Gosto de
ficar em frente ao mar a ver o sol mergulhar no oceano e ao mesmo tempo, observar
quem caminha ao longo da praia gozando aquela estranha calmaria que convida a
arrumar pensamentos e pacificar emoções… Alguém passeia o cão lá em baixo no
areal. De vez em quando atira para longe um pequeno tronco que o mar deu à
praia e logo o cão o persegue em alegre correria. De cada vez que o cão
regressa com o pequeno tronco na boca, volta a atirá-lo para longe num gesto que
me parece mais maquinal do que pensado. Enquanto o pau vai e vem, não folgam as
costas como diz o ditado, mas pergunto-me que pensamentos povoam aquela cabeça.
Que dramas, que conflitos, que emoções lhe pululam no pensamento? A raiva que transparece
no arremesso daquele pau leva-me a pensar se, com ele, não irão também
algumas das frustrações, desilusões e angústias que lhe vão na alma. Quem sabe?
Toda a gente carrega algumas no mais profundo do seu ser.
Enquanto
isto, o sol está prestes a mergulhar no oceano. Tivesse eu distraído o olhar por mais
tempo naquela cena que se desenrolava no areal e teria perdido um
maravilhoso espectáculo do pôr do sol.
Já vão longe cão e dona. Desta vez o pau foi arremessado com mais força para o mar
talvez na tentativa de afogar o que quer que lhe povoe o pensamento e lhe
aperta o coração.
O sol
acabou de mergulhar no oceano sem que antes não tivesse colorido o céu de uma
tonalidade rubra dourada.
Gosto de
ficar em frente ao mar, de frente para o sol porque assim todas as sombras se projectam nas minhas costas…
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