CONVERSA

O VÍCIO DA LEITURA

Há dias em que o vício da escrita se sobrepõe à preguiça de ler e o resultado está à vista. Os livros acumulam-se a espera de melhores dias para serem folheados obedecendo a qualquer impulso que a isso me sugira…

Não espero que nem todos partilhem a mesma opinião, alguns não têm tempo, paciência ou simplesmente não tenham adquirido o saudável hábito da leitura, hábito esse que além de enriquecer o vocabulário também facilita a facilidade de falar e escrever. Através da leitura consegue-se fugir à monótona realidade do dia a dia, mesmo que seja por breves momentos. Um livro consegue levar-nos até locais mais inóspitos onde nunca se pensaria visitar, apresenta problemas e dicas para os resolver e muitos outros e diversos assuntos…

Toda a gente sabe mas nunca é demais repetir que o hábito da leitura traz benefícios para a saúde em geral, outro olhar sobre o mundo e sobretudo, ao nível cerebral. Segundo estudos mais ou menos recentes embora seja ainda muito desconhecido, o cérebro torna-se mais ativo quando se estimula, como por exemplo, a capacidade de memorizar factos…

Pensando bem, o vício da leitura é um vício que traz múltiplos benefícios ao nível da saúde.

Há dias assim.

CONTRADIÇÃO

VERNISSAGE

O termo tem tradução em português, como tantos outros, mas soa melhor no original ou seja, em francês… Hoje em dia, dá-se o nome de vernissage essencialmente a qualquer evento cultural quer seja a obra de fotógrafos, escultores pintores e qualquer outra forma de arte… O termo “vernissage” reporta-se ao tempo em que os pintores terminavam as obras com uma camada fina de verniz.

Como convidado e como amigo dos donos da galeria de arte aceitei o convite mais como ensejo de sair de casa antes de adivinhar que a malfadada pandemia vinha a caminho. Quanto aos “quadros” expostos, há obras que aprecio e outras que nem por isso.

Ficar em casa como agora se recomenda, pode ser muito agradável desde que não se torne um habito. Quando isto acontece pode ser já  um sintoma de depressão que se manifesta pela falta de vontade e interesse por qualquer tarefa desde o levantar da cama até qualquer tarefa de que seja incumbido. Este é o momento certo para sair, atirar com os problemas para trás das costas e seguir em frente.

DIZER NADA

 

UMA DESGRAÇANUNCA VEM SÓ

Há fases da vida em que tudo corre mal, nestas ocasiões lembro-me sempre dos alcatruzes da nora. Devido à antiguidade da sua origem é natural que muita gente não saiba o que é uma “nora”. Trata-se de um engenho que servia para tirar água de um poço movido por tração animal…

Quando já se tentou tudo e não há nada mais a fazer há que aguardar que a roda gire e nos leve lá para cima. De facto, como diz o povo, um azar nunca vem só é só saber esperar. Na sequência a qualquer desgraça só se esperam duas coisas ou acontece outra desgraça ou então as coisas vão melhorar e o sol vai voltar a brilhar iluminando e aquecendo as nossas vidas.

Tenhamos esperança que esta pandemia e inevitável confinamento por desnecessário acabe de acordo com os alcatruzes da nora enquanto se espera que a roda gire.

Há dias assim.

ÀS VEZES

 

PRÓS E CONTRAS

Viver numa pequena cidade tem algumas vantagens e muitos inconvenientes. Fruto de uma grande cidade como o Porto, não podia deixar de gostar desta cidade da qual guardo recordações e muita saudade. Gostava da lentidão com que passavam os dias, da sensação de solidão apesar de estar rodeado de muita gente, de passear pelos jardins em pleno centro da cidade que me ofereciam hospitais e cinemas ao virar da esquina. Habituado com esta realidade não estranhei mudar para a periferia que me permitiu avaliar as vantagens e inconvenientes de viver entre duas grandes cidades…

Apesar dessa mudança forçada, a vista ainda alcançava o mar, as inúmeras praias e aquela sensação de liberdade soprada pelo vento e sobretudo a calma que aqui se respira… Estas e outras sensações foram interrompidas no dia em que se celebrou um qualquer feriado nacional e mais tarde um municipal. Obviamente toda a cidade parou, as ruas ficaram desertas, as lojas fecharam-se e o silêncio tomou conta de cada recanto. Passada a primeira reação assaltou-me o pensamento, e se for preciso de algum serviço de saúde?

