Anda por aí sozinha, destinada a morrer
solteira por mais que se enfeite e alardeie as suas qualidades. Recusar a culpa
de qualquer coisa não é uma caraterística exclusiva do povo português, se bem
que lhe atribuam essa fama. É evidente que se trata de uma das caraterísticas do
povo português que já se habituou a reclamar por tudo e por nada sem contribuir
para alterar a situação. Apesar desta caraterística, tem que se admitir que se trata
de um povo especial. É um povo melancólico, tolerante que se distingue de
outros povos apesar do sangue latino que lhe corre nas veias.
A tolerância que lhe valeu a fama de povo de brandos costumes, define magistralmente
este povo. Mas, quanto à culpa, a coisa é diferente, este povo nunca assume a
parte que lhe pertence. As coisas
acontecem porque têm que acontecer e maior que seja a indignação do momento é encarado
como um destino fatídico contra o qual nada há a fazer.
A culpa é sempre de alguém mas nunca deste povo
que cedo se esquece. No desporto, quando alguém ganha, o orgulho é tanto que
não se cabe em si. Quando se perde, resta-lhe a consolação de uma vitória moral…
Se os alunos não transitam de ano a culpa é da da(o) professor(a) que é incompetente,
se o médico não acerta no diagnóstico, a culpa é da escola que não forma bons
médicos ou então da clinica que não dispunha dos aparelhos necessários, e por
aí adiante… Não faltam exemplos.
Uma coisa é certa, somos bons a atribuir a culpa
a alguém mas nunca ao povo de brando costumes.
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