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terça-feira, 31 de maio de 2016

AFINAL DE QUEM É A CULPA?

Geralmente, a culpa não é de ninguém porque ninguém a assume inteiramente. Há sempre uma desculpa para qualquer falha decorrente dos nossos actos. Por isso se diz que a culpa morre solteira…
Se há pessoas que assumem corajosamente as suas falhas, outras há com a estranha capacidade de culpar os outros das próprias falhas. Se perdem, a culpa é dos árbitros, se chegam atrasados, a culpa é de quem chegou mais cedo. Se ficam ausentes, a culpa é de quem não tentou comunicar e por aí adiante. Nunca são totalmente responsáveis pelos seus fracassos. Há pessoas assim com a surpreendente capacidade de elaborar argumentos de tal modo convincentes que, além de se auto convencerem da própria inocência, acabam por convencer os outros de alguma culpa mesmo que inexistente…É o que se chama virar o bico ao prego.
Afinal somos todos culpados senão cúmplices por fecharmos os olhos à violência contra o ser humano e animais, à corrupção que acontece à nossa volta, aos poluidores do nosso planeta, …
Na verdade, é mais fácil culpar os outros do que assumir a nossa quota parte da culpa.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

UMA ESPLANADA À BEIRA-MAR

Não fazia a mínima ideia de há quanto tempo estava a ouvir o seu interlocutor. Estavam sentados numa esplanada de frente para o mar. Embora parecesse distraído a contemplar a paisagem, escutava-o com atenção ao mesmo tempo que comparava cada uma das suas palavras com o que supostamente ele estaria a pensar. Aqui e ali encontrava discrepâncias ente o pensamento e as palavras proferidas. De tão habituado que estava a detectar essas diferenças, já não o surpreendiam nem mesmo o incomodavam. Além disso, o tema da conversa era o simples relato de um episódio familiar, nada que pudesse alterar o curso do planeta. Mas havia por trás do discurso uma mentira traduzida apenas por uma omissão de somenos importância. Não conseguia evitar irritar-se por não compreender de imediato o motivo destas omissões. Em todas as conversas há sempre alguma coisa a esconder por medo, vergonha ou simplesmente com o fim de consolidar a imagem criada pela própria pessoa. Ele mesmo tinha com frequência destas omissões.
Ao longe, na praia, as ondas continuavam a desfazer-se numa sequência monótona, umas atrás das outras. De repente, apercebeu-se do silêncio. O amigo terminara o seu relato. Geralmente gostava do silêncio, mas este começou a tornar-se um embaraço para ambos. Isso via-se pelo tamborilar dos dedos no tampo metálico da mesa. Pigarreou como quem vai falar sem fazer a mínima ideia do que ia dizer. No horizonte o sol tinha iniciado o seu lento mergulho nas águas do mar tingindo o céu de um vermelho rubro como se a própria cor se diluísse no azul celeste. Finalmente falou:
- Amanhã vai estar bom tempo… pela cor do céu… parece…
Nem sempre o que parece, é.
O boletim meteorológico anunciava chuva fraca para o dia seguinte.
(Jorge Leal, in O homem que lia o pensamento)

sexta-feira, 27 de maio de 2016

ASSIM VAI O FUTEBOL PELO MUNDO

Não vai longe o dia em que o noticiário da RTP1 abriu com a notícia de que José Mourinho será o novo treinador do Manchester United. A notícia foi vociferada pelo locutor de serviço como se de um bofetão se tratasse para os mais distraídos. Dei por mim a pensar não sem alguma indignação: e eu com isso?
Se esta notícia não teve o impacto que era suposto visto não ser um adepto ferrenho do futebol, já a notícia da quantia disponibilizada para contratações deixou-me algum tempo a pensar. É que, segundo a notícia, o treinador terá ao dispor 260 milhões de euros…! Tal quantia ultrapassa em muito o Orçamento para a Cultura em Portugal (174,8 milhões para o ministério da Cultura) e equivale ao custo anual do Hospital de Santa Maria em conjunto com o Pulido Valente que irão custar este ano 400 milhões ao erário público… O futebol é que “induca” e de resto, haja saúde…
Note-se que ao homem (leia-se José Mourinho) não lhe cabe a culpa, se de culpa se trata, de lhe serem disponibilizados tantos milhões para fazer do Manchester um campeão, como os que seriam necessários para o orçamento da saúde e cultura em Portugal. Ainda por cima o clube nem é português nem os 260 milhões saem do nosso Orçamento de Estado.
Haja saúde e educação.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

