SIMPLES PALAVRAS

Ditas na melhor das intenções, as palavras não passam disso mesmo, um conjunto de letras cada qual com o seu som... Por mais bonitas que sejam, o tempo acaba por devora-las com a mesma sofreguidão com que devora tudo por onde passa.

Há palavras para todas as ocasiões e para todos os gostos, umas são bonitas, outras feias, outras divertidas mas, todas elas, com um significado característico do momento. Quando vistas à distância, não passam disso mesmo, simples palavras que se diluem no tempo e na memória…

Bonitas ou feias, com muito ou pouco significado, o certo é que são ditas e por muito que se corra jamais se alcançam mas ficam na memória de quem as escuta. Com efeito, uma simples palavra pode ferir de morte quem a escuta ou elevar ao céu a quem se dirige. É este o poder das palavras. Podem gerar emoções e despertar sentimentos que se pensava inexistentes. Quer se queira quer não, as palavras e por consequência a maneira de agir reflecte inconscientemente o ambiente envolvente.

Uma experiência realizada por um psicólogo comprova isso mesmo, um grupo de jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 22 anos foram submetidos a frases características dos mais velhos. Logo que dirigidos para outra sala, verificou-se que os jovens se deslocavam devagar como se fossem idosos.

É este o poder da palavra. Ela concretiza o pensamento e a forma de exprimir a linguagem de cada um. Embora pouco se pense no assunto, cada palavra exige a máxima reflexão de quem a diz.

SENTIR A SOLIDÃO

Só por si, a solidão não é boa nem má. Depende da maneira como é vivida e sentida por cada um. Essencialmente como seres sociais que somos, lidámos mal com o isolamento a que são votados os mais idosos. Uma coisa é certa, solidão não é nem significa forçosamente isolamento. Ao longo da vida a solidão pode ser um sentimento desejado mas, na maior parte das vezes, é imposta pelas contingências da vida. Quando desejada, exige por parte de quem a almeja um certo trabalho e nem sempre se alcança. Não há quem não goste de uns momentos a sós que permitem uma reflexão tão necessária à própria existência mas, permanecer nessa solidão acarreta um prejuízo físico, quer moral. Não raras vezes a solidão é imposta, não é uma opção de vida. Nesse caso o idoso sente-se desamparado, sozinho quando já não consegue realizar as tarefas mais comuns do dia-a-dia.

O número de idosos tem vindo a aumentar segundo MS. Estima-se que o número de idosos que são abandonos nos hospitais ronde os 100 a 150 casos por ano. O abandono pelos familiares aumenta substancialmente o sentimento de solidão e o mesmo acontece quando abandonados em lares ou asilos…  É essa a triste realidade e não há razões que justificam tal atitude.

Em todos os casos, o idoso isola-se e remete-se ao silêncio apenas habitado pelos fantasmas do passado.

HÁ COISAS QUE ME CHATEIAM

Podia usar termos mais suaves como enervar, exasperar, irritar e, ainda mais suave, agastar contudo prefiro o chatear.

Dizer que agora não me chateio era uma grande mentira. Chateio-me poucas vezes… mas quando me chateio é a sério e para sempre.

Podia preencher páginas e páginas com aquilo que ainda me chateia mas resolvo o caso ignorando a fonte das coisas que me chateiam. Digamos que agora sou mais tolerante para certas coisas que me afetam do que já fui no passado. Com o tempo adquiri o dom de me posicionar em ambos os lados da contenda e avaliar onde reside a razão. Geralmente não se encontra em nenhum dos lados mas esta minha atitude permite compreender muitos dos comportamentos demonstrados pela parte contrária. Mesmo assim ainda há muitas coisas que me chateiam.

É obra conviver com alguém que critica constantemente tudo aquilo que se fez e que não se fez  numa dada circunstância da vida. Podia também enumerar as mil e uma coisas de que algumas pessoas se socorrem para nos chatear mas não vou fazê-lo. Por muito que nos chateiem, é sempre tempo de compreender que apenas fazem o que fazem porque gostam de nós.

AFINAL, QUEM MANDA EM NÓS?

