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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

TUDO EM VOLTA DO QUEIJO

Se calhar deveria antes dizer: todos à volta do queijo. Na casa de meus pais, havia o curioso ritual após o jantar, de degustar uma ou mais fatias de queijo. Na altura, a que agora é minha mulher, frequentava a minha casa e por vezes lá jantava. Por isso ainda se lembra deste ritual da fatia de queijo flamengo acompanhado de um cafezinho instantâneo com um cheirinho de bagaço puro de lavrador … Não sei qual a razão da escolha do queijo flamengo em detrimento do queijo da serra de que o meu padrasto tanto gostava mas desconfio (talvez por ser mais barato)… Pessoalmente, prefiro o queijo flamengo ao queijo da serra. Peço desculpa desta minha preferência posidónia… Nem quero pensar que a escolha do queijo flamengo era feita em atenção à minha preferência porque isso faz doer ainda mais a minha ingratidão daquela época.
Que saudade me invade perante estas recordações! E tudo isto porque hoje encontrei sobre o balcão da cozinha um quarto de queijo flamengo com que me deliciei depois do jantar. Só faltou o bagacinho... Mas a saudade não era de modo algum do queijo flamengo ou dos jantares em família. A saudade que me tomou de assalto era mais daquela segurança de saber que nos meus pais eu tinha ali uma guarda avançada que me protegia até da própria morte… Pela ordem natural da vida, seriam eles os primeiros a partir e isso fazia-me pensar ingenuamente que a minha hora viria ainda longe.
Depois da partida dos dois velhotes com um intervalo de alguns anos, senti-me desprotegido. Era eu que agora estava à frente para enfrentar a vida e a própria morte…
Os anos passaram, casei, fui pai, sou avô e cá estou eu estoicamente na linha da frente… De certo modo, sinto-me confortável por saber que nesta posição poderei defendê-los das ciladas da vida e até da própria morte… Pelo menos, deixem-me acreditar que assim é.

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