A resposta mais obvia seria, “Tudo se resolve apesar do feriado”. Viver numa cidade pequena não significa viver uma vida menor. Aprende-se a gostar da calma e do silêncio que reina por aqui e além, do mar ali tão perto, a dar mais valor à saúde, à paz, à lentidão do tempo, fatores que se vão perdendo à medida que a cidade cresce.

CHORO

TRISTEZA

Há ocasiões em que se recorda quem nos deixou por qualquer motivo. A alguns, a  vida concedeu-lhes tempo para se despedirem enquanto que a outros, partiram abruptamente sem sequer se despedirem. São momentos que se grudam à pele como um sentimento pegajoso muito próximo da tristeza. De quando em vez as emoções manifestam-se quando a habitual vontade de deixar a cama não se faz sentir tomando de assalto aquela falta de interesse, aquele vazio que se sente e nada nem ninguém consegue preencher.

É um sentimento que não se pode definir, é mesmo que tentar definir o indefinível… Já todos experimentaram esta sensação de tristeza sem qualquer motivo aparente que surge do nada sem precisar de motivo…

Como qualquer emoção, também a forma de a sentir varia de pessoa para pessoa. Tanto se pode manifestar durante pouco tempo ou prolongar-se durante dias, semanas ou instalar-se definitivamente. Quando isso acontece, é licito falar em depressão que só se ultrapassa com a ajuda de um profissional.

Sentir tristeza esporadicamente é até saudável. Ela é essencial para que se crie espaço para que se dê o crescimento interior. Há dias em que acidental é normal por motivos que só o próprio conhece…

Há dias assim.

DESATINO

DISTINGUIR OS SEXOS

Logo à nascença separam-se os sexos ao destinar o azul para os meninos e o rosa para as meninas… Conforme vão crescendo, com ar paternalista repete-se a célebre frase “um homem não chora” que acaba por ficar gravada na mente masculina… e feminina.

Hoje em dia é cada vez mais difícil distinguir o sexo de cada indivíduo, até porque ninguém sabe muito bem o que isso é. Procurar na Internet é uma perda de tempo que só contribui para confundir ainda mais o pobre cibernauta.

Até hoje ninguém se pode gabar de ter descoberto uma maneira de identificar claramente o sexo de cada um. É suposto que as mulheres procurem homens másculos, românticos e bem-sucedidos enquanto os homens tentam corresponder todo a esses requisitos sem contudo perder a sua masculinidade o implica deixar de lado as tarefas domésticas e coisas afins…

Em suma, atendendo às convenções e à tradição, um homem que seja mesmo masculino não se deve emocionar e muito menos chorar, um Homem não chora, disseram-nos logo em criança...

Sendo assim, tudo está bem. De facto tudo está bem e se não está, finge-se que está e a harmonia sai ganhar…

FINGIR

RELAÇÃO AMOR/ÓDIO

Numa de provérbios é impossível contornar a velha fábula entre uma cobra e um pirilampo. Como todos sabem ou já não se recordam, na fábula a cobra perseguia um pirilampo no intuito, já se vê, de o matar e tentar comer.

Andava a cobra nesta perseguição até que o  pirilampo cansado de fugir disse, Nunca te fiz mal nem pertenço à tua cadeia alimentar porque me persegues?

