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terça-feira, 22 de junho de 2021

O UIVO DO VENTO

 

De repente, fez-se silêncio e, nesse instante apercebi-me que havia qualquer coisa que faltava ali na paisagem. De súbito a música tocou mais baixo e os ruídos da casa fizeram-se ouvir com mais intensidade. Todas as coisas à minha volta ficaram imóveis na expectativa de recomeçar mal o vento voltasse. Embora pense mas não diga detesto o vento.

Fico a olhar através da vidraça as folhas dos ulmeiros agitadas pelo vento, mandados plantar na melhor das intenções. Diria Jesus se ainda por cá andasse Perdoai-lhe Senhor, que não sabem o que fazem. Detesto estas árvores com as suas folhas barulhentas que me encobrem o sol na medida em que detesto o vento.
Mas hoje ali parado observo através da vidraça as folhas dos ulmeiros paradas sem produzir aquele estranho som que o vento faz ao esgueirar-se por entre a folhagem. A ausência de vento alem daquele som caraterístico é para mim uma vantagem. Detesto o vento ao qual atribuo todos os males que me acontecem. Detesto que me impeça de prosseguir o meu caminho mantendo a imagem de uma pessoa normal, detesto que me arranque o chapéu e me atrase a marcha….
Por tudo isso, detesto o vento… e ele sabe-o.

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