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quarta-feira, 24 de junho de 2015

FOI NUMA NOITE DE S. JOÃO

Lembras-te?
Lembras-te daquela noite?
Até a mim me surpreendeu este súbito acesso de memória!
Há noites assim que a gente não esquece.
Nessa noite, tu ainda eras tu e eu, eu era outro.
Lembras-te?
Foi numa noite de S. João e nós dois sozinhos, tendo apenas a TV por companhia, desdenhávamos do “povinho” que desfilava pela rua não tanto por desdém mas por ninguém nos ter convidado…?
Nesse tempo éramos tão cúmplices que nem era precisa uma única palavra para entabularmos uma grande conversa. Também sabíamos quando o silêncio era o melhor a dizer porque o silêncio entre nós não era só silêncio. Apenas com os nossos olhares nos entendíamos.
Por uma estranha conjugação astral ou por influência de São João, demos por nós a confessar nossos segredos mais profundos. Segredos só dessa vez verbalizados o que nem teria sido necessário por demais já serem conhecidos…
Nesse tempo, tínhamos os nossos segredos, segredos como aqueles que só são partilhados entre irmãos que nem precisam ser do mesmo sangue…
Lembras-te?
Era noite de São João e nós desdenhávamos do “povinho” que desfilava pela rua armados de alho-porro. Nesse tempo a tradição era dar a cheirar a flor do alho-porro ou a cidreira e só mais tarde deram lugar ao plástico dos infernais martelinhos.
Naquelas noites, tendo por companhia apenas a TV, éramos tão felizes sem saber…!
Há dias... e noites assim

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