Se estava a pensar que era o Povo que regia os destinos do país, não podia estar mais enganado. Na verdade, o povo é quem menos ordena. Dizia há bem pouco o secretário-geral de um importante partido de esquerda, “Quem manda em Portugal são os portugueses”. Puro engano!

Já deve estar neste momento a pensar na filosofia do 25 de Abril no entanto, mantenho a mesma opinião. Eu sei que Portugal vive em democracia desde 1910 embora sujeita a uma Constituição que após muitas emendas ainda se encontra em vigor. Todos os anos se festeja no dia 5 de Outubro o dia em que a monarquia foi deposta e implantada a república.  Com mais ou menos percalços, desde essa data vive-se uma república semipresidencial o que pressupõe que quem manda é o presidente. Mas também não é bem assim, além do Presidente da República, existem outros órgãos de soberania como sejam a Assembleia, o Governo e… os Tribunais.

Também não é o Exército nem os Cavacos, Belmiros, Ricardos, Sócrates ou Berardos quem manda aqui. O enriquecimento destas e de outras famílias é fruto exclusivo da permissividade e passividade do povo português. Numa época em que muito se fala muito em emigração, talvez o poder tenha emigrado também para Bruxelas ou Berlim,…

Afinal quem manda neste e noutros países é o poder económico constituído pelos diversos lóbis existentes, independentemente do regime político.

VOTAR EM CONSCIÊNCIA

Muito ruído, promessas que não se tencionam cumprir, outras não, confrontos entre partidos,… tudo inútil, ou talvez não.

A decisão de votar em consciência está tomada há muito, sente-se na pele todos os dias. Toda a gente tem alguma noção em quem vai votar, a campanha eleitoral só serve aos indecisos porque aqueles que não tencionam aproximar-se das urnas, não há nada a fazer. A presente campanha destina-se apenas a quem ainda está indeciso e depende muito do que for prometido no decorrer da campanha, ou seja, das informações  que os diferentes partidos conseguem passar… A falta de conhecimento político leva muito boa gente a votar por simpatia no determinado partido político ditado pela consciência. Era bem mais fácil votar no próprio clube ou na telenovela preferida.

No meio de tanto “barulho” quase nenhum partido divulga o que vai fazer lá por fora (Bruxelas) o que é pena. O vencimento de eurodeputado é tentador, por isso há muitos candidatos, mesmo atendendo à diferença abismal do nível de vida…

Parece que os diferentes partidos políticos estão mais interessados nas próximas eleições legislativas do que nas europeias. E onde fica o Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública, o Código de Trabalho e, neste país, as Privatizações?

Quase ninguém diz o que tenciona fazer em prol dos (parcos) salários, pensões (irrisórias), subsídios e… impostos.

Antes que enverede pelo campo político que prometi não recusar, fico por aqui.

A PREGUIÇA DE LER

Há dias em que a preguiça de ler é maior que o vício da escrita e o resultado está à vista. Os livros acumulam-se sobre a mesa de cabeceira aguardando o dia em que uma forte motivação traga aquela garra necessária para os folhear…

Não pretendo nem espero que toda a gente partilhe a mesma opinião, nem todos têm o mesmo tempo, paciência ou simplesmente assimilaram o saudável hábito da leitura. No entanto, ler enriquece o vocabulário e consequentemente maior facilidade de falar e escrever.

Além de tudo isso, a leitura permite a liberdade de fugir da triste realidade envolvente, ainda que seja por momentos. Um simples livro pode levar-nos a locais inóspitos que nunca se pensou conhecer, fornecer problemas e dicas para resolver os mais diversos assuntos… É do conhecimento geral mas nunca é demais repetir que o hábito de ler só traz benefícios sobretudo a nível cerebral. Segundo estudos mais ou menos recentes, o cérebro torna-se mas ativo quando aumenta a capacidade de memorização e não só…

Por tudo isto, não será por muito tempo que os livros vão permanecer ali, na mesa de cabeceira. Assim o espero!

DIFERENTES FORMAS DE PENSAR

Com o tempo, a maneira de pensar vai evoluindo, pelo menos muda, no que resulta um novo indivíduo cada vez mais exigente.