Depois de pensar algum tempo e após longa reflecção a cobra respondeu, É só porque não suporto ver-te brilhar…

Nenhuma outra fábula ilustra melhor o sentimento comum a muita boa gente sem que contudo o assumam. A inveja é mais frequente do que se possa imaginar manifestando-se através de diferentes formas, por isso escapa sempre à nossa aceitação. É normal que se confunda inveja com o que frequentemente se sente ao observar a vida dos outros provocando a inexplicável antipatia da qual resulta o ciúme de tudo que o outro possui. Qualquer género de inveja é prejudicial vinda donde vier.

Não é todos os dias que, cansado de fugir, se pergunta ao invejoso, “porque não paras de me perseguir?” A coisa piora quando se obtém como resposta, é que não suporto ver-te brilhar…

ÀS DUAS POR TRÊS

 

O RUÍDO E O SILÊNCIO

 

O ruído é aquele “barulhinho” caraterístico de um trânsito intenso, pelo som estridente das sirenes, pelas vozes altas dos vizinhos, pelo ruído caraterístico de alguns eletrodomésticos,… tudo isto contribui para o desequilíbrio da saúde mental e por vezes da saúde física. Por oposição, o silêncio tem inúmeras vantagens para a saúde na medida em que contribui para um cérebro saudável.

É frequente relacionar silêncio com solidão, tristeza ou aborrecimento independentemente da idade. Embora pareça impossível, o silêncio beneficia a atividade cerebral e por consequência a capacidade cognitiva e a criatividade. Já no seu tempo Florence Nightingale afirmava que “o ruído desnecessário é a mais cruel ausência de cuidados que se pode infligir aos doentes”.

Descobertas atuais relacionam o ruído excessivo com a pressão alta.

Os cientistas acreditam que o ruido prejudica a memória e as emoções, mesmo durante o sono. Segundo um estudo publicado  na conceituada revista Heart, dois minutos de silêncio podem ter um efeito mais calmante do que ouvir uma música calma.

Como em tudo na vida, esta terapia deve ser usada com conta, peso e medida…

FELICIDADE

ORAÇÃO

 

Embora rimam não significa que os dois termos sejam verdadeiros. Muitas vezes confundidos, obrigação e devoção pouco têm de comum.

Quantas coisas se fazem por obrigação sempre na esperança de que um dia, se vão deixar de fazer?

A devoção, pelo contrário, é algo que pode ou não, nascer com o próprio e nesse caso aceita-se e desenvolve-se e nos acompanha durante toda uma vida. É verdade que muitas vezes a devoção pode tornar-se uma obrigação repetindo, nesse caso, palavras que há muito perderam o significado e que teimosamente se repetem na esperança de um milagre que às vezes não vem.

Ao fim de muito ouvidos, os provérbios ainda ecoam nos nossos ouvidos, se bem que com uma certa alienação de valores, “Primeiro a obrigação, depois a devoção” frase dita ao sabor dos acontecimentos. Quem inventou qualquer provérbio lá sabia porquê… embora a vida, na sua louca correria, os tenha ultrapassado tornando-os desatualizados.

PERDIDO

O PLANO B

Há sempre coisas que não correm bem ou não correm de acordo com o nosso desejo. Quando isso acontece há sempre um plano B ao qual se pode recorrer. É claro que existem muitas outras estratégias mas qualquer recurso diminui a probabilidade de se atingirem os objetivos pretendidos.

Deste modo, sempre que algo corre mal há sempre a hipótese de recorrer a um plano B que substitui aquele que falhou por qualquer razão. Para o efeito é conveniente que exista outro plano indispensável para contornar qualquer situação. Já na antiguidade, Tales de Mileto recomendava, Tenha sempre um plano B para todos os seus projetos. Busque o melhor e prepare-se para o pior…

Nem sempre acontece que tudo corra exatamente conforme o planeado por isso a existência de outras opções pode ser útil ou contraproducente visto complicar a difícil a escolha acertada.

Há dias assim.

