Há
dias em que se acorda com a sensação de ter sido desligado da corrente.
Qual
corrente?
Que importa
o tipo de corrente?
O que pretendo
referir é aquela sensação que vai para além da falta de energia.
Não me ocorre
outra analogia senão a de qualquer aparelho eléctrico em standby… É isso mesmo,
fica-se à espera de ser ligado e entretanto aguarda-se sabe-se lá o quê ou quem…
Não é certamente a melhor atitude. A vida exige acção, cada vez mais é preciso
agir, tomar iniciativa, tomar decisões mesmo correndo o risco de optar pelas erradas,
tropeçar, cair para depois levantar e prosseguir caminho…
Mas
enquanto não chega o momento de viragem, é natural e desculpável permanecer nessa
espécie de marasmo na condição de não se prolongar indefinidamente. Neste estádio
de catarse mental, o pensamento não se encontra inactivo. Múltiplos pensamentos
se cruzam e entrelaçam no cérebro mesmo sem se dar por isso e sem que haja fixação
em qualquer um deles. São momentos de descompressão mental e física em que nada
há para falar ou escrever. A folha fica em branco apenas com a função de
reflectir a luz tão necessária à iluminação interior. Nada se escreve nela a
não ser o silêncio…
Há dias
em que um silêncio diz mais que mil palavras.
Há dias
assim
É do tempo!
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