algo conservador.
Ser sincero ao ponto de exprimir uma opinião desfavorável acerca da “beleza” da tal velha é motivo mais do que suficiente para ser posto de lado como alguém muito desagradável a convidar para qualquer reunião.
Perante tanta “beleza” pode optar-se pelo cinismo ou pela hipocrisia, tudo depende da natureza de cada um. Outra opção é ficar calado, um recurso usado cada vez com mais frequência.

sábado, 1 de setembro de 2018

SETEMBRO CHEGOU!


Setembro chegou e com ele veio o fim das férias, o regresso às aulas e mais tarde, o que lamento, a despedida do Verão…
Gosto essencialmente do calor tradicionalmente associado ao Verão embora este ano não se tenha feito sentir. Somente nos visitou esporadicamente alguns dias revelando uma estação incaracterística.
Não desgosto do Outono que se aproxima a passos largos. Já anda no ar aquele cheiro característico que o Outono tem. Embora a estação acarrete folhas mortas, amarelecidas ou cor de fogo sobre a relva, adoro o som abafado dos passos, a paz e o silêncio característicos do Outono. Cada estação tem o seu encanto por isso faço a apologia que esta estação encerra.
A fruta madura, as vindimas que anunciam o mês faz com que aguarde com alguma curiosidade o Outono. Só espero que, embora as temperaturas baixem, as nuvens não venham encobrir o céu azul que o Verão ainda nos oferece na sua tímida despedida…!
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