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terça-feira, 4 de junho de 2013

A MORTE DO PATINHO

Há dias em que uma simples imagem desencadeia memórias que pensávamos já não existir. Não porque as tivéssemos “apagado” por serem desagradáveis ou fazerem reviver momentos traumatizantes, mas pela sua insignificância ou pouca relevância. Aí está uma prova de que tudo o que acontece ao longo das nossas vidas deixa marcas… são como “tijolos” que ajudam a construir o nosso “Eu”. Tudo depende do uso que damos a esses “tijolos” que tanto podem contribuir para a construir como para destruir a nossa personalidade… mas isso são outras histórias. A simples observação da imagem de um patinho foi como que o código de acesso a arquivos de uma outra época da minha vida. Tínhamos mudado de um apartamento no Porto para uma moradia em Gaia. Como nas traseiras existiam uns anexos próprios para albergar aves de capoeira, não sei por que carga de água, volta e meia, a minha mãe comprava alguns patinhos recém-nascidos que nunca chegavam a crescer. Isto porque eram acometidos por alguma estranha doença.
Lembrei-me do seguinte episódio que durante longos anos nunca me tinha voltado à memória. Um dia, ao regressar da escola, deparei com um dos patinhos prostrado acometido pela tal doença. Sendo a minha mãe uma mulher profundamente religiosa, existia na casa um altar com alguns santos da sua devoção. Comungando da mesma fé, lembrei-me de colocar o patinho junto ao altar na esperança de um milagre… Depositei neste acto toda a fé e esperança no milagre da cura daquele pequeno ser. Ao fim da tarde, o patinho estava morto aos pés dos santos do altar. Não sei se foi a partir daí mas a minha fé ficou profundamente abalada…
Há dias em que memórias distantes nos assaltam e transportam a outras épocas noutros lugares…
Há dias assim...

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