Quando se é novo, tudo é possível. Não existem obstáculos que se oponham ao pensamento o que leva a que se cometam atos que a sociedade vigente reprova. Os pais lá estão para afastar eventuais obstáculos que possam surgir pelo caminho.

Por outro lado, o modo de pensar dos idosos vai evoluindo de acordo com os interesses do momento e da sociedade em que vive. Cada indivíduo espelha a sociedade que o rodeia, por isso é normal que os idosos de hoje não sejam forçosamente iguais aos de amanhã Como tudo muda com o correr do tempo é espectável que os idosos se adaptem a outros contextos pessoais e sociais. Eles já viajaram ao longo do tempo juntando à fase actual a sua infância e adolescência… É natural que o somatório de todas estas vivências se venham a reflectir na pessoa que hoje são.

Atravessar a vida sem acumular vivências, vitórias e derrotas não se pode considerar Viver. Deste modo, vai continuar a fazer-se o que sempre se fez e nada mudará no futuro.

AQUELAS LUZINHAS INTERMITENTES

Para algumas coisas revelo grande perspicácia, direi mesmo inteligência enquanto que para outras demoro algum tempo a entender.

Agora que viajo mais como pendura, deu-me para reparar nos outros automobilistas. É o que faz quem não tem mais que fazer. Ironizando com coisas sérias, reparei na ausência quase total dos chamados “piscas”. Quase ninguém os usa principalmente nas rotundas com uma só faixa de rodagem.

Essas luzinhas existentes na frente ou na traseira da maioria dos automóveis, emitem uma luz intermitente que indica claramente a direcção que o condutor pretende tomar. Fica assim indicado em que sentido o condutor vai prosseguir com o inconveniente de se ficar a saber onde mora, trabalha ou simplesmente onde vai ser a passeata.

Neste ponto que residiam as principais dúvidas que me levavam a questionar com alguma frequência, porque razão alguns (muitos) condutores não usam os referidos “piscas”?

Como em tudo, há um momento em que se dá um clique e se faz luz sobre aquilo que sempre constituiu um problema. Finalmente compreendi por que razão a maior parte dos condutores não usa os referidos piscas, é que deste modo toda a gente ficava a saber em que direcção o condutor ia prosseguir…

DESVIAR NÃO É ROUBAR

Dependendo do país onde ocorre, do juiz, da disposição do momento e sei lá de quantos outros factores assim a sentença pode variar… Em Itália, pelos vistos, roubar para comer não é crime tendo em conta a decisão do Supremo Tribunal.

Está ainda presente na memória de muita gente o caso do sem-abrigo que roubou num supermercado dois pedaços de queijo e salsichas. É claro que o indivíduo foi descoberto e preso de seguida. Mais tarde (2015) o indivíduo foi julgado mas os juízes decidiram que o furto ficou a dever-se  “a uma imprescindível exigência de se alimentar, agindo portanto em estado de necessidade”.

No nosso país a decisão seria diferente, depende do montante do roubo e de quem rouba… quem. Quem comete grandes crimes é considerado suspeito, condecorado, aplaudido e até apoiado por grande parte da população. É preciso saber roubar o que não está ao alcance de qualquer um, não deixar marcas que o possam incriminar e perante a falta de provas… a vida continua.

Não aspiro ao estatuto de um sem-abrigo mas, se fosse descoberto a roubar, mesmo que só tivesse uma garagem em meu nome, seria detido até que algum familiar pagasse a respectiva fiança…

Conclusão, roubar para comer “não constitui crime”, pelo menos em Itália.

EXISTEM E ESTÃO POR TODO O LADO

Para quem não sabe ou para quem sabe mas não os relaciona com a realidade lá de casa, os termostatos são aqueles simpáticos aparelhinhos que quando devidamente instalados em locais estratégicos, mantêm constante a temperatura ambiente.

Efectivamente, o termóstato é aquele aparelho que existe em determinadas divisões com a função de impedir que a temperatura varie muito mas também estão presentes em muitos outros aparelhos domésticos. Não só controlam a temperatura ambiente mas permitem o bom funcionamento de muitos outros aparelhos como o ar condicionado, a caldeira eléctrica, os frigoríficos, ferros eléctricos, torradeira, máquinas de lavar, etc.

