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sábado, 15 de março de 2014

O LIVRO DOS ELOGIOS

Nós, portugueses, temos o doentio prazer de reclamar. Reclamamos por tudo e por nada e isso nos dá imenso prazer além de alimentar conversas durante horas. Tem ainda a inconfessável vantagem de ser tema de conversa na falta de um verdadeiro tema fruto de vidas vazias, tristes, soturnas que alguns de nós levamos… Pelo contrário, elogiar, não é nada do nosso agrado. Como padecemos daquela doença crónica chamada inveja, raramente (digamos nunca) elogiamos o lado positivo das coisas e das pessoas… Claro que salvaguardo aquela ocasião aquando da morte de alguém em que todos os falecidos se tornam ótimas pessoas e, nessa ocasião, não nos poupamos a elogios póstumos mesmo que mal conheçamos o(a) defunto(a) ou mentalmente o considerarmos o maior dos filhos da puta à face da Terra (felizmente de partida).
Como portuguesinho que sou e que às vezes me envergonho de ser, é óbvio que frequentemente reajo e me comporto de acordo com o que acabei de escrever. Mas lá vem a ocasião em que o discernimento de pessoa inteligente que sou me permite estabelecer a justa diferença entre o reclamar e o elogiar.
A pretexto de uns dias de férias de minha mulher que é professora, o meu filho lá convenceu a mãe a visitá-lo em Paris tendo feito mesmo a reserva das passagens de avião. No intuito de lhe devolver a quantia gasta nessa reserva, tentei fazer a transferência da quantia através da internet. Por qualquer estranha razão não o consegui fazer pelo que me desloquei à agência do Montepio Geral de Júlio Dinis. Passavam dez minutos das 15h quando cheguei à porta. Um funcionário, mal humorado, limitou-se a apontar para o relógio que trazia no pulso e a gritar-me através da porta de vidro: “Fechámos às três”. Agradeci a informação sem me abster de mandar o senhor falar com a mãezinha em serviço…
Felizmente hoje tive a inspiração de me dirigir a uma agência também do Montepio Geral em São Mamede de Infesta. Não consigo em breves palavras descrever a simpatia e o profissionalismo da funcionária que me atendeu. Foi incansável na forma como tentou resolver o meu problema via Internet e mesmo quando, preocupado por me ter apercebido que lhe estava a roubar a sua hora de almoço, insistiu a pretexto de ser teimosa (eu chamo-lhe profissionalismo), em continuar a tentativa de resolver o problema o que finalmente conseguiu. E não é que nem sequer registei o nome da dita funcionária embora não tenha poupado elogios à sua competência e profissionalismo. Nós portugueses somos assim…

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