Agora que a Primavera
se instalou recordo, contra a minha vontade, mas muito a propósito os versos de
Pessoa, Quando vier a Primavera, se eu já estiver morto, as flores florirão da mesma maneira e as árvores não serão menos verdes
que na Primavera passada. A
realidade não precisa de mim.
A primavera traz-nos à
memória imagens de campos em flor, o chilrear dos passarinhos,… Mas há também o
inverso. Quando a primavera regressa traz consigo aquela estranha tendência dos
velhos que teimam em morrer recusando-se a participar na regeneração da Natureza.
Enfim, manias dos mais velhos mas que há que respeitar… Descansem os meus amigos
porque não tenho o mínimo interesse em encetar a tal “viagem” sem regresso. A
elevada taxa de mortalidade que se verifica entre os idosos, fica a dever-se talvez
a uma falta de vontade para colaborar na tal renovação da natureza… Como friorento
assumido, é com prazer que sinto a chegada da primavera e deixo essa longa
viagem sem regresso para mais tarde. Aliás nunca percebi como como fui capaz de
antecipar o meu nascimento! Estou convencido que a culpa fica a dever-se ao
cansaço que uma gravidez serôdia não me deu outra hipótese de nascer que não fosse
aquela data. Acho que a Primavera nunca me perdoou, por isso, às vezes tarda em
chegar...
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