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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

SEGUNDA-FEIRA... OUTRA VEZ

Podia dizer que não lhe sinto a falta mas isso seria pura e incomensurável mentira. Admito que me fazem falta quer a família, quer amigos, conhecidos… tudo e todos. Uns mais que outros, evidentemente. Mas fazem-me falta.
Contudo, apesar de bem acompanhado, sigo milimetricamente o caminho por mim traçado embora sabendo que não me conduz a parte nenhuma. Não é tanto por teimosia mas pela impossibilidade de acreditar a cem por cento no que me dizem as  vozes que me cercam. Por vezes os familiares mentem ou então omitem a realidade. O mesmo sucede com os amigos, pese embora com menos frequência. Os amigos, geralmente não mentem. É-lhes difícil mentir e, se uma mentira piedosa lhes aflora aos lábios, fazem aquela “carinha” que revela tudo o que as palavras não dizem. Por outro lado, os familiares dispõem de muito mais tempo, logo adquirem um traquejo que lhes permite mentir com um sorriso nos lábios.
Em princípio exijo que me digam a verdade, médicos, amigos, familiares… tudo e todos. Acho que já ultrapassei aquela fase, quer pela doença, quer pela idade, em que é permitido dizer sem rodeios aquilo que se pensa e também ouvir o que deve ser ouvido. Digamos que já ultrapassei a fase que Freud designaria de frustração sexual tendo-me fixado na frustração existencial, no puro vazio. Deste modo, desperdiço os meus dias entre consultas e sessões terapêuticas contentando-me a pensar (cada vez mais) nos “velhos” amigos que se eclipsaram um a um.
Termino com uma frase que não é minha mas que traduz tudo o que penso:
Um dia era igual ao outro. E, se bem que pensássemos todos os dias no fim de semana, o fim de semana era sempre uma desilusão, e depois vinha novamente segunda-feira e tudo recomeçava, e a vida era aquilo, não havia mais nada. 

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