FERIADOS

Num acto público inédito com o nome de “Cerimónia da Referenda da Lei da Assembleia da República que Repristina Quatro Feriados Nacionais”, o primeiro-ministro assinou oficialmente a reposição de quatro feriados retirados do calendário pelo então Governo de Passos Coelho e Paulo Portas. São eles o Corpo de Deus (26 de Maio), Implantação da Republica (5 de Outubro), Dia de Todos os Santos (1 de Novembro) e Restauração da Independência (1 de Dezembro).
Pessoalmente não tenho nada contra nem a favor dos feriados, mas reconheço que um feriado é sempre um dia bem-vindo para quem trabalha, especialmente se calha num dia útil, de preferência próximo ou logo a seguir ao fim de semana de modo a permitir fazer-se uma “ponte” e, por que não, umas mini férias.
Mas será que os portugueses tiram o melhor partido desses dias de folga no trabalho?
Lamentavelmente, nem sempre isso acontece, quer por falta de recursos económicos ou por falta de imaginação. Para muitos, um feriado a meio da semana de trabalho não passa de um dia destinado a descansar aproveitando para ficar na cama até mais tarde e preguiçar por casa o resto do dia. Mais lamentável ainda é verificar que num dia de sol e feriado muitos portugueses optam por “passear” as crianças no interior de um shopping…
Se o orçamento familiar não permitir que se faça umas mini férias, então ficar em casa pode ser uma boa opção no sentido de desenvolver algumas tarefas há muito adiadas por falta de tempo não descurando outras actividades como praticar desporto, fazer uma caminhada, ler um livro, ir ao restaurante do costume ou experimentar um novo, pegar no carro e ir tomar café à beira mar e aproveitar para partir à aventura de novos destinos.
O importante é aproveitar esses dias da maneira que lhe cause mais prazer porque feriados há alguns, mas vidas há só uma.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

O LADO ESCURO DA SALA

Desligou precipitadamente a TV premindo com uma força exagerada o botão do comando. Levantou-se do cadeirão preferido para a leitura ou assistir a programas da TV e foi sentar-se no lado mais sombrio da sala como era habitual sempre que, por qualquer motivo, ficava acabrunhado já que a luz liga mais com a alegria e a sombra com a tristeza. O problema que o atormentava, era o mesmo de sempre. Sabia demais. Dominar o conhecimento das coisas, só por si, não constitui um problema, antes denota um dom, uma qualidade. Pode ser fruto de curiosidade no bom sentido e do domínio de uma ou várias ciências através de um estudo sério e profundo. Mas o que dizer quando esse conhecimento se concentra na natureza humana?
Quantas pessoas não dariam tudo, passe o exagero, para serem portadoras de tal dom? Casos haverá casos em que tal capacidade seria vantajosa e todos sabemos de alguns… Mas ele estava farto. De bom grado abdicaria dessa competência. Assistir na TV a declarações de inocência de políticos, ex-políticos, corruptos, ladrões, assassinos e saber com toda a clareza que estão a mentir, causa aquela estranha sensação de impotência e injustiça que faz doer não se sabe bem onde e que sempre o deixava naquele estado de prostração. Não, de maneira nenhuma apreciava ser portador de tão estranho dom. Ainda mais que não se aplicava à adivinhação dos números de qualquer jogo de sorte. Consistia apenas em adivinhar, se é que se pode usar o termo, o que se esconde por trás das palavras e dos atos do ser humano.
A tentativa de adivinhar o que os outros pensam é algo que toda a gente faz nas mais variadas circunstâncias no intuito de melhorar a interacção nas relações humanas. Neste caso particular, não se pode confundir “adivinhar” com qualquer espécie de telepatia. Será preferível falar-se em empatia, a simples arte de se colocar no lugar dos outros na tentativa de melhor os compreender. No caso concreto, a particularidade deste dom situa-se entre a telepatia e a empatia não chegando a ser uma nem outra coisa.
Por mais que cismasse ali sentado no escuro, nenhuma luz lhe iluminava o pensamento entorpecido pelo esforço de tanto pensar. Até que vinda, do lado luminoso da sala, uma presença o desperta daquele torpor. A pequenita, o rebento mais novo da família, tinha-se aproximado e olhava-o em silêncio. Parecia querer dizer na sua linguagem e trejeitos infantis: não te preocupes, não penses mais nisso. Nós, os humanos, somos assim. Dizemos o que não sentimos e fazemos o que não queríamos fazer.
Esplanada à beira-mar
(Jorge Leal, in O homem que lia o pensamento)

