Há objectos que se
quebram à menor oscilação da respectiva base, realidade incontestável.
Qualquer que seja a
base em que tudo assenta, ao fim de algum tempo irritam aqueles olhares de
soslaio que se sentem mais do que se veem e irrita anda mais o tratamento especial
dado com todo o carinho e cuidado como quem lida com uma rara peça de porcelana
que se pode quebrar a qualquer momento. Na eventualidade desse acidente,
existiam os chamados “gatos” que antigamente se colocavam nas peças que não
queríamos ver afastadas por motivos sentimentais. Cá para nós, a peça a quem
eram aplicados os referidos “gatos” nunca mais voltava a ser o que era…
Se essas antiguidades
se partem ou esbotenam, não significa que seja o fim da sua vida útil, hoje em
dia há mil e uma maneiras de colmatar esse acidente.
Para quem carrega algum
tipo de deficiência, definitiva ou mesmo temporária, é incomodativo ser tratado
como uma peça de porcelana. Cansam os olhares de simpatia e mais ainda as
palavras de encorajamento…
Há dias em que
inutilmente se dá tudo por tudo para reaver a vida que abruptamente nos foi roubada.
Há dias assim.
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