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quinta-feira, 9 de abril de 2020

A ESCOLHA DO GATO


Não devo ser o único que fala com gatos…! Mesmo assim, no meu silêncio, continuo a falar e a esperar uma resposta que nunca vem.
Recordo ainda que, noutro tempo, antes do aparecimento do tal coronavírus que nos fechou em casa e paralisou o mundo lá fora, todas as manhãs percorria a distância que me separa do café. Durante esse percurso, era fatal cruzar-me com um dos gatos que habitavam uma casa existente a meio do caminho. Refém desta imaginação que não pára, imaginei coisas incríveis que o tal gato me contava! Confesso a grande influência do autor da maravilhosa obra “Alice no País da Maravilhas” que li e reli por várias vezes na minha infância e até muito mais tarde. Há quem não goste do livro ou do autor porém, o nonsense de toda a história e o desafio que faz à nossa imaginação atrai-me constantemente devido à sua enorme carga simbólica.
O eterno desejo de partir sem destino preestabelecido, nunca tornou possível definir exactamente onde queria ir, sem ignorar a existência de caminhos sem saída. Optando por um desses caminhos corre-se o risco de ficar encurralado num certo local ou numa dada situação. É óbvio que quando não se sabe para onde se quer ir, qualquer caminho serve. A este propósito, lembro-me sempre do diálogo entre Alice e o gato de Cheshire: “… o senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo seguir para sair daqui?”
“Isso depende muito de para onde você quer ir”, respondeu o Gato.
“Não me importo muito para onde...”, retrucou Alice.
“Então não importa o caminho que você escolha”.
Aquele gato ao sol sobre o muro fez-me recordar o célebre diálogo de Alice. Coisas do passado…

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