Alguns animais conseguem regular a temperatura corporal adotando alguns comportamentos que lhe possibilitem fazer frente às condições atmosféricas adversas. Entre esse comportamentos, destaca-se a procura do sol ou da sombra. Quando esses comportamentos não são suficientes ou na ausência de um deles, recorre-se ao termóstato para regular a temperatura ambiente. E que dizer então em favor de todos esses aparelhinhos existentes nos diversos equipamentos?

Ou nunca teriam sido inventados, ou então o uso destes aparelhos seria extremamente perigoso a nível pessoal e ambiental.

A ORIGEM DA INFELICIDADE

Nem sempre se está em harmonia com a vida que se leva e que, por sua vez, é mais outro motivo de infelicidade. Procura-se em vão uma saída, uma mudança de vida que seja uma verdadeira mudança o que nem sempre acontece por variadíssimos motivos encontrando-se na base os diferentes apegos.  Com efeito, embora se pense que não, a gente apega-se a lugares, pessoas, situações, etc. É inegável que nesses apegos reside a principal causa de toda a infelicidade. Perante esta realidade, permanece-se no mesmo local e carrega-se a mesma vida que sempre se levou à espera daquela oportunidade que nunca aparece.

No entanto, mudar de vida está nas nossas mãos, perfeitamente ao alcance das nossas possibilidades. Mudar de vida não significa romper com o passado nem com o futuro, exige uma adaptação dos recursos de cada um nesse preciso momento.

No entanto, se essa mudança exigir um novo rumo, haja coragem de romper com o presente e seguir em frente.

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Não é só Portugal que merece o epíteto de “país de brandos costumes”. O mundo inteiro revela brandos costumes relativamente aos cuidados que lhe compete na protecção do Globo que herdaram em (muito) melhores condições. As alterações climáticas começam já a ocorrer um pouco por todo o mundo caracterizadas por uma alteração significativa dos padrões meteorológicos. É disso exemplo o aquecimento global que origina alterações do clima a longo prazo que se revelam pelo aumento da temperatura média da Terra.

Por razões económicas e sobretudo por inércia da população da qual faço parte, aceita-se o verdadeiro atentado contra o globo terrestre. Apesar de tudo, esse é o mal, o mundo continua a girar não importa até quando e só quando o mar bater à porta dos netos e muitos territórios desaparecerem talvez então os dirigentes comecem a preocupar-se. Até que isso aconteça decorrem ainda muitos anos, talvez décadas o que possibilita que muitos encham os bolsos e, em certos casos, os netos ainda nem sequer nasceram. E cá para nós, dizem os responsáveis, quem tem dinheiro sempre se “safa”… Dizem e é verdade.

MORREU A ACTRIZ

Aos 97 anos morreu  a actriz mais conhecida por Doris Day mas nunca a mulher que foi. Em vários momentos recordei a actriz, sobretudo através da canção “Che Sera, Sera” que ela interpretou no filme “O homem que sabia demais” realizado por Alfred Hitchcock.

Mas o tempo passa, é implacável para todo o ser vivo e não se condoí com meras recordações. Considerando a idade da sua morte, não admira a ausência dos ecrans onde reinou ao longo de várias décadas. Doris Day participou em filmes bem conhecidos como “Conversa de travesseiro”, “Por favor não comam os malmequeres”. “Não me mandem flores”, “A mais linda rapariga do mundo”, “Ama-me ou esquece-me”… entre outros, a que assisti religiosamente. Contracenou com actores consagrados como James Stewart, Rock Hudson, etc.

Doris Day afirmou-se entre as actrizes mais conhecidas dos anos dourados de Hollyood… é menos conhecida naturalmente para as gerações mais recentes. Morreu recentemente no sossego da sua casa aquela que foi uma grande actriz naturalmente pouco recordada mas que tornou eterna essa canção tantas vezes citada em outros filmes de grande sucesso.

É ÚTIL FAZER PLANOS?

Não me lembro que algum deles fizesse planos relativamente ao presente e muito menos quanto ao futuro. Sendo uma tendência universal, é natural que o fizessem secretamente sem nunca partilharam com os filhos ou com estranhos esses planos.

