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segunda-feira, 9 de junho de 2014

A TUDO A GENTE SE HABITUA...

Lembro-me perfeitamente do medo horroroso que tinha de agulhas em criança. Face a uma otite mais persistente, foi-me receitada penicilina injectável. Na hora em que a enfermeira chegava para me dar as ditas injecções, todos os cantos da casa serviam para me esconder. Lembro-me até de uma vez me ter escondido debaixo da cama da minha tia em cuja casa passava longas temporadas. Como era de prever, sempre me descobriam e acabava por me ser aplicada a bendita injecção.
Há alguns anos atrás, após uma cirurgia a que fui submetido, informaram-me da necessidade de tomar diariamente um anticoagulante tendo por isso de realizar controlos de anti coagulação, pelo menos uma vez por mês. Sabendo que a recolha de sangue para análise é feita por via intravenosa, esta informação constituiu um autêntico drama tal era a minha fobia de agulhas. Senti-me a pessoa mais infeliz do mundo.
Actualmente, continuo a ser submetido à recolha de sangue mas agora encaro o acto em si como algo normal, sem dramas. Poderá dizer-se que me habituei se é que o ser humano se habitua a coisas desagradáveis… Obviamente que sinto a dor da picada da agulha e ainda não consigo ver o sangue fluir para o tubinho de análise sem me sentir desconfortável. Faço-me de forte, olho para o lado, sorrio, converso e já não fico tão deprimido. Contudo sinto que, lá no fundo, habita em mim uma certa revolta por depender desta análise. Reconheço que, de certo modo e em certas ocasiões, essa é uma causa de mau humor…

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