Tem sido assim desde que, no
jardim do Édem, o ser humano desejou experimentar o fruto proibido sendo que
quanto mais proibido mais aguça o desejo e intensifica a vontade de experimentar.
Muitas vezes, a atitude mais inteligente é proibir o contrário daquilo que se
deseja, estilo mandar uma criança fazer algo que não queremos que ela faça. Pelo
contrário, quando lhe dizemos para não fazer, é quando ela faz mais depressa. A
este propósito veio-me à memória uma história que ouvi numa viagem que fiz a
Berlim em 2005 (Ver aqui).
Na visita que fizemos ao Palácio de
Sans Souci em Potsdam surpreendeu-me ver, na lápide
da tumba de Frederico II, em vez de flores, batatas que as pessoas ali depositaram.
O que me pareceu uma brincadeira de mau gosto e até falta de respeito tem
afinal uma explicação que me foi dada de seguida pela guia e que aqui vou reproduzir
sucintamente.
Sendo originária da América do Sul, a batata chegou
à Espanha em 1535 mas não teve vida fácil nos restantes países da europa. Começou
por ser considerada uma planta ornamental devido à beleza das suas flores mas recusada
como alimento por ser considerada venenosa. O seu cultivo chegou mesmo a ser
proibido em França, por se pensar que causava a lepra. Graças a Frederico II o
Grande que incentivou o seu cultivo a batata tornou-se uma excelente alternativa
à escassez de cereais. Mas também os agricultores alemães se mostraram
relutantes em aceitar o seu cultivo. Perante esta atitude dos camponeses, o
monarca mandou publicar um edital real que ordenava o cultivo obrigatório, sob
pena de morte para quem desobedecesse. Continuando os camponeses a recusar
cumprir a ordem, Frederico II teve a esperteza de mudar de estratégia: proibiu o
cultivo e declarou que a batata fosse de uso exclusivo da realeza. O resultado foi
que a batata se converteu num alimento proibido e por isso o mais desejado… Os
camponeses roubaram, cultivaram e degustaram este “fruto proibido” a que, em
França deram o nome de pomme de terre.
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