Mais reservado, acredito que ele estabelece-se alguns planos quanto ao presente mas muito poucos ou nenhuns quanto ao futuro. Ela, não creio que os fizesse. Deixava a vida correr seguindo-a para qualquer lado desde que guiada por uma religião exacerbada. É natural que esporadicamente, num dado momento os tenha feito…

Pessoalmente, há muito que deixei de fazer planos, aliás nunca fui um acérrimo defensor de planear seja o que for, a vida encarrega-se de alterar tudo a seu belo prazer.

Fazer planos é normal e em certas épocas, principalmente no início do ano, toda a gente os faz. Deixar de fumar, emagrecer, ir mais vezes ao ginásio, mudar de emprego, mudar de vida, etc. tudo boas intenções que, lamentavelmente, não passam disso mesmo.

É útil portanto fazer planos realistas, planos que se possam realizar e que não sejam mais um pretexto de frustração a somar a todas as outras.

Em conclusão, fazer planos não tem nada de errado, é mesmo benéfico desde que não se fique agarrado a eles. Toda a gente tem o direito de saber para onde vai, até onde pode chegar e o que fazer para lá chegar.

IGUALDADE NA DIVERSIDADE

É fundamental que no seio da família haja o respeito pela diversidade sem esperar que a Escola introduza na criança esses valores. É na diversidade que está um futuro mais justo e a completa liberdade do ser humano, sem interferir com a liberdade racional dos outros. Por diversidade compreende-se a liberdade cultural, biológica, étnica, linguística, religiosa,… enfim, todo o tipo de diferença, pluralidade ou variedade.

As pessoas não são todas iguais, podem agrupar-se em dois grandes grupos e ainda bem que não são. Era uma monotonia se as pessoas fossem todas iguais não só fisicamente mas também no seu temperamento…

Mantenho a opinião de que as pessoas são todas diferentes e em todos os sentidos… Por deformação profissional, considero que algumas pessoas pertencem ao grupo do quadrado. Por mais voltas que se lhe dê, mantêm sempre a mesma forma de pensar. A constância neste ponto é uma característica muito louvável quando esse pensamento se adapta à realidade dos nossos dias. Por norma, as pessoas quadradas são pessoas inseguras, com uma reduzida capacidade intelectual que, em casos raros, revelam uma inteligência superior ao normal.

No outro grupo, encontram-se as pessoas triangulares que se dividem em dois grandes subgrupos conforme a base do triângulo se encontra no lado inferior ou superior do espaço. São pessoas divertidas, bem dispostas às quais dedico a minha preferência.

OBRIGAÇÃO OU DEVOÇÃO?

Muitas vezes confundidas, obrigação e devoção pouco têm de comum. Pelas suas características, obrigação difere em parte da devoção. Quantas coisas se fazem por obrigação na esperança de que um dia, de uma maneira ou doutra, vão deixar de fazer-se? A devoção, pelo contrário, pode acompanhar, lado a lado, toda uma vida quando não termina abruptamente nalgum momento.

É verdade que muitas vezes, com o correr dos anos, a devoção pode tornar-se uma obrigação. Nesse caso, repetem-se palavras que há muito perderam o sentido que lhe deram origem e que teimosamente se repetem na esperança de um milagre que nunca vem.

Agora apercebo-me do uso e abuso de provérbios que ingenuamente eram repetidos sobre tudo e todos. Por muito repetido ainda soa nos meus ouvidos o ditado popular “Primeiro a obrigação, depois a devoção” se bem que com uma certa inversão de valores que hoje acho normal…

O povo, que os inventou, lá sabe porquê… quando sabe ou quando a vida na sua louca correria, não os ultrapassou tornando-os desactualizados.

DIFERENTES TIPOS DE INTELIGÊNCIA

Actualmente admite-se que existem vários tipos de inteligência sendo uma delas a inteligência-matemática. Nem sempre foi assim, a lógica só passou a ser uma área da Matemática a partir do trabalho de dois estudiosos que expuseram ao mundo os fundamentos da lógica algébrica. Agora eu digo que ainda bem que a lógica algébrica venceu esta contenda senão que espécie de professor teria sido…

Por defeito de profissão, o meu pensamento ainda hoje funciona muito à base da lógica matemática. Numa altura em que muito se fala em mentira e admitindo que determinada preposição não é mentira, então é porque é verdade. E se é verdade, então…

Não querendo entrar no campo da Política… fico mesmo por aqui.

