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domingo, 9 de agosto de 2015

A MELGA

Confesso que tenho uma verdadeira paranóia no que se refere aquele bichinho que os cientistas designam por Anopheles gambiae e a que vulgarmente chamamos “melga”. Basta sentir aquele zumbido característico que a “bicha” tem a mania de fazer mal se apaga a luz para já não conseguir adormecer. O uso do termo “bicha” para designar esse irritante insecto voador não é de todo inocente. Pelo que sei, o mosquito fêmea é o único que pica. Sim, porque a Natureza cobardemente o dotou além das duas asas, de uma tromba da qual se serve para picar e sugar o nosso sangue. Mas não se fica por aqui a malvadez. Quando pica, inocula a própria saliva que, nalguns indivíduos, desencadeia uma reacção alérgica.
A minha paranóia começa no momento em que, na disposição de adormecer, apago a luz e sinto junto aos ouvidos aquele zumbido que as melgas adoram fazer durante o voo. Começo por esbracejar para afastar a “vampira”, acendo de novo a luz, salto da cama e perscruto paredes e tecto com o intuito de acabar com ela. Em tempos, era fácil localizá-la porque invariavelmente pousava no tecto mas a nova geração especializou-se na arte da camuflagem. Esta noite não consegui localizá-la e acabei por passar a noite no sofá da sala. Vi um filme, o fim de outro, vários noticiários e aprendi (na internet) que a malvada, que se introduz em nossas casas ao entardecer, é atraída além do calor corporal, pelo o anidrido carbónico que exalamos ao expirar e por algumas das substâncias que compõem o suor, como o ácido láctico.
À conta desta paranóia, passei a noite em branco no sofá da sala enquanto a melga ficou com o quarto só para ela.

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