Há
dias em que a gente se torna conivente perante algo com o qual não está de todo
de acordo. Cá está mais um “dia de…” ao qual sou declaradamente avesso. Mas lá
vou aderindo, comparticipando e consentindo na cumplicidade…
Desta
vez, aliás como sempre, não tomei a iniciativa da comemoração. Tudo (des) organizado
pela família próxima. Apenas aderi e consenti. O jantar acabou por ser no
restaurante habitual para poupar trabalho e a sobremesa, um bolo encomendado
pela filhota, degustado aqui por casa e toca a andar que amanhã é dia de
trabalho…
E aqui
fiquei a pensar no meu Dia do Pai…
Deus
sabe como eu queria ter gostado (reparem que não digo ter amado) do meu pai… Só
Deus pode entender como me esforcei, como desejei ter amado aquele ser a quem
chamei de pai…! Nada. Não sinto nada quando penso no meu pai… Não é de todo
verdade dizer que não sinto nada. Sinto, sinto imensa pena de não ter conseguido
entender, na minha limitada capacidade de criança, aquele ser que certamente se
sacrificou em múltiplos empregos para dar algum conforto à família.
Lamento
não ter conseguido ser o filho predileto em detrimento do irmão tão saudoso.
Lamento não ter sido o filho que fosse o motivo de orgulho perante os colegas
de trabalho…
Lamento
ter tido a teimosia de nascer naquele lar em vias de colapsar…
Lamento
a mentira de fingir não gostar do meu pai…
Lamento
ter de lamentar que não me dói relembrar o passado…
Lamento
não ter tido quem me ensinasse a ter sido um bom pai…
Lamento
que hoje seja o Dia do Pai.
Há
dias assim em que lamentar é já uma forma de perdoar…
Há
dias assim.
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