AQUELA PARTE DA SEMANA

Actualmente detesto aquela parte da semana que se convencionou chamar de Fim de Semana e que compreende o sábado e o domingo.

Quando trabalhava, o fim de semana era um misto de alívio e pesadelo… Alívio porque a inactividade da maior parte das empresas dava folga aos respectivos assalariados. Pesadelo porque, na medida em que a maioria dos assalariados não trabalhava, resultava daí que as praias e esplanadas ficassem sobrelotadas, os shoppings apinhados de gente que não sabe para onde ir e estradas entupidas por excesso de trânsito, …

Nos países religiosos, o fim de semana destina-se a estas actividades mas, e quem não é religioso ou não é praticante, o que fazer? Ficar em casa, bocejar e esperar que um outro dia (de trabalho) venha salvar mais um fim de semana que só serviu para descansar… E não é esta a principal finalidade dos fins de semana tão arduamente conquistados? Segundo a Lei em vigor, Os trabalhadores têm direito a um dia de descanso semanal obrigatório, acrescido de um dia de descanso semanal complementar, que devem coincidir com o domingo e o sábado, respectivamente. Nesse caso, nada obriga que o dia de descanso coincida com o sábado para uns e o domingo para outros. Desde que seja um verdadeiro descanso.

ATINGIDO PELO SOL

O sol vai voltar embora o facto não agrade a muita gente. O país, apesar da chuva que caiu no mês anterior, ainda não saiu de uma situação de seca moderada a severa nalgumas regiões.

Apesar de todos os inconvenientes, gosto de sol. Recebo-o de braços abertos.

O sol toca qualquer um e a mim principalmente. Na sua ausência a tristeza espalha-se por todo o lado e por todas as coisas e a vida parece melhorar quando o sol volta a brilhar… Onde quer que se encontre, ninguém fica indiferente ao pôr do sol, independentemente como tenha corrido o dia. É um espectáculo sempre apreciado por todos embora ocorra todos os dias. A simples contemplação de um pôr do sol transmite uma paz impossível de descrever.

Muito cantado e festejado ao longo dos tempos o sol ainda hoje nos acompanha. Há músicas que descrevem, de uma forma muito pessoal, este mágico espectáculo. Estou a lembrar-me da célebre música interpretada por Carly Simon e que diz, mais ou menos, “Se tiveres a coragem de alcançar o ponto mais alto do céu e o mais longínquo horizonte, quem vais lá encontrar? Artistas e sonhadores que precisam estar perto da luz…”

O LIXO COMO DESTINO

Actualmente é muito raro levar o lixo até à “casa do lixo” para depositar num dos contentores ali existentes. Numa dessas “incursões” deparei-me com alguns livros e bastantes revistas científicas colocadas no chão. Já foi uma sorte (a deles) não terem sido atirados para dentro de um dos contentores. Além de manuais escolares completamente novos havia ali livros sobre os mais diversos temas de conceituados autores nacionais e estrangeiros. O facto de não terem sido atirados para dentro de qualquer contentor permitiu que se reparasse neles e recolher alguns livros e revistas.

Não ignoro que existam razões para que esses livros e revistas tenham como destino o lixo, sendo uma delas as frequentes mudanças de casa, já que as novas casas disponibilizam pouco ou nenhum espaço para livros quanto mais para revistas o que não significa que a separação tenha sido dolorosa, afinal os livros foram os companheiros de toda a vida…

Pensando bem, é este o destino mais provável de muitos livros, sobretudo os de poesia. Costumo separar a poesia em duas qualidades, a má e a boa poesia que hoje se encontram nas melhores livrarias. Considero má aquela poesia que, à falta da rima (o que é irrelevante) não transmite qualquer mensagem deixando desorientado o leitor mais corajoso, em busca de uma qualquer conclusão, ou emoção…

NÃO FICA BEM

Não fica bem a um homem que é homem, andar pelo ciberespaço a não ser para receber e enviar mensagens quanto mais ler o que dizem esses blogues lamechas que por aí circulam… E não sou eu quem o diz, as estatistas falam por si!

