Não devo ser o único que fala
com gatos…! Mesmo assim, no meu silêncio, continuo a falar e a esperar uma
resposta que nunca vem.
Recordo ainda que, noutro
tempo, antes do aparecimento do tal coronavírus que nos fechou em casa e
paralisou o mundo lá fora, todas as manhãs percorria a distância que me separa do café. Durante esse percurso, era fatal cruzar-me com um dos gatos que
habitavam uma casa existente a meio do caminho. Refém desta imaginação que não
pára, imaginei coisas incríveis que o tal gato me contava! Confesso a grande influência
do autor da maravilhosa obra “Alice no País da Maravilhas” que li e reli por
várias vezes na minha infância e até muito mais tarde. Há quem não goste do livro
ou do autor porém, o nonsense de toda a história e o desafio que faz à nossa imaginação
atrai-me constantemente devido à sua enorme carga simbólica.
O eterno desejo de partir sem destino
preestabelecido, nunca tornou possível definir exactamente onde queria ir, sem
ignorar a existência de caminhos sem saída. Optando por um desses caminhos
corre-se o risco de ficar encurralado num certo local ou numa dada situação. É
óbvio que quando não se sabe para onde se quer ir, qualquer caminho serve. A este
propósito, lembro-me sempre do diálogo entre Alice e o gato de Cheshire: “… o
senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo seguir para sair
daqui?”
“Isso depende muito de para
onde você quer ir”, respondeu o Gato.
“Não me importo muito para
onde...”, retrucou Alice.
“Então não importa o caminho
que você escolha”.
Aquele gato ao sol sobre o
muro fez-me recordar o célebre diálogo de Alice. Coisas do passado…
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