segunda-feira, 23 de maio de 2016

A PAZ QUE SE RESPIRA

A paz que se respira através duma janela ainda que fechada vem de dentro, mas a paisagem também ajuda. Ajuda a distância, a vastidão do espaço, o céu azul onde se recortam no horizonte edifícios majestosos a par de outros mais humildes… Ajuda sobretudo o silêncio, aquela ausência dos sons citadinos em plena cidade apenas quebrado pelo chilrear da passarada.
Era assim a paisagem emoldurada por aquela janela através da qual se respirava a PAZ… mesmo com ela fechada.
Podia ficar ali até ao fim dos meus dias se a casa fosse minha, se não me fosse estranha a cidade… se o comboio não partisse…
Era assim a magia daquela janela através da qual se respirava a PAZ… mesmo com ela fechada.

domingo, 22 de maio de 2016

CORTE DE CABELO COM NOSTALGIA

Cortei o cabelo. Fiquei mais eu. Fiquei com aquela cara que Deus me deu. Fiquei assim como estou, ou seja, não fiquei grande coisa.
Por falar na cara que Deus me deu lembrei-me de um episódio da minha adolescência relacionado com as dádivas de Deus ao ser humano. Nas nossas viagens para Lisboa, a minha irmã que tanto tinha de beleza como de péssima voz para o canto, adorava cantarolar enquanto conduzia, o fado “Foi Deus” de Amália Rodrigues. De tão chateado de a ouvir cantar, o meu irmão deixou que ela chegasse àquela parte do fado que diz:
E pôs as estrelas no céu
E fez o espaço sem fim
Deu o luto às andorinhas
Ai, e deu-me esta voz a mim.
Neste momento, ele interrompeu-a e disse:
- Olha que não te deu grande coisa.
Desatámos os três a rir e quase não parámos até chegar a Lisboa.
Ainda hoje não consigo ouvir este belo fado sem esboçar um sorriso ao lembrar-me da cena.

sábado, 21 de maio de 2016

OS ANIMAIS NÃO SÃO COISAS

Poucos animais têm o condão de me irritar com a sua presença, mas as moscas têm um lugar privilegiado na minha lista. Com o aproximar dos dias quentes de verão é inevitável contar com a sua presença dentro das nossas casas. Se aquele bailado aéreo seja já motivo suficiente para me irritar, é revoltante quando teimam em pousar em mim ou na nossa comida. Só de pensar que já as vi à volta dos contentores do lixo ao fundo da rua, a pousar sobre dejectos dos cães cujos donos se esquecem de remover dos passeios, nem posso imaginar que espécie de doenças nos podem transmitir…!
Por todas as razões detesto moscas. Não exagero mesmo se disser que as odeio e ainda mais as suas “primas” varejeiras. Um verdadeiro nojo. Eis o motivo que me levou a andar atarefado às voltas com uma varejeira para a tentar expulsar de casa sem a mínima intenção de a matar. Abri uma parte da janela e a estúpida mete-se entre os vidros e por mais que a oriente para frincha aberta para a liberdade, não havia meio de conseguir sair. Teimosamente atira-se contra os vidros até que, depois de muito a guiar para a abertura da janela lá conseguiu atinar e saiu a voar e a zumbir.
Se há coisa mais estúpida é a chamada mosca varejeira. Empregar o termo “coisa” talvez seja demasiado forte e até crime agora que os animais vão deixar, de acordo com os projectos de lei do PS, BE, PAN e PSD, de ser considerados coisas. Concordo plenamente que um animal não pode ser comparado a uma cadeira ou outro objecto qualquer. Contudo algumas dúvidas ficaram a assombrar a minha concordância. Serão só os animais de companhia ou a lei é extensível a todo o género de animais? Então e as pulgas, as carraças, as aranhas, as moscas, os crocodilos, …? Isto só para falar naqueles animais que me são menos simpáticos.