ALGUÉM PASSOU

PERFUMES, O USO CORRETO

Um perfume diz muito sobre quem o  usa. Embora não existam provas científicas, sabe-se que um perfume é capaz de provocar alterações de humor. De facto, na composição de qualquer perfume, encontram-se as designadas feromonas que fazem dos perfumes autênticos afrodisíacos… A escolha acertada de um perfume provoca reações em quem o aspira e faz com que muitos “problemas” se atenuem como, por exemplo, a dor de cabeça, insónia e a saúde em geral.

A escolha de qualquer perfume deve ter em conta a personalidade de quem o vai usar além da natureza da própria pele bem como o tempo de duração. Mesmo atendendo a todos estes os fatores, fica ainda a dúvida se o perfume escolhido vai ser usado na quantidade certa, por excesso ou por defeito…

Mesmo uma escolha baseada no prazer que provoca não atendendo a habituação que é uma das razões para não sentir qualquer odor, a designada anosmia, felizmente temporária. O uso prolongado e habitual de um perfume pode causar o mesmo efeito devido à saturação do olfato.

Estes são alguns dos motivos que conduzem muitas pessoas a serem sensíveis a determinados perfumes.

DIFERENTES PONTOS DE VISTA

Há dias em que se pensa que a vida é uma chatice. Ela pode ser uma sequência de poucas coisas boas mas muitas coisas más, tudo depende do ponto de vista de quem a observa, depende do momento e das espectativas que nela se depositam. Se fosse possível, a mesmíssima vida que para uns é uma chatice para outras podia transformar-se apenas num acumular de acontecimentos bons e maus… Seja como for, a vida é uma bênção que merece sempre ser vivida. Todavia é diferente gostar de viver de gostar da vida que se leva. Devia gostar-se da vida que se tem mas a verdade é que nem sempre se consegue. Às vezes é-se surpreendido a dizer ou simplesmente a pensar que a vida é uma chatice, no entanto, ao chegar a hora de deixar involuntariamente a vida, todos manifestam pena de a deixar.

Enfim, gosta-se tanto de viver quanto se detesta a vida que se tem…Para apreciar condignamente a vida tal como é convém nunca olhar para o lado e ver há situações bem piores mas, nesse caso, lá se vai a vida porque a vida é assim mesmo, olhar em todos os sentidos o que inclui olhar para o lado. Há dias em que a vida nos obriga a olhar para o lado…

Há dias assim.

PROCURA

TEORIA DA RELATIVIDADE

É ponto assente que tudo é relativo, nem era preciso Einstein vir dizer aos quatro ventos esta verdade. O mérito deste cientista foi encontrar respostas para as suas célebres teorias que explicam muitos dos fenómenos que hoje se tornaram vulgares. Atrás da teoria da relatividade vieram todas as outras que explicaram a relação entre o tempo e o espaço que dependem do ponto de vista de quem os observa. A Teoria da relatividade ajudou a ciência a progredir ao explicar a quase totalidade dos fenómenos que nos cercam como o sol, por exemplo. Graças à sua visibilidade, o sol converte constantemente a própria matéria em energia, que nos aquece. O inconveniente deste fenómeno é que a matéria vai-se esgotando… Tirando esse inconveniente, a teoria da relatividade veio explicar toda a vida que existe sobre a Terra.

Os buracos negros agora tão falados, além do progresso da vacinação contra o covide-19, para que sejam visíveis visto que não emitem luz só foi possível graças à colaboração entre diversos investigadores que se uniram através da observação dos seus telescópios espalhados pelo mundo…

Além de confirmar que Einstein tinha razão, deixou bem clara a importância da cooperação humana para atingir qualquer objetivo.

BIBLIA

ESPANTALHOS

Os espantalhos, cujo nome se deve à nobre função de espantar as aves das culturas e principalmente dos frutos, função que remonta a tempos imemoráveis (antigos egípcios?) mas que nem sempre a exercem como deve ser…

Encontram-se um pouco por todo o lado nas hortas. Árvores e culturas recentes. Fáceis de construir, basta qualquer trapo para vestir o boneco que depois de cheio com palha imita uma forma mais ou menos humana. Para completar, pode colocar-se um chapéu. Infelizmente, o boneco perdeu muito da sua eficácia de afugentar, mais os humanos do que os pássaros, principalmente ao fim do dia.

