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domingo, 21 de fevereiro de 2021

POR DO SOL

Já não é novidade demonstrar o prazer que me dá ver o mergulho do sol nas águas do oceano ao mesmo tempo que observo os corajosos que caminham ao longo da praia gozando aquela réstia de sol e a estranha calmaria do momento que convida ao vaguear dos pensamentos. Lá em baixo, no areal, alguém passeia o cão. De vez em quando atira para longe um pequeno tronco que o mar rejeitou e atirou para a praia. Sempre que arremessa o  pequeno tronco logo o cão o persegue em alegre correria. Cada vez que o cão regressa com o pequeno tronco na boca, o dono volta a atirá-lo para longe num gesto que embora pareça maquinal a quem o vê uma vez que o pensamento anda longe ao que presumo.
Enquanto o pau vai e vem folgam as costas, diz o povo na sua sabedoria milenar dando azo a que imagine que dramas, que conflitos, que emoções lhe esvoaçam pela mente.
A raiva do gesto com que arremessou o pau leva-me a pensar se não irão com ele algumas desilusões e angústias que lhe apertam a alma. Quem sabe? Toda a gente carrega pensamentos que não confessa e lança ao mar…
Se tivesse ficado mais algum tempo perdido nos meus pensamentos teria perdido o maravilhoso espetáculo do por-do-sol.
O cão e o dono já vão lá longe. Desta vez o pau foi arremessado ao mar com mais força talvez no intuito de afogar o que quer que lhe aperte a alma.
Por fim, o sol mergulhou totalmente no oceano sem que antes colorisse o céu de uma tonalidade rubra e cinzenta.
(Fotografia tirada antes do confinamento)

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