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quarta-feira, 9 de agosto de 2017

OS MÉDICOS TAMBÉM MORREM

Esta semana fui surpreendido com a noticia da morte do meu médico de família. Foram só duas consultas, mas foi o bastante para fazer dele mais que um médico, um amigo. Era assim que o via, sempre risonho e sobretudo, muito optimista quanto ao meu estado de saúde. Nunca chegámos a falar nisso, mas sempre se mostrou muito optimista, mais do que seria recomendável no meu estado actual, mas por isso ainda gostava mais dele como médico.
É compreensível o meu espanto perante esta realidade. Não foi tanto quem me deu a notícia ou o fato em si. O que me deixou mudo de espanto foi ter de admitir, por incrível que pareça, que os médicos também morrem.
No nosso entender, meros pacientes, os médicos não morrem. Nós podemos passar por esta vida, mas eles não. Ficam não para contar como foi, nunca contam, permanecem mudos pelo juramento de Hipócrates.
Apesar de todas essas razões, os médicos dispõem de outros recursos, tratamentos médicos, que não são acessíveis ao comum dos mortais. Enfim, os médicos não gostam dessa ideia peregrina que é morrer.
Na realidade, embora disponham de múltiplos tratamentos, raramente se submetem a eles. E morrem, morrem serenamente. Encaram de forma realista a possibilidade de morrer. A serenidade com que encaram este fato talvez se deva à consciência do que vai acontecer. Partem e, para nosso espanto, partem suavemente, de uma forma quase submissa.
É compreensível pois o meu espanto: afinal os médicos também morrem…!

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