Há dias
em que nos assalta a saudade de coisas que a seu tempo considerámos
desagradáveis e desnecessárias. Comigo aconteceu naquele dia, um belo dia de
sol de Inverno embora soprasse um vento frio já habitual na minha rua. Mais uma
vez fazíamos o percurso entre casa e o café da esquina já por nós percorrido vezes
sem conta. Por precaução, amizade ou talvez num gesto de carinho, seguíamos como
habitualmente de mão dada até porque era necessário atravessar a rua em
direcção ao café. Já do outro lado da rua, o pequenote agora senhor dos seus
sete anitos pede para o largar da mão… Aquele “larga-me da mão” ficou a soar
dentro da minha cabeça como o badalar de um sino em dia de finados. De facto,
aquele gesto, mais do que o lado físico, assinalava o início de uma nova fase
nas nossas vidas. Subitamente, de forma
sub-reptícia, veio até mim aquela saudade do tempo ainda tão recente em que ele
dependia dos pais e avós para quase tudo. Recordo os seus primeiros meses de
vida que, incoerentemente, nos pareciam intermináveis na ansia de o ver sentar,
manter-se em pé, dar os primeiros passos, balbuciar as primeiras palavras,…
A vida é
assim, eles crescem ao mesmo tempo que vão conquistando a sua autonomia física
e emocional e em nós fica a saudade. Eles crescem, é facto, mas para nós, serão
sempre crianças, qualquer que seja a idade.
Afinal,
na vida de toda a gente, chega sempre o dia do “larga-me da mão”…
Há dias
assim
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