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quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

ÀS VEZES DÁ JEITO

 
Há ocasiões que até dá jeito fingir de parvo. A receita não é minha, pertence ao prestigiado poeta e dramaturgo, Miguel Esteves Cardoso. Convenhamos que às vezes dá jeito fazer de parvo. Como disse o poeta, para se ser feliz é preciso ser-se um bocado parvo. Perante este conselho, conclui-se que a felicidade depende em grande parte da capacidade de se fingir de parvo. Talvez não dependa exclusivamente desta capacidade mas, vendo bem, lá no fundo é indubitável que esta capacidade embora não seja tudo mas ajuda.
Não raras vezes faço-me de parvo, coisa que decididamente não sou. Finjo que não entendo, que não se passa nada, que está tudo bem… para evitar conflitos desnecessários que podiam alterar a paz reinante… Ao proceder assim, o único risco que se corre é ser interpretado como hipócrita ou, pior ainda, por cobarde Pensando bem, quem pelo menos uma vez na vida, não se fingiu de parvo? Não interessa em que contexto, se por conveniência, comodismo ou com o intuito de preservar a harmonia e a paz?
Contudo, exagerar em evidenciar esta competência acarreta um certo perigo. Fingir-se de parvo pode convencer os outros que desconhecem, mas o maior perigo é convencer-se a si próprio.
Há situações em que dá jeito mas não convém exagerar…
Há dias assim.

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