A ver vamos.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

WHERE ARE YOU NOW

Repetidas vezes escrevi sobre canções que não nos saem da cabeça. São aquele género de canções que conseguimos ouvir distintamente mesmo sem o auxílio de qualquer equipamento musical. Apenas ecoam na nossa cabeça.
De há uns tempos para cá, é esta – Where are you now - a canção que me acompanha não sei se pela melodia, linda sem dúvida, se pela letra. Estou em crer que é este último factor que faz toda a diferença. Como o título sugere, a letra refere-se a alguém que desapareceu da vida de alguém, passe a redundância.
Fazendo um balanço, ao fim de alguns anos de vida, já muitas pessoas passaram pela nossa vida. Uma ficaram, outras partiram por variadíssimos motivos. Talvez tivessem terminado a sua missão junto de nós por isso partiram. Recordámos com saudade os que se ausentaram desta vida e também alguns daqueles que simplesmente se ausentaram da nossa companhia e damos por nós a pensar: Where are you now?
Deixo aqui um "cheirinho" desta canção que não me sai da cabeça.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

DEPENDÊNCIA DE UM PAR DE LENTES

Esquecer os óculos ou sofrer algum percalço de percurso para quem tem algum problema de visão pode tornar-se um verdadeiro drama principalmente quando não se pode recorrer a um acompanhante. Nunca me tinha apercebido do quão dependo deles para as mais insignificantes tarefas do dia-a-dia como seja, ler um livro, mensagens de telemóvel, consultar preços numa loja, …
Como já aqui referi, depois de me ter submetido a uma cirurgia às cataratas recuperei totalmente a visão ao longe. Talvez por isso e por ter deixado de usar óculos com lentes progressivas, passei a dar pouca importância aos óculos de ver ao perto. De tal maneira o seu uso se banaliza que nem sempre nos lembramos de os transportar connosco para onde quer que nos desloquemos. Se esta deslocação se faz dentro de um raio de acção relativamente perto de casa, o esquecimento não se torna tão dramático. Contudo, se nos deslocamos para longe como aconteceu nesta última deslocação a Lisboa, o caso pode assumir proporções bastante dramáticas. Felizmente tinha a família por perto para compensar a minha falta de visão, mas fiquei impedido de ler um livro, as mensagens de SMS e os e-mails no telemóvel.
De tal modo nos tornámos dependentes destes meios de comunicação que, ficar privados deles, é quase como ficar à deriva em alto mar.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

RECORDAÇÕES QUE FAZEM DOER

Há recordações que doem e incompreensivelmente teimamos em reviver. É assim uma espécie de masoquismo sem qualquer razão aparente. Não possuo formação académica que me permita compreender determinados comportamentos humanos de forma a explicar esta teimosia em reviver as más recordações. Ninguém em seu perfeito juízo se auto flagela, no entanto, isso acontece. Recordar o que por vezes magoa, ocorre comigo e seguramente com muito boa gente dita normal. A única explicação plausível é o facto de o ser humano se guiar mais pela emoção do que pela razão.
É verdade que, como seres racionais, deveríamos ter a capacidade de controlar as emoções negativas (as que fazem doer). Ironicamente, quase sempre conseguimos controlar as emoções que nos poderiam proporcionar algum prazer, mas ficámos impotentes perante aquelas que fazem doer.
Há músicas que nos transportam no tempo e uma delas é a célebre canção o “Desafinado” de Jobim. Esta música tem o condão de me transportar ao tempo em que o meu irmão aprendia a tocar de ouvido o violão dedilhando vezes sem conta os seus acordes na viola recentemente adquirida. Por ironia do destino, sempre perverso, era esta a música que tocava na estação de serviço onde parámos no regresso de Lisboa depois do acidente que o vitimou. Ainda hoje me emociona ouvir esta canção cujo CD, numa atitude de puro masoquismo, ponho a girar de vez em quando.
Vá lá alguém compreender o ser humano…!

quarta-feira, 11 de maio de 2016

O POVO PORTUGUÊS SEMPRE PRONTO A AJUDAR QUEM MAIS PRECISA...

