Após um período de obras megalómanas e do incentivo ao
consumo feito pela Banca, muitas famílias acabaram por viver durante alguns
anos acima das suas possibilidades. Perante a perspectiva de banca rota, Portugal
teve que negociar com a troika um empréstimo financeiro de 78 mil milhões de
euros. Poderia até parecer muito dinheiro se cerca de 12 mil milhões não se tivessem
destinado à recapitalização da banca... Convém não esquecer que toda esta verba
não se trata de um donativo mas sim de um empréstimo sujeito a uma taxa de
juros variável e bastante elevada.
Quem é que então está a pagar a factura?
Segundo dados fornecidos em
2011 pela Autoridade Tributária e Aduaneira, num universo de 4,7 milhões de
contribuintes, mais de 2,6 milhões não pagam IRS. Isto corresponde a 56 % do
total dos contribuintes. Perante estes dados, embora referentes a 2011, é fácil
concluir que é a classe média que está a pagar a factura… Isto porque as classes altas conseguem sempre escapar à austeridade
transferindo os capitais para paraísos fiscais bem como as sedes das suas
empresas para outros países com taxas menos severas… As classes menos
favorecidas, os pobres acabam por beneficiar do empréstimo da troika através do
subsídio de desemprego e do rendimento mínimo… além de outras benesses como os
baixos escalões do IRS. De onde vem o dinheiro para pagar o bendito empréstimo
da troika? Indubitavelmente é através das contribuições fiscais, dos cortes
aplicados nas deduções à colecta, da sobretaxa de 3,5% e da contribuição
extraordinária de solidariedade para os reformados, que a classe média
contribui para sustentar este país e principalmente a própria máquina
governamental…
Por tudo isto, ricos, pobres
e políticos, deixem de dizer mal da “peste grisalha”, é ela que vos está a
sustentar e a manter este país à tona sem o deixar submergir…
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