
Ontem foi um desses dias. Começou logo pela manhã. Como
sempre ao chegar à porta do prédio, cumprimentei o porteiro que em amena
conversa com um dos condóminos me ignorou completamente. Fiquei com a sensação
que nem me viu passar. Cumprindo a minha rotina diária fui ao café da esquina
onde sou cliente e habitualmente nem preciso pedir o meu café matinal. Mas hoje
estava invisível. O empregado serviu os poucos clientes matinais e permitiu-se
um breve descanso encostado ao balcão como se eu não estivesse presente. Foi
necessário chamar-lhe a tenção com um aceno do braço para que me fosse servido o
cafezinho matinal.
Mas a minha invisibilidade não ficou por aqui. Ao chegar
à fila da caixa no supermercado uma cliente ultrapassa-me batendo-me com a mala
que levava a tiracolo e passa-me à frente como se eu não existisse. Nessa
altura belisquei-me no braço para ter a certeza que ainda estava vivo. Não se
desse o caso de ter partido desta vida sem me ter apercebido…
Ao fim da tarde, ao entrar no vestiário do gym, dei a
minha habitual saudação de boas-tardes à qual ninguém respondeu… Não estranhei.
Afinal neste dia estava invisível… mas mesmo quando estou visível, poucos são
os que retribuem a saudação. Superior a esta acintosa ignorância da minha
pessoa, dirigi-me à sala de musculação e iniciei a minha caminhada de meia hora
no tapete. O professor dirigiu-se aos utentes que se encontravam nos tapetes a
meu lado para os cumprimentar como sempre faz quando alguém entra na sala. A
mim, simplesmente ignorou… mas não levei a mal, eu estava invisível… Procurei a
minha imagem no espelho com mal disfarçada preocupação… Respirei de alívio, a minha
imagem refletiu-se no espelho, sempre estava vivo!!! Apenas estava invisível.
Há dias assim em que estranhamente, talvez devido a
qualquer coisa que comemos ou respirámos, nos tornámos invisíveis… Adormeci na
esperança de no dia seguinte voltar a ser visível…
Bom dia!
ResponderEliminarEu vejo-te (mesmo aqui da Escola)!
Olga