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quinta-feira, 11 de junho de 2015

A VIDA DEPOIS DE UMA VIDA

Para qualquer pessoa minimamente empedernida pelas circunstâncias de vida, falta de sensibilidade ou egoísmo inato, é deprimente visitar um lar de idosos. É vê-los ali sentados em cadeirões dispostos em filas virados para um ecrã de televisão que ninguém vê nem ninguém ouve talvez por incapacidade física ou falta de interesse. Pelo menos, é esta a imagem que me fica sempre que vou visitar o meu sogro internado num desses “lares”.
Esta quarta-feira festejámos o 92.º aniversário da minha sogra que por enquanto se tem mantido em casa por falta de vaga no lar onde se encontra o marido, situação que se vai alterar na próxima segunda-feira com o seu ingresso.
Faz pena ver a “vida” que ali os espera depois de uma vida activa que já foi a deles.
É isto que (nos) acontece quando fragilizados pela falta de saúde se fica dependente da ajuda de terceiros, quando os familiares não têm possibilidades físicas e económicas para acolher os seus idosos.
Devido à enorme dificuldade de locomoção e à distância que nos separa, o lar de idosos foi a solução de último recurso, depois um período de permanência na própria casa, apoiados por uma empregada.
Não deve ser fácil para um idoso o internamento em qualquer lar de idosos por melhor que seja, pois que isso pressupõe a perda de autonomia e a ruptura com os hábitos de vida anteriores já para não falar no abandono da casa que os acolheu (em muitos casos) durante uma vida. E toda esta perda em troca de quê? De uma “vida” sem presente nem futuro depois de uma vida plena de família e amigos…
 De visita ao meu sogro, pela observação da forma como alguns funcionários lidam com os idosos o que denota falta de perfil para as funções que desempenham, pela sua ausência na sala durante a visita, a ideia que fica é de que, devido às exigências inerentes ao trato de pessoas de idade, muitos dos funcionários não gostarão do trabalho que fazem, ou seja, obrigam-se a “cuidar” daqueles seres apenas por necessidade e para terem um salário no fim de cada mês.

É triste e difícil envelhecer com dignidade em Portugal.

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