Quem como eu gosta de estar atento aos noticiários televisivos foi apanhado de chofre com a notícia de que a Alemanha, pelo segundo ano consecutivo, apresenta um saldo positivo. Como se não bastasse, em 2015 apresentou um excedente orçamental de 19 400 milhões de euros, sendo este o valor mais elevado desde a reunificação…!
Numa Europa que se debate, ano após ano, com défices negativos esta notícia não deixa de causar alguma surpresa principalmente no que se refere ao povo português. Por aqui se vê que o povinho português tem andado muito distraído ou então pouco observador. Sendo que o excedente orçamental recorde nas finanças públicas alemãs foi conseguido à custa das exportações de produtos alemães, como os automóveis, etc., ao nosso povo e governantes se deve agradecer. Basta observar as marcas que predominam na frota automóvel governamental e no número de BMW, Audi´s e Mercedes (e outros) que circulam nas nossas estradas…
Curioso que aquando de uma qualquer manifestação contra a austeridade e da S.ra Merkel, cada manifestante se desloca no seu Audi, BM, Mercedes, Mini, VW, Opel,… a caminho da dita manifestação.
Bem-haja ao povo português sempre pronto a colaborar em causas nobres e muito crítico com quem nos explora.

AS COISAS (SÃO PARA SER DITAS)

As coisas são para se dizer. Coisas, boas ou más devem ser ditas. Quem não se arrependeu ainda das palavras que ficaram por dizer a alguém que já partiu?
Todas as coisas devem ser ditas porque calar prejudica a saúde, “atulha” o pensamento.
Quantas coisas calámos e mais tarde perdemos de todo a oportunidade de as dizer?!
Todas as coisas podem ser ditas, mas a maneira de as dizer faz toda a diferença. Uma má notícia, um desagrado, uma crítica, tudo pode ser dito de forma a não magoar profundamente quem as recebe. Há diferentes formas de comunicar, por meio de gestos, olhares, sorrisos e até palavras que amenizam o desagradável da situação.
É essa capacidade que distingue as almas superiores do comum dos mortais.

terça-feira, 10 de maio de 2016

UM CERTO CONCEITO DE BELEZA

Não se pode dizer que seja uma beleza porque de facto não é. Com aquele cabelo revolto num tom a competir com o de Maria José Valério não se enquadra no modelo de beleza em vigor. Já houve um tempo em que cantava uma canção desconhecida numa língua estranha. Felizmente perdeu a “voz” não por falta de pilha, mas por uma qualquer avaria não identificada. Não consigo evitar de referir o mau gosto daquela roupinha num estilo Punk totalmente fora de moda…
Apesar deste aspecto um tanto ambíguo, esta é a boneca preferida da Ritinha apesar de não serem as bonecas o seu objecto preferido de brincadeira. Com ela ralha, dá ordens e quando calha, também tau-tau.
Nunca achei muita graça a esta boneca que já pertenceu à minha filha considerando que não devia grande coisa à beleza. É claro que é impossível definir objectivamente a beleza, mas de qualquer modo prevalece um certo sentido estético inerente a todo o ser humano.
Todos somos treinados desde tenra idade a fazer uma autoavaliação segundo o padrão dos que nos rodeiam o que se revela altamente prejudicial pela comparação com os mais hábeis. Como dizia Albert Einstein, “Todas as pessoas são génios. No entanto, se avaliarmos um peixe através da sua habilidade em escalar árvores, ele vai passar o resto da vida convencido de que é um idiota.”
Se queremos aproveitar todas as potencialidades com que nascemos, é fundamental deixar de parte toda e qualquer comparação. Cada um é o que é e como é e, partir daí, é que se constrói uma personalidade independente.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

LEVA-ME CONTIGO

De regresso a casa vindo de Esposende eis que me deparo com alguns indivíduos de mochila às costas e colete reflector caminhando ao longo da berma da estrada. De início estranhei esta presença pouco atento que ando às datas emblemáticas do calendário. Logo depois percebi tratar-se de peregrinos rumo a Fátima. O facto em si nada tinha afinal de estranho já que se aproxima o dia 13 de maio. Estranha é esta ansiedade sempre que me deparo com estas movimentações humanas em viagem seja para onde for e dou por mim a pensar: leva-me contigo.
No café que habitualmente frequento pela manhã é comum assistir à passagem de peregrinos que percorrem o Caminho de Santiago. Logo me assalta o desejo: leva-me contigo…
Não fique a ideia de que este secreto desejo esteja relacionado com um qualquer assomo de religiosidade porque o mesmo acontece quando alguém anuncia que vai ou já partiu de viagem para um qualquer destino, longe ou perto. Também nestes casos eu anseio: leva-me contigo.
Apesar da minha súplica, invariavelmente acabo por permanecer onde estou e penso: Por que raio ou carga de água não vou?
Seja por cobardia, por temer sair da minha zona de conforto, medo do desconhecido ou simplesmente a inércia que há muito se instalou, acabo por ficar.
Se algum dia partires, seja para onde for, longe ou perto, por favor: leva-me contigo.

