O primeiro impulso
perante qualquer pedido ou permissão, a resposta era invariavelmente um
redondo, não. Agora, não tanto pelo confinamento mas passar do tempo, quase abandonei
o péssimo hábito de dizer não mesmo antes de ouvir o que me era solicitado.
Essa mania, se assim se pode chamar, teve origem na relação conflituosa que mantive
desde tenra idade. Por mais que fosse punido com castigos corporais, mais a
minha resposta a qualquer questão era sempre um “não”. Evidentemente que a
tareia que se seguia redobrava em intensidade mas a resposta era sempre a
mesma. Perante esta atitude que engloba culpa ou a sua ausência, não me consentia
verter uma lágrima ou um soluço sequer pelo prazer de dizer “não”. É impossível
dar uma razão que justifique dizer “não” quando se queria dizer “sim” a não ser
pelo medo, culpa, obrigação ou responsabilidade entre outras razões que
desconheço. Claro que os pais sempre querem o melhor para os filhos, contudo
fica a dúvida, o que é melhor para eles? Quais os limites que se devem estabelecer
no dia a dia? Quais os limites e com que autoridade nos é permitido proibir? Como
actuar de modo a não prejudicar e a liberdade de escolha?
As dúvidas por
pertinentes persistem e são conhecidas certamente pela maioria dos pais e não
só. Às vezes é preciso dizer não embora no fundo da alma exista a forte vontade
de dizer sim.
Depois de alguns anos,
de pai tornei-me avô e já não guardo ressentimentos nem rancores para qualquer um dos
pais. Consigo até compreender as razões que os levaram a adotar determinados
comportamentos.
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