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domingo, 15 de julho de 2012

O ANO EM QUE MORRI

Se me perguntassem agora, neste preciso momento, o que mais desejava, hesitaria entre uma miríade de desejos, uns confessáveis outros, nem por isso…
Começando pelos confessáveis, como é conveniente, pensei no euromilhões, num cruzeiro tendo como destino o Brasil ou então pelo Mediterrâneo, um bruto apartamento na Foz ou em Leça para ver o mar, um jaguar na garagem, …
Pensei em tudo isto. Pensar não custa. Não concordo em absoluto com este cliché. Geralmente pensar profundamente em algo pode “custar” e muito na nossa paz interior. Pensar, tem-me custado conclusões que me têm saído muito caras… Mas isso são outros pensamentos. O pior é que passo o dia a pensar e a noite… a sonhar! Inevitável tirar conclusões…
E nesta sequência de pensamentos fui fazendo uma retrospectiva de tudo que alcancei e dos desejos que não realizei desde agora até 2001. Este ano representa um marco na minha vida por isso raramente incluo neste balanço os anos anteriores. Em Janeiro de 2001 dei entrada no serviço de cardiologia do HUC. Nesse dia, de facto, posso dizer que morri. O meu corpo foi arrefecido a 28 ºC, a circulação do sangue passou a ser extracorpórea, o meu coração parou para poder ser aberto tendo em vista a reparação das válvulas mitral e tricúspide. A cirurgia foi realizada com êxito, recuperei qualidade de vida embora com uma lenta e dolorosa recuperação pós-operatória. Daí para cá a minha maneira de ver o mundo e de viver mudou radicalmente. Passei a dar importância a pequenas coisas, a viver intensamente cada hora, a relacionar-me com os outros de uma forma mais humana. Depois desta breve retrospectiva, veio-me ao pensamento afinal o que mais desejo. Nem euromilhões, nem apartamento luxuoso, nem jaguar, nem cruzeiro… O que mais desejo é saúde para poder viver, aproveitar cada segundo dos meus dias, fazer as maiores loucuras com gosto, sem dores, em suma, VIVER!

Há dias assim em que reconhecemos o que realmente interessa na vida e distinguimos o que é supérflo.

1 comentário:

  1. No dia em que morreste, vi-te morto!
    Enquanto estavas “morto” a Júlia e eu esperámos horas e horas sem saber nada de ti.
    Foi aí que eu compreendi o quanto ela te amava, o que sofria por ti!
    Compreendi muitas coisas sobre a Júlia e que nunca lhe disse: como é sensível por baixo daquela couraça de frieza e com protege as suas “crias” do sofrimento.
    A Júlia é a Júlia (ponto final!!!)
    Beijinhos e olha mais para a maravilhosa mulher que tens

    Olga

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