domingo, 8 de maio de 2016

PENSAR TAMBÉM CANSA

Não sei quem és e nem me preocupa não saber. Sei que já decorreram uns bons dez minutos e ainda não paraste de falar e só por isso, eu te agradeço. Não sei concretamente o que dizes, mas também não me interessa. Já falaste do chefe do trabalho, do tempo que faz, dos miúdos que estão na escola e sei lá quantos outros assuntos mais. Mas também não interessa que outros temas abordaste nesse falar só por falar que me impede de pensar. Só por esse motivo manifesto a minha gratidão. É que pensar também cansa! Tanta verborreia consegue bloquear-me o pensamento sobre o que é ou poderia ser, que outra companhia poderá ser, porquê eu, qual a razão desta ou daquela atitude, … Todas estas questões que habitualmente me martelam constantemente o pensamento acabam por me deixar exausto. É que pensar, também cansa! Por isso, a minha gratidão por não me deixares pensar. Nunca saberás como foi benéfico ouvir o relato das tuas banalidades, dos teus pequenos problemas que fizeram toda a diferença.
- Vai chover até à próxima semana. Sentenciavas com a certeza adquirida não sei como nem onde. Isso também não importa, o importante é que não consigo pensar com tanta conversa na mesa ao lado. É que pensar, também cansa. E mais do que pensar, cansa sentir o que se pensa…

sábado, 7 de maio de 2016

DESILUSÃO

Há dias em que parecem estar reunidos todos os factores necessários para que se transformem num beautiful day. A começar logo pela manhã que, depois de realizadas aquelas pequenas tarefas domésticas, se revelou profícua em inspiração do que resultaram vários textos para alimentar o meu blog sempre ávido de pensamentos. A tarde decorreu na maior calma na expectativa da hora de ir para o ginásio espairecer física e mentalmente. O trânsito, uma calmaria o que me permitiu chegar ao Gym rapidamente. Tudo a correr bem.
A partir daí a coisa mudou. Foi a desagradável espera de vaga para usar os diferentes aparelhos, “confrontos” com gente antipática, ausência dos opostos, duches ocupados por pessoas que parecem não tomar banho há séculos o que justifica a demora em desocupar as cabines, enfim… tudo a correr mal.
Há dias em que, apesar de todas as condições para se transformarem num belo dia, acabam por se revelar uma pura desilusão…
Há dias assim.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

NÃO HÁ NADA COMO UM DIA DE SOL

Foto de Cláudia Leal
Dizia o poeta que um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. Até pode ser que seja, mas para mim não há nada que se compare a um dia de sol. Não um daqueles dias de canícula em pleno verão, mas de um sol morno e luminoso de primavera. Não há nada mais calmo, mais retemperante do que uma manhã de sol à beira mar. Mesmo em plena cidade consegue ouvir-se o silêncio apenas quebrado pelo ruído das ondas que morrem na praia. Não há nada, mas mesmo nada mais calmo do que um passeio pedestre na marginal entre a Foz e Matosinhos. De onde em onde lá se encontra uma esplanada para retemperar as forças ou simplesmente contemplar o mar.
Num dia de sol nada nos consegue afectar desde o pequeno almoço, passando pelo almoço até chegar ao jantar…
Venham muitos mais dias de sol…!

quinta-feira, 5 de maio de 2016

TENHO UM LIVRO DE CASTIGO

Tenho este livro parado,
parado na minha mão.
Não sei se a culpa é do livro
ou se por desilusão
o retenho de castigo.
         Jorge Leal