Nunca construí um desses bonecos para afoguentar as aves do espaço onde se encontram árvores de fruta mais pela beleza da folhagem do que propriamente pelos frutos que muitas vezes ficam no papo dos pardais…. Claro que os frutos são sempre bem-vindos pelo sabor e de ver as árvores crescer. Acho que os pássaros já se habituaram aos espantalhos ou a qualquer outro objeto com os quais convivem em alegre chilrear.

PERDIDO

PORTAS E JANELAS

 

É costume dizer-se, sempre que se fecha uma porta, Deus abre sempre uma janela, mas será que abre?

As portas existem com a função de deixar entrar mas também se servem para sair caso ache que está cumprida a missão que lhe estava destinada ou então para quem não está interessado em ficar.

Pela vida fora vão encontrar-se muitas portas que se fecham mas em compensação há janelas que se abrem. Não interessa quanta gente vai atravessar essas portas nem em que sentido vão ser usadas.

Muitas vezes a vida sugere que se fechem algumas portas impedindo assim a livre circulação através delas.

É fundamental que as portas se mantenham abertas respeitando o uso que lhe for dado. Haverá sempre alguém que queira ficar enquanto outros  desejam partir.

Contrariando o ditado “quando Deus fecha uma porta…,” nem sempre abre uma janela. Ele espera com muita paciência que alguém deixe o conforto do seu lugar e abra sozinho uma janela …

ACORDAR

ENTRE DOIS MUNDOS

Ninguém pode escolher o local nem a família em que se nasce. Porém, o mundo gira, dá muitas voltas como se sabe e cada um encontra-se perfeitamente integrado no seu mundo, com o meio em que se nasce assimilando as tradições e os respetivos hábitos até que um dia os mundos se aproximam e então é possível estabelecer uma simbiose entre ambos o que nem sempre acontece, não devido a um desencontro ou à falta dele mas devido às divergências entre os dois mundos. Às vezes até resulta quando um deles não está muito “preso” às raízes culturais do seu mundo e consegue “saltar” para o outro lado. Nesse caso, a simbiose estabelecida, pode ser mais ou menos durável, ainda que consentida segundo as regras da sociedade que gravita nesse mundo. Para que seja durável é preciso que um deles abandone o mundo que o recebeu à nascença e salte para outro lado o que requer um grande esforço para se integrar completamente numa sociedade estranha o que nem sempre se consegue. Nesse caso, não raro acontece que os mundos entram em rota de colisão…

IRREVERÊNCIA

 

Qualquer dicionário tem a função de esclarecer ou tirar dúvidas a quem dele se socorre, o que nem sempre se acontece. Às vezes acaba-se mais confuso do que quando a ele se recorreu. Além de compilarem por ordem alfabética imensos termos e respetivo significado, a maior parte das vezes atribuem ao termo “irreverente” um significado depreciativo que efetivamente nem sempre lhe corresponde na realidade. Por definição, irreverente é qualquer pessoa que demonstra falta de respeito pelo que está instituído…

Toda me habituei a atribuir ao termo “irreverente” um outro significado, quase um elogio que se reservam aqueles que se opõem de uma forma civilizada às normas instituídas por qualquer sociedade, guardando sempre o devido respeito pela liberdade relativa dos outros.

Neste contexto, pode considerar-se irreverente quem optar por viver à sua maneira, sem preocupações de maior com a moda, os costumes as tradições desde que as suas escolhas não vão contra os justos interesses de ninguém.