A distinção entre sexos começa logo em pequenino através das cores (azul para os meninos e rosa para as meninas) e da frase bem conhecida “um homem não chora”…

Hoje em dia torna-se cada vez mais difícil distinguir o sexo feminino do sexo masculino, até porque ninguém sabe muito bem o que isso é. Procurar na Internet revela-se uma perda de tempo que só serve para confundir mais o pobre do cibernauta.

Até hoje ninguém se pode gabar de ter descoberto o segredo da masculinidade. Com efeito, é suposto que as mulheres procurem homens másculos, românticos e bem-sucedidos na vida enquanto os homens tentam a todo o custo corresponder a essas exigências mantendo a sua masculinidade o que implica deixar de lado trabalhos domésticos e coisas afins…

Em suma, atendendo às convenções e à tradição, um homem não tem o direito de se emocionar e muito menos chorar, um Homem não chora.

Sendo assim, tudo está bem… No fim de contas, tudo está bem e, se não está, a gente finge que está e segue tranquilo no mesmo caminho…

O SEGREDO DA FELICIDADE

Nunca se correu tanto em busca duma felicidade que teima escoar-se como areia por entre os dedos. Não há dúvida que encontrar aquilo que nos faz mais felizes ou infelizes era… o ideal!

Assim poderíamos contornar determinadas situações e evitar pessoas que nos tornam infelizes e procurar outras de forma a agarrar essa felicidade fugidia. Quanto às pessoas, podem dividem-se em dois grupos, o grupo dos inimigos e o grupo dos amigos. Mas na vida, como já foi dito, não há amigos nem inimigos, existem apenas momentos em que essas mesmas pessoas podem contribuir para nos tornar mais felizes ou infelizes.

Há que aproveitar esses momentos fugidios porque aqueles que hoje nos fazem felizes, amanhã podem ser o motivo da nossa infelicidade.

A MENTIRA TEM PERNA CURTA

Toda a gente mente assim como existem diferentes níveis de mentiras.

Há a chamada mentira piedosa destinada a evitar ou agravar uma dor preexistente e a mentira maldosa que visa destruir a imagem (real ou fictícia) de uma pessoa qualquer, passando pela mentira inconsequente que não prejudica ninguém repetida muitas vezes durante o dia e que evita situações embaraçosas.

Quem se pode vangloriar de não ter recorrido já a uma mentirinha inconsequente, quanto mais não seja a mentira piedosa?

Ao longo da vida certamente já surgiram situações que obrigaram ao recurso de mentiras que não fazem mal a ninguém, antes pelo contrário. O único inconveniente dessas mentiras é que, mais tarde ou mais cedo, a verdade vem sempre ao de cima… costuma dizer-se a propósito que a mentira tem perna curta.

Apesar de tudo, não consigo evitar gostar de mentirosos. Quando devidamente identificados, os mentirosos costumam ser pessoas agradáveis, dignas de fazer parte do nosso círculo de amigos.  Eles conhecem e até convivem com as maiores personalidades deste país, já fizeram ou acabaram de chegar das viagens que tencionámos fazer, relatam planos de vida que ninguém fez, …

Por tudo isto, admito que até gosto de mentirosos.

ESCREVER O QUE JÁ FOI ESCRITO

Entre outras coisas, escrever é o que faço melhor aliás, como alguém disse, escrevo porque sou péssimo a dizer o que sinto.

A oralidade nunca foi o meu forte. Sempre me bati na escola pelas provas escritas em detrimento das provas orais das quais estava quase sempre dispensado. Actualmente, já que quase não falo, escrevo para expressar sentimentos e na esperança de que sirva de inspiração para quem me lê. Há vidas que nos inspiram… ciente que se trata do slogan de uma conhecida estação televisiva, continuo teimosamente a escrever, embora haja muita gente a escrever e bem, sem que persista esta vontade de escrever e dizer coisas que já foram ditas mas… de forma diferente.

Há dias e vidas que nos inspiram…

Há dias assim.