Há ocasiões que até dá
jeito fingir de parvo. A receita não é minha, pertence ao prestigiado poeta e
dramaturgo, Miguel Esteves Cardoso. Convenhamos que às vezes dá jeito fazer de
parvo. Como disse o poeta, para se ser feliz
é preciso ser-se um bocado parvo. Perante este conselho, conclui-se que a felicidade depende em
grande parte da capacidade de se fingir de parvo. Talvez não dependa exclusivamente desta capacidade mas, vendo bem, lá no fundo é indubitável que
esta capacidade embora não seja tudo mas ajuda.
Não raras vezes
faço-me de parvo, coisa que decididamente não sou. Finjo que não entendo, que
não se passa nada, que está tudo bem… para evitar conflitos desnecessários que podiam
alterar a paz reinante… Ao proceder assim, o único
risco que se corre é ser interpretado como hipócrita ou, pior ainda, por cobarde
Pensando bem, quem pelo menos uma vez na vida, não se fingiu de parvo? Não
interessa em que contexto, se por conveniência, comodismo ou com o intuito de
preservar a harmonia e a paz?
Contudo, exagerar em evidenciar esta
competência acarreta um certo perigo. Fingir-se de parvo pode convencer os
outros que desconhecem, mas o maior perigo é convencer-se a si próprio.
Há situações em que dá jeito mas não convém
exagerar…
Há dias assim.
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