PANDEMIA

GAIVOTAS EM TERRA

Apesar de sujarem os vidros e carroçarias das viaturas com os seus excrementos, de nos acordarem pela manhã com gritos estridentes e causarem inúmeros problemas citadinos, sem elas o mar estaria mais longe, tão longe que só a muito custo se poderia alcançar…

Seja qual for a razão, quando se ausentam, sente-se a falta. Será por que há muito peixe no mar ou será a calmaria das marés que as afastam? É bem conhecido o ditado “gaivotas em terra, tempestade no mar”. Excecionalmente discordo, em parte, deste ditado. Era suposto encontra-las nos rochedos à beira mar, quando o tempo convida mas nunca em plena cidade. Normalmente as gaivotas vivem em colónias e voam atrás dos barcos de pesca em busca de peixe fresco mas nas cidades alimentam-se do lixo que encontram em locais longínquos do mar.

Além da barulheira a gaivota convive habitualmente em perfeita simbiose com o ser humano. Em contraste com o branco imaculado das penas das suas asas com a escuridão das almas de quem as escuta, voam indiferentes aos problemas que podem causar. Voam cada vez mais alto porque, Vê mais longe a gaivota que voa mais alto…

AS COISAS NUNCA SÃO O QUE PARECEM

As primeiras impressões às vezes enganam, isto é nem sempre correspondem à verdade. Sempre que se é obrigado a dirigir-se a qualquer serviço público, convém ir bem cedo. Digo bem cedo porque é espetável deparar com uma funcionária pouco interessada pelos problemas de quem atende e pouco habituada a lidar com o sistema informático. Como consequência é frequente que se forme uma longa fila de espera.

A surpresa não podia ser maior quando o atendimento é feito de imediato por uma jovem funcionária, simpática, sorridente e atenta às dificuldades que lhe eram apresentadas.

De facto, quantas vezes imaginamos algo que se revela totalmente  diferente na realidade. Com efeito, é frequente ter-se um pensamento negativo quanto às primeiras impressões e quantas vezes sem um mínimo de razão. As coisas nunca são o que parecem. Como alguém já disse, “as coisas que realizamos, nunca são tão belas quanto as que sonhamos”. Por outras palavras, as coisas nunca são como as idealizamos. Num sentido mais lato, o lema aplica-se às coisas do dia a dia consideradas de menor importância.

MEDO

SENTIMENTOS

 

De entre todos, e são muitos, os sentimentos que assaltam a mente humana em diferentes ocasiões, leva a concluir-se que quem comanda toda a vida é o pensamento. É ele que dirige muitos dos bons e maus diversos sentimentos tais como a inveja e o ciúme…

Penso que o ciúme de qualquer espécie não tem nada a ver com a inveja bastante comum nas sociedades atuais. Enquanto que o ciúme é motivado por algo que já se possui e tem medo de se perder, a inveja é a vontade de possuir algo que não se tem mas que se gostaria de ter. É essa, a meu ver, a diferença entre ciúme e inveja.

Geralmente relacionado como um sentimento negativo, convém desdramatizar o ciúme que embora se controle é um sentimento perfeitamente normal e muito frequente.

Apesar de bastante comum, o ciumento acaba por não se aperceber do que sente e disfarça assim o medo de perder pondo a nu a própria insegurança…

ESTE RIO

 

BURRA ERA A MÃE

Certamente já fui insultado várias vezes, não sei, nem ouvi. Ouvi foi a resposta dada como um presumível insulto proferido numa escala sonora que era impossível não ouvir. Em resposta a um tal insulto é frequente ouvir-se, Burra era a tua mãe e mais casou-se.

Ao ouvir esta resposta fez-me pensar no sentido desta frase. Dizer que burra era a mãe já por si é um insulto dirigido à senhora que, alheia ao assunto e por ausente, não se pode defender.

Acrescentar à resposta “ e mais casou-se”, além de burra dizer que se casou, não entendi muito bem. Teria sido burra por se ter casado ou além de burra ainda teve a ousadia de se casar? Ou seria tão burra, mas tão burra que até se casou…? Francamente fiquei sem saber. De qualquer modo, é uma resposta a um pretenso insulto e não foi dos piores que ouvi… O insulto é uma arma de arremesso a que se recorre quando se sente ameaçado, ameaças que muitas vezes só existem na própria cabeça.

