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domingo, 10 de setembro de 2017

O ESTRANHO SOM QUE FAZ O VENTO

De repente, fez-se silêncio e, nesse momento apercebi-me que havia alguma coisa que faltava na paisagem. A música de súbito tocou mais alto e os ruídos da casa fizeram-se ouvir. Tudo à minha volta ficou na expectativa de recomeçar mal o vento se fizesse sentir.
Logo eu que detesto o vento (penso mas não digo) vim morar para uma zona conhecida pela sua ventania…!
E cá me encontro ainda hoje, pelo microclima ou talvez por imposições familiares, não sei. Agora isso já não interessa. O certo, qualquer que fosse o motivo, cá fiquei. Essas coisas, só acontecem a mim, ouço-me dizer.
Fico a olhar através da vidraça os ulmeiros mandados plantar por mão caridosa. Perdoai-lhe Senhor, que não sabem o que fazem.
Detesto estas árvores na medida em que detesto o vento. São elas que roubam o pouco sol que ilumina a minha sala e, em certas alturas do ano, cobrem de “neve” o parco terreno envolvente do condomínio.
Fico ali parado olhando através da vidraça os ulmeiros, a sentir a ausência daquele estranho som que o vento faz ao esgueirar-se por entre a folhagem. Para ser mais correto devia dizer: o som produzido pela agitação da folhagem fustigada pelo vento.
Detesto o vento ao qual atribuo todos os males que me acontecem. Detesto que me empurre contra os muros quando pretendo deixar a imagem de um ser normal que se dirige para casa, detesto que me arranque o chapéu e me atrase a marcha….
Por tudo isso, detesto o vento… e ele sabe-o.

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