Em dias de praia e de eventuais ferias, os
carros circulam devagar junto à direita na mira de encontrar um lugar para
estacionar. Seguia atrás desse cortejo quando inesperadamente encontrei uma
vaga quase em frente à esplanada onde tencionava permanecer algum tempo. Depois
de estacionar dirigi-me à esplanada logo acima. Outrora teria ignorado o baixo
muro aí existente mas agora optei pelo passeio. Embora tivesse ficado bem da
cirurgia também ficaram algumas sequelas, uma das quais o desequilíbrio.
Apesar disso, só podia ser um daqueles raros dias
de sorte, porque havia uma mesa vaga na esplanada embora muito perto da porta por
onde se fazia sentir aquela brisa própria que anuncia a proximidade do mar. Em
resposta à funcionária, respondi, Um café, por favor. Peço sempre “por favor” o
que quer que seja. Isso ficou-me da educação que recebida noutros tempos. Na
mesa ao lado a conversa tinha terminado pelo que o som das ondas se tornou mais
audível. O ruído das ondas a espraiar-se agrada-me sinceramente e fiquei a
ouvi-lo esquecido do tempo que me pareceu mais longo do que o realmente
decorrido. Fixei sem ver a chávena vazia deixando que me transportasse em
catadupa aquelas recordações que voltam de vez em quando e que atraem outras
memórias, nenhuma delas mais agradável que a anterior.
De repente apercebi-me de que tudo parou. As
ondas deixaram de se ouvir, na mesa ao lado as bocas emudeceram, … Olhando à
minha volta tudo parecia em suspenso, eu próprio estava ali imóvel,… O relógio,
sempre o relógio, avisava insistentemente que era hora de regressar.
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