Julgar esta resposta de “mal-educada” seria uma atitude preconceituosa, é sentir como fazendo parte assumir integrante de uma sociedade discriminatória cultural e economicamente geradora de indivíduos preconceituosos.

BAIRRISMO

 

O bairrismo que se pensa morto e enterrado afinal ainda mexe. Ele encontra-se latente em cada um de nós sempre pronto a manifestar-se ao mínimo pretexto. Muitas vezes confundido com regionalização, são conceitos completamente diferentes, enquanto que a regionalização tem por objetivo dividir o país em diferentes regiões, o bairrismo visa defender o próprio bairro, rua, cidade ou club… Neste momento em que muito se fala em bairrismo a propósito deste desporto é pertinente que se confronte os dois conceitos.

O apego excessivo ao próprio bairro ou a outra coisa qualquer, verifica-se todos os dias e em diferentes campos. É neste contexto que se encontram as maiores discrepâncias entre os dois conceitos. Nem sempre é fácil separar um conceito do outro do que resulta a falta de entendimento quanto à divisão do país em regiões.

É lamentável que se confundam esses dois conceitos ao ponto de revelarem uma fraca perspetiva regional e o que é mais grave, permitindo que se sobreponham interesses puramente pessoais aos interesses populares.

ARANHAS

 

Como já vem sendo habitual, ao chegar à casa da praia que na verdade não fica sobre a praia, encontrei já instalados os residentes habituais. Logo à chegada os residentes saudaram-nos com as suas maravilhosas teias tecidas com todo o cuidado por esses simpáticos bichinhos de oito patas… Uma vez no interior, a presença das aranhas além de incontornável, revelou-se imprescindível.

Com efeito, as aranhas alimentam-se de outros insetos tais como moscas, mosquitos, baratas e um sem número de outros insetos transmissores de muitas doenças.

Até hoje ninguém se socorreu da primeira coisa que se encontre mais à mão para as matar esse simpático(?) bichinho mas o facto é que não gosto de aranhas e teias que me deixam simplesmente arrepiado. Algumas pessoas têm como lema "viver e deixar viver", aproveitando assim das múltiplas vantagens das aranhas mas opinião que respeito. Apesar de evitarem o contacto com o ser humano, podem morder quando se sentem ameaçadas…

A partir de hoje quando vir uma aranha e antes de a esmagar, prometo que vou pensar duas vezes nas vantagens da sua visita,

UM DIA BEM PASSADO

 

FAZER PLANOS, SIM OU NÃO?

Não me lembro que algum deles fizesse planos relativamente ao presente e muito menos quanto ao futuro. Sendo uma tendência natural do ser humano, creio que os fizessem secretamente sem nunca os partilharem com os filhos e muito menos com estranhos.

Mais reservado, acredito que ele estabelece-se algumas metas quanto ao presente e muito poucas ou nenhumas relativamente ao futuro. É natural que num dado momento da vida as tenha feito…

Pessoalmente, há muito que deixei de fazer planos, aliás nunca fui um acérrimo defensor de planificar seja o que for, a vida encarrega-se sempre de alterar tudo a seu belo prazer.

Admito que fazer planos é normal e em determinada altura toda a gente os faz. Deixar de fumar, emagrecer, ir mais vezes ao ginásio, mudar de emprego, mudar de vida,… tudo boas intenções que, lamentavelmente, não passam disso mesmo. Continuo a dizer que não tem nada de errado fazer planos, é até benéfico desde que não se fique escravizado por eles.  Os planos devem ser estabelecidos de forma a que se possam realizar e que não sejam mais um motivo de frustração a somar a tantos outros.

OUTROS VERSOS

 

SER ENGRAÇADO...

