Estava
mesmo ao meu lado embora numa outra mesa da esplanada onde me sentei para tomar
um café. Chamou-me a tenção o tom da conversa que mantinha com uma amiga
sentada na mesma mesa em frente dela. Dizia com aquele sotaque tão característico:
O pai hoje tá péssimo. Tá com uma enxaqueca do piorio.
Ontem os piquenos teimaram para os levar a Serralves.
Aquilo tava medonho de povo!
Tava lá a Kika. Uma lontra. E o Bernardo? Um rustico. Uma
camisa medonha, salvaram-se as jens Jean Paul Gautier.
Era
sem sombra de dúvida uma tia e não o afirmo por ela ter uma mala Louis Vuitton pousada
no regaço mas pelo sotaque, forma de estar e de se exprimir.
Por
definição, tia é uma de relação de parentesco, nome que se dá às irmãs do pai
ou da mãe. Contudo o termo é usado em muitos outros e diferentes contextos.
Pode ser o tratamento dado no campo às
pessoas de certa idade ou o tratamento
dado por alguns jovens a adultos amigos da família. (in Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa)
Mas
ser “tia” num contexto social, não é apenas uma simples questão semântica, é
viver de facto de acordo com determinados padrões de vida assumindo uma postura
consentânea com as suas origens… Ainda assim, o termo pode assumir um tom
irónico e depreciativo. Tudo depende se nos referimos a verdadeiras ou falsas “tias”. As verdadeiras destacam-se pela simpatia além de outras
características como aquele sotaque muito próprio e uma postura irrepreensível.
São sempre simpáticas em qualquer situação pois não conseguem mesmo ser de
outra maneira. Está-lhes na massa do sangue, fruto de uma educação esmerada. As
falsas traem-se apesar do sotaque, pela sua postura pedante e “cabeças ocas”. Simpatizo
particularmente com as “tias” verdadeiras.
Sem comentários:
Enviar um comentário