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sexta-feira, 22 de maio de 2020

SENTADO À BEIRA MAR


Ali sentado, tendo apenas por companhia o mar e as praias desertas, tento escrever aqueles versos que andam lado a lado comigo mas que teimam em fugir do papel… Mais uma vez assumo a minha incapacidade de os aprisionar no papel. Sempre me assalta a mente a mesma pergunta jamais formulada, Que faço eu então ali sentado à beira-mar?!
À medida que a tarde avança e o sol, no seu movimento aparente, começa a declinar, mais uma vez me interrogo, que faço eu ali sentado embora, como sempre, conte só com a companhia do mar…
A certa altura já não vejo o mar, nem o sol, nem a gente que passa, apenas vislumbro os meus pensamentos além dos versos que sempre faço mas não consigo reter no papel. Indiferente a tudo à minha volta, sigo atrás do pensamento… Normalmente, o mais lógico era esquecer mas cada vez é maior a dor da saudade de todos os que partiram sem ao menos poderem dizer adeus. Dizem que o tempo apaga tudo tal como as ondas que morrem na praia, mas o pensamento é livre e vai onde quer.
Ali sentado, à beira-mar, cada onda que se espraia abre de novo a ferida que se pensava já estar curada.
Que faço então ali sentado à beira-mar…?!

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