Diz o povo com alguma razão que cair em graça é mais importante do que ser engraçado. Em muitos casos tona-se evidente a aplicação deste provérbio… Realmente há quem tenha graça sem ter graça nenhuma… Porém ter graça não significa ser engraçado. Entre os termos “graça” e “engraçado” parecendo que não, vai uma grande diferença. Cair em graça nesta e noutras sociedades não é difícil, o que importa é ter um ar agradável e um nome sonante... Se o nome evocar alguém que é ou foi um personagem querido do grande público, tanto melhor. Já lá diz o provérbio Mais vale cair em graça do que ser engraçado!

É triste verificar que no dia a dia que o ditado não anda muito longe da verdade e aplicável muitas vezes a quem ocupa uma posição de chefia. Enfim, para cair em graça não é preciso ser engraçado basta… cair em graça.

RESPEITO E IGUALDADE

É fundamental que se implante no seio da família o respeito pela diversidade e não ficar à espera que a Escola faça o que compete à família. A implementação destes valores e assegurar que se passem às gerações futuras cabe exclusivamente à família e devem ser “trabalhados” logo à nascença. Por diversidade entenda-se a liberdade cultural, biológica, étnica, linguística, sexual, religiosa,… enfim, qualquer tipo de diferença. É através da aceitação da diversidade que se constrói um futuro mais justo e o respeito pela desigualdade dos outros.

Efetivamente as pessoas não são todas iguais. Era mesmo monótono se as pessoas fossem todas iguais sobretudo na sua maneira de ser… Algumas pessoas, por muito esforço que se faça, mantêm sempre a mesma maneira de pensar mesma recusa à mudança mesmo que isso signifique evoluir. Geralmente quem se recusa a evoluir são pessoas inseguras e que têm por norma uma reduzida capacidade intelectual devida a diversos motivos sociais e políticos.

FIM

 

ATÉ BREVE

 

ÉTICA, MORAL E CIVISMO

Embora se confundam, existem algumas diferenças entre cada um dos termos. A ética e a moral embora intimamente ligadas, contribuem indiscutivelmente para a cidadania e por consequência para a formação dos indivíduos. Na verdade a ética depende muito da moral de cada um e tem tudo a ver com o que vulgarmente se considera a “maneira de ser” ou “caráter” de um indivíduo que serve de desculpa para muitos comportamentos desviantes…

Como complemento da ética e da moral, a cidadania compila todos os deveres do cidadão para a sociedade.

Por sua vez, o civismo agrega comportamentos fundamentais que tornam possível a vida em sociedade de modo a respeitar valores e comportamentos necessários a uma vida harmoniosa em  sociedade.

Estes conceitos são tão importantes que a ausência de um deles torna-se logo notada nas coisas mais banais do dia a dia.

Em suma, ética, moral e civismo apesar de não serem sinónimos andam frequentemente de braço dado e concorrem para a perfeita harmonia da vida social.

CONDOMÍNIOS

Já lá vai o tempo em que morar num condomínio fechado era sinónimo de status ou simplesmente, de poder económico. Atualmente a coisa é vista e sentida de modo diverso. Hoje em dia, à medida que se envelhece os condóminos iniciais afastam-se de algum modo e morar num condomínio tornou-se acessível e com esta facilidade perdeu qualidade…

Um dos motivos que atrai muita gente a este género de condomínio, além da privacidade, são os preços mais convidativos. A presença de porteiros noite e dia evita o acesso de vendedores ambulantes, pedintes, entrega de panfletos e folhetos que anunciam viagens de sonho, visitas indesejadas  e outras coisas mais…

A monitorização dos vários espaços exteriores através de câmaras de vigilância são outro fator que atrai todo o género de gente.

Também as crianças não foram esquecidas dispondo de um basto recinto exterior equipado com equipamentos adequados.

Mas nem tudo são rosas. Além das moratórias que a pandemia proporcionou há a acrescentar a falta de lugares no estacionamento exterior motivado pelo estacionamento de várias viaturas da nova geração e pelo incumprimento das regras aprovadas em reuniões de condóminos.

A proximidade entre condóminos podia apontar-se como uma vantagem possibilitando o convívio e o diálogo entre condóminos. No entanto quantas vezes a proximidade gera um maior afastamento entre as pessoas…