Coisa rara em mim é o facto de ter um livro à cabeceira meio lido e em total repouso há vários dias. Não encontro razão aparente para lhe atribuir tal castigo. Nem sequer tenho uma opinião formada sobre a qualidade do livro que me sirva de desculpa. Já pensei em vários motivos para procrastinar a sua leitura. Talvez seja devido à minha claustrofobia já que o enredo descreve a vida de uma mãe e filho fechados num quarto. Já deve ter dado para perceber que se trata do livro “O quarto de Jack” o livro em questão.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

FAZER COMPRAS TRAZ BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE

Parece que fazer compras, segundo o que li, traz inúmeros benefícios para a saúde. O estudo que conduziu a esta conclusão foi realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas de Saúde de Taiwan por isso, vale o que vale… De acordo com este estudo, publicado no Journal of Epidemiology and Community Health, fazer compras traz mais benefícios para a saúde do que a frequência regular de um ginásio…! E ando eu a investir mensalmente no ginásio!
Segundo o mesmo estudo, os benefícios de fazer compras têm muito a ver com o convívio social do acto em si. O simples facto de sair de casa para fazer compras implica uma fuga à solidão sobretudo em pessoas mais idosas o que se traduz por uma melhoria da saúde física e mental destas pessoas.
Depois de ler esta notícia achei que não poderia encontrar melhor desculpa para ir fazer compras ao shopping. E foi exactamente o que fiz na companhia da minha filhota. Depois de muito entra e sai em diferentes lojas, acabei por me decidir pela compra de uma camisa em tecido alinhado para os dias mais quentes que já se adivinham…
Boas compras.

terça-feira, 3 de maio de 2016

RESTAURANTE CASA DOS BIFES SILVA - AROUCA

Dentro do mesmo espírito que tem guiado este blog, volto a divulgar um outro restaurante que recomendo: A Casa dos Bifes Silva em Arouca. Vale a pena deslocar-se até esta linda vila e, depois de visitar os Passadiços do Paiva, vá almoçar neste moderno e agradável restaurante servido por gente simpática e competente.
De entre as especialidades da casa,
Bife à moda de Alvarenga
Bife grelhado
Vitela Assada no forno de lenha
Bacalhau frito de cebolada
E ainda, por encomenda, Cabrito Assado e Arroz de Cabidela
optamos pela vitela arouquense assada em forno a lenha. Óptima escolha acompanhada pelo magnífico vinho da casa. Recomendo o vinho branco em dias de calor.
 
Um passeio de fim de semana agradável que alia à beleza da paisagística, uma óptima experiência gastronómica.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

PASSADIÇOS DO PAIVA

Localizados na margem esquerda do Rio Paiva, os Passadiços estendem-se entre as praias fluviais do Areinho e de Espiunca. O acesso pode ser feito por uma destas duas extremidades. Demos preferência ao acesso do Areinho a partir do qual percorremos cerca de 8 km acompanhados à direita pelo correr das águas do Rio Paiva e do ruído da corrente a saltitar por sobre as rochas dos inúmeros “rápidos”. Através deste percurso podem desfrutar-se de paisagens paradisíacas passando pela praia do Vau, Cascata das Aguieiras, Gola do Salto e Falha de Espiunca.  Além da beleza natural podem observar-se diversas actividades de rafting ao longo do rio.
Escadarias
Vários degraus para subir e descer...
Ponte pensil
E cá vou eu
Algumas subidas íngremes
Cascata
...E mais cascatas...
E o Rio a correr lá em baixo
Estes fazem rafting
E estes a vê-los passar...
E lá chegamos ao fim

domingo, 1 de maio de 2016

CRUZ

Neste dia de saudade e homenagem, sirvo-me das palavras (versos) de minha irmã para homenagear aquela que me deu vida e que muito deve ter sofrido com as voltas que tenho dado na vida...

Do alto desta cruz por mim erguida,
ensanguentada e morta de emoção,
eu te devolvo, mãe, meu coração
em chaga, flagelado pela vida!

Descrente, solitária, envelhecida,
amarfanhada em negra tentação,
como atingir – ó mãe! – a redenção,
se em inexpugnável fundo ando perdida?!

Se quando me embalavas nos teus braços,
preveras aviltarem-se em fracassos,
os êxitos em mim por ti sonhados…

Ó mãe!... Suplica a Deus, piedosamente,
olhares-me a repousar serenamente
no absoluto findar dos meus pecados!!!...

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