Tudo passa. O tempo passa, as pessoas mudam, as
circunstâncias que as rodeiam mudam… Enfim, nada permanece inalterado ao longo
da vida, a não ser o silêncio que nos segue, umas vezes desejado outras odiado
mas sempre presente… Desde cedo o silêncio foi o meu companheiro embora nem sempre desejado. Lembro-me do silêncio daqueles serões a sós com a minha
irmã, sentados no sofá frente à TV. Os seus comentários sempre irónicos, ironia
que eu partilhava, eram os únicos elementos perturbadores desse
silêncio. Por vezes, encetávamos comentários, confidências mais ou menos
íntimas partilhadas de forma tão descontraída… Muitas
vezes essas conversas eram interrompidas pelo ciúme da nossa progenitora ou do
nosso padrasto.
Mais tarde, esse silêncio outrora
desejado, acabava por se tornar deprimente ao propagar-se pela casa vazia…
Atualmente o tempo continuou a correr, as crianças já não
são crianças… cresceram, tornaram-se também eles pais.
Tudo na vida é passageiro, chega o dia em que o burburinho próprio da alegria e das zangas de banais transforma-se em silêncio.
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