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sábado, 7 de agosto de 2021

REBUÇADOS DA RÉGUA

 

A vida já era difícil era ainda uma criança… Nesse tempo, teria eu cerca de seis ou oito anos, como “guarda livros” de profissão o meu pai era obrigado a fazer “escritas” à noite e a deslocar- se com alguma frequência ao Douro, mais precisamente  lá para os lados da Régua, depois do trabalho para ganhar mais algum dinheiro com o fim de manter a casa e os filhos com alguma comodidade.

Nessas noites em que ele regressava já tarde a casa, mimava-nos, com os célebres rebuçados da Régua… O hábito de trazer os ditos rebuçados era religiosamente cumprido até que uma noite não houve a distribuição tão ansiosamente aguardada… Acho que nunca lhe perdoei quebrar assim a promessa mas também nunca ousei perguntar-lhe por que razão não tinha comprado os benditos rebuçados. Talvez tenha chegado atrasado à estação de comboios sem o tempo indispensável para os comprar, talvez a senhora que os vendia não tenha aparecido por qualquer motivo de força maior ou por qualquer outra razão seguramente não imputável à sua pessoa… Mil e uma razões poderiam estar por trás desta ausência e que justificavam não haver s distribuição de um simples rebuçado…
Compreendo agora essa e muitas outras ausências mas esse tempo passou.
Ainda hoje prefiro que não me façam promessas. Qualquer promessa cria expectativas que humedecem os olhos e provocam aquele nó no estômago que todos conhecem. Atualmente continua a aguardar como um menino o seu rebuçado.
Muitas promessas são quebradas por motivos perfeitamente justificáveis… Mesmo assim prefiro que não me prometam nada porque as pessoas mudam, as condições de vida alteram-se, os momentos passam e as promessas quebram-se…

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