Em qualquer lado para
onde a gente se vire, seguramente encontrará um morcão. O termo é um
regionalismo do Norte do país, mas o morcão é um fenómeno nacional. Atrevo-me
até a dizer que o morcão ultrapassa fronteiras, é internacional, não tem idade
nem pertence exclusivamente a um dos sexos. Em qualquer lado e a qualquer hora,
sempre aparece à nossa frente um morcão. Na fila do supermercado, ele já está
na caixa. É geralmente uma pessoa de idade o que não é desculpa pois muitas
vezes é até mais novo do que eu (embora não o pareça…). Demora séculos a
escolher o dinheiro no porta-moedas, mais ainda a guardar o troco e finalmente
a conferir o talão com todo o cuidado. Começa então a pegar nos sacos de
compras um a um com toda a calma como se não existisse mais ninguém para ser
atendido. O morcão não aparece exclusivamente na fila do supermercado, pode ser
visto em qualquer local de atendimento ao público. É aquele género de idoso (ou
não) carente que aproveita a simpatia do atendente para conversar e pedir todo
o género de informações enquanto toda a fila de gente apressada e com horários
a cumprir, espera (in) pacientemente que a criatura se decida a ir embora.
Também nas filas de
trânsito e mesmo nas autoestradas ele aparece à nossa frente. Aqui o morcão é o
género de condutor (a maior parte das vezes idoso) sem a mínima aptidão para a
condução. Duvido muito sinceramente que estas alminhas tenham alguma vez conseguido
passar num exame de condução tal é a ignorância demonstrada relativamente ao
código da estrada. Desde o conduzir em contramão, seguir pela faixa da esquerda
20km/h nas autoestradas, fazer inversão de marcha em vias de grande movimento, etc.,
etc., tudo eles fazem com o ar mais cândido de quem faz a coisa mais natural do
mundo… os outros condutores é que são “os loucos do volante”.
Por favor, se algum dia
por estranha metamorfose me transformar num desses morcões, por favor, tomem as
devidas providências para me impedir de conduzir e passar a usar os transportes
públicos…
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