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quarta-feira, 19 de março de 2014

DIA DO PAI, O MEU

Há dias em que a gente se torna conivente perante algo com o qual não está de todo de acordo. Cá está mais um “dia de…” ao qual sou declaradamente avesso. Mas lá vou aderindo, comparticipando e consentindo na cumplicidade…
Desta vez, aliás como sempre, não tomei a iniciativa da comemoração. Tudo (des) organizado pela família próxima. Apenas aderi e consenti. O jantar acabou por ser no restaurante habitual para poupar trabalho e a sobremesa, um bolo encomendado pela filhota, degustado aqui por casa e toca a andar que amanhã é dia de trabalho…
E aqui fiquei a pensar no meu Dia do Pai…
Deus sabe como eu queria ter gostado (reparem que não digo ter amado) do meu pai… Só Deus pode entender como me esforcei, como desejei ter amado aquele ser a quem chamei de pai…! Nada. Não sinto nada quando penso no meu pai… Não é de todo verdade dizer que não sinto nada. Sinto, sinto imensa pena de não ter conseguido entender, na minha limitada capacidade de criança, aquele ser que certamente se sacrificou em múltiplos empregos para dar algum conforto à família.
Lamento não ter conseguido ser o filho predileto em detrimento do irmão tão saudoso. Lamento não ter sido o filho que fosse o motivo de orgulho perante os colegas de trabalho…
Lamento ter tido a teimosia de nascer naquele lar em vias de colapsar…
Lamento a mentira de fingir não gostar do meu pai…
Lamento ter de lamentar que não me dói relembrar o passado…
Lamento não ter tido quem me ensinasse a ter sido um bom pai…
Lamento que hoje seja o Dia do Pai.
Há dias assim em que lamentar é já uma forma de perdoar…
Há dias assim.

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